O caminho para a escola tinha saído silencioso. Claire estava muito assustada por saber que teria que voltar a ver aqueles bandidos. Eu confesso que também estava assustada. Se não fosse Jacob e os seus amigos, Nate poderia estar gravemente magoado, Claire e eu... Estrupadas ou coisa pior...

–Você está bem? -perguntei num sussurro, não sabendo como controlar o medo na minha voz. Se eu estou assim, imagina Claire...

–Sim... Só tenho medo, Renesmee. E se eles voltarem a tentar alguma coisa? -perguntou preocupada, com os olhos em água. O meu coração apertou e a minha garganta fechou, pelas ondas de pânico que atravessavam o meu corpo.

–Teremos que ter cuidado, amiga. Precisamos de estar juntas e unidas. -eu me tentava convencer que tudo ficaria bem e que eles não tentariam nada na escola, mas o medo falava mais alto. Me dizia que nós não estávamos seguras em lado nenhum.

Permanecemos mais algum tempo dentro do carro, tentando nos recompor e nos acalmar. Precisávamos de mostrar calma, eles não podiam ver o nosso medo, apesar de ser algo bem visível. Respirei fundo e saí de dentro do carro, indo ao outro lado e abrindo a porta a Claire, que saiu devagar.

–Não mostre medo! -sussurrei no seu ouvido e tranquei o carro, a levando para dentro da escola. O sinal estava quase batendo e fomos rapidamente para a sala onde teríamos Matemática.

A sala estava demasiado cheia, mesmo faltando 4 minutos para tocar. Me sentei com Claire na mesa de trás e prestei mais atenção aos cochichos dos outros.

–Sim! Foram aquelas duas, ali... -vi uma garota apontar para nós, disfarçadamente. -Jacob as salvou... -a sua voz era um sussurro mas eu conseguia entender tudo.

–Mas porquê? Jacob nunca se interessa por novatas. Correção, nunca se interessa por ninguém. Vai na volta e quer fazer uma pequena festinha com as duas. -trinquei o maxilar ao ouvir aquelas palavras.
Será que Jacob nos salvou dos amiguinhos dele para poder cair nas nossas boas graças?

Eu me recusava a acreditar que ele realmente tinha feito algo assim! Queria acreditar que ele tinha feito por ser uma pessoa decente. E por sentir algo por mim, como eu sinto por ele...

–Estou farta das fofocas sobre nós! Mas eles pensam que não conseguimos ouvir!? -Claire murmurou no meu ouvido e eu concordei. Era por isso que todos estavam na sala mais cedo...

Finalmente o sinal tocou e parou com todas aquelas fofocas infernais sobre nós e Jacob. Estava tão farta de tudo! Desde que cheguei aqui só sofri com as ameaças das víboras, com os meus sentimentos por Jacob e pelos seus amiguinhos. Estou tão farta que só me apetece desistir de tudo e voltar para Los Angeles, continuando a minha vida da forma mais normal possível.

A aula foi chata, como sempre! Demorou tempo a passar. Talvez a única coisa boa era que não havia ninguém do grupinho da pesada aqui, ajudando um pouco na minha concentração.

Finalmente o sinal voltou a tocara anunciar a saída. Claire e eu, em silêncio, arrumamos as nossas coisas, enquanto as fofocas sobre Jacob e nós voltaram. Mas uma em particular me despertou a atenção e fez o meu coração disparar.

–Eu ouvi dizer que Jacob está caidinho pela garota de cabelos morenos. -a voz do cara não era mais que um sussurro, perfeitamente audível para os meus ouvidos.

–Você não bem? -Claire me perguntou e eu fiz sinal para ela se calar.

–Ela é uma gata mas... Você acha mesmo que Jacob Black pode estar apaixonado?

–Com certeza. Você já reparou na forma como ele olha para ela. Aliás, todos já repararam, menos a garota. O cara está vidrado nela. -o meu sorriso apareceu e eu tinha gostado da ideia. Eu estava obviamente a sentir algo por ele e, com certeza, amaria que ele sentisse algo por mim também.

Não há nada melhor do que amar e ser amado!

Claire, vendo que eu ficaria ali eternamente, me arrastou para fora da sala. Fui um pouco contrariada e, sem dizer nada, lhe pedi explicações.

–O quê? Você ia lá ficando parada e eu te puxei. Não iria passar mais um segundo dentro de uma sala, depois de ter Matemática. -se explicou e revirou os olhos.

