Eu estava no banheiro,terminando de lavar minhas mãos.Quando eu vejo que estão passando a chave na porta.

-Sam?-perguntei,já nervoso.

-Calminha,nerd...você vai ficar ai um tempinho.-ela falou,um tom calmo,e irritante.

Eu comecei a entrar em pânico.Adimito.Milhares de coisas se passaram por minha cabeça.Sam era doida,eu podia esperar qualquer coisa dela.

-Sam,é sério.Destranca essa porta.-eu falei,batendo desesperadamente na porta de madeira escura.Ela não disse nada.

Colei minha orelha na porta,para ver se eu conseguia ouvir alguma coisa.Nada.Tentei olhar pela fechadura,mas ela havia colocado alguma coisa para impedir minha visão.Eu estava começando a entrar em pânico,eu não sabia o que ela estava fazendo,planejando...ou fuçando.Se ela estava mexendo nas minhas coisas...Ela não pode fazer isso!Se ela achar o desenho,tudo que eu fiz vai por água abaixo.

Um esclarecimento sobre o desenho da Sam:atrás estava escrito uma coisa que mudou minha vida para sempre, ou pelo menos por agora,que eu estou apaixonado por ela.Estava escrito assim...

"Samantha Puckett,roubando o coração do nerd mais insuportável,irritante,idiota e perfeito do mundo.Freddwardo Benson."

Foi por causa disso que eu decidi fazer o que fiz por ela:pagar aquela menina para dizer que gostaria que eu tivesse liberdade com ela foi o dinheiro mais bem gasto da minha vida!E o plano funcionou perfeitamente,Sam ficou com ciúmes e acabou revelando que gostou do beijo.

E nada melhor do que oferecer um local de anuncios na página do iCarly para a empresa que produz a linha de produtos "gordos",eu negociei com eles;aceitaram pagar a publicidade com um ano de produtos "gordo" de graça.Quem melhor que Sam para usufruir de algo assim?

E só de lembrar de sua expressão de tédio que foi,lentamente,se transformando no sorriso mais bonito que pode existir...Ah!Isso paga qualquer dinheiro e esforço.E o Abraço que ela me deu depois?Eu simplesmente não queria soltar a loira que estava em meus braços.Seus cabelos tinham,como sempre,um cheiro levemente doce...não parecia ser nenhum Shampoo,ou creme,parecia um cheiro natural dela.

Me sentei no chão,ao lado da privada,e fiquei esperando que ela me liberasse.O tempo passou,e tudo que eu conseguia fazer era pensar naqueles pequenos momentos que foram capazes de alegrar meu dia.Toda a preocupação sobre o que ela estaria fazendo no meu quarto foi se esvaindo e eu acabei adormecendo.

...

-Freddie!Meu bebê!Freddie,você está ai meu bem?-acordei com as batidas frenéticas da minha mãe na porta.

Me levantei um pouco tonto e fui até a mesma.Ainda estava trancada.

Legal,agora eu estava preso no banheiro com a doida da minha mãe pirando do lado de fora.

-Calma,mãe!Eu estou aqui!-limpei a garganta.

Eu estava pisando em alguma coisa,algo liso.Levantei meu pé e vi a chave do banheiro.

Suspirei aliviado.

Peguei o pequeno pedaço de metal prateado e penetrei na porta,me livrando do cativeiro.

Mal abri a porta e dona Marissa pulou para cima de mim,me abraçando.

-Freddie!Oh,meu Freddinho!Você quase me mata!-ela me apertava,sua voz estava totalmente alterada.-O que você pensa que...-ela se distanciou um pouco de mim para observar meu rosto.-Você estava dormindo no banheiro?

-Ah mãe...

-Então é isso?Eu faço de tudo para te dar um quarto maravilhoso,uma cama maravilhosa...e você dorme no banheiro?-ela parou de me abraçar e começou a me empurrar para o local onde eu havia tirado uma soneca.-Já para o chuveiro!Você precisa se livrar de todos os germes desse chão!

-Não mãe!Mãe,por favor...-reclamei,em vão.

                                          ....

Depois do meu banho forçado voltei ao meu quarto,e automaticamente procurei por qualquer tipo de anormalidade.Mas para minha surpresa estava tudo exatamente como antes,minha mesa do computador estava cheia de papéis bagunçados,minha cama estava exatamente como quando me levantei (exceto pela mochila da diaba que já não estava mais ali).

Fui correndo até meu guarda-roupa ver se o desenho ainda estava lá,e para o meu alivio estava.

Mas o que será que a Sam fez?

Vasculhei o quarto inteiro a procura de alguma coisa,mas não havia nada!Deve ter sido só mais uma das brincadeiras dela.

Fui jantar,mexi um pouco no computador e depois fui dormir.

