Bella estava recostada á uma parede falando ao telefone.

- Isso Sr. Walter... é um grande furo! Há uma grande chance da Igreja conseguir fechar o congresso de medicina. Há uma pressão da ala religiosa contra a premissa de clonagem e da PETA  também, visto que os testes são feitos em animais.

Edward vinha subindo a escadaria quando ouviu a conversa.

- Imagine as implicações disso...

Ela se virou lentamente e quando encontrou o rapaz a encarando, sua expressão passou de animada a constrangida, quando o viu erguer as sobrancelhas em repreensão.

- Oi...

- Sabia que não devia confiar numa repórter! – e se afastou.

- Tá, eu vou continuar de olho. – ela falou rapidamente para o chefe e desligou o celular, observando, com expressão desalentada, o rapaz se afastar em direção aos demais participantes do congresso.

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Emmett e Rosalie caminhavam em uma praça, ao anoitecer, e o som de músicas de natal enchia o ar.

- Olha, corais natalinos!

- Edward, sério, você não precisa... sério!

- Ah, mas eu sei que você adora tudo isso!

- Yeah... é tão... característico da época, não é? – Rose disse, tentando disfarçar a expressão entediada. Não era das fãs mais ardorosas do natal.

- O que foi? É natal, não é? O que é mais natalino que um coral?

- Sim, mas... é que esta música me faz lembrar de uma amiga que devia estar aqui...

- Então... permita-me que lhe leve embora desse local melancólico em direção ao verdadeiro natal.

- Sim, sir.

- Acompanhe-me, minha cara. – Emmett disse, lhe oferecendo o braço e entrando em um bar.

- O que vc gostaria de beber?

- Hum... não sei, surpreenda-me.

Minutos depois, o garçom apareceu com duas canecas fumegantes.

- Mocha especial de natal! Feita especialmente para seus lábios. Espero que goste!

- Nossa! Como se bebe? – perguntou Rose, encarando o chantilly no topo da caneca.

- Vim preparado pra isso. – Emmett mostrou dois canudos. – A madame tem mais algum desejo?

Rose não poderia nunca expressar em voz alta o que desejaria, e mordeu a língua pra evitar a tentação.

- No momento não. – fez uma pausa – Sabe, vc não é nada do que me contaram.

Ele a olhou com uma mistura de estranheza e curiosidade.

- Quer dizer, Edward... vc não é como eu imaginei.

- Ah, é mesmo? – ele coçou a nuca.

- Não me leve a mal, não é isso. É de um jeito bom. Você é mais... descontraído.

- Fico aliviado que pense assim, rs... odiaria te decepcionar, Bella. Bacana ouvir vc dizer isso.

Rose deu uma longa sugada no canudo da sua bebida, e Emmett sentiu a calça subitamente apertada. “É a garota que seu amigo gosta, idiota... trate de desarmar essa barraca, agora!”

Lembrou-se das anotações no bolso do casaco e checou: “O cachorro dela, Harry, que ela gostava muito, morreu”.

- E então, Bella... eu estava querendo lhe perguntar como vc está agora, esse tempo depois que o Harry se foi.

Rose puxou pela memória... Harry, Harry... quem diabos era o Harry?

- Estou bem... sabe como é, tipo... o que eu posso dizer...

“Harry deve ter sido um peguete qualquer daquela fase em que Bella estava meio deprimida com a morte do cachorro que ficou na casa dos pais...” – pensou Rose.

- É que eu sei o quanto vc o amava. Deve sentir muita falta dele. – disse Emmett, com sua maior cara solidária.

- Eu amava? – pausa – É, é mesmo... eu o amava.

Emmett levou o canudo a boca e começou a sorver a bebida.

- Mas, para ser sincera, ele não beijava bem. Usava muito a língua.

Emmett engasgou com a bebida.

“Que tipo de maluca o Edward achou na internet? Uma zoófila? Ou isso, ou a informação no papel estava errada!”

Rose mudou o rumo da prosa.

- E sua mãe, como vai?

- Vai indo bem... ainda é um pouco difícil, ela fica pensando no meu avô, sabe como é...

Segundo as anotações que Rose fizera mentalmente, o avô de Edward era surdo.

- É claro, mas sabe... a medicina está fazendo grandes progressos nessa área. Já viu esses aparelhinhos?

Emmett fez uma cara de “Que papo é esse? Não estou entendendo nada!”

- Então... é só colocar no ouvido do seu avô que ele ficará novinho em folha!

- O que? Hum... quero dizer, nas circunstâncias seria meio impossível, na verdade, totalmente improvável...

- Tá, mas certamente facilitaria muito o diálogo entre sua mãe e seu avô, não?

- Não... não acho...

Rose se sentiu uma idiota. Pediu licença, pegou a bolsa e foi até o banheiro feminino.

Chegando lá, pegou o papel na bolsa e checou.

- Que idiota que vc é, Rosalie Hale! A letra está borrada, o avô dele está morto, não surdo!

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Já em casa, Bella esperava, impacientemente, Rose chegar e contar como foi o encontro.

Quando finalmente a porta abriu, ela quase saltou sobre a amiga.

- Até que enfim você chegou!

- Oi, que horas são?

- Dez e meia.

- Nossa, já?

- É, o tempo passa rápido quando a gente se diverte! – ela falou, meio irônica, mesmo não querendo demonstrar.

- Ei, foi idéia sua, mocinha, está lembrada?

- Pedi que se encontrasse com ele, não que saísse com ele! E onde vocês estavam que não os vi no congresso médico?

- Não forcei ninguém a não ir ao congresso. E ele logo gostou da idéia.

- Peraí, foi você que deu a idéia de saírem?

- É. Eu só perguntei se ele queria conhecer Port Angeles! E vc queria saber como ele era!

- E?

- E que ele é um pouco diferente do que vc me descreveu.

- Diferente como?

- Bom... ele é... meio engraçado, divertido, despreocupado. Mais... físico do que intelectual. – disse Rose, suspirando.

- Físico?

- Tem um corpão.

- Ele o que? – Bella disse, exasperada.

- Você que perguntou. E se quer saber, ele quer me ver de novo amanhã à noite.

- Amanhã à noite?

- Bom, é... na verdade, ele convidou a Bella pra sair amanhã à noite.

Aquilo era um pesadelo, Bella pensou. Edward, o seu Edward, queria sair novamente com Rose?

- Quer que eu diga não? – disse a loira.

- Não, agora vc tem de ir... senão ele pode desconfiar de algo.

- Agora quem está em dúvida se vai ou não vai sou eu. Eu cumpri minha parte no trato. Talvez seja hora de vc assumir as coisas.

- Rose...

- Bella, vc é uma garota incrível! Tem de se lembrar disso e qualquer cara, incluindo esse, seria um homem de sorte por ter vc!

Bella pensou... não teria coragem. Edward iria se decepcionar por saber que ela não era 1/3 bonita como Rose. E caiu no desespero.

- Eu como sua próxima experiência culinária.

- Não!

- Eu já disse que como! Até como duas experiências suas! Você não tem coração, puxa!?

- Tá bom... eu fecho com meu frango à cacciatore e com um creme brullè de avelã. – disse Rose, sadicamente, esperando que a amiga desistisse.

- Tá, eu aceito... onde ele vai “me” levar amanhã?