Uma Mancha De Sangue escrita por Srta Claudia


Capítulo 4
Príncipe Edmundo.


Notas iniciais do capítulo

Cara, esse foi o maior capítulo que eu já escrevi na minha vida (isso que só tem umas 2.000 palavras, sim, meus caps são curtos heheheh) e eu estou beeem satisfeita com ele, ficou melhor do que na minha cabeça. Bem, Alice e algum leitor que por ventura passe por aqui aproveitem!!!



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O dia fora fervoroso para Lucas, trabalhou como nunca e pensou como nunca. A história dos narnianos continuava martelando sua cabeça indefinidamente e ele não deixava de sentir aquela horrível sensação de que deveria estar lutando contra aqueles que haviam sido tão gentis com ele, com os telmarinos.

Albert terminou mais cedo o trabalho para que pudesse arrumar algo para Lucas vestir para o desfile. A cidade estava entrando em ebulição por conta disso, as pessoas se arrumavam, os soldados se preparavam, suas mães choravam escondidas temendo a batalha iminente e alguns vendedores se preparavam para ganhar um extra hoje vendendo docinhos para as crianças. Esse desfile era simbólico para marcar o início da guerra, o Rei Miraz iria estar lá e profereria seu discurso a toda cidade.

Quando finalmente conseguiram se vestir Albert olhou para Lucas e o abraçou.

–Vamos, garoto, está na hora.

A via principal da cidade estava sendo isolada da população com esforço pelos soldados. O povo estava empilhado na calçada esperando tudo começar. Mocinhas cochichava e riam na primeira fila, com os lenços a postos para “despretensiosamente” derruba-los na esperança de conseguir a atenção e um ato de cavalheirismo de algum belo homem uniformizado. Mães olhavam apreensivas lenços também a postos, mas por outro motivo, não deixá-los cair, nem secar as lágrimas, mas para poderem atrair para si, com um aceno, um último olhar de seus filhos antes do que podia ser sua última batalha. Curiosas, muitas crianças se esgueiravam por entre as pessoas, subiam em árvores e faziam de tudo para verem os soldados de uma boa posição e pensar consigo mesmas “Nossa, como eu queria que fosse eu!”. E por fim, trabalhadores como Albert e Lucas que vinham para uma mera obrigação social, mas que acabariam se divertindo com toda a festa.

Os dois artesãos se descolavam com dificuldade tentando encontrar o amigo de Albert, Leonardo, que levara Lucas até sua casa e sempre vinha com interessantíssimas informações sobre o castelo, ele estava contendo a multidão de garotas que queriam ficar na primeira fileira e disputavam com as outras pessoas o lugar invadindo ocasionalmente a pista. Eles acabaram chegando lá, mas não sem antes empurrar delicadamente todas essas garota, a maioria delas ficou emburrada, mas uma deu um sorrisinho e piscou para Lucas que enrubesceu instantaneamente.

–Acho que você acabou de roubar um coração – comentou divertido Leonardo – Mulheres, vá entender sua propensão a gostar de garotos feios!

–Então você acha que elas deviam desistir dessa vida e ir atrás de alguém mais bonito, como você? – Completou Lucas rindo.

–Isso aí! É bom ver que mesmo você tendo batido a cabeça seus pensamentos ainda estão em ordem – Leonardo começou a gargalhar, junto dos outros dois – Opa, acho que aquela garota está vindo aqui falar com você...

Lucas virou a cabeça rapidamente e lá estava ela a dois passos de alcança-lo com um sorriso no rosto e um olhar determinado. Ele olhou desesperadamente para os lados a procura de um meio de escapar de lá, entretanto, Albert o segurou no braço, antes que pudesse fazer qualquer coisa.

–Nem pense em escapar daqui, depois será um sacrifício te encontrar, um sacrifício que não estou disposto a pagar. Só converse com ela, não precisa pedi-la em casamento.

E a garota enfim chegou e parou casualmente ao lado deles puxando assunto.

–Tomara que não chova iria acabar com o desfile!

–Com certeza – disse Lucas evitando olhá-la nos olhos. Ela era bem bonita, olhos grandes, nariz pequeno e delicado e lábios um pouco grossos, apenas o suficiente para que na composição toda de seu rosto ela parecesse uma boneca. Essa semelhança com o brinquedo se acentuava ainda mais com as roupas infladas e cheia de babadinhos de tons pasteis de rosa que ela usava.

–Você tem quantos anos? – e percebendo o quão estranho essa pergunta repentina apareceu ela se explicou- É que você parece ter idade já para fazer parte do exército, parece saudável então eu estou me perguntando por que está aqui...

–Eu estava no exército, mas algumas coisas aconteceram, hum, em decorrência da batalha no castelo e estou fora dele agora.

–O que foi que aconteceu? – ela perguntou piscando os olhos devagar, como que tentando parecer mais graciosa.

Lucas não queria que aquela garota se intrometesse na sua vida, principalmente em assuntos tão pessoais, mas antes que pudesse se dar conta ele já havia contado a ela que perdera a memória e não sabia quem era, portanto, fora mandado trabalhar com Albert enquanto se recuperava, afinal ele agora desconhecia os comandos do exército e não poderia mais ser treinado tão tardiamente.

