A Foragida escrita por Andressa Rosa


Capítulo 3
Meu Passado (Continuação)


Notas iniciais do capítulo

Com vocês, a segunda parte desse capitulo imenso. Vamos lá!



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Decidi esperar até o começo do outro ano, para que junto dele começasse uma tentativa de vida nova, porém, enquanto o tão esperado 2009 não chegava, decidi ir para o mundo bruxo visitar os meus outros familiares de consideração. Eu sabia que agora era perigoso tentar mudar de continente, mas era apenas umas férias, que mal teria nisso? Eu esperava que fosse nenhum.


Diverti-me muito lá, Harry e Gina resolveram passar o Natal junto dos parentes, Tiago e Alvo Severo se moviam por toda a casa estrategicamente preparada para crianças. Tiago já estava correndo por toda a casa, enquanto Alvo custava a dar os seus passinhos tortos e instáveis. Eles eram as criaturas humanas mais lindas que eu tinha visto na vida, e, pelo o tamanho da barriga de Gina, não demoraria muito a ter um novo irmãozinho ou irmãzinha. Rony e Mione chegaram uns dias depois de mim, somente para dar um feliz natal para todos, mas, como sempre, a dona Molly de cabelos brancos a ainda mais mandona, os convenceu de passar o natal ali, eles poderiam ir fazer uma visita surpresa aos pais de Hermione em outro feriado. Para complementar a festa das crianças, Rosa, a filha deles, se ajuntou aos outros, aquela família também não demoraria a ter um novo membro.


Fred e Jorge estavam viajando a negócios, sua pequena loja de brinquedos havia crescido tanto que agora possuíam 5 filiais por ai. Eu sabia que eles iriam para a festa, mas apenas alguns dias antes da data especial chegar. No momento em que pus o pé na nova casa dos Weasley – cortesia de Fred e Jorge – pensei que seria bombardeada de perguntas sobre a minha aparência, afinal todos tinham envelhecido, formado famílias e eu estava ali, com aquela eterna cara de 17 anos. Entretanto, nenhuma palavra sobre isso foi dita. Acho que depois da guerra em Hogwarts, eles estavam esperando qualquer coisa de mim.


Comprei várias coisas bruxas no beco diagonal, aprendi novas porções com a gênio da Hermione, me informei dos assuntos mais falados daquele mundo, comprei algumas ações para o futuro, até transferi o meu dinheiro para o famoso banco Gringotes. E quando os gêmeos Weasley finalmente chegaram – com suas devidas esposas, que por ironia também eram gêmeas – eu comecei a dar idéias sobre novos brinquedos e peças de travessuras para eles. Fred a todo o momento me olhava como se eu fosse um anjo, também, eu havia salvado a sua vida. Ei, era o mínimo que eu poderia fazer, afinal, não é isso que os amigos fazem?



Flashback:

Havia acabado de chegar e, quando finalmente tomei consciência da verdadeira situação, me apavorei.

  

Eu estava explorando alguns outros mundos quando soube que uma guerra no mundo bruxo havia estourado, não pensei duas vezes e parti no mesmo instante. Meus amigos e minha antiga casa precisavam de mim.

Informei Eric de toda a situação durante o voo, iríamos acabar com aquela guerra e voltaríamos, pois o mundo bruxo era desesperadamente perto demais do mundo humano, e eu não estava preparada para pisar nele.

Dentro de mais ou menos uma hora, nos já estávamos ultrapassando a barreira que disfarçava Hogwarts do mundo humano e o que eu vi ali me encheu de desespero e raiva. Pousamos perto da cabana do Hagrid, pois era um dos poucos lugares que tinham espaço o suficiente para abrigar o imenso tamanho de Eric. Desmontei e, com um puxão, tirei a cela de cima do meu amigo, então joguei-a perto de uma grande abóbora; tirei a minha mochila e peguei de lá o meu recipiente cheio de flechas, o meu arco e minha espada, colocando-nos em seus devidos lugares.

– Eric, daqui a pouco mais comensais da morte chegarão, não os deixe entrar no castelo. Eu irei pegar alguns lá dentro. – Amarrei o cadarço do meu tênis mais fortemente.

Ele esfregou carinhosamente o seu focinho no meu rosto. “Tudo bem, se cuide”

– Sempre – Dei um pequeno beijo em sua enorme cara.

Então sai em disparada rumo ao castelo.

No meio da corrida senti grandes lufadas de ar batendo em minhas costas, não precisei olhar para saber que Eric havia levantado voo. A ansiedade bateu dentro de mim: era a hora da luta.

Caos: era isso que definia tudo dentro do grande castelo. Várias luzes coloridas de magia voavam por todo o lugar, gritos, choros e risadas malignas eram a sinfonia de tudo aquilo. Tentei achar alguém conhecido, mas logo desisti, eu tinha coisas mais importantes para fazer, como matar comensais.

Guiada apenas pelos os meus instintos, eu usava a minha espada em todo e qualquer inimigo que cometia a infelicidade de se meter no meu caminho de destruição. Quando as coisas no primeiro andar começaram a ficar razoáveis, eu saí em disparada pelos enormes corredores. O castelo de Hogwarts era imenso, e todos os andares estavam em perigo.

Estava prestes a subir a escada para o segundo andar, quando o nome daquela magia maldita surgiu no ar:

– Avada Kedavra! – A voz da pessoa era tão medonhamente cruel que me deu um embrulho no estômago.

Sem pensar duas vezes, me lancei para o lugar de onde vinha a voz. Um comensal da morte muito alto, vestido de negro, estava na frente de uma garota loira toda encolhida, apenas esperando a morte cera. Ela deveria ter uns 17 anos. Tudo a sua vida ainda esta por vim! – Pensei com raiva.

Segui com o olhar o caminho que a mortal luz verde começava a fazer, acelerei o passo e em poucos segundos antes dela acertar a garota, eu me lancei na sua frente. O poder daquela magia acertou em cheio o escudo que moldava o meu corpo, o impacto foi tão grande que tive de dar uns passos para trás. O feitiço literalmente voltou contra o feiticeiro e, por questão de centímetros, não acertou o desgraçado que estava na minha frente.

O homem maligno estava bem atordoado e não iria incomodar por alguns segundos, então eu me virei para a garota que ainda estava encolhida.

– Está tudo bem? – Minha voz era calma. Eu precisava passar confiança.

– Eu estou viva? – Ela ergueu minimamente a cabeça.

– Sim – Simplifiquei.

– Mas como? – A garota estava mais do que descrente. Dei uma olhada para trás e vi que o comensal já estava se recuperando. Vê-lo me encheu de fúria.

– Não importa. Levante, pois a guerra ainda não acabou. – Encarei os seus olhos castanho-claros. Estendi o braço quando vi uma expressão decidida atravessar o seu olhar.

Ela pegou a minha mão com bastante força, mostrando o quanto estava destemida. Eu aprovei aquele ato.

– Agora me dê licença só um minutinho – Girei o meu corpo e encarei o grande comensal da morte. Ele ainda estava nos olhando, principalmente a mim, sua mente estava a mil. – “Com ela sobreviveu?” “Ela seria um bom aliado!” “É quase mais poderosa que o Lord das Trevas” –.

– Não... eu sou mais poderosa! – Então tirei a minha espada numa velocidade incrível. Foi legal ver ele se encolher ao ver o poder que eu emanava naquele momento.

Mas ele não teve tempo de correr, gritar ou sacar a sua varinha, pois com somente um giro de meia lua da minha espada, eu havia cortado a sua cabeça. Foi tão fácil que chegou a dar um desânimo.

Sangue começou a jorrar saindo de seu corpo, desviei o olhar do seu tronco e acompanhei o trajeto de sua cabeça até o chão, encarei fixamente enquanto ela dava dois quiques e então parava para todo o sempre, o resto do corpo também não demorou a cair, mas eu não estava mais olhando. Peguei a mão da garota loira, que encarava hipnotizada o corpo com a cabeça decepada, e a puxei para longe dali, limpei o sangue que estava em minha espada na minha calça e a guardei em sua bainha, depois resolvi ver com estava a menina.

– Tudo bem? – Olhei dentro de seus olhos. Acho que decepar a cabeça do cara foi um pouco demais.

– Sim – Ela falou depois de respirar fundo e com uma voz hesitante.

– Então eu vou indo, aqui dentro desse castelo tem comensais demais para o meu gosto – Dei uma piscadela.

– Obrigada por me salvar – Sua voz saiu mais forte.

– Sem problemas, se cuide. E quando precisar muito da minha ajuda, pense em mim que eu venho correndo. Aliás, o meu nome é Bella. – Estendi a minha mão. Aquelas palavras eram verdadeiras, eu iria mesmo ajudá-la quando ela precisasse, seja no que for.

– Obrigada novamente – A garota sorriu – E o meu nome é Anne – Apertou a minha mão.

– Tchau Anne, agora eu tenho uma guerra para terminar – Caminhei para a direção oposta.

– Tchau Bella, mate uns comensais da morte por mim! – Gritou, pois eu já estava bem longe dela.

Um giro da espada: corte na coxa esquerda. Outro giro: um corte em diagonal em seu peito. Ele caiu de joelhos na minha frente e então o resto do seu corpo desmoronou. – Lá se foi um.

Cheguei por trás, toquei no seu ombro, depois de seus olhos me registrarem, agarrei o seu pescoço e girei-o em um ângulo irracional. – Aqui foi outro.

Um flecha: jogue-a, a mira foi certeira, ela atravessou a cabeça daquele lobisomem do mal. – Foi-se o 5º.

Petrificus Totalis! – Pensei. O vi parado e, conforme a minha visão, outro jovem o estuporou, jogando-o de perto aberto para a minha direção. Ergui a minha espada como se fosse uma lança. Pronto, ela atravessou o seu coração. Com um chute a tirei de dentro dele. – 8º.

Eu não pensava, apenas matava. Eu já estive em muitas guerras e por vários anos convivi com a morte, aquilo, bom, aquilo era fichinha para mim.

– Ava... – Tentou falar um, mas eu fui mais rápida, chutei a sua mão, lançando a comprida e temida varinha longe, então ergui a minha arma afiada de cima para baixo e cortei-o desde o seu ombro até a sua cintura. Ele nem teve tempo de sentir totalmente a dor – 12º.

De repente uma visão aterrorizante me abateu. Eu tinha que impedi-la! Aquilo teria que terminar logo.

Deixei um feitiço me acertar e me joguei no chão. Em segundos eu já estava rodeada por vários seguidores de Voldemort. Levantei minimamente a cabeça e constatei que todos os comensais estavam ali. Que burros, até deixaram as suas retaguardas limpas na ânsia de me matar! Pelo jeito eu era o alvo principal.

Contudo, eles não tiveram tempo para se preocuparem com as suas retaguardas.