Cheguei na escola com uma meta:fazer Sam aceitar dormir na minha casa durante esses dias,e isso não seria nada fácil.

Fui até meu armário pegar minhas coisas para a aula.

-E aí,Freddonho?-Sam chegou,fechando o armário na minha frente,fazendo com que os livros que eu ia guardar no armário caissem no chão.

-Sam!-revirei os olhos e me agaixei para pegar os livros.

-Está fazendo o quê?-ela perguntou,em tom normal.

-Não sei,talvez pegando meus livros que você derrubou?-falei ironicamente.

-Que coisa chata!-ela reclamou e deitou a cabeça na porta do armário vizinho ao meu.

-Sam,eu posso saber o que você fez no meu quarto ontem?-perguntei,ja de pé.

-Eu dei uma festa enquanto você estava lá no banheiro,Benson.Foi um sucesso!

-Eu estou falando sério,o.k?-comecei a encará-la.

-Você nunca saberá.Nunca...-ela falou isso em um tom sombrio.

Decidi deixar esse assunto de lado,provavelmente ela não fez nada.

-E então,Sam...você vai lá em casa hoje depois da aula?-pergntei enquanto guardava os livros.

-Mas é lógico,Benson!Esqueci de pegar aquele certificado que me dá bolo-gordo de graça...-ela fez uma cara de tragédia.

-E amanhã?-perguntei como quem não quer nada.

-Talvez...

-Ótimo!

-Por que "ótimo"?-a loira me fitou confusa

-Por nada.-me esquivei.

Sam franziu o cenho.

O sinal tocou,Sam deu um rosnado e murmurou alguma reclamação,mas eu não consegui entender.

-Vou indo...Até depois.-a loira falou,mal-humorada.

-Até.

O restante do dia não teve nada de diferente,fiquei com Sam nos intervalos mas nem toquei no assunto de onde ela passaria suas noites.

Eu estava parado na saída do colégio,esperando Sam sair.Ela havia ido ao banheiro.

-Vamos?-ela disse quando chegou.

-Vamos...

-Freddie, o que você tem?-ela me perguntou,curiosa,sem olhar para mim.

-Nada,por que?

-Sei lá...você está pensativo demais...-ela deu de ombros.

-Ah,não é nada Sam...só estou pensando que eu tenho que comprar umas coisas,uns equipamentos.-menti.Ela pareceu acreditar.

A verdade é que eu estava pensando em uma forma de convencer a loira a ficar comigo.

-Então tá...

Fomos calados o percurso todo,e uma vez ou outra eu dava uma olhada em Sam.Ela parecia tão alheia quanto eu.

Chegamos ao Bushwell,Lewbert estava dormindo.Eu ja estava indo em direção as escadas,quando Sam me parou.

-Espera...-ela abriu a bolsa e pegou um caderno.Foi andando sorrateiramente até o balcão da recepção e bateu o caderno com toda força,fazendo um barulho enorme.

Lewbert acordou e caiu da cadeira.

Sam subiu correndo e eu fui atrás dela,rindo.

Era possível ouvir os gritos enfurecidos de Lewbert:

-Suas pestes!Saiam do meu saguão!Do meu prédio!Da minha vida!

Eu e Sam continuamos correndo e rindo feito dois idiotas.

-Abre logo essa porta manézão,antes que o esquisito venha aqui.-Sam me apressava,mas ela ainda ria.

-Pronto...-eu mal acabara de tirar a chave da porta e Sam já havia empurrado a mesma.

-Mas que pressa!-reclamei.

-Eu não quero ouvir aquele seu porteiro chato-ela deu ênfase no "chato".- reclamando,aqui.-ela disse isso e foi direto em direção as escadas.Eu a segui.

-E então,professor Benson,o que será hoje?-perguntou,jogando sua bolsa em minha cama.

-Sam,eu quero falar com você...

-Você já está falando nerd.

-É sério Sam...-ela se sentou na minha cama.

-O.k...pode falar.

-Você vai mesmo ficar na rua durante a noite por esses dias?

-Vou sim.-ela assentiu lentamente.

-Sam,por que?Poxa,você pode ficar aqui,minha mãe não vai descobrir,e eu nem vou achar ruim.-joguei minha mochila em um canto e fui para perto da minha cama.-A rua é perigosa a noite,Sam.Até mesmo para você!-apontei para ela.

-Ah,não vem com essa,Freddonho!Eu já tomei minha decisão!-ela falou seca.

-Sam,por favor.Eu te...

-Não!-ela me interrompeu.-E agora vamos estudar,eu preciso tirar um "A",lembra?Senta aqui!-ela pegou seus cadernos,e eu resolvi fazer o mesmo.

-Tudo bem...

Ficamos estudando a tarde toda,Sam estava concentrada de uma forma que eu nunca havia visto.Ela nem se levantou para comer.

Uma verdadeira nerd.

