Guizos Ao Vento escrita por Rach Heck


Capítulo 1
Quando o vento se agita, aí vem tempestades


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Gale corria como o vento, aliás, a garota controlava o mesmo. Ártemis estava em sua tenda, recrutando uma nova menina. Então a reunião com a garota de cabelos loiro amendoados esvoaçantes ficou para depois. Mas ela sabia qual era o assunto. Os pensamentos e sentimentos eram trazidos pelo vento, aliás, ela era o vento. Gale, Ventania em latim.
- Gale! - A voz de Thalia chamou logo atrás. A filha de Zeus tinha uma certa admiração pela garota de olhos turbulentos, como folhas ao vento. O.k, vou parar com as piadinhas sem graça. 
- Pensei que estivesse com a Senhora Ártemis. - Gale parou, fazendo o vento estatelar num vácuo repentino. - Como é a novata?
- Mortal. - Thalia alcançou a amiga. - Mas é boa.
- Noah, não é?
- Não te ensinaram que é errado ouvir a conversa dos outros?
- Eu não fico ouvindo! As pessoas é que deixam as palavras voarem!- A menina descalça sorriu. - É engraçado, esses mortais que podem ver através da Névoa.
- Os mortais são como o vento, imprevisíveis. - A filha de Zeus riu, acompanhada da risada de Gale, que causou um vento leve e confortável.
- Quando você volta? - O vento se tornou gélido, bagunçando os cabelos negros da garota de estilo punk.
- Não sei. - O tempo fechou, as nuvens ficaram turbulentas, como os olhos da garota de tranças, que agora lacrimejavam. - Que foi?
- Eu não gosto dessas missões. Não as suas. São sempre as piores.
- Hey, alguém tem que fazer o trabalho sujo. Vamos, já está escurecendo.

Eu poderia citar que o jantar foi divertido, como sempre, mas acho que vou pular para a conversa de Gale com a deusa Ártemis.

O que acontece quando tentam separar duas amigas, sendo que uma é o vento?

Acertou quem disse tempestade. 
- Como assim Thalia também é fiel ao Acampamento? Ela agora faz parte da Caçada! - A garota gritava em meio ao vento, enquanto a deusa tentava acalmar a situação, pois a tempestade não passaria enquanto a garota de aparência dois anos mais velha não se acalmasse. 
- Gale, pare com isso! - A tenda havia se desprendido do chão, mas ainda se prendia por um lado, chacoalhando no vento. Os cabelos da deusa chicoteavam, e Gale chorava. - Pare agora! Olha eu sei que...
- Não, você não sabe! Thalia é a minha única amiga de verdade, e você vai mandá-la para uma missão suicida! 
- Quíron precisa... - Seja lá o que a deusa ia dizer, deu uma ideia estupefante. - Você vai com ela. - O vento estatelou, fazendo com que a tenda, que conseguira se desprender, e voava livremente, caísse bruscamente. 
- O que? - Os olhos de Gale se arregalaram.
- Pronto, agora você poderá protegê-la. Vocês partirão no primeiro raio da manhã.

Não pense mal de Gale, ela gosta do Acampamento Meio-Sangue. Mesmo. E Quíron era como um pai para ela, sem falar que ela cresceu com Dionisio, além de os outros deuses, o que a fazia ter alguns segredinhos em suas mãos. Mas o Olimpo estava agitado, e Gale não gostava disso. 

- Não acredito mesmo que você vai, Catavento
- Alguém tem que te proteger né, Megawatts.

As garotas foram dormir, pois teriam de acordar no primeiro raio da manhã, uma carona com Apolo. Se isso tivesse acontecido...
- Acorda Gale! - Thalia sacodia a garota de pijama, que era uma blusa gigante, como um vestido largo e curto, com um leão gigante estampado. - Perdemos a carona!
- Então não tem problema eu dormir mais um pouquinho. - Gale virou-se na cama, dando as costas para a garota de cabelos negros e jeans rasgados. 
- Gale, ou você acorda agora ou eu vou sem você! - Thalia gritou. - O Acampamento está sendo destruído, meus amigos estão morrendo. - A voz da garota falhou.
- Desculpa. Mas como vamos agora?
- A pé, oras. Não estamos tão longe de Long Island. Vou trocar de roupa e pegar a mochila, vamos sair sem que Ártemis, ou qualquer outra Caçadora, nos veja. - Thalia foi buscar sua mochila, e quando voltou, deparou-se com a amiga já completamente pronta.
- Nossa, foi rápida como o vento. - As duas riram e saíram de fininho, sem que ninguém as visse. Gale tinha um aperto no peito, era como se ela não fosse ver as Caçadoras, e aquelas tendas por um longo tempo.

Eu realmente gostaria de pular essa parte e passar para a chegada delas no Acampamento, mas seria até uma injustiça com o que as duas amigas passaram. 

Já faziam quase três horas que as duas estavam caminhando em silêncio. Thalia, porque estava preocupada, queria chegar logo e encontrar Annabeth, Percy e Grover, esperava que estivessem bem, ou vivos, pelo menos. E Gale porque estava quase cochilando. Sim, enquanto caminhava. Se você nunca fez isso, não sabe o que é cochilo de emergência. 