Girei ficando de barriga para cima, dei um sorriso caloroso e vi várias varinhas, prontas para executar qualquer feitiço, apontadas para mim.

– Tchau, otários! – Mentalizei o lado de fora do circulo. Sim, eu conseguia aparatar dentro de Hogwarts, como Dumbledore me falou uma vez: acredite, que você irá conseguir. Bom, eu acreditava que se poderia executar aquele feitiço dentro da escola.

Em segundos eu já estava do outro lado e ainda tive tempo de ver várias luzes verdes desaparecerem no chão onde eu antes estava. Joguei o meu escudo e vi uma camada transparente fazer um círculo em torno deles.

– Fogo, eu deixo o resto com você – Olhei aquele elemento poderoso surgir do nada dentro da invisível prisão e, como se estivesse numa dança, a queimar tudo o que tinha li dentro. Muitos comensais batiam desesperadamente naquela barreira invisível, outros jogavam os mais diversos feitiços, os quais batiam e voltavam neles mesmo. Nada adiantou, no final só restou cinzas.

– Obrigado fogo, pode ir agora – Senti um familiar calor me abraçando.  

Lentamente, senti o meu escudo voltando, rodeou-me e então grudando em mim como se fosse uma segunda roupa. Tirei os olhos daquele monte de cinza que tinha um cheiro horrível e me virei.

  

Me assustei um pouco quando vi vários bruxos olhando fixamente para mim, todos estavam sem reação. A Professora Minerva estava com a boca tão escancarada que parecia que logo, logo chegaria ao chão, alunos novos e mais velhos olhavam-me se perguntando se estudassem mais seriam como eu. Aguardei um momento esperando eles assimilarem os fatos, mas segundos se passavam e nada acontecia. E tinha muita coisa para se resolver ainda.

– Pessoal, a guerra ainda não terminou! – Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

As minhas palavras pareceram despertar todos os que estavam ali, eu me encolhi esperando os gritos e xingos, mas nenhuma palavra foi proferida. Aplausos era tudo o que se ouvia no local. Eu senti algo se apertar dentro de mim, eles não me olhavam como uma aberração ou me chutaram dali gritando, ao contrario, eles estavam orgulhosos.

Ergui as minhas palmas para cima como forma de fazê-los parar, muita coisa tinha que rolar ainda. Mas não pude falar nada, pois braços me rodearam, senti aquele conforto familiar e me deixei levar só por alguns instantes.

– Está tudo bem com você, querida? – Molly me soltou um pouco.

– Sim, não se preocupe comigo. – Tentei acalmá-la.

– Nunca mais me de um susto daqueles! – Ela ficou por um segundo brava e então voltou a me abraçar forte. – Como você está grande! Muito bonita também! Ainda lembro-me daquela criança mal-encarada que você era – Colocou uma mecha do meu cabelo para trás.

– Eu vou tentar e ah, muito obrigada, eu acho – Me afastei dela carinhosamente.

– É bom te ver, Bella – Jorge me pegou em um abraço, tirando os meus pés do chão.

– Quanto tempo Jorge! – Sorri para ele. Cara, será que esse moleque não vai mais parar de crescer?

– Onde está Fred? – Estranhei não vê-lo ali, ao lado de Jorge. – Fred! – Chamei olhando em volta. Cadê ele?

– Jorge, cadê o Fred? – Comecei a sentir um mal estar quando não houve uma resposta. – Jorge? – Minha voz ficou um pouco desesperada – Cadê o Fred? – Pronunciei a frase em dois tempos.

– Ele... ele – Jorge tentou falar, mas sua voz se fechou e seus olhos se encheram de água.

– Céus! – Dei um passo para trás. Não, aquilo não podia ser verdade. – Ele se machucou sério? Ele ficou em casa? – Tentei fazer hipóteses com a voz tremendo. Não, tudo menos aquilo.

– Ele se foi, Bella – Disse Gina, a qual eu não a havia percebido ali. Lágrimas estavam escorrendo por seus olhos.

Abaixei a cabeça por uns instantes, tudo ficou em silêncio para mim. Não, Fred não poderia ter morrido. Não o Fred que me ajudava com algumas colas, não o garoto que sempre ria de tudo, mesmo estando muito ferrado. Não, não poderia ser o Fred, o Fred das brincadeiras nas salas de aulas, o Fred que infernizava os professores, o Fred que sempre arrumava um jeito de matar aula, o Fred que era a alma gêmea do Jorge, o Fred meu amigo, o Fred meu irmão.

Não, ele não se foi, não enquanto eu estiver viva. – Pensei trincando os dentes. Ergui a minha cabeça com uma expressão determinada. Eu não tinha idéia do que fazer, mas eu conseguiria trazer o Fred de volta, disso eu tinha certeza.

– Me leve até ele – Me dirigi a Jorge, o qual ainda tentava secar as suas lágrimas. Era tão estranho ver aquela expressão no rosto sempre feliz dele.

– Bella, não há mais nada que possamos... – Não, não há mais nada que VOCÊ possa fazer.

– Me leve até ele – Retruquei com a voz firme.

Ele deu um breve aceno com a cabeça e começou a andar para o norte, os bruxos que acompanhavam a cena em silêncio, abriram espaço e, depois de eu passar, nos seguiam. Senti uma mão no meu ombro esquerdo, olhei para o lado e vi Molly com os olhos inchados, ela apenas olhava para frente. Sua dor deveria ser incalculável. Outra mão. Agora no ombro direito, não olhei para saber quem é, pois sabia que era a Gina. Elas estavam tentando me dar e receber algum apoio.

Aquilo estava parecendo uma marcha fúnebre, ninguém falava nada, a única coisa ouvida era os sons dos passos batendo no outrora belo chão do castelo de Hogwarts. Eu sabia que precisava sair dali, mas aquilo era mais importante para mim. Que se dane o resto do mundo!

Finalmente chegamos ao local onde os corpos estavam, precisei me controlar para não arrumar um jeito de ressuscitar todos aqueles comensais da morte para apenas matá-los de novo, mas agora lenta e dolorosamente. Céus, ali tinha tantos corpos! Aquilo era uma das coisas ruins da guerra: não importa quem ganha, todos perdem. Olhei-os sentindo o desespero crescer dentro de mim e no segundo em que localizei o Fred, cai de joelhos. Não – Eu pensei – Por que ele? – Engatinhei um pouco, peguei Fred delicadamente, sentei com as pernas cruzadas e o apoiei no meu colo.

Eu sentia um desespero tão forte, uma angustia e uma sensação de impotência tão profunda, que deixariam qualquer um querendo morrer. Eu precisava libertar aquela dor que me atingia e, ainda por cima, acabar com aquela guerra. Mas como? Apertei Fred forte contra o meu peito e, pela primeira vez depois que eu fugi da Secrets, eu senti vontade de chorar. Apertei forte o maxilar, pois de uma coisa eu sabia: chorar não vai mudar nada. Olhei o rosto já pálido do Fred e senti algo se despertar dentro de mim. Você sabe o que fazer – Minha mente falou suavemente e eu, de repente, sabia.

Fechei os olhos e me concentrei. – Por favor, seja lá o que for, venha até a mim – Pedi em pensamentos. Aos poucos comecei a sentir tudo o que há de mais bondoso se ascender dentro do meu ser, aquilo era tão estranho e bom ao mesmo tempo.

Naquele momento eu soube que poderia pedir ajuda para o meu espírito.

– Espírito, por meu amor ao Fred, pelo amor da família dele, pelo amor dos amigos deles, por todos os que o amam, ache o seu espírito, o qual eu tenho certeza que ainda esta por aqui, nos observando. – Senti uma parte do meu novo poder se deslizar para fora de mim.

Respirei fundo duas vezes, ainda de olhos fechados, o esperando voltar da sua busca. Após um momento, senti algo se infiltrar pela a minha boca, voltando ao fundo do meu ser: ele o tinha achado. Me senti um pouco grande, afinal dois espíritos estavam dentro de mim agora.

– Espírito, guie-o até o seu corpo mortal – Abri os olhos.

Passei a mão no rosto de Fred tirando os familiares cabelos ruivos, tão típicos da família Weasley. Novamente respirei profundamente e, como se fosse um caso de salvamento de uma pessoa afogada, eu apertei as suas bochechas, fazendo um engraçado biquinho, então juntei os meus lábios aos dele, para daí soprar novamente a vida dentro daquele ser.

Afastei o meu rosto do grande menino-homem ruivo depois de sentir o pequeno pedaço do meu espírito, o qual fora capaz de fazer tudo aquilo, voltar. Vamos Fred, acorde. Todos estão te esperado! – Eu pensava.

– Bella, vamos... – Senti a mão de alguém no meu ombro, tentando chamar a minha atenção.

– Espere! – Continuei a olhar o rosto do meu amigo aparentemente morto.

– Vamos Fred! Você sabe que eu odeio esperar! – Comecei a ficar desesperada. E se aquilo tudo não desse certo?

Minha dúvida foi respondida quando vi a cor aos poucos retornar ao Fred. Seu corpo, de repente, se arremessou para frente, ficando sentado, seus olhos estavam esbugalhados e saia de sua boca um alto som resultado de suas tentativas para conseguir uma boa quantidade de ar. Depois caiu novamente para trás de olhos fechados e com a respiração normal.

Ele havia voltado a vida.

– Vamos Fred, acorde, o mundo te espera – Falei carinhosamente. Sorri e dei um pequeno beijo em sua testa.

Seus olhos foram aos poucos se abrindo, ele piscava diversas vezes tentado focalizar algo, devagar seus olhos foram se adaptando, até finalmente me ver ali, com ele no meu colo.

– Eu sei que sou lindo, mas por que está todo mundo me olhando? – Essas foram as suas primeiras palavras. Aumentei o sorriso, Fred estava de volta.

– É bom ter você de volta – O abracei – Merda, você quase me fez chorar! – Fiquei ofendida.

– Eu quase te fiz chorar? – Se afastou de mim – Eu quase fiz a menina-que-nunca-chora, chorar? – Ele ergueu a sobrancelha fazendo uma cara descrente.

Fiz uma careta e assenti com a cabeça.

– Legal! – Sorriu divertido. – Ei! – Exclamou depois de levar um soco no ombro de mim.

– Fred, é você, filho? – Ouvimos uma voz embargada ao nosso lado.

– Quem mais seria? Depois que o Jorge ficou sem uma orelha, agora é difícil nos confundir. Tinha que ser ele para estragar a nossa diversão – Fred balançou a cabeça como se reprovasse algo. Molly deu um sorriso em meio às lágrimas. Ela também sabia: Fred, o seu filho, estava de volta.

Fred, com alguma dificuldade, ficou de pé e logo em seguida foi rodeado de pessoas de cabelos laranja. Sua família estava comemorando o seu novo nascimento.

