Acordei chorando . Utimamente , tem sido sempre assim. Já nem sei se meu pranto é de tristeza . Acho que meus sentimentos se foram com as lagrímas .Ainda sob as cobertas , estava sendo perturbado pelo Yo-seob  que se aproximou dizendo : ‘vamos ! está na hora de acordar.

Me levantei choramingando , e fui direto ao banheiro lavar meu rosto pra ver se melhorava a situação . Olhei pela janela as ruas estavam esbranquiçadas da neve congelada . Alguns carros que circulavam ,pelo menos a metade tinha correntes nos pneus . DooJoon sentou-se no banco da frente junto com HyunSeung que dirigia.

Eu e os outros nos acomodamos no banco de trás . O carro se pôs em movimento . Eles só sabiam falar das meninas do Girls Generation , claro Hyun estava praticamente apaixonado pela Sunny e DooJoon pela Sooyoung . Eu estava distante , olhando a paisagem . Até que Kikwang me chamou a atenção.

- Ei dong ! o que foi ? 

- Nada. - respondi , voltando-me para ele e sorrindo. - Por quê ?

- Nunca vimos você tão quieto , Maknae!. - respondeu .

- Estamos realmente preocupados com você Woonie. - Yoseob falou , seu tom era de quem estava desapontado.

- Preocupado como ?

- Como , você não é o mesmo desde ..que a Jung

- É melhor pararem com isso , tá ? - realmente isso estava começando a me chatear. 

Ele deu um grande suspiro e disse :

- Não fique bravo ! 

- Não estou bravo . - falei um pouco contente por ter encerrado esse assunto . Realmente falar da Jung me fazia ficar tão mal e ao mesmo tempo bem , por relembrar os momentos felizes que passei ao lado dela. Depois daquilo todos acharam melhor ficarem em silêncio.

Após passar pelo desfiladeiro , o trajeto foi tranquilo . Chegamos ao aeroporto no horário previsto e, assim que terminamos os trâmites da viagem, nos dirigimos ao portão de embarque , que estava cheio de fãs enlouquecidas .

Escutei DooJoon falar :

- Espero que corra tudo bem !

- Não se preocupe . Vai dar tudo certo ! - Joker respondeu sorrindo e acenando para algumas meninas - Não vejo a hora de voltar pra lá.

Assim que o avião decolou , caí no sono . E sonhei . Era um sonho do tempo em que Jung ainda estava bem. No sonho, ela ria . Era o sorriso de sempre , com aquele jeitinho meio acanhado "Sonseuko" , era como ela costumava me chamar carinhosamente. A sua voz me chamando, ainda ressoa em meus ouvidos . Gostaria que esse sonho tornasse realidade. Sei que é impossivel . E é por isso que sempre acordo chorando. Não de tristeza. Choro porque, ao deixar o sonho agradavel e retornar para a realidade triste, existe uma fenda pela qual não há como passar sem derramar lagrimas . Já tentei inumeras vezes; nunca consegui.

Quando decolamos , a paisagem era de neve , mas ao aterrissar estávamos uma cidade turística em pleno verão , com o sol a pino . Tókio !

O carro que nos levou ao hotel passou em frente á praia com seus calçadões , ao longo da orla, ladeados por grama. Muitas pessoas aproveitavam o final da tarde ali.

- Não parece que estamos no Japão! – disse Hyun.

Pra mim , não passava de uma cidadezinha oriental.

Tudo era exatamente como quatro meses antes. Durante esses ‘quatro’ meses a única coisa que mudou foi a estação do ano : se antes era início de primavera no Japão , agora era pleno verão. Apenas isso. Nada mais além disso.

Planéjavamos  passar uma noite no hotel e pegar o vôo da manhã. A diferença entre o fuso horário entre a Coreía e o Japão era tão pequena que era como se as horas transcorressem normalmente desde que embarcamos . Após o jantar, fui para o quarto e, esticado na cama , fiquei olhando o teto enquanto me perdia em pensamentos . Tentei me convencer que ‘ Jung não estava mais aqui’.

Quando tinha vindo para o Japão , quatro meses antes, Jung também não estava. Ela ficou em Seul enquanto nossa turma do ensino médio veio nessas excursões de escola. Partimos de uma cidade da Coreía  – um país tão perto do Japão- para chegar a uma cidade do Japão – tão perto da Coreía.

A rota desse vôo é sem escala , pois não há necessidade de reabastecer o avião. É uma cidade que passou a fazer parte da minha vida , por um motivo singular. Naquela ocasião , achei aquela cidade linda . Aos meus olhos tudo era diferente, exótico e novo. Isso porque Jung tambem via através de meus olhos. Mas agora,por mais que eu veja algo , seja lá o que for , não sinto mais nada . Afinal, o que será que ainda tenho que ver aqui ?

Este é o significado da ausência de Jung. De não tê-la mais comigo. Não tenho mais nada para ver : seja no Japão , na China , na Tailândia não importa para qual lugar do mundo eu vá; será sempre assim. Por mais que o lugar seja lindo , maravilhoso , a paisagem extraordinária , nada será capaz de me comover ou me deixar feliz . Perdi a pessoa que despertava a minha vontade de ver , conhecer , sentir ou até mesmo.... viver . Ela nunca mais vai estar ao meu lado.

Tudo aconteceu num intervalo de quatro meses. Praticamente o de uma única estação do ano. Foi nesse curto espaço de tempo que uma garota desapareceu deste mundo.

Se considerarmos que existem seus bilhões de habitantes , certamente sua perda é insignificante . Mas não estou com esses seis bilhões . Estou em um lugar em que uma única morte extinguiu todos os meus sentimentos. Estou num lugar assim. E nesse lugar sou aquele que não vê, não ouve e não sente mais nada.

A primeira vez em que eu e Jung estudamos juntos foi na sexta série . Até então nunca a tinha visto nem sequer sabia o seu nome . Por um capricho do destino caímos na mesma turma , e o professor responsável pela nossa turma nos nomeou representantes de classe. Nossa primeira tarefa de classe , foi visitar um aluno chamado Yang , que estava internado por ter quebrado a perna logo no início do ano letivo . No caminho , paramos para comprar alguns cookies com o dinheiro que tínhamos arrecadado.