–Ah... –disse ela e por um tempo fez-se o silêncio – Você lembra do seu nome? Quer dizer, eu sou Lucia, como te chamam?

Lucas reparou que ela fizera a pergunta certa não “Como é seu nome?” mas “Como te chamam?” o que o fez sentir uma dor interna, tinha perdido até sua identidade e isso estava claro aos olhos de todos. Além disso, o seu nome, Lucia... o fazia sentir uma coceirinha no seu cérebro como se isso devesse lembra-lo de algo importante.

–Eu... me chamam Lucas, mas esse não é meu nome, provavelmente. Albert pode ter dado sorte e acertar ao me chamar assim.

Ela deu uma risadinha discreta que ele achou adorável, no começo não havia gostado muito da garota no começo, mas ela o fez se sentir tão à vontade que o fez mudar sua opinião sobre ela. Era certo que se tratava de alguém um pouco fútil e talvez um pouco carente, mas ela era doce e com certeza era uma boa companhia.

Um trompete interrompeu seus pensamentos e atraiu a atenção de todos para o começo da rua, estava quase silencioso, por que alguns burburinhos aqui e ali faziam essa exceção. Começou-se, então, a ouvir a marcha dos soldados e, por fim, foi possível vê-los irrompendo pela rua com o Rei a frente liderando-os a cavalo. Eles foram se aproximando até cruzarem o ponto onde Lucas estava nesse momento o olhar de Miraz passou por ele, parou mais a frente e rapidamente voltou a encara-lo com um misto de surpresa e raiva. Ele se virou para um homem que vinha ao seu lado, seu guarda pessoal provavelmente, e disse-lhe algumas coisa, o guarda virou-se e seguiu caminho inverso do resto da marcha, o que causou certo espanto em todos, mas não muito. Lucas sentiu-se inquieto, não tinha razões para acreditar que o Rei queria qualquer coisa com ele, mas tinha certeza que seu olhar estava nele e “bem”, ponderou ele, “eu não tenho razões agora para acreditar que ele não quer nada comigo. Antes eu poderia muito bem ter feito algo para ele, mesmo que soe improvável, afinal, eu não fazia parte de sua exército?”.

A marcha prosseguiu sem mais interrupções até o fim e eles estavam quase saindo dali quando uma mão pousou no ombro de Lucas. Ele, Albert e Lucia, que vinha conversando animadamente com eles que decidiram a acompanhar até em casa, pararam quase que simultaneamente. Era um soldado que os pararam e ele trazia um papel em mãos e o entregou a Lucas, era uma ordem de prisão como ficou claro quando ele terminou de ler. Então, sem dizer mais nenhuma palavra virou de costas e começou a amarrar seu punho.

–Senhor o que ele fez? – perguntou Lucia espantada.

–Eu não sei, só sigo ordens de meus superiores.

–Então diga a seus superiores – começou Albert já irritado – Que eu não vou deixa-lo levar meu assistente sem pelo menos me dar uma boa razão para isso.

–Meu senhor – disse ríspido o soldado enquanto terminava o laço – Essas ordens vieram do Rei.

E com isso ele empurrou Lucas, que estava um pouco chocado embora pouco surpreso, e deixou os outros dois boquiabertos atrás.

Eles andaram um longo trecho acompanhando a via principal, por onde passou a marcha minutos antes, algumas pessoas que ainda não haviam retornado a suas casas olharam para eles com as sobrancelhas franzidas sem se darem ao trabalho de disfarçar o que começou a deixar o soldado irritado que lançava a eles olhares duríssimos o que funcionou, muitos se sentiram constrangidos e desviaram o olhar enquanto se apressavam em deixar o local.

Por fim eles encontraram o homem com quem o Rei falara naquele momento do desfile, ele montava um belo cavalo de guerra e trazia nas mãos as rédeas de um burro, eles amarram o garoto ao burro com a barriga para baixo como se fosse uma carga, deram um nó na rédea encurtando-a para que não deslizasse e enrocasse nas patas do burro e ligaram com uma corda o burro ao cavalo do guarda do Rei.

–Pode voltar ao castelo, Estevão – ordenou o guarda – Eu sigo sozinho a partir daqui.

E enquanto o soldado dava maia volta eles seguiram em direção ao acampamento na beira do rio, para o qual os soldados seguiram para se juntar ao resto da tropa, que já se encontrava lá, após o desfile.

Andar amarrado como um carneirinho na sela do burro era extremamente desconfortável como Lucas pode atestar, balançava terrivelmente fazendo-o bater a cabeça no animal com força de tempos em tempos, seu sangue fluía para a sua cabeça que já começava a explodir de dor, mas, mesmo assim, quando anoiteceu ele cochilou e sonhou com um grande Leão que dizia-o para ter coragem, que tudo ficaria bem e que sua memória voltaria quando fosse segurou, por fim ele rugiu e Lucas acordou se sentindo bem mais valente e preparado para enfrentar o que fosse.

