Matthew, Francis, Alfred e Arthur juntavam-se sempre pelo Natal. Era tradição no dia 24 almoçarem e jantarem juntos e ficar á espera até á meia-noite para a troca de presentes e fogo-de-artifício. No dia 25 normalmente voltavam a almoçavam juntos mas durante a tarde iam visitar outras pessoas. Como nunca havia acordo em que casa celebrar a festividade, decidiram que todos os anos seria numa diferente. E este ano, foi em casa de Matthew e Alfred.

Logo de manhãzinha, exactamente á hora combinada, chegou Arthur que trazia um saco cheio de presentes e uma grande travessa na mão cheia de biscoitos caseiros. Alfred começou logo a fazer troça dos biscoitos, "Sério que isso não são bombas?", o que lhe valeu uma cotovelada no estômago.

Meia hora mais tarde chegou Francis, carregadinho de caixas, tanto presentes como de bolinhos. E mal viu Arthur na cozinha a ajudar Matthew com o almoço não pode deixar de sentir medo.

"Matt, o que é o almoço?"

"Peru assado."

"Com a Princesa a cozinhar duvido que não seja peru queimado."

Arthur estava-se a preparar para começar a discutir mas Matt foi mais rápido:

"Acho melhor ires ajudar o Alfred a por a mesa e a acender a lareira Francis."

"Huh? Porquê eu? Não devia ir ele?" disse, apontado para Arthur.

O britânico levantou uma sobrancelha e olhou curioso para Francis:

"Ir eu? Tanto faz. Se bem que os trabalhos chatos deviam ficar para os sapos."

"Isso é tudo inveja de mim? Ah, isso é uma coisa feia. Agora deixa EU tratar do almoço e vai pôr a mesa sim?"

"Eu recuso-me a comer da tua comida. Não quero problemas de estômago."

"Posso afirmar o mesmo da tua comida."

Neste ponto, Matt já estava completamente saturado:

"Quem cozinha sou eu! Agora, alguém vá ver o que o Alfred está a fazer antes que incendeie a casa ao tentar acender a lareira, ok?"

Arthur limpou as mãos num pano e respirou fundo:

"Eu vou." ao ver o sorriso convencido do francês acrescentou secamente, "Mas só porque o Matt pediu!"

Quando chegou á enorme sala de estar viu que a lareira estava apagada e não tinha ninguém na divisão. Pegou em alguns bocados de lenha e colocou-os lá dentro e depois com um fósforo acendeu-a.  Procurou Alfred pelo piso inferior, mas nem sinal do americano. Foi para o piso de cima e no fim do corredor viu a portinha no tecto, que dava para o sótão, aberta.

"Alfred?"

"Estou aqui!" gritou ele lá de cima, "Podes me ajudar por favor?"

Arthur subiu a escada e encontrou para o sótão. Tossiu ligeiramente graças ao pó e viu o americano de joelhos a mexer numa caixa enorme.

"Estás á procura de quê?"

"Da toalha de mesa de Natal."

"Chega-te para o lado, para eu te poder ajudar."

Durante quase 5 minutos estiveram a vasculhar várias caixas, até que por fim Alfred encontrou a toalha.

"Finalmente! Já não consigo ver nada com tanto pó nos óculos." levantou-se bruscamente e bateu com a cabeça no tecto, "Ouch!" virou-se para tentar ir para outro lado onde o tecto fosse mais alto mas tropeçou numa caixa e caiu de joelhos, "Fuck!"

Sem ter bem a certeza se devia rir ou não, Arthur levantou-se com cuidado e chegou-se próximo a Alfred mas tropeçou na mesma caixa, caindo em cima de Alfred.

"D-d-descupa!" disse atrapalhado e colocando-se de joelhos.

"O mundo está todo contra mim hoje." resmungou o americano, "Porra, agora é que não consigo ver nada."

Arthur partiu-se a rir ao ver o americano com as mãos e cara cheias de pó, "Deixa-me ajudar." , suavemente retirou-lhe os óculos e limpou-os na manga da sua camisola. Quando terminou, voltou a coloca-los em Alfred.  "Melhor?"

