A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 3
Capítulo 3 - Meu outro lado


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, me desculpem pela demora! Não desistam de ler pela demora também, por favor!
Narrado por Kate.



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— Por que temos que sair daqui? — perguntei, enquanto corríamos para o que parecia ser lugar nenhum.

— Aqueles garotos não são muito amistosos — Oliver respondeu como se fizesse sentido. Teríamos que sair da escola por causa de 4 garotos enormes?

— Isso já percebemos — Lana falou. — Mas então vamos fugir como formiguinhas ao encontro do formigueiro por causa de um pé ou coisa do tipo?

— Exatamente — Oliver continuou correndo. Era incrível como um garoto que tinha sofrido um acidente podia correr tão rápido quanto ele.

— Mas eles não podem fazer nada enquanto estivermos na escola! — falei.

— É, pare com isso Oliver. Eles só são órfãos, afinal. — Lana parecia mais mal humorada do que eu. Lana, na maioria das vezes estava mal humorada mesmo.

— Eles não são “só” órfãos. Eles são perigosos. É sério, vocês duas precisam sair daqui. Lestrigões definitivamente não são nada legais. E podem fazer as coisas aqui mesmo.

— O que são lestrigões? — perguntei. O nome me parecia ser familiar. — Algum monstro?

— Como você sabe? — Oliver diminuiu o passo, parecendo alarmado.

— Como eu sei do que?

— Sobre os monstros.

— Nós já vimos alguns monstros, eu acho. Quer dizer, coisas estranhas. Pensei que você nunca tivesse percebido. — Lana falou para mim.

— E por que vocês não me disseram?! — Oliver gritou.

— Para que? — perguntei.

— Para você achar que somos loucas? — Lana foi mais indelicada.

— Eu sou o melhor amigo de vocês faz muito tempo! Estou aqui para proteger vocês duas de qualquer monstro que apareça! Deviam me contar, senão não vou concluir meu trabalho!

— Você tem que nos proteger?

— Como alguém como você conseguiria nos proteger? — Tudo bem, Lana era indelicada.

Oliver fez um ruído. Na hora eu não percebi o que era, mas depois de um tempo pensando, descobri que parecia ser um balido.

— Vamos ter que ir ao acampamento.

— Que acampamento? — perguntei. Me alegrei um pouco. Pelo menos ia sair daquele lugar cheio de gente ignorante.

— Qualquer lugar é melhor do que esse, então, não faz mal ir, mas por quê?

— Olha aqui, vamos dizer que vocês são especiais, ok? — Oliver começou, nos levando para o parquinho. — Semideusas. Eu não acredito que estou fazendo isso com lestrigões atrás da gente!

— Continue — pedi. — O que são semideusas?

— Metade filhas de mortais e metade filhas de deuses.

— Deuses? Isso existe? — Lana perguntou.

— Existe. Vocês são filhas de uma deusa. Não me perguntem qual. Ainda ninguém sabe.

— Isso é muito legal — falei.

— Isso é impossível, Kate! E o que isso tem a ver com esses lestrigões?

— Eles estão te perseguindo porque vocês são semideusas. Eles querem te matar.

— Só por que somos semideusas? — perguntei.

— Exatamente. Isso é normal, sabe? Ainda mais agora por causa de Gaia. Então é melhor irmos rápido.

— Onde é esse acampamento? — Lana perguntou. Ainda parecia desconfiada.

— Muito longe. Long Island.

— Como vamos chegar lá? — perguntei, agora preocupada. Seria muito difícil só sair da escola, e agora ir a Long Island.

— De carro — Oliver respondeu como se o carro e tudo estivesse na nossa frente, como um motorista profissional.

— Onde vamos conseguir um carro? — Lana perguntou. — E nenhum de nós sabe dirigir.

— Primeiro o mais fácil: sair desse orfanato.

Fomos passando pelos corredores. Maldita hora em que eu fui perceber que a nossa escola era enorme. Nós corremos e cruzamos salas e os corredores nunca acabavam.

— Eu não posso acreditar nisso — Lana finalmente falou. — Deuses! Não existem! Vamos, parem de correr.

Eu quase fiz isso. Sempre ouvia Lana em tudo, sempre concordava com Lana, porque ela sempre estava certa.

Mas dessa vez... Eu não queria que ela estivesse certa. Queria que fossemos essa coisa de semideusas, sem nem saber direito o que era. Só sabia que significava aventura e um lugar para estar com pessoas iguais a mim.

Longe de orfanatos e lugares em que fossemos expulsas todo o ano, porque agora eu entendia. Sempre que éramos expulsas, era por causa de monstros.

