Somente Por Essa Noite escrita por Ana Luiza Lima


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eu queria fazer mais uma história bem dramática, mas a pedido da minha amiga (Esther Lya) a história vai ser dramática, mas com roamnce tbm!! aushaush espero que gostem boa leitura!



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Calei-me. Ele foi me puxando pela mão, como o pai faz com seu filho pequeno, ele olhava para as escadas, mas olhava para mim de vez em quando. Ele tinha olhos cor de mel, cabelos castanho escuro, além de ser muito branco, provavelmente por nunca sair do escritório.

Olhava tudo aquilo fascinada, como eu poderia ir com alguém que tinha acabado de conhecer, que não sabia nem o nome, que podia ser um estuprador, ou um assassino, não que isso ia ser um problema já que eu estava quase pulando de um prédio. Mas ele tinha alguma coisa que eu podia dizer que o deixava diferente. Talvez o jeito como me olhou, talvez pela roupa toda desajeitada, ou talvez por ser o único que se importou comigo, o único que realmente queria me convencer a não acabar com tudo aquilo. Comecei a sorrir lembrando do que ele tinha me dito.

- Porque está rindo? – ele me perguntou parecendo curioso.

- Eu estou indo para a casa de um homem que eu nem sei o nome ainda. – ele parou na hora, me fazendo quase tropeçar nele.

- Não seja por isso. – ele pegou minha mão e deu um beijo – Meu nome é Arthur.

- Meu nome é Elizabeth. – Ele olhou bem fundo nos meus olhos como se estivesse tentando ler alguma coisa.

- Se sente melhor agora sabendo meu nome? – fiz que sim com a cabeça – Então vamos.

Eu com certeza não podia me ver, mas tinha certeza que estava com um pequeno sorriso no rosto. Ele continuava me puxando pela mão, até chegarmos à rua, onde andamos mais um pouco e paramos em frente a um opala que provavelmente devia ser de 77, mas era um carro bem cuidado, era preto e não tinha uma manchinha se quer.

- Esse é o meu meio de transporte.

- É bonito. – claro que não podia ser comparado a uns dos carros modernos de hoje em dia, mas com certeza há uns anos atrás, era um carro muito cobiçado.

- Entre, por favor. – ele disse indo abrir a porta do passageiro para mim, ele parecia ser um cavalheiro apesar de não ter a aparência de um.

- Obrigada. – disse entrando na antiguidade, quer dizer carro.

Quando ele entrou no carro me olhou nos olhos de novo, ele parecia realmente intrigado com alguma coisa que via em mim. Nunca me senti especial, nem única, mas quando ele me olhava daquele jeito me fazia sentir assim, como se fosse um Picasso em exposição no museu. Confesso que tinha perdido toda a vontade de encontrar alguém, claro que eu não era mais uma garotinha, já tinha tido dois namorados (sérios), um quando eu ainda era jovem tinha recém 18 anos, parecia que eu estava no paraíso, tudo parecia tão maravilhoso perto dele, naquela época ele parecia o homem da minha vida, mas chegou um dia e a magia foi acabando, os poemas foram se esgotando, já não tínhamos olhos somente um para o outro, estávamos em faculdades diferentes, em lugares diferentes, e percebemos que já não dava para continuar. Acabou. Tudo aquilo que tínhamos jurado um para o outro, virou apenas lembranças... Somente lembranças... Boas lembranças...

Eu também tive outro namorado, eu já tinha 23 anos, ele parecia perfeito, trabalhava com a divulgação de pequenas empresas, era um homem sério, ele era gentil, e carinhoso, e confesso que eu estava apaixonada, pensei “acho que dessa vez encontrei quem eu realmente procurava”, sim pensei exatamente isso, até um dia ir visitar ele no escritório e ver ele junto com a sua secretária, vamos dizer que eu não lido bem com a traição (me diga alguém que lide), terminei tudo na hora, sai correndo e chorando pelos corredores que nem uma louca. Nunca mais o vi. Meu pai queria processá-lo, por danos morais, mas eu não quis, não importava mais, pra que uma vingança barata? Eu não ia ser menos traída com isso, nem ia me sentir melhor, só iria me sentir mais rica, mas dinheiro nunca me importou realmente. 

Agora estava num carro com um completo estranho, que iria me levar para o apartamento dele, para me conhecer melhor? Será só isso? Dizem que nunca poderemos prever o que se passa na cabeça de uma pessoa, e realmente eu não tinha a mínima idéia do que ele queria comigo. Eu estava muito curiosa.

Não andamos muito e havíamos chegado ao apartamento dele. Era um apartamento bonito, tinha dois quartos, e era todo em branco e azul, era no 7º andar, e tinha uma vista bonita da cidade. Joguei-me no sofá estava cansada, não sabia exatamente o porquê, mas eu estava muito cansada. Ele me serviu um pouco de vinho numa taça e sentou do meu lado.

- E você? Como se tornou contabilista? – Perguntei da mesma maneira que ele tinha perguntado pra mim.