–Eu estava a fazer um trabalho importante de vigia. -lhe respondi, dando o meu melhor sorriso amarelo.

–Escutando as conversas dos outros? Sua mãe não te ensinou que era feio!? -ri alto do seu humor.

–Ensinou mas eu sou curiosa. -rimos e começamos a caminhar para um banco de madeira que havia no corredor. A escola estava construída à volta de um pequeno jardim, portanto haviam alguns bancos em frente às salas.

–Você está melhor? -eu continuava a insistir na mesma pergunta, vezes e vezes sem conta. Queria me assegurar que Claire estava realmente bem.

–Estou. Só quero evitar olhar para eles, pelo menos hoje. -respondeu, respirando fundo. Eu lhe lancei um pequeno sorriso.
Juntei as suas maõs com as minhas. Eu queria que Claire sentisse todo o apoio que eu tinha a dar.

–Olhem só, se não são as duas coitadinhas que, infelizmente, não receberam a sua lição! -a voz sarcástica e irritante de Marie se fez ouvir à nossa frente. Claire e eu nos entreolhámos e fitamos Marie e Leah, que estavam com sorrisos de puro deboche.

–O que vocês querem? -perguntei seca, sem paciência para aturar essas duas.

–Nada. Só queríamos saber se vocês estão bem. Ouvimos tanta coisa hoje, que fomos simpáticas e quisemos saber se estava tudo nos conformes. Mas parece que sim... Tirando a cara de tapadas que vocês sempre têm, parecem muito bem. -Leah não poupou no deboche e na maldade. Aquelas duas eram puro veneno...

–Obrigada pela preocupação. Já podem ir. -as dispensei, de cara fechada. Essas duas me irritavam profundamente e, tinha que me controlar para não as estapear.

–É assim? Nós mostramos preocupação por vocês e somos tratadas assim!? Vocês não foram estrupadas, deviam estar contentes... -me levantei enraivecida.

–MAS QUEM É QUE VOCÊS PENSAM QUE SÃO!? HAM!? VOCÊS NÃO SENTEM PENA DE NÓS! EU ACREDITO QUE VOCÊS ATÉ DERAM A IDEIA AQUELES NOJENTOS! -gritei com raiva delas. Com raiva do mundo!

–SE ACALME! VOCÊ NOS ACUSA DE TERMOS SUGERIDO QUE ELES VOS TENTASSEM ESTRUPAR!? VOCÊ ESTÁ DOIDA, GAROTA! -Marie tentava bancar uma de inocente, quando todos ao nosso redor prestavam atenção à briga.

–Vamos embora Kate... -Claire sussurrou, mas eu a ignorei.

–QUEM ESTÁ DOIDO AQUI, SÃO VOCÊS! COMPLETAMENTE DOIDAS! DESDE O INÍCIO QUE TENTAM PEGAR NO NOSSO PÉ! ARRANJEM UMA VIDA E NOS DEIXEM EM PAZ! -a gritaria me ajudava a libertar toda a tensão e raiva que estava a possuir o meu corpo.

Eu não queria mais aturar aquelas duas, então puxei Claire por um braço e a arrastei para a sala, onde teríamos a próxima aula.

–Você ficou louca? -ela perguntou, de olhos arregalados.

–Sim. Fiquei louca de raiva daquelas duas chatas! Eu as odeio tanto! -exclamei, respirando fundo para me acalmar.

–Eu também as odeio mas não é razão para começar a gritar com elas. Renesmee... -ela disse o meu nome bem baixinho. -Elas são perigosas. Assim como eles. Temos que ter muito cuidado. -me pediu, segurando os meus braços. Eu assenti, um pouco mais calma. -Está quase a tocar. Nos encontramos na cantina. Até já. -se despediu e seguiu caminho.

Eu fiz o mesmo. Caminhei até à sala onde teria a próxima aula, rezando para não encontrar ninguém do grupo, incluíndo Jacob.

...

PVO Claire

A aula foi rápida a passar, para o meu gosto e desgosto.

Eu ainda estava com medo, muito medo. Não conseguia parar de imaginar aquelas mãos imundas em mim, nem as palavras que eles diziam. Só me apetecia chorar de desespero, mas me obriguei a acalmar. Estava ainda dentro da sala e seria estranho começar a chorar à frente de todo o mundo.