De repente, senti a presença de mais pessoas chegando.

– À parte sul do castelo, está limpa – Falou um cara, bem parecido com o Dumbledore, para Minerva, a qual ainda encarava Fred com os olhos arregalados.

– Fred? – Perguntaram o senhor Weasley e Rony ao mesmo tempo. Hermione parecia ter sido petrificada. Os quatros tinham chegado juntos ali.

– Fred! – Exclamou o senhor Weasley e, com o resto da família, pegou o seu filho e quase o espremeu junto de seu corpo, lágrimas rolavam livremente pelo o seu rosto.

E eu? Bem, eu me sentia orgulhosa do que tinha feito, mas ainda havia muitos corpos ali e a necessidade de salva-los me preenchia. Eu sabia que aquilo iria me custar muito caro, mas eu precisava tentar.

“Confie em si mesma.” – Disse Eric pelos pensamentos “Ah, mas faça logo, pois o garoto Potter já esta a caminho para encontrar aquele bruxo do mal que você me contou” “Não se esqueça, se precisar de ajuda, conte comigo”.

“Obrigada Eric, não existe melhor amigo que você” – Mandei para ele.

Agora era à hora. Não havia mais tempo a perder. Eu tinha confiança em Harry, a minha visão mostrava que ele já estava preparado para aquilo. Preparado para enfrentar o Lord das Trevas, eu não poderia o impedir, mas teria que estar lá para o que vinha logo depois, pois mesmo com o sacrifício dele, aquilo tudo não seria o suficiente.

– Por favor, se afastem dos outros corpos – Disse alto e todos se viraram para mim.

– Bella, como você veio... Como conseguiu...? – Rony tentava pronunciar algo.

– Depois eu falo, mas agora eu não tenho mais tempo. Precisamos de mais aliados. – Falei aquilo que todos ali dentro sabiam.

– Mas o que você vai fazer? – Perguntou Hermione em dúvida, depois de me lançar um sorriso como forma de saudação.

– Apenas olhe – Voltei o meu olhar para todos os corpos inanimados que estavam na minha frente. Havia muitos, aquilo seria difícil, mas essencial.

– Fred, você me retribuiria um favor? – Olhei por cima do ombro.

– Claro, Bella – Sorriu para mim.

– Cuide do meu corpo – Pedi antes de voltar a encarar os “defuntos”.

Fechei os meus olhos e abri os meus braços, entrando em sincronia com cada corpo morto que eu havia memorizado.

– Espírito venha até a mim – Automaticamente senti todas aquelas coisas boas que havia sentido antes. – Por tudo de bom que essas pessoas fizeram, pela a sua coragem de terem entrado nessa guerra, pelo amor delas por Hogwarts, por todas as pessoas que as esperam e por tudo o que elas ainda têm que viver, ache os seus espíritos e os encaminhe novamente para os seus corpos. – Ordenei e senti os meus braços se despencarem.

Havia muitas pessoas e o meu espírito teve que se dividir em vários pedaços para conseguir encaminhar cada um. Aos poucos fui sentido tudo sair de mim e quando eu me dei conta, havia mais nada. Tudo se apagou.

Eu estava em outro lugar, tudo ali era tão florido e calmo, não tinha nada com o que me preocupar, nada de guerras, nada de governo me seguindo, nada de pessoas mortas, era apenas eu. Andei um pouco por aqueles campos floridos, passando as mãos naquelas lindas flores, tinha azuis, vermelhas, rosas, amarelas, brancas... Até que fiquei um pouco cansada, olhei em volta e, após ver uma grande árvore, resolvi sentar debaixo dela. Caminhei até ela e encostei as minhas costas naquele grande tronco, aos poucos um cansaço enorme me dominou e os meus olhos foram ficando cada vez mais pesados. Por que não tirar um cochilo? – Dei uma longa piscada.

– Bella! – Uma voz ressonou ao longe. Forcei os meus olhos há ficarem um pouco mais abertos e a procurar a origem daquela voz. Dei uma pequena olhada em volta e não vi nada, deveria ser obra da minha cabeça. Novamente fechei os olhos.

– Bella! Isabella! Pare com isso, olhe para mim! Você tem que voltar! – Aquela forte voz soou novamente para os meus ouvidos.

– O que é agora? – Minha voz estava muito sonolenta. Abri os olhos e vi um enorme dragão prateado parado na minha frente, a sua enorme cara estava a centímetros do meu rosto.

– Que susto! – Falei com fraca convicção. Eu não tinha mais nem força para falar. – Quem é você? – Aquele ser era tão grande.

– Vamos Bella, seus amigos precisam de você – Havia muita seriedade em sua magnífica voz.

– Que amigos, dragão prateado, se eu moro aqui, sozinha? – Dei um pequeno sorriso cansado. Por que ele não me deixa dormir?

– Seus amigos que estão em perigo! Hermione, Harry, Rony, Fred, Jorge... Eu! A sua antiga cada está em perigo, todos nós precisamos você, vamos! – Terminou passando docemente o seu focinho no meu braço.

Todo voltou para a minha cabeça com uma flecha das que eu atiro. Como eu pude me esquecer de Fred, Jorge, sr e srª Weasley, Hermione, Rony, Harry, Hogwarts e o meu precioso amigo Eric?! Senti as minhas forças se revigorarem e, com um pulo, eu já estava de pé.

– Como eu faço para sair daqui, Eric? – Fiquei aflita

– Se concentre no que você quer, assim você pode conseguir qualquer coisa – Então ele sumiu no ar, como se fosse uma imagem de fumaça.

– Tudo bem, se concentre – Me ordenei.

– Hogwarts, guerra, Lord Voldemort, Fred, pessoas que eu salvei, pelo menos eu acho, ajudar Harry, salvar Snape, voltar para Eric... – Aos poucos fui sentindo um sentimento bom entrar em mim. – Continue, está funcionando! – Exclamou a minha mente.

– Meu primeiro voou com a vassoura, ver o ovo de Eric começar a eclodir depois de tocá-lo, minha primeira armação feita para matar aula com o Fred e o Jorge... – Agora várias emoções boas brotavam dentro de mim, mas eu ainda continuava ali, naquele campo florido. Eu estava fazendo algo de errado.

Com um sorriso, eu me dei conta no que eu estava errando.

– Voltar para a Terra, precisamente para Hogwarts, pois é lá o lugar onde eu devo ficar, lugar onde precisam de mim. – Terminei a minha frase e pude escutar ao longe o meu querido amigo prateado me dando os parabéns. Apertei os olhos com força sentindo tudo girar, meu estômago embrulhava e minha cabeça rodada. Até que, de uma hora para outra, tudo parou.

Abri os olhos o máximo que pude, me lancei para frente ficando meio que sentada, o ar faltava nos meus pulmões, era como se ele nunca tivesse entrado ali, então eu puxei uma forte lufada de ar. E quando finalmente tudo voltou ao normal no meu corpo, eu voltei a deitar, calmamente, para trás, como os olhos fechados.

Olá, Terra, aqui estou eu de volta! – Pensei e aos poucos voltei a abrir os olhos novamente.

Tudo, rapidamente, entrou em foco, vários rostos estavam pendidos em cima do meu, eles me olhavam apreensivos e chocados. Eu odeio ficar como foco central, então, sem dizer nada, levantei.

Dei um sorriso quando vi que eu havia conseguido salvar a todos. Meu espírito tinha dado conta de tudo sozinho. Arrisquei um passo para frente, mas uma forte tontura me atingiu, coloquei as mãos na cabeça e fechei os olhos enquanto a minha mente rodava. Eu, com certeza, não iria conseguir fazer aquilo de novo.

Balancei a cabeça e tudo começou a voltar ao normal, foi aí que eu percebi o barulho que estava no local.

– Silêncio, por favor! – Levantei a voz, e em poucos segundos nem um pio podia ser ouvido. – Eu acho que não vou conseguir fazer isso novamente, então quem não estiver mais disposto a correr o risco, fique aqui dentro do castelo. – Esperei a reação deles as minhas palavras. Ninguém se mexeu.

– Professora Minerva, por favor, reúna todos os professores e, com eles, levem todos até a floresta proibida. – Minerva ainda estava um pouco chocada, mas assentiu com a cabeça.

– Na floresta proibida estarão os mais poderosos comensais e o Lord das Trevas, então eu repito: eu não vou poder fazer o que eu fiz de novo. Quem não quiser correr o risco, fique aqui dentro do castelo. – Novamente esperei a reação deles e, de novo, ninguém se mexeu. – Eu não vou poder acompanhar vocês, mas o meu dragão que esta lá fora irá guiá-los. Antes de vocês chegarem até o Lord das Trevas, eu já os terei alcançado.

– Você tem um dragão? – A voz de Fred tomou o local. Eu concordei com a cabeça. – Maneiro!  – Completou Jorge.

Dei um pequeno sorriso e então, sem fazer ou falar nada, corri para uma passagem secreta que eu havia descoberto há anos e sai do castelo.

– Eric, eu acho que você já sabe o que fazer, não? – Falei para o ar. Eu sabia que ele iria escutar de qualquer maneira.

– Sim, e ande logo – Sua voz deu uma rápida passagem na minha mente e então desapareceu.

Soltei um suspiro de ansiedade e corri para o grande salgueiro lutador que estava, ainda, imponentemente de pé. Eu estava a uns 10 metros da árvore e já sabia que ao menor descuido eu poderia receber um ataque dela.

– Terra, eu preciso de ti – O chão automaticamente se tornou um porto seguro para mim.

– Por favor, abra-se e faça um caminho que leve até a entrada em baixo da árvore – O solo de baixo do meu pé sumiu. A luz da lua iluminou um caminho que seguia em frente.

– Feche-se sobre a minha cabeça fazendo um túnel. – Ao terminar de falar, uma escuridão total me tomou. Se eu não tivesse uma boa visão, não teria visto um palmo, se quer, na minha frente.

Comecei a correr dentro daquele estreito corredor e, em algum momento, eu o senti se estreitar ainda mais. Não tive outra opção a não ser engatinhar. Depois de uns metros engatinhando, me estressei.

– Terra, por favor, alargue esse túnel do tamanho do outro – Tudo a minha volta tremeu enquanto se afastava. – Agora sim. – Fiquei de pé – Obrigada Terra, pode ir – Acelerei o passo e em poucos segundos eu já estava na divisória do túnel com o chão da casa.

Não demorei muito para ver o corpo inerte de Severo Snape no chão.

No pouco tempo em que passei em Hogwarts, eu pude escutar várias coisas a respeito desse professor, mas o meu poder de ler mentes me fez ver que aquele homem era apenas uma pessoa de coração quebrado, e não um tirano como muitos alunos adoravam dizer. Ele era um humano que deveria ser respeitado e, como todos os outros que estavam dentro do castelo de Hogwarts, também lutava para salvá-lo.

