Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 29
O Dia da Luz da Magia


Notas iniciais do capítulo

Olha eu por aqui antes do que eu previ...
Não achei que fosse conseguir terminar o capítulo hoje, ele saiu bem grandinho. Sei que talvez não corresponda a todas as expectativas de Dramione, mas deixei para o final. Sim, o Epílogo vem aí e espero conseguir colocar toda emoção final nele.
Boa Leitura meninas!



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Cap.29

Foi preciso dias para colocar tudo em pratos limpos, contar tudo um para o outro. Dias e mais dias para se reorganizarem, escolherem bem o que iria ou não à mídia bruxa, que fuçavam e bombardeavam atrás de informações. Por dias, a única coisa que se ouvia falar nos noticiários e nos jornais era a respeito do fim do tempo das trevas. Harry teve que se esconder n’A Toca por algum tempo, para não ficar sozinho na casa que herdou de Sírius. Com os Weasley havia proteção suficiente para impedir o assédio dos fãs, jornalistas, curiosos, etc. Harry só voltou uma vez na casa dos Dusley para dizer-lhes que não viveria mais lá.

— Jura? – Perguntou tio Valter, os olhinhos brilhando de expectativa.

— Juro. – Confirmou Harry. — Vou ficar com amigos, por hora, mas vou viver na casa que herdei do meu padrinho. Não precisam saber onde é...

— Nem queremos! – Disse Petúnia, que se agarrava a Duda como se tentasse se esconder de Harry atrás do braço maciço do filho.

— Ótimo. – Disse Harry. — Só vim por que achei que deveriam saber...

Houve um tempo de silêncio total. O que se esperaria de uma despedida (abraços, votos de felicidades e sorte, etc.) não aconteceu. Entretanto, Harry teve a nítida impressão de que quando Duda fungou e subiu os degraus da escada, ele estava com os olhos cheios de lágrimas; e que quando cruzou a soleira da casa na Rua dos Alfeneiros pela última vez, sua tia comprimia os lábios numa leve hesitação, e Valter corava abruptamente, com o braço em volta dos ombros da esposa.

Quanto a Hermione, ela foi para A Toca também, claro. Mas passou apenas alguns dias lá, e assim que conseguiu contato com seus pais (que tinham ido parar na Flórida quando a Ordem tentou os esconder), foi atrás deles. Voltou alguns dias mais tarde, porém, para proteger seus pais das ameaças da mídia também. Ter trouxas como hóspedes foi a alegria de Athur Weasley, diga-se de passagem.

E Ronald ficava em casa. Ia à Hogwarts quando chamado, para ajudar na reconstrução da escola, assim como seus irmãos Jorge, Gui e Gina (Harry ia eventualmente, quando podiam garantir que não havia presença de repórteres e fãs alucinados). Percy trabalhava no Ministério da Magia, ajudando a reconstituí-lo ao lado de Kingsley Shacklebolt, atrás de capturar os bruxos ex-Comensais da Morte fugitivos que ainda ficaram por aí.

E é neste contexto que os Malfoy se encontravam. Com exceção de Narcisa Black (que tirou o sobrenome Malfoy de seu nome alguns meses depois) e Jacques, os outros Malfoy eram considerados fugitivos pelo Ministério. Lúcio por ter sido um Comensal, ter praticado todos os tipos de magias negras e maldições imperdoáveis; ser possuidor de artefatos das trevas, assassinato de inúmeros bruxos, trouxas e nascido-trouxa, ter sido partidário de Lorde Voldemort, etc. Draco também era classificado fugitivo por não ter dado satisfações ao Ministério depois de ser acusado pela morte de Alvo Dumbledore (ainda que houvesse testemunhos, como os de Hermione e Harry, de que não fora ele o assassino), por ter praticado magia negra, veiculado a ação de outros comensais dentro da escola de Hogwarts e ter sido partidário de Lorde Voldemort também (dentre outros crimes menores).