Peguei na minha mochila e fui para a cantina, onde tinha combinado de me encontrar com Renesmee. Mas, ao passar o banheiro masculino, senti uma mão me puxar lá para dentro e gritei em surpresa.

Essa pessoa colocou a sua mão em cima da minha boca, para evitar os meus gritos e me arrastou lá para dentro.

O meu coração começou a disparar de pânico e diversos arrepios passavam pelo meu corpo. Eu não sabia quem era mas tinha uma ligeira impressão do que queria fazer comigo. Só de pensar, as lágrimas começaram a escorrer, abundantemente.

–Eu ainda não fiz nada e você já está chorando? Imagino quando fizer... -eu conhecia aquela voz! Era de um dos rapazes que me tentou estrupar, naquela noite no parque. As lágrimas começaram a descer ainda mais.

Não, meu Deus! Por favor! Eu não quero ser estrupada, não quero passar por isso novamente! Não quero perder a minha virgindade com um cara qualquer, que só se quer aproveitar do meu corpo, sem o meu consentimento. Por favor, eu quero ajuda! EU QUERO AJUDA!

Eu tentava gritar, na esperança que alguém me ouvisse, mas era inútil. A sua mão, sobre a minha boca, abafava qualquer som que saía da mesma.

Por favor... Alguém me ajude...

–Não consegui à primeira mas irei conseguir à segunda! E não terei que dividir você com ninguém! -eu sentia aquelas mãos grandes e nojentas passarem pelo meu corpo, apertando os meus seios e tocando a minha intimidade.

Era o fim... Era o fim da linha para mim... Eu só queria morrer antes de sentir ele fazendo algo comigo mas...

Ele arrancou a minha camiseta e me virou para si, mantendo a mão na minha boca e me deixando numa posição em que não me conseguia defender. Eu estava ali, completamente vulnerável e, à espera da coisa mais horrível que uma mulher pode passar.

–Você é muito gostosa, vadia! -ele passava a sua língua pela minha pele, me dando vontade de vomitar.

ME AJUDEM! POR FAVOR ME AJUDEM!

Quando pensei em realmente desistir, senti que ele foi arrancado de cima de mim, me fazendo abrir os olhos e vir o que acontecia.

Jacob estava sobre ele, o esmurrando e pontapeando com violência. A única coisa que ele fazia era gritar de dor.

–SEU FILHO DA PUTA! EU TINHA AVISADO PARA NÃO TOCAREM NELAS! -ele gritava enraivecido, continuando o espancamento. Naquela altura, vários alunos já tinham entrado no banheiro e eu fui socorrida por Renesmee.

–CLAIRE! OH MEU DEUS, CLAIRE! Você está bem? -eu chorava encostada ao seu ombro, enquanto ela me abraçava forte.

–Ele... Ele me ia... -eu não conseguia falar. As palavras ficavam entaladas na minha garganta. Vi quando os professores entraram no banheiro e separaram Jacob do rapaz. Eu nem sabia o nome dele e não queria saber. Queria que ele fosse para o inferno por me tentar fazer mal!

–VOCÊ VAI PAGAR PAUL! VOCÊ VAI PAGAR! -Jacob gritava enfurecido, sendo retido po alguns professores.

Mas quando olhou para mim e para Renesmee, veio ter connosco. Pegou na minha camiseta rasgada e me entregou o seu casaco, olhando fixamente para Renesmee.

–Aqui tem, Claire. Você está bem? -perguntou preocupado. Eu simplesmente assenti positivamente.

–Obrigada Jacob. Você foi muito corajoso. -Renesmee agradeceu, sorrindo fraco para ele. Podia ver os seus olhos brilharem quando olhou para o sorriso de Renesmee.

–De nada. Professor... -se virou e chamou o homem. -O que acontecerá com ele? -Paul era ajudado a ficar em pé por outros professores.

Só me apetecia lhe dar um valente tapa na cara por me ter tentando estrupar, novamente.

–Será expulso da nossa escola! -senti uma alegria tremenda ao ouvir aquelas palavras, mas um arrepio pelo meu corpo quando aquele nojento se pronunciou.

–Vocês me pagam! Kate e Claire, vos tenho em mira! Jacob não vai estar sempre lá para vos ajudar! -ele ameaçou e Jacob ameaçou partir novamente para cima dele, mas os professores o pararam. Os que seguravam Paul o retiravam de dentro do banheiro.

–NÃO TENTE PAUL! ELAS ESTÃO SOBRE A MINHA PROTEÇÃO!