Me aproximei do corpo e sentei ao lado dele, com um aperto dentro de mim, eu vi o seu pescoço todo rasgado e o sangue espalhado pela a casa. Como Fred, eu o peguei e depositei em cima do meu colo. Sem perder mais nenhum segundo, afastei os seus cabelos do seu rosto esguio.

– Espírito, por favor, atenda o meu pedido. Ele, como todos os outros guerreiros de Hogwarts, também deve voltar à vida. Então guie o seu espírito de novo para o seu corpo mortal, pois ele não deve morrer sem se livrar do peso que leva dentro do seu coração. – Quando senti o meu espírito preparado, encostei os meus lábios nos deles e assoprei.

Me afastei de Snape e esperei. Não demorou muito para o seu pescoço voltar ao que era um e dia, e ele ter a mesma reação que todos nós, que voltaram à vida, tivemos. Depois de o seu corpo repousar novamente para trás com a respiração normal, eu tirei os seus escuros cabelos que tinham caído no seu rosto.

– Vamos, nós ainda temos muito com o que fazer. – Disse carinhosamente.

Seus olhos aos poucos foram abrindo e depois de se focalizarem, ficaram um bom tempo me olhando. Snape se pronunciou uns instantes depois:

– Sempre pensei que nunca iria ir para o céu – Sua testa se franziu

– Ahãm, céu. Levante, pois você agora está vivo e a vida trás responsabilidades. – Sorri

– Eu não sabia que os anjos eram brincalhões – Falou depois de um tempo refletindo as minhas palavras.

– Pare com isso, nós não temos tempo para brincadeiras – Apoiei as suas costas para ele poder ficar de pé. Aquilo tudo já estava me deixando sem graça.

Meu ex-professor se levantou com um pouco de dificuldade e teve que se apoiar em mim para recuperar o equilíbrio.

– Eu estou mesmo vivo? – Soltou, confuso.

– Está – Simplifiquei. Em segundos o seu rosto estava da cor de uma beterraba.

Me desculpe pelo o que eu disse – Murmurou. Murmurar: esta aí uma que eu nunca pensei que o tão poderoso Snape faria.

– Tudo bem. Venha – Comecei a caminhar rumo ao túnel onde eu havia saído. Senti mão do Severo agarrando meu braço.

– Você me salvou? – Sua voz estava dura.

– Sim. – O encarei

– Por quê? – Ele ficou surpreso.

– Porque eu sei o que fazemos quando nos sentimos sozinhos e sei, também, o que é fazer algo e não ter reconhecimento por ele – Minha voz tinha um leve tom amargo. Meu ex-professor não disse nada por um tempo.

– ELE ainda está vivo? – Finalmente falou. Sua voz estava sinistra. Esse é o Snape que eu conheço.

– Está, e nesse momento a ponto de matar Harry Potter – Lancei um olhar para o túnel.

– Você sabe que o Potter deve morrer, não sabe? – Havia um tom de repulsa em sua voz.

Puxei o meu braço, que ele ainda estava segurando, de uma forma brusca.

– Sei, mas também sei que ele deve viver – E sem fazer outro comentário, andei até a entrada do túnel. Parei na divisória e olhei para trás constatando que Severo ainda estava parado. É, eu acho que ele não esperava essa minha reação.

– Você vem ou vai ficar ai? – Perguntei de forma rude.

– Então você também é uma das fanzinhas do Potter – Sua voz era áspera.

– Eu não sou fã de ninguém, apenas respeito aqueles que fazem algo. Eu respeito você por se arriscar a viver por anos como um agente duplo, respeito Harry por nessa hora estar de cara com a morte e não fazer nada para impedi-la e respeito também todos os alunos, pais e professores que estão indo de encontro com o Lord das Trevas e os seus comensais sem saberem se saíram vivas do confronto. Eu tenho uma guerra para terminar, então eu não posso continuar aqui falando com você, e aí, qual é a sua decisão? – Tentei me acalmar. Eu estava brava com o comportamento de Snape, é irracional colocar a culpa em um garoto quando, na verdade, ela é de ninguém.

Ele não me respondeu, mas caminhou na minha direção e, olhando nos meus olhos, afirmou com a cabeça. Dei um pequeno sorriso e entrei no túnel. Andei um pouco, mas parei ao ouvir o meu antigo professor caminhar – ele mais tropeçava do que caminhava – em meio a toda aquela escuridão.

– Estique a sua mão – Vi-o mexer a cabeça procurando a fonte da minha voz antes de estender o seu braço. Devagar, peguei a sua mão e segurei firme na minha, então voltei seguir em frente.

A caminhava estava muito silenciosa para o meu gosto, então resolvi quebrá-lo:

– Você era o meu professor favorito, sabia? – Senti a mão dele endurecer por um segundo, devido ao susto que levou.

– Obrigada, mas não me lembro de você. – Pressenti que estava sendo sincero.

– Deve se lembrar, sim – Soltei uma risada – Sabe aquela menina que colocou fogo no Malfoy e então foi expulsa? Bem, sou eu. Acho que sou uma lenda para os alunos da Griffinoria. – Terminei orgulhosa.

– Isabella Swan? – Disse em dúvida

– Mas pode me chamar de Bella. – Desde que eu assisti um filme, o qual eu não lembro o nome, eu sempre quis dizer essa frase.

–Tirando o fato de eu ficar mais de três semanas fazendo uma porção para tentar curar o garoto Malfoy, eu agradeço você por ter feito isso. – Eu podia sentir o sorriso em sua voz.

– Agradece? E três semanas? Eram somente queimaduras, até os trouxas tem remédios para isso. – Franzi o cenho.

– O Malfoy é a criança mais irritante que eu já vi na vida, e o contra-feitiço eu fiz no dia seguinte ao ataque, mas resolvi adiar, pois quanto mais tempo ele estivesse na enfermaria, mais tempo eu ficaria sem ter de aturá-lo. – A sua explicação tinha um humor característico dele. – Professor favorito... essa é a primeira vez que eu escuto um aluno de uma casa diferente de Sonserina e que não precisa de nota, falar isso.

– Desculpe, mas eu acho que os outros alunos tinham as suas razões – Banquei a advogada

– Isabella Swan – Ele falou o meu nome e ficou um instante em silêncio – Você sentava na última carteira da sala, sozinha. Eu não me lembro de ouvir você falando uma palavra. – A constatação dele tinha um tom surpreso. Nossa, lembrar o lugar que eu sentava é algo admirável, ainda mais se nem eu mesma lembrava.

– Vamos dizer que eu não era a pessoa mais popular do colégio e, como eu disse antes, eu não era a sua fã, mas também não sentia medo de ti. Eu, apenas te respeitava e achava legal a sua aula. – Vi o final do túnel – Chegamos. – Parei de andar. Segundos depois o senti esbarrar em mim.

– Desculpe – Falou automaticamente.

– Tudo bem – Ergui uma mão espalmando-a na terra em cima da minha cabeça – Abra, por favor. – Pronunciei em voz alta, sem perceber.

– Abrir o que? – Snape percebeu que eu não estava falando com ele no momento em que viu a terra a cima de nós se afastando e fazendo um buraco.

A luz da lua rapidamente nos iluminou. Soltei as nossas mãos e com um impulso coloquei os meus braços para fora, buscando apoio no terreno acima de mim, e então me joguei para a superfície. Sem esperar, voltei para a boca do túnel e estiquei uma mão para dentro dele. Instantaneamente, Severo a segurou e eu, forçando os meus músculos, o ajudei a subir. Bati rapidamente nas minhas roupas e no meu cabelo tirando a poeira, depois disso me virei para o meu antigo professor, o qual estava parado olhando o grande castelo de Hogwarts, que agora estava todo destruído.

– Vamos ter que correr – O despertei de seus pensamentos. Seria bem mais fácil aparatar, apenas seria, pois nem a pau eu iria conseguir, não depois de morrer e voltar à vida.

– Tudo bem – Ele desabotoou o seu grande sobretudo cheio de sangue, digno do filme Matrix, e o jogou no chão, ficando apenas com uma camisa de botões preta e uma calça também preta. Snape se encaminhou até o meu lado.

– Suba – Virei às costas para ele. Sim, aquilo poderia ser estranho, mas não havia modo mais rápido naquele momento. Fiquei esperando, mas nada acontecia.

– Vamos, suba – Olhei para trás.

– Você esta brincando comigo, não é? – Ele franziu as sobrancelhas.

– Não, anda logo – Continuei calma.

– Eu não vou subir. Você não vai me aguentar e, alem do mais, do que isso vai nos ajudar? – Ficou revoltado.

– Severo Snape, não me faça ir até você e lhe pegar no colo – Estreitei os olhos. Ele me encarou por alguns segundos e então veio até a mim. O meu ex-professor sabia que eu estava falando serio. Hesitante, ele segurou nos meus ombros e com um impulso, passou as pernas pela a minha cintura.

– Como que isso vai fazer nos irmos mais rápido? – Ele tinha um tom áspero. Aquilo deveria estar matando, aos poucos, o seu orgulho.

– Como? Bem, não existe algo mais rápido que eu – Me exibi e, sem esperar a sua resposta, comecei a correr.

Eu sabia que se Snape não estivesse tão concentrado em como respirar ou não vomitar, ele teria gritado a corrida toda. Deveria ser muito cômico ver aquela cena. Alguns minutos depois e parei, dava para ouvir o barulho de passos e o som das lufadas de ar que as asas de Eric faziam, ajudei Severo a descer, já que ele estava mais agarrado do que carrapato em cachorro de madame, e, depois dele se estabilizar, comecei a passar as instruções.

– Eu vou deixar você aqui, ande paralelamente conosco e não se revele até eu chamar você. Certo? – Olhei por cima do meu ombro. Eles estavam chegando perto.

– Como você consegue correr tão rápido? – Snape colocou a mão no estômago. Voltei a encará-lo.

– Certo? – Ignorei a pergunta dele.

– Certo – Ele resmungou. Assenti com a cabeça, então me virei e andei em rumo aos guerreiros de Hogwarts.

Andei mais uns metros e, em poucos segundos, a frente da comitiva começava a passar por mim.

– Não ataquem, sou eu, Bella. – Ergui os braços e sai calmamente de dentro da floreta.

Em toda a minha vida eu nunca tinha visto tantas varinhas apontadas para mim. Dei um passo para o lado, deixando um feitiço estuporante acertar o chão ao invés de mim.

– Por Merlim, Bella, que susto! – Exclamou Minerva. Serio, eu acho que essa professora ainda vai acabar pirando devido a tantas emoções.