A perseguição se dava mais por que Narcisa levara Draco naquele dia para outro país, já prevendo que seriam castigados em primeiro lugar e, talvez, perdoados depois. Queria proteger Draco, com remorso pessoal por nunca ter feito isso antes, e não ter impedido de ele ter se tornado cobaia das Trevas. Draco sentia tanta pena da vida infeliz da mãe que, para consolá-la do próprio pesar, aceitou ficar com ela até as coisas se acalmarem, num lugar bem distante...

Lúcio eventualmente deixava pista de seu rastro, e elas chegavam ao conhecimento de Draco através do que os jornais impressos avisavam. Parecia que ele estava se aproximando de onde eles estavam escondidos. Claro, Lúcio deveria estar desesperado, querendo, no mínimo, a garantia de que se fosse preso, não iria sozinho. Draco, porém, tentava não chamar atenção nem para si, nem para Narcisa, enquanto estivessem ocultos e a salvos.

Certa noite, n’A Toca, um piano velho e de madeira bem antiga e surrada tocava sozinho; a mesa dos Weasley, abarrotada por um verdadeiro banquete, anunciava que havia uma comemoração ali. Já se passara um ano desde O grande acontecimento, e a data virou dia comemorativo. Não era tão feliz para Harry, Rony e Hermione quanto era para os outros. Feliz era não viver sob aquela pressão horrenda que todos já ouviram falar e tanto já foi descrito sobre, mas os lembrava dos dias de terror. Lembrava-os (em especial a Harry) dos pesadelos que costumavam ter constantemente, do medo, da perda de Fred, Tonks, Remo... E tantos mais... Era um dia que misturava Dia dos Finados, Natal e Ano Novo. Numa progressão, iam ao cemitério, depois rezavam, se reuniam, festejavam até à meia-noite, e quanto já estava amanhecendo, ceavam e iam dormir.

Harry estava sentado num caixote de madeira perto do seleiro dos Weasley, a relva dourada farfalhando até o meio de suas canelas com o vento rasteiro da alta noite. Ainda refletindo em memórias de seus falecidos, conversava mentalmente com sua mãe. Lembrou-se da cicatriz, agora uma marca sem utilidade, mas ele não se sentia nem um pingo mal por isso. Ainda absorto em pensamentos, não notou aproximação alguma, mas não pôde não sentir finos e longos braços escorregarem por cima de seus ombros enquanto Gina o alcançava se sentava na ponta do caixote ao lado dele.

— O que será que se passa na cabeça de Harry Potter? – Perguntou aconchegando-o em seus braços.

— Algumas coisas. – Respondeu Harry. — Como o tempo passa rápido, e nem nos dá tempo de pensar muito. Sabe... Um dia a pós o outro soma anos e a gente não vê. Posso estar longe deles a um bom tempo, de Dumbledore, Sírius, Remo e mesmo meus pais, mas não parece. Sinto que estive com eles ontem!

Os olhos de Harry sorriram antes mesmo que sua boca, e Gina se maravilhou com aquela imagem.

— Também sinto Fred, o tempo todo, me acordando de manhã com um beijo estalado no ouvido. – Comentou. Um curto tempo de silêncio se seguiu, até que Gina beijou a testa de Harry e se levantou. — Vem! Eles já vão começar a festa, Hagrid chegou!

Hermione estava no quarto que dividia com Gina, o alto d’A Toca, encostada ao parapeito da janela, enquanto o ar gelado coçava seu rosto e balançava seus cabelos. Alguma coisa que sequer passava na mente dos outros, para ela, não saia de seus pensamentos. Por que Draco não entrou mais em contato? Se era inocente de sua principal acusação, era só questão de uma breve batalha judicial e ele teria chances para ser isentado da culpa. Não tinha mais a Marca Negra, que mesmo depois da morte de Voldemort, continuava no braço dos ex-comensais, como uma tatuagem inútil. Só que ele não a tinha desde que recebera o poder de Hermione, e não podiam acusá-lo mais.

