Com o tempo, pouco a pouco, fomos descobrindo o que tinha acontecido com as Caçadoras.

            Fazia uma semana que estávamos no acampamento. Era legal. As aulas eram mais divertidas no acampamento do que na escola, com certeza.

            Um dia, no jantar, Quíron, um centauro, o mesmo da histórias nos avisou sobre alguma coisa de captura a bandeira na sexta-feira a noite. Explicaram mais ou menos como era. Fiquei mais animado.

            Depois de um tempo, descobri que o dia de nossa chegada, era o dia do aniversário das garotas. Dei um parabéns atrasado, arrancando um sorriso de Kate e uma reviravolta de olhos de Lana.

            Descobri que, correndo, eu podia chegar em uma velocidade realmente incrível e era bem ágil, até. Me disseram que isso era normal para um filho de Hermes.

            “Afinal”, pensei, “se meu pai é deus dos ladrões, quer dizer que tenho que ser rápido mesmo, porque ladrões têm que ser rápidos.”

            Lana tinha muita habilidade com o arco e flecha. Era muito boa, que eu cheguei a considerá-la como se fosse filha de Apolo, mas me lembrava depois que a “parte de deus” do seu sangue vinha da sua mãe.

            Quanto a Kate, ela até chegava a ser boa com a espada, mas talvez não tanto. Ela cuidava principalmente dos pégasos. Mas acho que essa era a melhor coisa que ela fazia.

            Kate sempre me dizia que estava acostumada a não ser boa em uma coisa em especial, mas parecia meio triste.

            Eu sempre dizia que não era verdade e lembrava que ela tinha conseguido “roubar” um carro e dirigir bem mesmo sem saber.

            — Eu já disse, James — Kate sempre respondia. — Aquilo foi uma loucura. Eu tive sorte, só isso. Eu só estava querendo provar para mim mesma que era capaz de fazer algo realmente bom, mas agora percebo que poderia ter morrido.

            As informações vinham principalmente porque Lana tinha gostado de falar com elas e sempre conversavam.

            Lana combinava bem com as Caçadoras, ainda mais porque odiava garotos. Me fuzilava com os olhos toda vez que me via.

            Ainda bem que Lana se acostumou com a minha presença, já que eu não ia parar de falar com a Kate tão cedo.

            Elas sempre estavam juntas, é claro. Isso irritava, porque Lana fingia que eu não estava ali, e, bom, eu não gostava de ser ignorado.

            Depois de semana, nos encontramos, só nós três na praia.

            Ouvi elas falando sobre algo, mas não sabia o que. Quando cheguei perto, Lana parou de falar.

            — O que aconteceu? — perguntei.

            — Já sabemos o que aconteceu com as Caçadoras — Kate respondeu.

            — O que aconteceu? — perguntei novamente.

            — Bom, acho que elas realmente foram raptadas... — Kate falou.

            — Mas isso é impossível! — falei.

            — É mesmo impossível! — Lana disse, pela primeira vez concordando com qualquer coisa que eu tinha dito.

            E, pela primeira vez também, Lana começou a conversar comigo, o que era totalmente anormal, me contando o que tinha acontecido.

            — Elas estavam em uma floresta, eu acho, em Wyoming. Estavam lutando contra vários monstros e tiveram que se separar.

            “O grupo junto de Phoebe saiu bem, mas agora elas tinham que procurar as outras Caçadoras.”

            — E nada? — perguntei.

            — Nada — Kate falou, distraída com a grama.

O cabelo dela estava um pouco maior agora, percebi, o que não era tão bom quanto antes.

Mas ela não deixava de ser linda...

— E Ártemis? — perguntei, acordando dos meus pensamentos.

— Ah, Ártemis estava no mesmo grupo de Phoebe. Ainda está procurando, mas ainda não apareceu nenhuma.

— E as Caçadoras têm uma ideia de onde elas podem estar agora?

— Acreditam que devam estar na floresta ainda.

— Mas como elas podem ser presas assim? — Kate indagou. — Elas são tantas!

— Deve haver algum tipo de magia — Lana respondeu.

— E qual é essa floresta? — perguntei. Talvez eu soubesse onde era, por causa da minha mãe.

Minha mãe vivia pesquisando sobre os lugares, amaria viajar para todos que nós pesquisávamos durante esses anos. O emprego que tinha não tinha nada a ver com isso. Eu achava que era uma injustiça ela não poder viajar para todo o mundo.

O emprego dela era bom, de forma que tínhamos sempre comida na mesa, dinheiro para roupas e agasalhos no inverno, mas só se ela juntasse o que sobrasse no final do mês, mesmo assim, só conseguiria viajar pelo mundo depois de um milhão de anos.

Por causa dessa paixão dela, sempre nos trancávamos em um quartinho onde havia vários mapas e ela me contava sobre cada lugar. Com ela, eu era um aluno obediente, diferentemente do que na escola.

— Floresta Sho... Alguma coisa assim — Lana respondeu.

— Shoshone? — perguntei. Já tinha ouvido falar no nome, claro.

— Isso! — Lana exclamou. — Mas eu não entendo. Em uma floresta, onde elas poderiam ficar presas?

— Tem a Wolf Mine — falei. — Uma minha abandonada bem na floresta de Shoshone. Foi usada tempos atrás, mas agora, abandonada. Talvez seria um bom lugar.

— Como sabe de tudo isso? — Kate perguntou.

Expliquei a elas sobre a minha mãe e seu gosto de pesquisar sobre lugares.

Depois, Lana disse:

— É, pode ser na Wolf Mine. Vou falar com Phoebe depois.

E assim, Lana e Kate saíram.