– Desculpe, Professora – Escutei um pedido de desculpa, mas ignorei-o, não era hora de perder tempo – Agora vamos continuar em frente, e aconteça o que acontecer, não saiam da formação até o meu comando – Terminei me dirigindo para todos os outros. Aos poucos todas as varinhas foram se abaixando.     

Esperei todos assentirem com a cabeça ou murmurar algumas palavras de concordância.

– Eles estão perto, Eric? – Me dirigi ao meu dragão.

“Estão a 1 km virando à direita. O homem sem nariz está conversando com os seus seguidores”. – Eric mandou via pensamentos. É mais rápido que Sedex.

– Rápido! – Exclamei e acelerei o passo.

Dei uma ligeira olhada para a direita e vi um Snape de dentes trincados tentando nos acompanhar.

– Terra, por favor, o camufle – Sussurrei e, quase automaticamente, vi várias árvores se inclinando disfarçadamente para o lado, impossibilitando a visão de Severo. Sorri com aquilo.  – Obrigado, Terra –.

– Disse algo, Bella? – Fred me surpreendeu.

– Oh, não. – Dei um pequeno sorriso.

– Como você consegue se manter tão calma? – Ele me mandou um olhar avaliador.

– Experiência em guerras – Dei de ombros

– Experiência em guerras? Eu to quase me borrando por ter que ir até aquele-que-não-deve-ser-nomeado, ainda mais agora que eu perdi a minha varinha, e você me dizendo que já participou de outras guerras – Ele balançou a cabeça – é pra cair o cú da bunda mesmo – Concordou com a cabeça para si próprio.

– É para o que? – Levantei as sobrancelhas – Ah, quer saber? Esquece. – Tirei o meu arco que estava repousado dentro da cesta de flechas nas minhas costas – Toma – O entreguei para ele

– O que? Não Bella, eu não sei usar isso. Vou acabar estragando – Se recusou a pegar.

– É fácil. Segure, eu vou te ensinar – Lhe entreguei novamente, e ele, relutante, pegou. – Com a mão direita segure a corda e com a esquerda o arco – O observei fazer o que eu pedi e depois peguei uma flecha da minha alvejada.

 – Agora coloque a parte bifurcada da flecha na corda e encaixe o corpo da flecha na pequena falha do arco. – Percebi que Fred estava com um pouco de dificuldade para fazer isso, então o ajudei.

 – Pegue o arco um pouco abaixo da ponta saindo da falha e segure o outro lado da flecha com o dedo indicador e o maior de todos, prendendo-a contra a corda. – Ele rapidamente fez o que eu falei. Olhei em volta e peguei um pedaço de madeira um pouco menor que o meu antebraço. Fred olhou curioso para mim, mas ao se deparar com o meu olhar de advertência, voltou a se concentrar.

– Agora erga o arco na altura do ombro deixando o braço esquerdo reto. Então puxe até a ponta da flecha chegar à falha do arco e faça o seu nariz de mira – Uma pequena ruga se formou na testa devido ao esforço. Seu braço era um pouco maior que o meu, mas não atrapalhou em nada. – Um pé na frente do outro e não se esqueça: cotovelo para trás, queixo para cima e corpo reto – Arrumei o seu corpo e vi-o trincar os dentes devido ao esforço.

– Continue segurando firme, olhe esse pedaço de madeira – Ergui a madeira na altura dos olhos dele. Lentamente um pingo de suor desceu pela a sua têmpora – Se concentre nisso e ordene em sua mente que a flecha a atravesse e se finque naquela árvore – Apontei para uma árvore que estava a uns 200 metros de nós. Ele ergueu os olhos para aonde eu estava apontando e, depois de contatar a distancia, quase desistiu de tudo. Acho que apenas a sua vontade de mostrar que era capaz, foi que não o fez desistir. Fred assentiu rapidamente com a cabeça.

 – Se concentre no seu objetivo e só solte quando realmente estiver pronto – Andei um pouco mais para frente dele. Olhei bem para os seus olhos antes de jogar o pedaço de madeira para cima.

Tudo pareceu que aconteceu em câmera lenta. A gravidade entrou em jogo e fez com que o pedaço de madeira começasse a descer. Fred acompanhou a trajetória da madeira com o arco e, um pouco antes dela estar na altura da cabeça dele, ele soltou a flecha. Esta, com uma grande velocidade, entrou em ação. No tempo em que a flecha levava para percorrer o caminho até o pedaço de madeira, a qual continuava descendo, quando atingiu a exata altura de onde a flecha fazia o seu caminho, ela foi atingida com uma precisão surpreendente. A ponta da flecha rapidamente atravessou o pedaço de madeira e em milésimos já estava ficada a uma árvore a uns 200 metros de nós. 

– Caramba! – Exclamou Fred com os olhos arregalados

– Parabéns – Falei quando chegue até ele. Um enorme sorriso se instalou na minha face.

O resto das minhas palavras ficaram presas na minha garganta no momento em que escutei a voz de Hagrid:

– HARRY! NÃO! –

Sem pensar duas vezes, me concentrei em todos os que estavam ali. – Terra, Ar, Fogo, Água e Espírito, eu preciso de vocês! – Gritei e senti um misto de sentimentos e sensações. – Nos encubra, não deixem que outros de fora nos vejam ou ouçam – Ao terminar de falar, vi uma espécie de escudo nos envolver.

– Rápido, vamos! – Comecei a correr.

Em pouco tempo nós havíamos coberto todo o caminho até onde o segundo e ultimo round iria acontecer. Ergui o meu punho sinalizando para todo parassem de correr. Nós estávamos a uns 300 metros de Harry que, sem demonstrar qualquer tipo de medo, encarava o Lord das Trevas. Olhei para o lado e vi Hagrid preso em uma árvore, sua boca se mexia, mas nenhum som saia dela.

Os piores Comensais da Morte estavam ali. As mentes mais malignas estavam ali. Pessoas que se tornaram monstros por perderem o amor dentro do seu coração estavam ali. E nós estávamos a ponto de lutar contra elas.

Aquele foi um dos piores momentos da minha vida. Voldemort ergueu a sua varinha, pronto para lançar o seu feitiço predileto, o feitiço da morte. Gina vendo o que estava acontecendo se desesperou, os outros lutadores de Hogwarts também.

– Harry! – Gritou Gina, então saiu correndo em rumo ao cara que ela amava. Sem ponderar, eu joguei o meu escudo ao nosso redor. Gina se chocou contra ele, momentos depois Rony e Hermione também. Segundo se passaram e quase todos os guerreiros de Hogwarts os ajudavam a procurar uma saída para conseguir ajudar o grande Harry Potter. Eu fiquei parada no meu lugar.

– Bella, o que está acontecendo? Nos ajude! – Gina tinha lágrimas nos olhos. 

– Eu não posso fazer nada. Essa é a única maneira de acabar com o Lord das Trevas – Fique impassível. Se eu pudesse contar a eles...

– Ele vai matar o Harry! – Gritaram Hermione e Rony juntos. Eu nunca havia visto o Rony com tanto medo e Mione com tanto desespero.

– Harry Potter precisa ser morto pelo Lord das Trevas e só ele poderá falar o porquê para vocês. – Falei com os dentes trincando. Ta bom, aquela explicação não era a das melhores, mas a mais correta. Suspirei, ver o desespero deles estava me matando. Balancei a cabeça e um pequeno sorriso brotou no meu rosto. Eu havia ressuscitado tantos deles e mesmo assim eles pareciam não ser dar conta: enquanto eu estiver nessa batalha, nenhuma pessoa que esta do meu lado morre.

– E além do... – Eu não consegui terminar, pois uma grande bofetada atingiu o meu rosto. Cara, como eu não previ isso?!

– Sua traidora! – Gritou Gina a centímetros do meu rosto – Aposto que você trabalha para o Lord das Trevas e apenas nos trouxe aqui para que víssemos o triunfo dele – Endireitei o meu rosto e senti gotícula de saliva voarem para ele, mas apenas continuei a encarando e escutando, pacientemente, tudo que ela tinha a dizer.

– Acabou? – Perguntei. Sua mão se levantou para dar outro tapa em mim. A segurei antes que pudesse atingir o meu rosto novamente.

– Chega – Disse, calmamente, para a jovem na minha frente – Então ergui a voz – CHEGA! – Todos pararam de gritar ou tentar furar o meu escudo. Delicadamente, soltei a mão da Gina.

– Eu sou fiel a Hogwarts, fiel a Dumbledore e respeito todos aqueles que morreram lutando pela a nossa escola. – Comecei falando alto para que todos ouvissem o respeito em minha voz – Esse é um assunto particular de Harry, mas saibam que no momento em que Voldemort lançar o seu terrível feitiço da morte, ele estará se suicidando. – Mudei a minha voz para um tom de um verdadeiro líder. Eu tinha que passar confiança e segurança – Harry sabe disso e por isso veio até aqui. Ele não irá morrer, mas a parte ruim que existe dentro dele, sim. Então acalmem os ânimos. – Olhei em volta e constatei que todos tinham entendido – Ótimo. Agora, fiquem em alerta, pois a qualquer segundo a última batalha dessa guerra começa. – Terminei e respirei fundo, pois a ansiedade finalmente me abateu. Olhei em volta para ver se encontrava algo para me distrair daquela cena deplorável que se desenvolvia na minha frente.

– Fred, pega – Disse após localizar Fred, então tirei a minha cesta de carregar flechas que estava nas minhas costas e joguei para ele.

A cesta com a minha alvejada estava no meio do caminho quando uma luz verde iluminou todo o nosso redor. Eu escutei o barulho de um corpo caindo no chão. Minha visão acabava de ser realizada.

 Sem pensar duas vezes, ergui a minha espada o mais alto que pude, e gritei a plenos pulmões:

– Por Hogwarts! – Então tirei o meu escudo e dispensei os elementos.

A última batalha começou.

Os poucos segundos de vantagem que tivemos, devido ao ataque surpresa, foram essenciais.

– Ar, os derrube! – Então uma rajada de vento surgiu do nada e levou alguns ao chão, bem como as suas varinhas. Embainhei a minha espada. Ainda não estava na hora.

Aproveitei aquele momento de caos e peguei o pálido Harry Potter no colo, então, com a ajuda das minhas visões, me desviei de vários feitiços e aos poucos consegui avançar. Não demorou muito para eu conseguir achar Snape. Andei até o mesmo e, sem falar nada, passei o corpo de Harry para ele segurar. Alguns chamariam aquilo de crueldade, eu chamo de fazer as pazes.

– O que? Não, eu não vou conseguir lutar segurando ele – Se afastou.

– Pegue, ele daqui a pouco irá acordar e você nem pense em dar as caras ali, pois irá ser morto. Eu posso falar que você é uma pessoa que luta a favor de Hogwarts, mas a minha palavra não será o suficiente. Então você precisa da ajuda do Harry tanto quanto qualquer um que está aqui. – Esperei a sua reação

– Mas eu preciso matar aquele desgraçado – Trincou os dentes de raiva.