Teria acontecido algo? Teria algo a ver com o desaparecimento de Lúcio Malfoy? Draco não estaria o ajudando a se esconder... Tinha grande rancor do pai para ainda fazer isso... Mas e Narcisa? Teria ainda alguma pena do marido e estava forçando Draco a uma situação infeliz para viverem longe, escondidos, simulando uma família comum, por medo das pressões de Lúcio?

Mas Hermione não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas. Não podia conversar sobre isso com ninguém, por que apesar de tudo, apesar de não deixarem tão claro, ninguém gostava do nome Malfoy envolvido por ali. Hermione não os culpava, mas também não tinha como convencê-los de que Draco podia ser diferente dos outros, com ele agindo de modo suspeito...  Só não conseguia incriminá-lo antes de ter provas, seu coração se recusava a pensar como os outros.

— Mione? – Chamou uma voz grave às suas costas.

Hermione se virou e destacou a silhueta alta de Ronald, que logo acendeu as luzes, e ela pôde ver seu rosto rubro e sua roupa nova de fresta.

— Já vão começar? – Perguntou ela, sua voz rouca pelo tempo em silêncio.

— Bem, as piadas e a balbúrdia sim! Só espero que Hagrid não fique tão bêbado logo! – Riu-se Rony.

— Ele já chegou? – Hermione perguntou parecendo se alegrar.

— Ah já! E já se serviu de Uísque de Fogo! Entende o que eu digo? Hoje vai render!

Os dois riram, mas Hermione parou primeiro, num grande suspiro, olhando furtivamente para a janela de novo. Rony notara, há tempos, que Hermione não estava como costumava ser. Em seu âmago, até sabia o motivo, mas como se procurasse não atraí-lo, impedia-se de pôr para fora. Mas ver a tristeza no fundo dos olhos de Hermione, mesmo quando ela sorria, era preocupante e perturbador.

Rony caminhou até ela e a abraçou pelos ombros, tentando fazê-la se sentir melhor.

— Anime-se Mione! Hoje é nosso dia, o dia de todos os bruxos! Vamos lá, descer e ver os amigos. A casa está cheia!

Mas Rony não conseguiu exatamente o mesmo efeito que pretendia, só sentiu Hermione afundar o rosto no seu peito e chorar como uma criança amedrontada. Então, meio sem jeito, Rony passou a mão pela cabeça dela e lhe deu palmadinha nas costas.

— Ahn... Mione... – Hesitou. — Não fica assim não... Eh... Não chora, não... – Rony se calou vendo que não estava surtindo efeito algum.

À porta do quarto, surgiu um pequeno ser, que vestia miúdas calças de linho e uma camisazinha de botões branca. Dobby bateu os olhos com Rony e Rony fez sinal para ele fazer silêncio. Dobby entendeu e logo sumiu da porta, antes que Hermione pudesse vê-lo. Rony viu Hermione soluçar e suspirar e depois se afastar para sentar à beira da cama de Gina, limpando os olhos com a ponta dos lençóis.

— Desculpa – ela disse.

Rony suspirou foi ao lado dela.

— Você não tem por que se desculpar, Mione. Você não fez nada de mal.

— Não. Eu estou fazendo sim! – Disse ela ainda entre soluços. — Ah, Ron...

— Você... Hm... Você pode dizer o que há de errado... Qualquer coisa é só falar comigo...

Hermione puxou o ar com força e encarou Rony com o rosto congestionado. Não tinha como fazer isso com ele. Era quase cruel. E consigo mesma também! Chorar no ombro de Rony com saudade de Draco era até repugnante. E no fundo, Rony não queria isso também, mas para ele, Hermione era mais importante do que seu próprio desprazer por quem ela gostava.

— Você não quer ouvir... – Disse Hermione.