Eles chegaram o acampamento ao amanhecer, os soldados haviam chegado a pouco, afinal, eles só estavam um pouco à frente de Lucas, e ajudavam a desmontar o acampamento já que atravessariam o rio dali a poucas horas.

O guarda, que ele descobriu se chamar Roberto quando um soldado o cumprimentou, o guiou sob muitos olhares desconcertantes até uma grande barraca branca que seria a última a ser desmontada, a barraca do Rei. No caminho até lá ele parou várias vezes para conversar com um soldado ou outro e Lucas tentava se distrair fazendo as contas de quantas pessoas viram sua bunda balançando para lá e para cá desde que fora colocado no burro, “umas 153, se eu contar Estevão que me colocou aqui” concluiu Lucas divertido.

Quando finalmente chegaram ele foi desamarrado e quando colocou-se de pé sentiu as pernas dormente tremerem enquanto todos os ossos de seu corpo estalavam a medida que se movia. Mesmo com tudo isso foi um alívio sair daquela posição depois de tanto tempo, ele finalmente sentia seus sangue fluir em outra direção que não sua cabeça. Enquanto esperava acompanhado de um soldado Roberto falar com o rei, Lucas observava como os sentinelas se dispunham e encontrou inúmeros erros, primeiramente estavam muito a vista e depois de maneira alguma eles conseguiriam cobrir toda a área em volta dispostos daquela maneira e, então, ele se surpreendeu movendo-os mentalmente de lugar e formando um quadro mais eficaz, desde quando entendia de estratégia de batalha ele não sabia e esse conhecimento o assustou um pouco, mas o fez nutrir uma certa esperança, se precisasse e tivesse a oportunidade de fugir, não seria tão difícil quanto pensara.

Roberto voltou e encaminhou-o até dentro da barraca. Ela era grande e havia duas mesas, uma grande cheia de papeis e com uma cadeira enorme e ricamente adornada, outra menor num canto onde podia-se ver comida e um prato inacabado que provavelmente estava até a pouco na mesa do rei Miraz que estava em pé próximo a umas cadeiras onde deviam se sentar os senadores e com uma adaga na mão com a qual ele brincava. Ele chamou um guarda e esse trouxe um banquinho para Lucas se sentar.

–Saiam todos agora – todos que estavam ali, uns soldados e dois senadores se retiraram – exceto você, Roberto – quando ele fez menção em sair - preciso que fique de olho nele.

Quando ficaram a sós Miraz sorriu, deu a volta na mesa e se sentou naquele que ali no acampamento seria seu trono.

–Ora, ora. O que temos aqui, por acaso você não achou que poderia passar despercebido, que poderia se infiltrar no meu reino sem que eu o visse, não é? Afinal, que ideia estúpida ficar na primeira fila, queria ser visto? Provavelmente, vocês não todos uns imbecis, e é por isso que eu vou destruí-los!

–Com o perdão da palavra, mas eu não sei do que o senhor está falando – disse Lucas simplesmente.

Ele olhou-o por um segundo o analisando.

–Que educado você, não – e soltou uma gargalhada de escárnio – Eu, rei de dos telmarinos, vou destruir vocês narnianos, até estejam realmente extintos dessa vez.

–Achei que não houvesse narnianos humanos? – disse Lucas mais ousado, estava se sentindo terrivelmente irritado, não tinha sido trazido até lá para que o rei o dissesse essas besteiras.

–Sem joguinhos comigo, príncipe¹ Edmundo! Você não está aqui para isso.

–Do que você me chamou? – Lucas achou que não tinha ouvido bem.

–Príncipe Edmundo, um dos antigos soberanos de Nárnia, quando esse lugar ainda era selvagem e bárbaro! Foi o que eu disse, está surdo ou na verdade ser um espiãozinho se arraigou tanto na sua alma que nem reconhece mais a si mesmo – Miraz já estava irado – E agora, você vai me dizer todos os detalhes na formação dos nanianos, seus planos e principalmente onde eles estão, onde o diabo do meu sobrinho e traidor Cáspian está!

–Mais uma vez, senhor, eu não sei do que está falando.

–Não – disse irônico – Guardas!

Alguns soldados entraram na sala subitamente.

–Prenda-o a aquele pilar – se virou e pegou algo que Lucas ainda não havia notado em sua mesa, um chicote – Alguém terá que começar a me dar respostas se quiser manter e couro nas costas.

E estalou o chicote no ar.


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Notas finais do capítulo

¹Eu sei que é na verdade Rei Edmundo, mas no filme Miraz demonstra não saber disso e há aquela cena impagável "eu sei que é confuso" hehehe ahhh, esse Ed é um lindo!
Bem, posto o próximo até segunda (não dia 5, né, dia 12 hehehe)
Deixe algum review pq eu não aprendi (ainda) a usar esse novo Nyah e preciso me utilizar do modo mais rudimentar para descobrir que alguém leu, com Reviews!!! Ok??
P.S. Gostaram da chará da Lucia gostariam que sua participação fosse maior que um bico? heheheh eu não sei o que pensar dela então cá estou deixando a fic interativa o que é totalmente não a minha cara (sou monopolizadora heheheh - isso não significa que eu n aceite possiveis sugestões) Beijos!!!



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