A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 7
Capítulo 7 - Novos amigos (e inimigos)


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem mil vezes a demora! Culpem a escola! Capítulo narrado por Kate.



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Saímos dos estábulos e continuamos caminhando, dessa vez até a praia.

            Passamos pelo arsenal e pelos campos de morangos. Me deu vontade de pegar um dos morangos, mas eu achei que seria melhor não. Não sabia se podia.

            A arena estava vazia. Passamos de novo pelos chalés e demos a volta, passando pelo pavilhão do refeitório.

            Sentamos na areia quando chegamos e ficamos observando o mar. O vento era fraco, batia em mim, tirando meu cabelo da frente dos meus olhos.

            Lana se levantou e começou a andar. Parecia inquieta. Eu também estava, mas ficava observando-a.

            — O que achou daqui? — perguntei finalmente.

            Lana demorou um pouco para responder. Os olhos estavam fechados, como se estivesse sentindo algo.

            — Eu amei o lugar. Mas sinto que falta algo — ela respondeu.

            — Algo como o que? — perguntei, me sentindo um pouco triste. Tudo o que tínhamos era uma a outra e eu sentia como se não fosse o suficiente agora.

            — Não sei. Falta algo como...

            Lana deixou a frase pendendo. Naquele momento escutamos algum barulho vindo de trás. Lana se virou e eu me levantei.

            Não tinha nada. Acho que no acampamento não tinha monstros, mas Lana devia achar o contrário, porque puxou o colar, que se transformou num arco.

            Eu olhei para o meu colar, o contrário do colar de Lana, mas parecido. Se o dela se transformava em um arco, o meu também deveria.

            Puxei ele, sem medo de me machucar e na minha mão, ao invés de um arco, tinha uma espada. Devia ter uns 40 centímetros. Era bronze, eu achava.

            Me virei e fiz de conta que tinha algo atrás de mim. Lutei contra algo invisível. Me virei de novo. Eu parecia boa naquilo. Até Lana se surpreendeu.

            Mas a expressão dela foi ficando mais dura. Pensei que tinha algo atrás de nós e dei um giro, deixando a espada na frente de mim.

            A pessoa que estava atrás deu um passo para trás vendo a espada e ergueu as mãos, em sinal de rendição.

            Reconheci aquele rosto. Era o garoto que Lana tinha odiado, James.

            Isso explicava a expressão.

            — Ah, James — falei, quando o vi. Tinha me assustado um pouco, quando ouvimos o barulho. — É você.           

            — Queria me matar? — ele perguntou.

            — Minha irmã até que deve querer...

            — Estava nos seguindo? — Lana perguntou, rude, me interrompendo.

            James não sabia o que falar. Ficou nos olhando como se buscasse uma explicação em nós. Lana ergueu as sobrancelhas.

            — É claro que não — James respondeu, a voz tremendo. É claro que ele estava nos seguindo.

            Me sentei e ele se sentou do meu lado.

            Lana o fuzilou com os olhos. Eu ri. James olhou meio nervoso para mim, um sorriso torto dos lábios.

            Acho que foi aqui que eu percebi que ele era bonito. O cabelo caindo pela testa, loiro. A pele branquinha, o sorriso aberto...

            Só tinha algo de diferente na expressão dele, que me alertava de deixar algumas coisas longe dele, só não sabia o que era.

            — O que foi? — James perguntou.

            — O que foi o quê? — perguntei, saindo de um transe. Lana estava olhando para mim, como se não gostasse disso.

            — Você estava me olhando meio estranho — ele respondeu.

            — Ah... Não era nada — disse, voltando os olhos para o mar.

            — Não está brava? — James perguntou depois de um tempo me avaliando.

            — Não — respondi. — Por quê?

            — Porque é claro que eu estava seguindo vocês — ele sussurrou para Lana não ouvir.

            Eu ri. James não falou nada, mas depois de um tempo, ficou mais relaxado e sorriu junto.

            — Não estou brava. Mas por que estava nos seguindo?

            — Para falar a verdade, eu estava seguindo você — James falou, olhando para baixo agora, como se a areia fosse a coisa mais interessante do mundo. — Mas eu não sei porquê.

            Fiquei pensando um pouco. Um garoto me seguindo. Que coisa mais anormal.

            — Hum... Estranho. — Não sabia mais o que falar, então resolvi só ficar olhando para o movimento do mar, como Lana fazia.

            Depois de um tempo, Lana se virou e falou:

            — Vou andar um pouco. 

            — Vou junto — falei, me levantando.

            — Também vou — James falou, mas eu sabia que Lana não ia gostar disso.

            — Ah, não, por favor — Lana falou, não como se estivesse pedindo algo, mas brava.

            James continuou sentando e eu revirei os olhos. Resolvi ir com Lana, mas já voltava.

            — Qual é o problema com o garoto que você parece odiá-lo? — perguntei, quando estávamos a certa distância.

            — Eu odeio praticamente todos os garotos que já vi. Acho todos uns idiotas. Menos Oliver. — Era uma resposta convincente, porque era a verdade.