— Na verdade eu não gostaria, mas eu quero sim, Hermi. – Rony não sabia de onde vinha a coragem, mas se tinha que dizer aquilo, era naquela hora ou nunca. — Sabe, ser corajoso nunca foi meu forte, talvez só quando eu corria risco de vida... E talvez eu devesse ter dito isso há muito tempo, mas...

— Não, Ron, pare!

— Não, você tem que ouvir! – Rony alcançou as mãos de Hermione que estavam frias. — Eu poderia ter mais chances se fosse há uns dois anos atrás, mas a verdade sempre vale à pena: eu gosto de você, Mione. HA! Incrível não é? – Riu-se. — Eu pensava que o dia em que uma gárgula de pedra em Hogwarts caísse em sua cabeça seria o meu dia de sorte! Ou se alguém errasse a mira e acertasse um feitiço permanente de mudez em você, eu poderia viver aliviado! OK, isso pode parecer cruel, mas eu era só um garoto! Só que depois, conforme o tempo passava, eu pensava “o que seria de mim se não fosse a tagarela e impertinente Hermione na minha vida”? – Hermione pressionou os lábios para não sorrir antes da hora. — E então, quando menos percebi, e eu não sabia ainda exatamente pelo quê, eu estava cativado por completo por você...

“Juro. Ainda acho incrível! Mas é claro, eu nunca pensei que poderia falar disso, principalmente com você. Primeiro por que eu era o Rony desengonçado, trapalhão, tonto e ruivo que só fazia gritar e te irritar todo tempo. Segundo, por que não tinha como conciliar o tempo que vivíamos com planos de romances... E em terceiro, sempre houve meio mundo entre nós e uma amizade tão grande e bonita que seria um pecado arriscar tudo por uma coisa menor e menos importante que sua felicidade. E então chega a hora de falar dele... Do Draco”.

Hermione arregalou os olhos, a garganta secando e as mãos voltando a suarem frias. Mas Rony não deu chance de ela interferir.

— Foi um choque. – Determinou. — Não... Um choque não... Foi como me atingissem com um feitiço estuporante, seguido de um Crúcio e um Avada daqueles, sabe... Mas foi tudo tão rápido que acho que não deu tempo de doer muito, mas me deixou bem bravo. Parecia que você tinha perdido a cabeça, que estava enfeitiçada por um Impérius ou uma poção bem forte, por que era totalmente ilógico que você pudesse, então, se dar tão bem com aquele Malfoy. E eu não te reconhecia, por que apesar de não ter saído do nosso lado, digo, do meu e do Harry, não parecia mais tão seguro em vista que Draco poderia estar te usando a favor deles... Ficamos muito preocupados, Harry e eu. Mas não sei se era por que eu estava muito abalado, mas Harry foi o primeiro a sacar a coisa de alguma forma. Então as coisas foram acontecendo e eu sabia que parte era culpa minha, de não ter feito por onde conseguir o que eu queria. E eu deveria imaginar que, assim como eu passei de ódio a amor com você, qualquer pessoa poderia passar também. É tão fácil amar você, Mione...

— Ahn... Ron...

— Não. Ainda tem mais. — Rony continuou. — Seja lá como isso aconteceu para você, fez um bem danado. Tirou uma cabeça-oca das trevas e até o fez nos ajudar a escapar, por que, se não fosse por você, aquele doninha não teria nos tirado do calabouço da Mansão, e não estaríamos aqui para contar a história. Depois, ainda fiquei devendo a ele por ele ter salvado você de lá também! Não é irônico?

“Só que eu sabia, sempre soube! Draco não é nem um pingo esperto, apesar de tudo. E não me olhe de cara feia, não vou gostar dele tampouco! Mas posso engolir desde que você fique feliz por que é o que me importa! Só que eu posso imaginar que tudo isso que eu estou dizendo aqui agora talvez não sirva tanto assim, já que esse panaca está desaparecido e provavelmente enfurnado bem longe daqui. Só falo mesmo por que pelo menos por essa noite não queria ver tanta tristeza escondida aí dentro Hermione... Até por que, como é que eu posso ficar contente também? Então a gente vai lá para baixo, e dá as caras antes que Jorge apareça fazendo gracinhas!”.