– Você terá a sua vingança, confie em mim – Tentei transpassar confiança. – Você confia? – Perguntei quando ele não proferiu nada

– Confio – Foi firme.

– Então fique aqui e, mesmo que o Harry acorde, faça com que ele fique também. Só saiam ao meu comando – Esperei ele assentir com a cabeça antes de virar as costas e voltar para a luta.

– Escudo, os cubra – Ordenei uns metros depois.

Hora da luta. – Pensei enquanto desembainhava a minha espada.

Corri os metros restantes e, sem pensar muito, comecei a matar todos os comensais que eu via pela frente. Seu número já estava bem reduzido, mas como eu disse antes, os mais perversos estavam aqui.

Dei um giro 360 º com a minha espada já pronta para decapitar mais um, porém, cometi o erro de o olhar nos olhos e ver que, em meu as lágrimas, o medo e horror estavam ali instalados. Apenas depois registrei o resto do seu corpo. Abaixei a minha espada.

Eu não tinha coragem o suficiente para matar Draco Malfoy.

Por mais irritante e prepotente que fosse, o fato de ele ainda ser uma criança não mudou. Isso mesmo, Draco era apenas uma criança influenciável, uma criança que foi influenciada para o mal. E eu não tinha o direito de tirar a sua vida.

– Eu quero que você, sua mãe e o seu pai sumam no mundo. Eu irei vigiar vocês, e ao menor sinal de que vocês estão andando fora da linha, pode ter certeza que eu não terei misericórdia. Entendido? – Minha voz era dura e cruel, mas era somente assim que ele iria entender que eu estava falando serio. Ele balançou a cabeça concordando.

– Fale, você entendeu ou não? – Fiz a minha cara mais assustadora. Eu percebi o seu estremecimento.

– Sim – Malfoy estava quase se borrando.

– Sigam o túnel, ele dará para a casa dos gritos. Conte tudo para os seus pais no meio do caminho, e lembre: eu estou dando cobertura para vocês aqui, mas se pegarem vocês depois, não será culpa minha. – Mandei um olhar de advertência.

– Como? Que túnel? – Ele perguntou se encolhendo devido ao medo de se dirigir a mim. Patético.

– Terra, abra debaixo da família Malfoy, então faça um túnel até o salgueiro lutador. – Me concentrei no elemento Terra. Levantei a cabeça e olhei o garoto que tremia na minha frente – Adeus – O garoto dos cabelos loiros branqueados não pôde responder, pois o solo debaixo dele se abriu e, automaticamente, fechou.

– Não há de que – Respondi para o nada.

Nesse momento, não me importei com comensal nenhum, o meu objetivo era o poderoso chefão, eu estava indo atrás do Lord das Trevas para acabar de vez com aquela historia.

Limpei novamente o sangue na espada em minha calça e a guardei. Então, como uma verdadeira acrobata, comecei a correr me desviando de todos os raios de magias que voavam. Sai da zona de batalha e, ao longe, vi um homem ofídico correndo. Eu tinha ouvido um comentário falando que ele poderia voar, mas então porque ele esta correndo? Será que o medo o está afetando? Bem, novamente, patético.

Forcei as minhas pernas e corri como nenhum ser conseguiria e, em poucos segundos, o alcancei.

– Fugindo da raia? Que patético. Ainda mais para um cara que se diz Lord – Falei alto o bastante para ele me ouvir, mas baixo demais para me localizar. Depois de proferir as minhas ácidas palavras, fui para trás de uma árvore. Aquilo seria divertido, se não fosse tão perigoso.

– Quem ousa falar dessa maneira como o Lord das Trevas? – Berrou enfurecido, parando de correr. E eu como se fosse a própria floresta, comecei a me mover. Legal, rimou. Correr, mover... entendeu? Ah, deixa pra lá!

– Apareça, covarde! – Sibilou. Qualquer outra pessoa falaria que o tão poderoso Voldemort estava com raiva. Eu falo que ele estava com medo.

– Eu estou aqui – Me materializei atrás dele.

Seus olhos me registraram, sua varinha se ergueu, a maldição foi dita, o raio foi lançado. Mas eu não estava mais ali.

Estava prestes a mudar para outra árvore, quando escutei um barulho atrás de mim. Como eu pude me esquecer dela? – Pensei até mesmo chocada. Fingindo que tudo estava normal na medida do possível, eu fiquei parada. Apenas esperando. A senti se erguendo atrás de mim, pronta para dar o bote. Continuei esperando o momento certo.

Na velocidade de uma piscada, a imensa e cruel cobra de Voldemort se lançou para cima de mim. Considerando a sua velocidade e força, com certeza ela arrancaria a minha cabeça. Mas ei, eu sou Isabella Swan, ou seja, ela não me pegaria assim tão fácil.

Girei também numa velocidade alucinante e, antes de seus dentes se fecharem em torno da minha cabeça, comandei o elemento ar a comprimi-la. Apenas a sua face se mexia, o resto do seu corpo parecia que havia virado pedra.

– Olá – Dei um sorriso cruel.

Sua boca mostrou os dentes pingando veneno, ela se retorcia tentando para se livrar de mim. Dando outro sorriso, fiz com que o ar a apertasse ainda mais, era impossível sair dali. Ela se deu conta disso quando não se mexeu mais. Desviei o olhar daquela imensa cobra quando escutei a voz do cara que se autodenomina Lord:

 – Você tem a audácia de me chamar de patético, mas quem está se escondendo aqui é você, sangue ruim. Acha que eu não sei que você é uma sangue ruim? Eu sinto o fedor de vocês a quilômetros – Soltou uma gargalhada sinistra.

Com uma das mãos eu comecei a guiar a cobra comprimida, enquanto que com a outra eu tirava a minha espada. Rapidamente sai de trás do meu esconderijo.

Ninguém me chama de patética.

Foi emocionante ver o sorriso de Voldemort se apagando no momento em que viu a sua querida Nagini sendo trazida por mim.

– Largue-a! – Gritou erguendo a sua varinha.

– Caro Volty, você não está em posição de dar ordens, então abaixe a sua varinha, senão – A comprimi um pouco mais e seu guincho de dor completou a minha frase.

A varinha de Riddle se pendeu no ar por mais alguns momentos antes dele abaixá-la. Cara esperto. Se alguém que não conhecesse Voldemort visse aquela cena, essa pessoa diria que ele estava tentando salvar o seu bichinho de estimação, mas se for alguém que o conhece, ai a resposta seria que aquela cobra, de algum modo, pode salvar a vida dele. Lord Voldemort sempre pensa primeiro nele.

 – Bom garoto – Debochei – Agora, calmamente, solte a sua varinha e erga as mãos. – Ele ficou parado, sua mente formulava desesperadamente um plano.

 – Solte-a! – Gritei. O que foi um erro, pois sua mão automaticamente se apertou em volta da sua varinha. Pensei rápido.

– Não vai solta-la? – Perguntei numa voz cruel. Não esperei a resposta, rápida como uma sombra, deixei que o elemento ar sustentasse Nagini por alguns instantes, então agarrei, com a minha mão que ficou livre, uma das suas presas expostas e, sem um pingo de pena, a arranquei. O guincho de dor dessa vez foi aterrorizante.

A mão de Riddle automaticamente se abriu, deixando, finalmente, a sua varinha cair. Seus olhos vermelhos ficaram de uma cor ainda mais escura, sua face tinha uma expressão de fúria. Ele não desviava os olhos da querida Nagini. Aquela foi a brecha que eu precisava.

Libertei a sua cobra, a qual caiu com um baque e, antes que ela ou Voldemort pudesse fazer algo, segurei a minha espada com as duas mãos e a ergui na altura da minha cabeça, então, com grito de raiva, a abaixei violentamente.

A minha lâmina élfica separou a enorme cabeça de Nagini do seu corpo.

Deixei o meu corpo novamente ereto enquanto escutava o grito enfurecido de Voldemort, rapidamente tomei impulso e me joguei para o lado. Eu nem tinha aterrissado quando os raios de luzes verdes começaram a jorrar.

Limpei a minha espada em uma árvore e a guardei novamente. Fiquei abaixada esperando o momento certo, o qual não tardou a chegar. Os raios verdes pararam de aparecer no instante que ele percebeu que eu não estava mais ali. Sua varinha se abaixou e o seu corpo girou me procurando. Eu fiquei de pé. Tom Riddle começou novamente a falar, mas a sua voz agora tinha um tom de fúria e raiva que chegaram a arrepiar os meus pêlos.

– Apareça, sangue ruim! –

E eu apareci.

Sai correndo de trás de uma árvore, indo direto de encontro a ele. Seus olhos me registraram. Sua expressão por um segundo ficou surpresa, então chocada e finalmente furiosa. Sua mão começou a erguer a sua varinha. Sua boca começou a formular o seu feitiço.

Meu punho acertou em cheio a sua cara.

Ele cambaleou para trás, atordoado. Mas não teve tempo de se recuperar. Ergui novamente o meu braço, puxei-o para trás e então o lancei para frente com toda a força que eu possuía. 

Voldemort caiu para trás sem os sentidos. Em uma luta, falaríamos que ele havia entrado em nocaute. Sorte dele não ter um nariz.

Me abaixei e apanhei a sua varinha, então peguei o corpo inerte de Riddle e o joguei por cima do ombro. Com passos decididos, voltei para onde acontecia a batalha principal. Não demorei muito para ver o caos que a minha rápida saída havia causado. Os guerreiros de Hogwarts estavam indo bem, muito bem, contudo, ainda havia ali comensais da morte de mais se for considerar o numero de lutadores de cada lado. Lentamente, caminhei até o centro daquela batalha, poucos notaram que eu estava carregando algo. Nenhum percebeu que era o famoso Lord das Trevas. Analisei rapidamente o lugar onde eu estava e subi numa pedra razoavelmente grande e alta que eu encontrei.

– Uma guerra acaba quando o líder do lado oposto morre em batalha! – Para garantir que todos escutassem, pedi, mentalmente, para o elemento ar levar aquela mensagem ao ouvido de todos.

Não demorou muito, e eu já possuía a atenção de todos. Todos mesmo.

 Os olhei profundamente e dei uma rápida assentida de cabeça. Fiquei feliz quando percebi que todos os lutadores de Hogwarts tinham entendido. Eles, com uma grande rapidez e agilidade, mobilizaram todos os comensais ali presentes. Admito, o trabalho em equipe deles era bom.