            Voltei para o lugar onde estávamos. James ainda estava lá, como se estivesse nos esperando. Andei até ele e, chegando lá, me sentei ao seu lado.

             — Me desculpe pela minha irmã — falei. — Ela odeia todo garoto que vê.

            James deu de ombros. Não se importava, pelo o que parecia.

            — Tudo bem. O que aconteceu que algo explodiu quando vocês chegaram?

            — Um carro explodiu. Um lindo Porsche branco. — Suspirei. Que dó do carro. E também do dono...

            Será que as pessoas pensariam que eu tinha roubado o carro? Porque não era isso! Eu tinha pegado emprestado, mas aconteceram algumas coisinhas e ele explodiu.

            — Como vocês explodiram o carro? — ele perguntou, mais interessado.

            — Bola de bronze pegando fogo — resumi. James olhou para mim como se eu fosse uma louca. Parecia pensar que eu estava brincando de batata quente dentro de um Porsche. — Os lestrigões jogaram.

            — Lestrigões?

            — Uns monstros nada amigáveis. Lana acabou com todos com sua ótima pontaria.

            — Ah. Mas como você conseguiu o Porsche?

            — Peguei emprestado.

            — Não roubou, né? Diz que não! — James perguntou, ficando meio entristecido. Pelo o que eu me lembrava, Hermes, seu pai, era deus dos ladrões. Não fazia sentido ele ficar triste com isso.

            — Não. Pedi para o homem e ele entregou para mim.

            — Ah! Não você não é minha irmã...

            — E se eu fosse? Não seria legal? — perguntei, me desanimando. Mas daí eu lembrei que irmãos não namoram.

            Nem primos. Quer dizer, meio que todo mundo era primo ali, não é?

            “Mas e daí que irmãos e primos não namoram, Kate? Está pensando em namorar com ele?” uma vozinha na minha cabeça falou e eu espantei o pensamento.

            — Ah, é que... Ah, esquece! — James disse, meio encabulado. — Então, ahn... me conte essa história direito.

            Comecei desde a parte que recebíamos um presente, o colar. Não desde a parte que eu chorava como um bebê.

            Contei sobre Lana e suas “experiências” com o colar. Sobre o que Oliver nos disse, de sermos semideuses. Contei também que Lana e eu ermos filha de uma deusa, esclarecendo que Hermes não poderia ser meu pai.

            James estranhou um pouco quando eu lhe contei sobre quando eu convenci a professora e o homem a fazer o que eu queria. E achou muito legal quando eu lhe contei de acelerar cada vez mais o Porsche para chegar lá.

            Era mais ou menos três da tarde quando terminei de contar tudo. Era uma grande história e relembrar me fez perceber que era real.

            Pedi para que James contar a história de como ele chegou. Ele pareceu ficar menor. Com poucas palavras disse tudo.

            — Como você vê — ele falou no final —, nada de interessante igual na sua história.

            Ficamos um tempo em silêncio quando Lana apareceu. Olhou para James, mas fingiu que ele não estava ali.

            — Vamos voltar? — Lana disse.

            Concordei e começamos a caminhas de volta aos chalés. Chegando lá, tinha um grupo de garotas lindas e maquiadas. Filhas de Afrodite, deduzi.

            Elas olharam para nós três e cochicharam entre si. Um delas gritou para mim:

            — Quer que eu te indique uma cabeleireira, querida?

            Todas riram, como se achassem graça, mas nem era engraçado. Eu era engraçada, no sentido das pessoas ficarem rindo de mim, claro. Mas a piada não.

            Lana começou a avançar para elas, mas eu a segurei.

            — Não, Lana! Deixei-as! Só são...

            — Filhas de Afrodite — uma voz vinda atrás de mim completou.

            Nós três nos viramos. Nos deparamos com uma garota que usava jeans e jaqueta prateada. O cabelo castanho trançado e os olhos castanhos revirando.

            — Ignorem-nas — ela disse, saindo do chalé de Ártemis. — Eu sou Phoebe. E vocês...?

            — Lana — minha irmã falou.

            — Kate — eu respondi.

            — James. — James deu um passo para trás.

            — Pensei que Ártemis não tinha filhas, não é, Kate? — Lana disse.

            — E não tem — Phoebe falou.

            — Opa! — falei, dando um sorrisinho.

            — Sou uma caçadora de Ártemis. Ela recruta garotas que estão dispostas a sempre segui-la e viver sem garotos por toda a eternidade.

            — Vocês não deveriam estar com ela agora? — James perguntou.

            — Deveríamos. Porém, fomos interrompidas. Muitas de nossas caçadoras sumiram.

            — Sumiram?

            — Foram raptadas, acredito. Nós somos uma grande força. Acredito que queriam tirar grande parte de nossa força.

            — Mas algumas não, certo?

            — Poucas. As que restaram, estão feridas, menos eu e Mary.

            — Que... horrível — eu falei.

            — Sim. Então, viemos para cá. Não que isso seja tão bom. Pelo menos, é o suficiente.

            E com esse pensamento, Phoebe se virou e foi para algum lugar.

            Eu, Lana e James voltamos ao chalé.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? (Eu sei que não, mas uns reviews seriam bons, sabem...)



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