Rony se levantou e estendeu a mão para Hermione, mas num outro passo imprevisível, Hermione saltou para abraçá-lo bem forte. Talvez mais forte do que já o abraçou na vida. Se ele pensava que aquela verdade poderia meter medo nela e piorar o que já era ruim, se enganou. Hermione não cabia em si de alívio, ainda que continuasse triste pela própria falta de sorte. Mas sem dúvida alguma, ela poderia viver feliz para o resto da vida com a amizade dos dois, Harry e Rony, e por ora, aquilo bastava.

A Toca nunca pareceu tão pequena, mas tão alegre também. Rony e Hermione desciam as escadas ao mesmo tempo em que Harry e Gina entravam pela porta da frente. Na sala, espremidos em dezenas de cadeiras, nos sofás, no peitoril das janelas, nas pontas dos degraus da escada, e em cada mínimo canto que poderiam se acomodar, amigos e parentes conversavam, bebiam e gargalhava.

Rony e Hermione sorriram para Harry e Gina, e os quatro tiveram que sentar em uns banquinhos exatamente à porta, se quisesse ter espaço para conversar e respirar. No outro lado da casa, no fundo da sala estava Andrômeda Tonks e seu marido Ted Tonks, com um lindo bebê de um ano de idade, cujos cabelos variavam alternadamente de louro para castanho, de ruivo para acinzentado, de caramelo para laranja, e assim em diante. Era o pequeno Teddy Remo Lupin, filhinho de Ninfadora e Remo. Ele olhou brevemente para Harry à entrada da casa e deu uma gargalhada como se reconhecesse o padrinho.

— É uma graça! Imagino Remo caducando com ele! – Comentou Harry.

Depois, num semicírculo, encontravam-se Neville e Ana Abott (noiva de Neville), Luna Lovegood e Rolf Scamander (noivo de Luna), Dino Thomas e Simas Finnigan com seus pares, Padma e Parvati Patil, Jorge Weasley e Angelina Johnson, o irmão Gui e Fleur Delacour. Mais adiante, o Sr. e a Srª. Weasley, junto de Hagrid, o Sr. e a Srª. Granger, Kigsley e Persy e Amanda Cross, colega de Persy e Ronald, do Ministério da Magia. A moça era a única ruiva que não era Weasley por ali, e sorriu amavelmente para Rony quando o viu.

A casa já contava com vinte e sete pessoas, somando com Harry, Rony, Hermione e Gina. Vinte e oito, se somasse com Dobby, brincando com os cachinhos de Luna. Logo, Rony gostava de dizer brincando, a casa seria ponto turístico obrigatório para todos os amigos e parentes, mas ninguém se importava nem um pouco com isso.

— Ei Harry! – Chamou Kigsley, descontraído como nunca. — Estávamos pensando, e queremos você e Ronald como aurores, se for do interesse de vocês continuarem próximos ao Ministério. E Hermione gostaria de se juntar a nós no Departamento de Execução das Leis Mágicas?

Os três pareceram acender surpresos e descrentes.

— SIM! – Disseram sem pestanejar, e os amigos brindaram a isto. Sr. e Srª. Weasley mal crendo que mais um de seus filhos ia entrar para o Ministério.

E ficaram rindo e conversando, comendo petiscos até que se ouviu um estalido do lado de fora da casa. Era o som do alarme caso alguém desaparatasse por ali. Alguém não esperado.

Harry, Rony e Hermione, que estavam bem na saída, precipitaram-se para fora. As varinhas erguidas, exceto Hermione, que não precisava mais de uma. A casa lá dentro se encheu de ruídos de cadeiras e móveis se arrastando, como se todo mundo fosse tentar sair ao mesmo tempo.

