Prólogo

Eu o observava de longe, sentada confortavelmente na mais alta árvore do Woodlawn Cemetery, o maior cemitério de Las Vegas, ele me parecia tão triste a abalado, que por alguns momentos me permiti sonhar que tudo poderia ser diferente. Mais não, nada estava bem, nosso garotinho estava morto, e o nosso casamento também, mas nada me pareceu tão trágico como a minha própria morte.

— Aqui jaz um corpo de alguém que um dia viveu de acordo com seus princípios e crenças mesmo que talvez elas não condissessem com o que pregava, vale tanto quanto a de qualquer outro ser humano independente da fé que praticava ou não praticava. Deixou uma história viva na lembrança daqueles que a conheceram e o desejo de que fique bem no coração daqueles que a amavam. — dizia o Padre, alguns choravam, lágrimas falsas, mas de qualquer forma choravam.

Horas e mais horas se passaram, enquanto o padre falava palavras de consolo, mais que na verdade não consolavam ninguém, ninguém precisa ser consolado, ninguém estava sofrendo por minha morte, apenas eu, o que tornava tudo ainda mais ridículo e idiota.

Estavam ali pessoas que pouco se importavam comigo, o único interesse que tinham em mim era relacionado com a minha fama e o meu dinheiro, dinheiro esse que eu não fazia idéia de onde iria parar, eu não tinha um testamento, e para que o teria? Eu não podia imaginar que morreria tão jovem, e no auge de minha carreira. Eu apenas esperava que esse dinheiro não fosse parar nas mãos de Edward, ele não o merecia, nunca o mereceu.

Olhei novamente para aquela farsa, onde agora algumas pessoas se aproximavam da minha cova e falsamente jogavam flores e fungavam fingindo chorar, e então, alguns minutos depois meu caixão ia sumindo conforme a areia era jogada, e então eu estava finalmente a sete palmos do chão, literalmente.

E agora eu só esperava a hora de ir, para onde quer que eu fosse. O que aconteceria em breve.