Alfred corou ligeiramente e acenou afirmativamente: "Sim, melhor..."

"Eu não sei o que se passa aí em cima, mas o Matt quer a mesa posta dentro de 5 minutos." gritou Francis do piso inferior.

"J-já vamos sapo!"

"Aquele meu irmão anda muito stressado ultimamente."

"Compreendo. Ter de aturar a ti e ao Francis deve lhe dar cabo dos nervos."

"Hey!!"

##

O almoço decorreu sem grandes eventos, para além das discussões entre Francis e Arthur.  Já depois do almoço, a meio da tarde, Matthew estava sentado no colo de Francis a conversar sobre qualquer coisa, Alfred divertia-se a jogar Ds e Arthur estava no meio deles, irritado e cheio de sono, a tentar ver um filme de Natal que passava na Tv.

"Artie~"

"Arthur. Que foi agora?"

"Joga comigo!"

"Não."

"Por favor! Eu vou buscar a Ds do Matt e jogamos por wireless."

"Não."

"Artieeee!"

O britânico respirou fundo e contou até 10.

1

2

3

"Coitada da criança, podias jogar com ele." disse com um sorriso sarcástico Francis.

4

"Por favor, por favor, por favor! "

5

6

7

"Seu insensível sr.Arthur. Ele até está a fazer olhinhos de cão abandonado."

"Artieee, por favor!"

Antes de a mente de Arthur chegar ao número dez, um telemóvel tocou.

"Ups. Com licença."  disse Matt ao ver que era o seu e levantou-se para ir atender. Quando voltou, todos os três olhavam para ele curioso.

"Telefonaram da loja. A prenda que faltava já chegou."

"Qual prenda?" perguntou desconfiado Francis, mas logo depois acrescentou, "Já sei! Chegou bem em cima da hora."

"Mesmo..."

"Queres ir lá buscar agora?"

"Se me deres boleia..."

"Claro mon cher~"

"Ugh, arranjem uma cama." comentou na brincadeira Alfred ao ver o casalinho cheio de sorrisos e quase que dava para imaginar corações a saírem por todo o lado.

Francis riu-se e piscou o olho a Alfred:

"Já tratamos desse assunto."

Tanto Matthew como Arthur levaram a palma da mão á testa.

Depois de os outros dois terem saído, Alfred continuou a suplicar a Arthur para jogar com ele, e o britânico continuava a insistir que não queria.

"Tu és mau para mim." disse Alfred amuado.

"Não é ser mau. Apenas já disse que não queria jogar."

"Bah. Velho sem graça."

"EU NÃO SOU VELHO."

"Aham. São 16:30 e tu já estás cheio de sono."

"Eu estou com sono porque fiquei a adiantar trabalho até às 2 da madrugada."

Alfred ficou verdadeiramente surpreendido, uma vez que Arthur regra geral acabava todo o trabalho de uma vez e se ele deixou tudo para o dia anterior significava que devia ser mesmo muito trabalho, e conhecendo ele demasiado bem o inglês, sabia que era bem provável que ele tivesse o dia todo a trabalhar parando só para comer, ou nem isso. Suspirou, pousou a Ds na mesa e muito rapidamente agarrou em Arthur e aproximou-o de si numa espécie de meio-abraço.

"Hey o que 'tas-"

"Shh."

"M-mas..."

"Não tinhas sono?"

"T-tinha mas-"

Desta vez, Alfred deitou-se no sofá e arrastou Arthur, fazendo com o inglês ficasse deitado por cima dele.

"Então pronto."

Não demorou muito para Arthur relaxar e acabar por adormecer enroscado em Alfred.

Quando Francis e Matthew voltaram, depararam-se com os dois a dormir pacificamente no sofá. Francis sorriu malevolamente e disse a Matt:

"E se tirasse-mos uma foto?"

Matt tentou abafar o riso e abanou a cabeça negativamente:

"Eu nem sei o que nos aconteceria se Arthur descobrisse."