- Eu nunca fui rico, pelo contrário era muito pobre quando criança precisava arranjar um emprego e rápido. Tinha uma vaga num escritório de contabilidade, era só para servir cafezinhos, mas logo fui fazendo mais alguns serviços e com a convivência fui aprendendo a fazer as contas mais difíceis, a fazer cálculos que nem alguns empregados formados conseguiam fazer, o dono do escritório viu que eu era muito bom, e pagou minha faculdade. Eu não tive muita escolha. Ou era aquilo ou voltar para a miséria.

- Pelo jeito deu certo a sua carreira... – falo olhando a casa ao meu redor.

- É deu, mas ainda sinto que falta alguma coisa...

- Alguma coisa que nada material pode cobrir ou preencher o vazio...

- O vazio que vai me corroendo por dentro... – ficamos um pouco em silêncio, era incrível que com ele nenhum silencio era desagradável, poderia ficar horas quieta com e me sentir bem, muito bem.

- Nunca se casou, ou teve alguma noiva?

- Tive infinitas namoradas, mas a maioria estava ou atrás do meu dinheiro ou atrás dos meus amigos. – ele deu uma pequena risada e eu ri com ele.

Ficamos mais um tempo em silêncio, eu estava tomando o meu vinho que era realmente maravilhoso. Ele começou a me olhar de novo.

- Porque estava na beira daquele prédio?

- É isso que se faz quando sua vida já não tem significado nenhum.

- A vida não precisa ter significado, ela simplesmente é a vida, é pra ser vivida, não pra ser decifrada. 

- Você fala com tanta tristeza no vazio que lhe corroí, nunca pensou em talvez subir lá... E andar sem rumo?

- Já, várias vezes...

- E o que te impediu? – agora era eu que o olhava com curiosidade.

- O medo. Medo de talvez perder a única coisa que me foi dado de graça... A vida, medo de perder a chance de viver um grande amor, medo de não ter forte emoções, medo talvez de não ter ninguém ainda que sentiria minha falta.

- Você não tem família?

- Tenho uma irmã, mas faz anos que não a vejo. Nunca conheci meu pai, e minha mãe morreu quando eu tinha 17 anos.

- Porque faz anos que não vê a sua irmã? – eu mesma estava me sentindo um pouco intrometida fazendo tantas perguntas para ele, mas ele não parecia se importar já que respondia tudo calmamente.

- Ela simplesmente resolveu “curtir a vida”, saiu por ai com uma amiga, foi viajar o país, conhecer coisas novas. Saiu sem nenhum dinheiro no bolso, somente com uma mochila nas costas, e nunca mais mandou noticias.

- Nunca teve nenhum sonho? Talvez mudar de profissão? Viajar para algum lugar?

- Nunca tive tempo de sonhar. A realidade me ocupava todo o tempo que tinha, vivia me estressando com funcionários, com amigos, com namoradas, com meu trabalho, com a minha vida... Quando tinha 11 anos dizia para a minha mãe que tiraria ela e minha irmã da pobreza, que nunca mais elas teriam que trabalhar que eu faria tudo por elas. Foi ai que os sonhos acabaram, foi ai que eu me concentrava somente na realidade, não podia sonhar, eu tinha que trabalhar e trabalhar e minha vida foi passando e eu não fui notando... O tempo me pregou uma peça, e agora sei que ele nunca mais vai voltar.

Ficamos em silêncio mais um tempo, eu ainda deslumbrada com o seu apartamento e ele olhando diretamente nos meus olhos. Eu ficava cada vez mais curiosa com o jeito que ele olhava em meus olhos, era tão estranho e tão bom ao mesmo tempo... Não consigo explicar...

Foi nessa hora que o meu verdadeiro eu apareceu, acabei derramando a taça de vinho em cima de mim mesma, sempre fui uma desastrada, por isso nunca cheguei perto de nada que pudesse se quebrar facilmente, e que fosse muito caro. Ovinho foi derramado pelo meu ombro, indo pelo meu peito e chegando ao meu colo. Era impressionante, como eu tinha sorte, não bastava eu ter derramado tudo, eu ainda tinha que quebrar a taça.

- A não, me desculpe mesmo, eu sou muito desastrada, se quiser eu pago!

- Não precisa não. – disse ele sorrindo percebendo a minha ansiedade – Eu vou pegar um pano para limpar a sua blusa.

Eu estava vermelha, e não era o vinho que eu tinha derramado em mim mesma, era a vergonha mais uma vez tomando conta de mim, o desastre sempre esteve presente na minha vida, não ia ser agora que ele ia resolver ir embora. Ele logo voltou com um pano e uma camisa.

- Você pode trocar, eu ponho pra lavar a sua suja – sim ele era romântico.

- Mas não vai demorar muito pra lavar?

- Nós temos todo tempo do mundo não temos? – ele falou sentando do meu lado, e chegando mais perto.

Senti seus lábios quentes tocarem o meu, parecia que uma corrente elétrica passava pelo meu corpo, enquanto sentia seu gosto doce e seu cheiro forte de algo que eu não conseguia identificar. Podia ficar beijando ele o resto da minha vida.


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