Ao longe, na margem protetora d’A Toca, de fato um vulto havia se materializado. Rony tomou a dianteira e deu uns passos à frente. Harry ao seu encalço.

— Quem é você? Identifique-se! – Disse Rony.

O vulto ergueu a mão da varinha em sinal de paz, e esperou até que Rony estivesse perto o suficiente para ouvi-lo.

— Boa noite, Weasley! Sou eu, Jacques Malfoy!

Bem atrás de Harry, Hermione sentiu seu estômago despencar dentro dela.

Rony, meio aturdido, cortou o ar com a varinha abrindo passagem no feitiço de proteção para que Jacques passasse, retirando a capa da cabeça e tornando a guardar a varinha no bolso. O tempo não parecia ter passado para ele. Aos olhos de Hermione, Jacques estava completamente igual à antes.

— Boa-noite? – Disse a eles. — Ronald e Harry? Hermione?

— Boa-noite – os três disseram.

— Sinto se atrapalho a festa de vocês! Eu mesmo tenho uma para ir ainda essa noite, mas tinha que passar por aqui.

— O que foi? Algo em Hogwarts? – Perguntou Harry, já que Jacques continuou como professor permanente de Defesa Contra as Artes das Trevas, assumindo a casa da Sonserina assim que a escola tornou a entrar em funcionamento.

— Não. O que me trouxe aqui não tem a ver com assuntos profissionais, Sr. Potter. Na verdade, nem diz respeito a todos...

— Jura? Hm... Então, o que há? – Perguntou Rony.

— Tenho algo a tratar com Hermione.

— Ah... – Ouviu-se um coro. Um coro não só de Harry e Rony, mas de todos os espectadores à porta d’A Toca.

Com um olhar por cima dos ombros dado por Hermione, os convidados tornaram a entrar pela porta da casa, se espremendo para sumirem logo de vista. Gina e Harry deram as mãos e fizeram como os outros. Rony olhou um tempo para Jacques e depois se virou para Hermione, erguendo uma sobrancelha para ela com um semi-sorriso, e entrou também.

— Como vai Hermione? – Cumprimentou Jacques.

— Bem, e você?

— Melhor há alguns dias. – Jacques disse em tom de confidência. Os dois começaram a caminhar para o outro lado da propriedade, saindo da vista das janelas da casa.

— Por que “há alguns dias”? – Hermione quis saber.

— Por que eu os encontrei. – Jacques contou. — Draco e Narcisa.

Hermione arregalou os olhos e não conteve um sorriso de surpresa e ansiedade.

— Não é possível! Sério?

— Sou profissional em encontrar Malfoy’s eu acho! – Riu-se Jacques. — Mas na verdade eu só tinha uma suposição, até que Draco entrou em contato comigo há uma semana... Queria notícias do que estava acontecendo, e queria pedir ajudar.

— Ajuda? – Hermione esganiçou.

— Parece que eles encontraram Lúcio. Ou melhor, Lúcio os encontrou... Mas não quero lhe contar sobre isso por que acho que Draco já o fez. Mandou essa carta, dizendo para que eu lhe entregasse...

Jacques tirou o envelope branco de dentro da capa. Hermione pegou-o com a mão trêmula.

Olá Hermione,

Há coisa demais para ser dita na verdade, e quando peguei a pena e a tinta para tentar escrever me vi completamente confuso, sem saber por conde começar. Dentre tudo o que eu tenho que dizer, acho que talvez seja melhor contar um bom resumo.

Minha mãe e eu fomos para Rússia, na antiga casa de Jacques, que minha mãe sabia onde ficava por causa daquelas informações que conseguiram dele na época em que o perseguiram. Só que como Jacques não morava aqui há mais de dez anos, foi sorte termos a encontrado desocupada. Mamãe passou por uma feia crise e eu não pude deixá-la, depois fomos perdendo contato com a Inglaterra aos poucos, por que aqui, a vida era totalmente outra. Sem falar que precisávamos ficar seguros, e minha mãe estava com pânico de sair à rua e ser pega por alguém do Ministério. Mas acho que ela tinha mais medo por mim, sabe...