Depois de algumas horas ela foi embora,levando consigo seu orgulho,teimosia...e o certificado de um ano de "bolo-gordo" grátis.

Fui tomar um banho e dormir,estava sem ânimo para fazer nada.

Acordei de uma noite sem sonhos e...atrasado.Droga!

Coloquei uma roupa qualquer e corri para a escola.Hoje as três primeiras aulas eram com a Sam.

Sabe aqueles dias que você acorda e parece que está tudo errado,fora do lugar...estranho?Pois é,eu estava assim.

Cheguei na escola depois de Sam,que estava falando com um garoto.

-Então,menino-que-eu-não-sei-o-nome...

-É Gabe...

-Eu não perguntei!-eu ri,essa era a Sam.

O garoto ficou meio assustado.

-Enfim,o iCarly está suspenso porque a Carly está tendo que resolver umas coisas em Yakima.Quando ela voltar o programa retorna.

-O que tem em Yakima?

-Não te interessa!Agora vaza.-ela fez menção para o garoto ir embora.

Depois pegou um suco em seu armário e começou a tomar,fui até lá.

-E ai...

-Benson...

-O que aquele garoto queria?

-Saber sobre o iCarly.-ela deu de ombros enquanto fitava o vazio.

-Entendi...

-Nossa,tá com uma cara hoje...-ela falou um pouco surpresa quando olhou para mim.

-É,acordei atrasado.-arrumei a alça da minha bolsa.

-Nossa,o nerd atrasado?Chamem a emergência,algo está errado!-ela debochou.

-Ha-ha-ha,que engraçadinha.-reclamei.

-Pelo visto perdeu a hora e o bom-humor...

-O.k.Me desculpa.

-Eu nunca te desculpo de nada,Benson.-Ela fechou a porta do seu armário.

-Não?

Ela fez que não com a cabeça.

-Para se perdoar alguém,ela precisa ter feito algo ruim para você e te deixado mal,nervoso,chateado com isso.Você nunca me deixa assim...

-Não?!-perguntei,um tanto feliz.

-Claro que não.Você não tem capacidade para isso.Na verdade,quase ninguém tem.-ela apontou para sim mesma,se exibindo.

Eu não pude deixar de sorrir.

-Já você tem esse poder sobre mim de uma forma um tanto exagerada.

-A mamãe aqui é fera,meu bem!

-Até demais...

O sinal soou.

-Vamos?-perguntei.

-Claro...-a loira respondeu,sua voz não expressava nenhuma vontade.

E hoje o dia foi mil vezes pior que ontem.As aulas foram chatas,Sam ficou dormindo do meu lado e eu,pela primeira vez,tive vontade de fazer o mesmo.

Fomos para casa e Sam me obrigou a ir estudar imediatamente.Nunca imaginei ela fazendo algo assim.

Algo me diz que tudo isso era para evitar que eu tocasse no assunto de fazê-la ficar na minha casa.Mas eu precisava tentar mais uma vez.

-Ugh,vai cair um temporal.-falei.

-É,parece que vai mesmo.-pude ver a preocupação em seus olhos.

-E você quer mesmo ficar na rua?

-Não há outro lugar,Benson!-ela disse isso me olhando como se eu fosse retardado.

-Sim,há outro lugar!Aqui!

-Já conversamos sobre isso...-ela falou sem nenhuma alteração no tom de voz.

-Mas Sam...

-Chega!-gritou.-Vou indo,preciso achar algum lugar coberto antes da chuva.Até amanhã.-ela juntou suas coisas e saiu.

E só depois percebi que não fiz nada para impedir.Corri atrás dela,mas a loira já havia ido embora.

Fui até a cozinha e fiz um lanche,eu estava morrendo de fome,e Sam com certeza ia voltar,ela odeia ficar molhada,e odeia frio.

Fui até meu quarto e me deitei na cama para ver um pouco de TV,aos poucos ouvi o temporal se agravando.Eu estava começando a me preocupar.

Resolvi ligar para Sam.Quando começa a chamar ouço um toque discreto de celular,vindo de debaixo das minhas cobertas.O celular da Sam.

-Droga!-exclamei.

Eu já estava me desesperando,quando ouço a campainha tocar.

Era ela.Só podia ser.Minha mãe estava de plantão.Uma felicidade  misturada com alívio envolveram meu corpo, e eu corri atender a porta.

A imagem que vi ali fez meu coração doer,toda minha felicidade se fora.Meu mundo estava acabado.

-Sam...-falei tão baixo que mal eu pude ouvir.-Sam!-corri para abraçá-la.

A loira não tinha expresão no rosto,estava gelada,suja,e o pior,suja de sangue.

-O que houve?-perguntei exasperado.Medindo-a de cima a baixo,sem acreditar.

-Socorro...-ela sussurrou,e eu a abracei e puxei para dentro.