– Eis aqui, Tom Riddle ­– Então, sem pudor algum, joguei o Lord das Trevas no chão. Nossa, o meu soco devia ter sido muito forte, o cara não acordou até agora. Desembainhei a minha espada ao mesmo tempo em que Belatriz gritava desesperada e furiosa. Os gritos dela eram irritantes demais, sua voz estridente parecia uma agulha entrando dentro do meu cérebro. Eu acho que não era a única incomodada, pois antes mesmo que eu pudesse fazer algo, um feitiço silenciador foi lançado sobre ela. Dei um sorriso agradecendo seja lá quem for. Meu olhar se baixou para a coisa jogada aos meus pés, o encarei por mais alguns segundos e constatei que ele estava voltando à consciência. Eu não podia mais perder tempo.

Olhei para o meu lado direito e, depois de localizar os dois bruxos, retirei o meu escudo.

– Apareçam – Disse alto o suficiente para eles me ouvirem, então, devagar, os dois caminharam para o lugar onde havia acontecido a última batalha.

Todas as cabeças se viraram para o local onde eu estava olhando. No momento em que Snape saiu de dentro da floresta – porque o Harry não saiu junto? –, tudo virou um caos de barulho e exclamações. Algumas varinhas hesitantes e outras firmes se ergueram e apontaram para ele. Aquele era o momento que eu temia.

– Não o ataquem, ele esta do nosso lado – Mandei num tom seguro.

– Ele é um deles, Bella! – Gritou Rony segurando a sua varinha com força.

– Não, ele está do nosso lado! – Exclamei

– Ele matou Dumbledore! – Berrou outro. Mais varinhas se ergueram. Porque sempre tem que ter um filho da mãe de um boca aberta?! Estava pronta para dar outra resposta, quando a voz de Harry tomou a palavra. Eu quase havia esquecido que ele estava ali. Quase.

– Parem! – Ordenou. Então saiu das sombras para ser visto por todos. Eu não sabia quem estava mais chocado, se eram os comensais ou os lutadores de Hogwarts. Não deu tempo para me decidir, pois uma avalanche de barulhos brotou, contra a minha vontade, na minha cabeça. Forcei a minha mente a fazer uma parede muito alta e forte, ao poucos, eu consegui ter apenas os meus pensamentos. Esse era um dos problemas que se têm quando você pode ler mentes.

– Harry, você esta bem? Está machucado? – Gina avançou de encontro a ele, o olhar dos dois se cruzaram, palavras que só os entendiam foram ditas naquele breve olhar, ela deu uma rápida assentida de cabeça e voltou para onde estava. Parecia que tinham acabado de tirar o mundo das suas costas.

– Snape está do nosso lado desde o começo. Tudo foi um plano, desde o seu posto ao lado de Voldemort à ao suposto assassinato de Dumbledore. Foi tudo planejado, confiem em mim e em Bella – Sua voz era alta e segura. Naquele momento eu senti orgulho dele. Muitas varinhas se abaixaram, porem algumas permaneceram apontadas. Aquilo estava tomando tempo de mais para o meu gosto.

– Prove! – Gritou um garoto mediano de cabelos pretos. Depois que mata uma praga dessas, nós é que somos os culpados.

Desci da pedra e toquei no ombro de Snape, o qual assistia tudo em silêncio. Segurei a minha espada pela a lâmina e ergui o cabo dela para ele pegar. Seus olhos encontraram os meus e, um pouco escondida, uma mensagem de agradecimento era transmitida. Soltei a minha prateada arma quando os grandes dedo de Severo fecharam sobre o elaborado cabo dela.

Dei um passo para o lado e, no momento seguinte, Voldemort despertou.

O meu antigo e favorito professor o encarava fixamente, da sua boca não saiu uma palavra, o único sinal que demonstrava a sua raiva ou ansiedade foi a sua mão apertando firmemente a minha espada. Riddle não demorou muito para ver Severo Snape na sua frente, seu rosto mostrou uma expressão chocada, mas logo mudou para uma aliviada. Eu acho que ele ainda não havia entendido a verdadeira situação. Olhei para os outros espectadores e vi um silêncio tenso pairando por cima deles. Voltei o meu olhar para Voldemort que começava a se levantar.

– Snape, que bom que você ainda está aqui. Eu espero que você entenda que tudo o que eu fiz foi preciso – Falou na maior cara de pau. Severo não respondeu, mas ergueu a minha espada. Os olhos de Tom Riddle rapidamente se voltaram para ela. Ele estava começando a entender.

– Vejo que você arranjou um brinquedinho – O cara sem nariz olhou para as suas mãos procurando a sua varinha. Sério que ele ainda não viu toda essa multidão? O meu soco deve ter afetado alguma parte do cérebro dele.

– Você não deveria ter matado ela e nem ninguém – Snape ajeitou a espada de um jeito estranho.

– Ela quem? Você está falando da vadia Po... – Ele tentou falar, mas com um grito de fúria, Snape se lançou para frente deixando a espada erguida na altura do coração de Voldemort – se ele tiver um – e, com a fúria de alguém com o sentimento de vingança dentro do peito, transpassou a lamina da espada nele, tanto que passou para outro lado. Tive que me segurar para não desviar o olhar.

Girei para olhar os outros, quando tudo o que eu menos esperava, aconteceu.

Belatriz, ainda sem voz, deu uma cotovelada no cara que a segurava, acho que ele é algum professor, e conseguiu se soltar, ela girou e então, rápida como ladra, arrancou a varinha desse mesmo cara que ainda estava muito atordoado. Vai pro inferno! Que cara frouxo, nem foi tão forte a cotovelada! Deixei as minhas reclamações de lado e, sem pensar muito, joguei o meu escudo envolta de todos, deixando de fora Belatriz.

Senti uma forte tontura me atingir ao mesmo tempo em que bruxa que não conhecia a palavra ‘condicionador de cabelos’ erguia a sua nova varinha. Eu havia dado tanto de mim, usado tanto o meu espírito que nem conseguia manter o meu escudo em pé. Eu tentei ao máximo, mas falhei. A varinha de Belatriz se apontou para Snape, sua boca se mexeu formando a maldição mortal. Meu escudo começou a voltar. O raio verde saiu da sua varinha.

Eu me joguei na frente de Snape.

O meu escudo chegou bem a tempo e fez o raio daquela maldita bruxa voltar contra ela.

Como eu queria que tivesse acontecido isso! Mas não, o meu escudo não foi rápido o suficiente. Senti o maldito feitiço acertar as minhas costas. Cambaleei para frente até mãos me apoiarem. Ergui o meu rosto e encontrei, entre os fios do meu cabelo, os olhos aflitos de Snape me encarando, sorri para ele. “Vai ficar tudo bem” – eu queria dizer para Snape. Mas não consegui fazer mais nada senão continuar mergulhada em seus olhos.

Então tudo se apagou.

Forcei os meus olhos a abrirem, então pisquei várias vezes tentando me adaptar com a luz. Me sentei e, quando os meus olhos finalmente conseguiram focar algo, olhei para mim mesma. As minhas roupas eram as mesmas, mas não estavam sujas como eu me lembrava. Girei os meus olhos ao meu redor. Esse lugar me é familiar. Desistindo de tentar saber da onde eu o tinha visto, me concentrei em tentar mexer os meus dedos do pé, com algum esforço eu consegui. Sorri, pois estava tudo em seu devido lugar. Puxei o lençol que me cobria e, estava prestes a me levantar, quando escutei um ronco vindo do meu lado direito.

Olhei rapidamente para lá e me assustei ao ver Snape ali dormindo.

Minha mente começou a trabalhar: Snape, cama, lugar familiar, eu perfeitamente bem... Céus, onde é que estão todos? Onde é que eu estou?! Olhei novamente para Snape, bem, tinha que ser ele mesmo.

– Snape...  Snape, acorde – Chacoalhei o seu ombro – Snape! – Cara, o homem tinha ferrado no sono. Respirei fundo, limpei a minha garganta e então gritei o mais alto que eu conseguia naquele momento:

– SNAPE! – Nada, nem se mexeu. 

– SNAPE, ACORDE, CARALHO! – Se ele não acordar agora, é porque tinha morrido.  

– O que?! – Acordou assustado. É, ele ta vivo. Sorri.

Meu sorriso se apagou tão rápido quanto veio.

Os olhos de Snape me focaram e então se arregalaram de um jeito que eu julgava impossível. Depois disso vieram os gritos. O professor de poções se jogou para trás como se estivesse vendo um fantasma, sua cadeira não aguentou o impacto e acabou virando, suas pernas balançavam no ar.

Eu riria se não estivesse tão chocada. Céus, eu riria muito!

– O que esta havendo aqui?! – Uma voz furiosa ressonou na porta do quarto.

Olhei para lá e vi uma mulher de uns 50 anos, com uma bandeja nas mãos. No momento em que eu abri a boca para falar algo, os seus olhos me encontram. Me encolhi devido a altura do berro dela. Cara, ela parecia um gato sendo afogado. A mulher, ainda gritando, soltou a bandeja e saiu correndo.

Eu sei que não sou a mulher mais linda do mundo, mas não precisava tanto!

Como uma expressão revoltada, comecei a tentar abaixar o ninho que era o meu cabelo. Estava terminando de fazer uma traça quando escutei um gemido. Caramba, Snape! Pulei da cama e me agachei ao seu lado.

– Snape, você esta bem? – Coloquei o seu braço ao redor dos meus ombros e o ajudei a levantar.

Severo continuou num silêncio absoluto. Com cuidado, eu o ajudei a se sentar na cama em que eu estava segundos atrás.

– Não é possível – Olhei para onde vinha o sussurro. Encontrei Minerva parada na porta, uma de suas mãos estava em cima do lugar onde deveria estar o seu coração e a outra agarrada no patente da porta. Seus olhos pareciam duas bolas de tênis.

Será que a porra do meu cabelo ainda esta parecendo comida de cavalo?

– Você esta mesmo viva? – Senti algo no meu braço, olhei para baixo e vi um hesitante dedo indicador me tocando.

– Eu creio que sim – Levantei as sobrancelhas. Que raio de pergunta é essa?

– Todos diziam que você tinha morrido, mas eu falei que não. Bella, eu não deixei que te levassem. – Então, me surpreendendo totalmente, Snape se levantou e me abraçou.

Meu sem jeito, eu devolvi o abraço. Mas que merda é essa de‘todos diziam que você tinha morrido’? Eu to viva, caramba! Eu estou, certo? Há, para de ser idiota, Bella! É claro que você esta viva. Depois de Snape acabar como o nosso abraço – se aquilo foi mesmo um abraço – foi que eu reparei no rosto dele. Cara, ele estava horrível. Seus olhos traziam enormes bolsas roxas, em seu rosto estava escancarada a palavra ‘cansaço’. Céus, quantas noites em claro esse homem não deve ter passado?

– Como assim morta? Eu estou bem viva! – Sorri para ele.