Tentamos nos manter sob sigilo e fomos bem sucedidos por alguns meses, mas Lúcio nos encontrou e começou uma perseguição. Mudávamos mais que nômades, e mamãe começou a ter crises de recaída na saúde. Não queríamos proximidade com Lúcio, seria o mesmo que nos tornarmos cúmplices dele, mesmo que também sejamos fugitivos. Só que, recentemente, Lúcio ameaçou se mostrar, e nos delatar à justiça com um bando de mentiras que poriam em Azkaban de primeira – como se eu precisasse de ajuda para isso...

Pois bem, a situação ficou assim:

Nós acolhemos Lúcio, e tornamos a nos esconder ainda mais. Mas o medo de minha mãe virou uma espécie de pena, por que Lúcio está muito doente, e acho que não vá durar muito.

Enfim... Realmente quero que me perdoe pelo desaparecimento, e pedir que não volte a me odiar, - se já não voltou. Não quero atrapalhar sua vida, a final faz um ano e muita coisa deve ter mudado. Mas enquanto eu tenho um fio de coragem, e tudo ameaça finalmente acabar quando Lúcio se for, preferi lhe escrever. Só não consegui arriscar onde você estaria, e como o paradeiro de Jacques era o mais acessível, espero ter acertado.

Continuo sem saber pra onde eu vou, o que eu vou fazer, mas em breve espero conseguir levar mamãe de volta para Londres. E se algum dia tivermos a chance de nos falar de novo, bem... Vai ser muito bom, eu acho.

Saudosamente,

Draco B. Malfoy.

Jacques teve que limpar as lágrimas do rosto de Hermione antes que molhassem a carta.

— Posso vê-lo? – Perguntou Hermione entre soluços.

— Receio que ainda não. Mas logo verá. – Disse Jacques. — Estou indo para Rússia amanhã. Vou ver como Lúcio está, a final, é meu meio-irmão, biologicamente. Além do que, tenho grande afeição por meu sobrinho... – Jacques confidenciou. — Assim que eu tiver notícias, eu aviso. Vai dar trabalho colocar Narcisa e Draco na ficha branca do Ministério, mas há esperanças não?

— Há. – Concordou Hermione. — Mas, Jacques... Me leva com você!

— Hermione, eu não posso.

— Pode sim, só não quer! Chega de me poupar! Por favor, me leve com você...

Atrás de Hermione, porém, encontravam-se seus pais trouxas, Sr. e Srª. Weasley e Harry e Rony, que chegaram há uns dois minutos para chamá-los para dentro, mas viram que algo realmente sério acontecia ali.

— Ir para onde? – Perguntou Srª. Granger.

— Para Rússia. Preciso ajudar alguém.

— Ajudar? Mas quem seria? – Perguntou seu pai.

— O Draco.

O espanto pintou no rosto deles, talvez não no de Rony. Contudo, meia hora depois, Hermione e Jacques se despediam dos vinte e tantos amigos n’A Toca, rumando para Rússia. Desaparataram algum tempo depois em frente a uma casa muitíssimo velha e mofenta. Jacques bateu à porta, que foi abeta com cuidado por poder despencar a qualquer hora. Colocando a cabeça para fora, e parecendo magro e abatido, Draco surpreendeu-se:

— Pelas barbas de Merlin!

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Ai que é a primeira vez que chego à reta final de uma fic e nao sei o que dizer a vocês... Há tanto... Mas vou poupar por enquanto.
O Epílogo está a caminho e eu já sinto saudade de cada uma e de todas vocês! Ah, meninas... Vou deixar para conversar com cada um de vocês na resposta de cada review! Estou acolhendo desejos, caso vocês queiram que eu realize algum na fic. A chance é essa, o epílogo, a final, é para vocês!
Mila.