Por isso não parei. Lana ficou surpresa por ver que eu não tinha parado. Continuou nos seguindo, já que Oliver segurava o braço de nós duas.

— Kate, não acredito que você vai fazer isso!

— Lana, pensa bem — falei —, se não for verdade, tudo bem. Sem esse orfanato. Um acampamento. Mas eu sinto que é verdade. Sabe, os monstros e tudo. São reais.

— Você nunca está certa, lembra, Kate? Sempre pedindo minha ajuda. Por que justo agora não vai seguir meu conselho?

Tudo bem, aquela parte do “você nunca está certa” realmente machucara. Ela falou como se eu fosse uma garota que nunca ia saber o que fazer nas piores decisões. Como se eu fosse pequena.

Mas aquela era Lana. Eu podia aguentar.

— Tudo bem, Lana, faça o que você quiser. Vou com Oliver — falei sendo o mais direta o possível.

— Então eu tenho que ir com vocês. Você vai ver, Kate, vocês estão errados — Lana não estava tendo um bom dia, pelo jeito.

— Ok, Lana, mas você não é a única aqui que pode ter razão. Então, por favor, apenas venha com a gente. — Lana olhou para mim como se não fosse a irmã dela falando.

Paramos quando chegamos bem na frente e encontramos com uma professora e milhares de criancinhas brincando no parquinho. Não ia dar para sair sem ninguém ver.

A chave estava lá, como sempre, pendurada no lado da porta. Agora eu entendia porque ela sempre estava lá. Porque sempre tinha alguém por perto que não deixava nenhum aluno sair.

— E agora? — Oliver perguntou.

— Vamos esperar a hora em que eles vão trocar de turma — Lana respondeu, como se tivéssemos todo o tempo do mundo.

— Não temos todo esse tempo, Lana — respondi. — Vamos ter que convencer a professora que a diretora está chamando.

— É uma boa ideia. Mas seria meio difícil elas sair de lá sem as crianças. — Oliver quase estragou minha linha de pensamento.

— E ela não deixaria as crianças com nós —Lana disse, mas eu sabia que, se eu pedisse com jeitinho, ela aceitaria.

— Claro que deixaria, Lana. Eu posso fazer isso.

Oliver e Lana ficaram me olhando como se eu fosse uma louca, mas não disseram nada. Depois de um tempo Lana me olhou como se dissesse “prove”. Eu olhei de volta, em resposta. “Pois então, veja”.

Andei calmamente até a professora. Ela me olhou estranhamente. Dei um sorriso. A expressão dela suavizou. Tentei lembrar o nome dela.

— Olá, senhorita... — droga, o nome dela, o nome dela! — Anne — lembrei, do nada. — A diretora me mandou informar que precisa falar com a senhora. Pediu que eu ficasse com as crianças. Permite-me?

No começo ela me olhou com curiosidade. Comecei a realmente achar que eu era uma louca como Lana e Oliver deveriam estar achando. Sorri de novo.

— Tudo bem, Srta. Simon — Anne disse, e eu sorri mais. O que um bom vocabulário não fazia?

A professora saiu e eu percebi que as crianças me observavam. Parei de sorrir. Elas ficaram mais um minuto em “transe”, mas acordaram e recomeçaram a brincar.

Lana e Oliver saíram de trás do lugar que estavam escondidos. Estavam de boca aberta. Oliver foi o primeiro a falar:

— Como você fez isso, Kate Simon?

— Não sei, mas vamos logo — respondi.

Fui até a chave, já que nem Lana nem Oliver se mexiam para fazer algo. Abri a porta e respirei o ar da cidade. Só por precaução fiquei com a chave. Ia trancar a porta de novo, nenhuma criança iria sair.

Lana e Oliver passaram correndo. Tranquei a porta de novo. Fiquei mesmo com ela. Um orfanato teria uma réplica da chave, não?

— E agora? — Lana perguntou. Espera aí. Lana perguntando algo? Que coisa mais... anormal!

Claro que era anormal! Agora, Lana conhecia outro lado que eu tinha.

— Roubamos um carro e vamos para Long Island — Oliver resolveu.

— Tem um lugar para roubar carro aqui?

— Acho que não.

— Mas temos uma pessoa perdida no mundo com seu carro — respondi, fixando meu olhar em um Porsche branco. Um homem estava encostado nele.

Podem me dizer agora que eu estava ficando louca. Mas eu estava confiante. Confiante até demais. E meus amigos também confiaram em mim e me seguiram.

Sorri.

— Olá, senhor. Será que poderia me emprestar seu Porsche?



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Notas finais do capítulo

Espero que gostem :)



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