– Isabella, você esta à 2 semanas nessa cama. Você não se mexia, nem mesmo respirava! – Me virei chocada para Minerva.

– O quê? – Aquilo devia ser uma brincadeira de muito mau gosto.

“É verdade Bells, você entrou em uma espécie de hibernação, se eu não tivesse um contato direto com a sua mente e não visse que ela estava funcionando, também diria que você tinha morrido”. – Eric me enviou.

“Céus, Eric, como você está? Isso tudo é muito louco, mas como Snape soube disso? E, caramba, a onde estão os meus poderes? Eu não os estou sentido!” – Fiquei aflita.

“Eu estou bem, Bells, não se preocupe comigo. Eu contei para Snape que você estava viva, mas na forma de sonho, ele nem imagina que tenha sido alguma outra coisa. Eu fiquei impressionado com o tamanho da devoção que ele sente por você. Sobre os poderes, eu ainda os sinto, então isso deve ser no máximo um efeito temporário, quanto tempo irá durar? Não sei”. – Fiquei um pouco mais aliviada.

“Esta tudo preparado para a nossa partida?” – Eu precisava sair dali.

“Há duas semanas” – É por isso que eu amo o Eric.

Voltei para o quarto.

– Eu preciso ir, muito obrigada por terem me cuidado. – Me dirigi aos dois.

– Isabella, você acabou de sair de um coma! Fiquei mais um pouco, se recupere bem antes de ir – A professora Minerva estava bem preocupada. Ela se aproximou da mim.

– Desculpe prof, mas eu tenho de ir. Há outros lugares que também me precisam – Dei um sorriso de desculpas. 

– Obrigado por não desistir de mim, Snape. – Dei um beijo na bochecha de Severo, então corri porta a fora. Liberdade novamente!

Tive que correr em uma velocidade humana até a cabana do Hagrid. Será que os meus poderes vão demorar muito para voltarem? Espero que não. Perto da floresta estava Eric e Hagrid, parecia que o meio gigante tinha feito um amigo. Acelerei o passo e não demorou muito para chegar até eles.

– Olá, Hagrid – Acenei para o meu amigo – Oi, Eric – Beijei o focinho do meu grande dragão.

– Bella! Snape estava certo então – Com outra enorme surpresa, ele me pegou em um abraço de gigante. Pensei que ele iria quebrar as minhas costelas. É uma droga não ter as minhas visões! Graças a algum deus, aquilo acabou ligeiro. Dei uma longa alongada depois que ele me soltou. Caramba, aquilo doía!

– Eu estava aqui reparando, parabéns, você tem um grande e bonito dragão. Eu espero que o meu também seja assim, bonito e forte... Por Hogwarts, você não escutou essa última parte. – Ele se desesperou. Uma vez Hagrid, bem, sempre Hagrid.

– Escutei o que? – Pisquei o olho, então subi na sela do meu grande dragão.

– Sobre eu falando do meu dragão... Por Dumbledore, eu falei de novo – Eu realmente tentei não olhá-lo de um jeito que dizia “Cara, você não é normal”. – Oh! – O meio gigante finalmente entendeu. Devolveu a minha piscada.  

– Você já vai? – Hagrid se aproximou da minha sela.

– Há tantos lugares que ainda tenho que ir, eu já fiquei tempo demais aqui. – Me ajeitei – Adeus Hagrid, mande lembranças aos outros. Bem, acho melhor você se afastar. – Dei um singelo sorriso.

Esperamos pacientemente o meio gigante tão amado se afastar antes de levantar voo. Me apertou o coração ver-lo secar as suas lágrimas como o seu enorme lenço ao mesmo tempo em que acenava para mim. Me senti no filme Titanic – Um filme trouxa que eu assisti com a Mione.

 “E então, o que aconteceu depois que eu apaguei?” – Não vou negar, eu estava morrendo de curiosidade.

“Snape te deixou com o menino que tem uma cicatriz de raio na testa e correu para aquela bruxa... Bells, você tinha que ter visto o jeito que ele segurou a sua espada...” – Suspirei, aquela historia iria longe.

“Eric, simplifique” – O interrompi.

“Isso tira toda a graça da historia, mas já que você quer assim, bem, ele cortou a cabeça dela”. – Caramba, cheguei a sentir um arrepio!

“Mas e depois?”- Ainda tinha uma lacuna grande demais na historia para ser ignorada.

“Snape te pegou no colo e correu para o castelo, todos estavam desesperados pensando que você tinha morrido uns até...” – E lá vamos nós de novo.

“Céus, Eric...”- É nessas horas que eu queria ter um botão para acelerar o tempo, e pular algumas partes.

“Às vezes você é bem chata, sabia? Voltando a minha historia que foi rudemente interrompida, os outros que ficaram ou levavam os carinhas do mal para a prisão ou procuravam os que fugiram ou estavam dando um jeito de arrumar o seu funeral” – Mordi os meus lábios, eles realmente pensaram que eu tinha morrido.

“Eric, vamos esquecer isso, o que passou, passou. Pelas as minhas contas hoje já é dia 12, então temos apenas dois dias para chegarmos ao reino do Elfo Biyo para a coroação do seu filho” – Eu precisava esvaziar a minha cabeça e esquecer tudo o que passou, isso para a minha e segurança deles.

“Bells, você sabe que eles gostam muito de você, não sabe?”- O tom do meu amigo estava sério.

“Sei Eric, e é por isso que eu fui embora dali o mais rápido o possível. Eu não poderia correr o risco de acabar ficando”. – Porque a minha vida tinha de ser tão complicada?

“Entendo. Bem, caso você queira saber, o seu arco e a sua espada estão aqui, aquele humano enorme os arrumou na sua cesta de viagem. A noticia ruim é que você terá que renovar muitas das suas flechas” – Comparado com tudo que aconteceu, algumas flechas faltando era quase a mesma coisa que se chovesse chicletes.

“Obrigada, Eric. Caramba, eu os havia esquecido completamente”. – Qual é, eu tinha acabado de sair de um coma. Ninguém pode me culpar por isso.

“É para isso que eu estou aqui. Bells, se você quiser tirar um cochilo, pode tirar, pararemos apenas quando chegarmos ao nosso destino”. – Eric, o carinhoso e protetor, estava de volta.

“Me acorde antes de chegarmos”. – Deitei numa posição não muito confortável

“Bells, eu falei para você tirar um cochilo, e não entrar em coma novamente ou você acha que eu sou um elfo? Não, eu sou um dragão, então não vá pensando que vamos chegar lá em 30...” – Felizmente, eu apaguei.

                                                                                                       

Fim Flashback

  

Mas o principal foi que eu comprei uma varinha nova. Sim, tinham me proibido, mas eu fazia magia até hoje e nunca fui pega ou sequer advertida. Eu não queria comprar, mas uma lição do poderoso Dumbledore me atormentava a cada minuto que eu estava ali.



Flashback:

Eu estava na imponente sala do diretor, alguns quadros olhavam curiosamente para mim, outros nem sequer levantaram o olhar.

– Pode se sentar aqui, Isabella – Dumbledore apontou a cadeira na frente da sua mesa, a qual me deixava cara-a-cara com ele.

– Bella, por favor – Ser chamada de Isabella me trazia muitas recordações que eu não queria lembrar.

– Você sabe por que esta aqui, não sabe? – Seus olhos me analisaram.

E eu sabia. Para falar a verdade, estava esperando esse momento, pois sabia que depois de quase matar o Malfoy queimado, eu não iria sair impune. Não mesmo.

– Sei – Afirmei com a cabeça

– E você acha que foi certo? – Ergueu os seus olhos dos pequenos óculos em forma de lua, repousados em seu nariz torto.

– Mas o que é, realmente, certo? Deixar os meus amigos serem ofendidos e fazer nada? Deixar que te olhem atravessado e apenas abaixar a cabeça e continuar andando? Eu não acho certo. Estou ciente que no momento em que o Malfoy começou a pegar fogo por minha culpa, eu estava me rebaixando a ele. Mas eu não tenho sangue de barata e assumo que errei, e irei pagar pelo os meus erros. – Falei calmamente, pois sabia que não tinha mais nada para fazer.

– Você é esperta, Bella, mas será que vale realmente a pena ter a sua varinha quebrada e ser expulsa do colégio por conta disso tudo? – Apoiou os cotovelos na mesa, me encarando mais profundamente.

– Eu não sei, mas fazer o que agora? – Murmurei de cabeça baixa, ele estava certo.

– Eu soube que você é uma das melhores da sua turma e sei que você poderá se virar sozinha, mas e a sua varinha? Você pode não achá-la importante, mas ela pode controlar a sua magia, como você acha que aquele fogo surgiu fora de controle? Você precisará de uma – Soltou um suspiro. Vendo o meu silêncio completou:

– Agora suba e arrume as suas coisas. Iremos sentir a sua falta. – Dumbledore foi até mesmo carinhoso.

Aquele foi o meu o ultimo dia em Hogwarts e a última vez que o vi.

Fim Flashback.



Eu estava tão confusa naquele dia que não reparei nos significado das palavras. Ele falou que a minha varinha iria ser destruída e que eu seria expulsa do colégio, mas em nenhum momento falou que eu não poderia fazer magia. E o principal, por que ele usou o verbo precisar no futuro e não no passado? Então ele sabia que eu continuaria a fazer magia e queria que eu tivesse uma varinha.  Dumbledore, esse bruxo faz muita falta.


Hoje é dia 15 de Dezembro de 2008, decidi que não dava mais para adiar a minha estadia ali. Molly, como sempre, está chorando litros de água, mas tenho certeza que algum dia ela irá entender. Após passar mais alguns minutos com as despedidas e me esquivar das frenéticas propostas para ali ficar, eu percebi que já estava na hora. Aparatei no aeroporto tentando ser invisível, burlei a segurança, pois imagina o que fariam depois de ver uma espada e um arco na minha mochila?, e finalmente embarquei. USA, lá vou eu.






Explicações: Bella nasceu em 1980, foi para Hogwarts quando tinha 11 anos e com 13 foi expulsa. Ela entrou antes do Harry, Mione e Rony. Fugiu da base militar em 1994 quando tinha 14 anos e então começou a explorar outros mundos que ela conhecia somente na teoria. Ao completar 17 anos não mudou mais e virou imortal e aos 22 veio para o mundo humano. Viveu com Mary um ano e, depois dela morrer, ficou 2 anos caçando sozinha. Em 2005 conheceu os Winchester, viveu com eles 3 anos, até descobrir que ainda estavam caçando-a pelos motivos de ela saber de mais e pela destruição da base militar. No finalzinho de 2008 foi para o mundo bruxo na Inglaterra. Então ela retornou para o EUA, onde a maior parte da historia irá se passar. Espero que tenha entendido um pouco dessa... coisa, que saiu da minha cabeça.^^


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