Ouvia-se apenas o farfalhar das folhas, ao entrarem em um pequeno, mas emaranhado, bosque. Gale produzia isso, pois gostava do som, e a fazia cochilar mais ainda. Foi quando ouviram um CRACK! e um silvo.
- Não gostei desse barulho. - As duas se viraram, e deram de cara com uma criatura esdrúxula. Uma mulher, metade serpente. A parte inferior de seu corpo apresentava dois troncos de serpentes, no lugar das pernas, com olhos felinos. Rastejava como cobra, mas ereta.
- Só me faltava essa! - Thalia arquejou, e sua mão foi em busca da espada. Nada encontrou. Na pressa de saírem sem serem vistas, e no desespero de encontrar os amigos, ela nem se lembrou de pôr a espada na bainha. - E essa agora! Gale, você por acaso... - Quando viu que adracaena vinha em sua direção, e elas não tinham nada para lutar, pois seu arco e flecha e sua aljava, era a fita que perpassava seu vestido, e a menina estava de short e regata, Gale fez o mais bem pensado:
- CORRE! - A dracaena sibilava como uma cobra pronta para o bote, e as meninas corriam o máximo que podiam, mas após caminharem por três horas seguidas, elas já estavam esgotadas. 
- Gale... Você não pode... Quero dizer... - Thalia arquejava e tentava falar em meio a falta de fôlego, e o fato de estar tentando alcançar a amiga, que por ser o vento, corria como o tal. Mas a garota estatelou. O All Star fincou com força no chão, e ela se virou.  O monstro rastejava e meio que sibilava, meio que falava, criando sons estranhos, incompreensíveis em meio à ventania que se formava. Gale contraiu os olhos, e se concentrou. A dracaena vinha em alta velocidade, mesmo com o vento que a empurrava. Estava cada vez mais perto. Cinco metros, três metros. Até que se preparou para o bote. Gale fechou os olhos, o vento derrubou duas árvores à sua esquerda. "Perdão" Ela pediu mentalmente para as dríades. A tempestade se aproximava, o vento só piorava. Gale esperou pelo bote, que daria mais tempo para Thalia se distanciar. Mas ele não veio. A garota que sentia seus pés apertados pelo tênis, pois sempre estava descalça, abriu os olhos. 

E tudo o que viu, foram os cabelos negros de Thalia, que ricocheteavam em meio a forte ventania, mas o que aconteceu além da visão da garota, antes mesmo dela abrir os olhos, foi que Thalia viu o monstro e viu que este se preparava para o bote. Seria inútil, uma vez que Gale era imortal, por mais que fosse uma Caçadora, ou seja, mesmo que caíssem em batalha, continuaria sendo imortal. Mas Thalia ignorou esse fato, nenhum monstro atacaria sua amiga. Com um salto perfeito, contraiu seu bracelete, e este transformou-se em um escudo que tinha a cabeça da Medusa esculpido nele. E investiu contra o monstro. Foi aí que Gale abriu os olhos. E o vento se intensificou. 

dracaena sibilava, fazendo o sussurro do vento, causado por Gale, parecer medonho. Thalia investiu Aegis, seu escudo, contra o monstro, e este com horror estampado nos olhos felinos recuou, mas uma rajada de vento o derrubou no chão. Gale contraiu o maxilar, estava completamente fatigada, e aquela tempestade, que se aproximava lentamente, estava exigindo muito dela. 

O monstro se encontrava estirado ao chão. Thalia contraiu o escudo contra ele, e saiu correndo, puxando Gale pela mão. As duas corriam mais que antes, e como nunca. A adrenalina corria em suas veias. Foi quando as primeiras gotas gélidas tocaram os rostos das garotas. Gale olhou para trás, apenas para ver a dracaena se erguer e perseguí-las com velocidade. Mas elas já podiam avistar a clareira que se seguia além do bosque. A tempestade já pairava acima do bosque, e da clareira. A chuva chicoteava o rosto das garotas, e atrasava o monstro, que escorregava em meio ao chão molhado. 

Em um fôlego, elas alcançaram a clareira, onde a chuva as castigou mais ainda, sem a proteção das árvores. Thalia já podia avistar o seu lar. Gale se concentrava em correr e manter o temporal. A garota viu o monstro chegar à clareira, então fechou os olhos e concentrou o resto de suas forças para derrubá-lo. A ventania aumentou, mais do que antes, ela era a ventania. Sua força se extinguiu, a dor agúda no abdomen, causada pela fadiga, aumentou. Tudo se desmanchava, até que ela bateu com força contra algo, e foi ao chão.

Tentou abrir os olhos, mas tudo rodava, seu corpo cedeu ao cansaço. Quando conseguiu abrir os olhos, suas pupilas se contraíram com a luz demasiada, a chuva continuava a cair. Gale se concentrou, então as gotas cessaram. A tempo da garota ver uma flecha atingir adracaena, que rompeu em pó.

Uma mão pegou na sua, e a içou para cima. Uma sensação estranha invadiu a garota, e dois olhos.

Um par de olhos escuros. Foi tudo o que Gale viu. 


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Notas finais do capítulo

Sim, eu invento algumas palavras, mas dá para entendê-las em seu sentido original. Por exemplo "estupefante", é, eu não presto. Mas enfim, espero que vocês tenham gostado, e espero Reviews ~mimi~