Vampire Academy Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 27
Capítulo 27




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Passei por frente da porta da sala do Sr. Nagy onde Lissa e Rose tinham sua última aula do dia. Olhei pela fresta do basculante de uma das janelas que dava para o corredor interno. A aula estava perto do final e o pobre do Nagy não conseguia conter a turma em polvorosa. Parecia que todas as aulas do dia tinham sido dessa forma. Esse novo assunto era realmente o mais quente dos últimos tempos para eles.

Procurei Rose entre os alunos e ela estava, como sempre, sentada ao lado de Lissa, seus olhos olhando furiosamente para Jesse Zeklos. Christian estava virado para elas.

“Isso é loucura. Rose nunca – Rose?” Lissa falou, quase chorando. Eu afiei ainda mais meus ouvidos dhampir para captar a conversa. Elas sentavam há duas fileiras da janela, não era difícil de ouvir o que falavam. Provavelmente estavam tomando ciência daquela conversa toda, naquela hora. Rose ainda olhava de forma compenetrada para Jesse e Ralph, que estavam quase ao lado delas. Ela parecia que podia matá-los a qualquer momento. O professor estava de costa, fazendo uma longa anotação na lousa e, aparentemente, não notou todo aquele drama que se desenrolava ali.

“Nós não fizemos nada que você não queria que nós fizéssemos.” Ele sorriu cruelmente “e nem pense em encostar um dedo em nós. Se você brigar, Kirova irá lhe expulsar e você viverá como uma meretriz de sangue.”

Ele tinha razão, pelo menos nesta última parte. Rose não poderia ceder a provocação e partir para briga. Seria o seu fim. Pelo que eu via de Kirova, ela não relevaria por mais que eu argumentasse, caso isso ocorresse. Torci mentalmente para que Rose não reagisse. Senti todo meu corpo ficar tenso, enquanto observada tudo. Toda classe pareceu dividir a mesma tensão que eu, pois um grande silêncio tomou conta dela.

Rose encarou os dois. E algo diferente passou por seu rosto. Sim, existia muita raiva e uma grande fúria neles, mas um ar de sabedoria também tomou conta dela. Em vez de responder com socos e pontapés. Ela simplesmente se levantou e saiu da sala, ao mesmo tempo que o sinal tocava. Lissa saiu atrás dela. Eu me movi rapidamente para fora, para que ninguém me visse ali. De longe, eu ainda pude ver as pessoas caçoando e rindo dela. Rose tinha se tornado uma grande piada para todos. Ela simplesmente agia como um zumbi, abaixando a cabeça e andando rápido, com se quisesse fugir. Lissa não saia do seu lado, como uma fiel escudeira, mas não havia nada que ela pudesse fazer para calar a boca da escola inteira.

Desisti de falar com Rose sobre isso. Confesso que fiquei impressionado com a sua reação diante de tudo. Em outras ocasiões, eu jamais imaginaria que ela engoliria a tudo calada. Era sempre esperado que ela reagisse sempre de forma tempestiva. Fui para o ginásio, logo ela chegaria para seu treino, então assumi que não comentaria nada a não ser que ela mencionasse o ocorrido. Eu não queria que ela ficasse constrangida e não queria que ela sentisse que teria que me dar explicações. Para mim tudo já estava mais que explicado. Era um rumor maldoso, inventado para provocá-la, para prejudicá-la, para denegrir a sua imagem. Eu não daria importância a isso.

Eu esperava que ela fosse chegar com um péssimo humor, cheia de piadas ácidas e descarregando tudo nos golpes das lutas. Mas, novamente, fui surpreendido. Rose entrou no ginásio, calada e com olhar perdido. A impressão que eu tinha era que ela começaria a chorar a qualquer momento. Eu não tinha tido idéia que tudo teria uma dimensão tão grande para ela. Eu queria dizer para ela que tudo passaria mais rápido do que ela imaginava, que logo essa fofoca seria substituída por outra e ninguém mais lembraria disso. Mas eu não falei nada. Ela agiu tentando passar uma força, obviamente envergonhada por tudo. Eu não queria que ela ficasse ainda mais constrangida, então agi como se nada tivesse acontecendo.

Eu tentei ser o mais amigável possível e deixar o clima mais leve, mas nada parecia adiantar. Quando o treino terminou, ela saiu, colocando sua mochila nas costas, sem sequer se despedir, andando rápido e de cabeça baixa, da mesma forma que eu a tinha visto fazer diante das chacotas. Fiquei olhando ela se afastar, sentindo um grande aperto no meu peito. Então tomei uma decisão. Eu não podia calar a boca das pessoas, mas podia fazer algo que a deixaria bastante feliz.

Terminei de guardar todos os equipamentos no quarto de suprimento e fui resolver algumas coisas. Quando tinha passado a hora de socialização dos estudantes, já próximo do toque de recolher, fui até o dormitório Moroi e pedi para a inspetora chamar Lissa.

A inspetora me olhou de forma interrogativa, mas eu não dei maiores explicações. Poucos minutos depois, Lissa surgiu pela escada. Eu a chamei para um canto, longe dos ouvidos da inspetora.

“Guardião Belikov. Que surpresa. Algo aconteceu? Algo com Rose?” ela começou a ensaiar um desespero. Eu me apressei em acalmá-la.

“Não, Princesa. Fisicamente Rose está bem. Mas eu suponho que toda esta história que corre por aí não fez muito bem a ela, emocionalmente, quero dizer. Então, imaginei que você poderia falar com ela, por uns instantes.”

“Ah, como eu gostaria disso!” Ela exclamou, mas olhou para baixo, de forma muito triste. “Mas eu não tenho permissão para vê-la fora do horário das aulas, não posso entrar em seu dormitório. E a nossa ligação é só por um lado. Eu não consigo sentir como ela está.”

“Eu posso lhe levar até ela.”

O rosto dela se iluminou completamente “Você faria isso? Seria quebrar as regras de Kirova.”

Eu dei o que seria a sombra de um sorriso, por alguns momentos eu revivi os meus anos de escola “A Diretora nunca saberá, se formos rápidos e discretos, vamos.” Lissa sorriu ainda mais, provavelmente nunca imaginando que ouviria aquilo de mim. Ela me seguiu quase saltitando.

Passamos discretamente pelo campus, sempre procurando o caminho menos utilizado pelas pessoas, passando pelas sombras. Chegamos ao prédio do dormitório dhampir e demos a volta para entrar por uma passagem que raramente era utilizada e quando era utilizada, somente guardiões passavam por lá. Era uma espécie de saída de emergência. Pedi que Lissa aguardasse ali, no pequeno hall que separava a entrada do corredor, enquanto eu ia buscar Rose.

Cheguei em frente a porta do quarto dela, e dei duas batidas leves. Poucos instantes se passaram e somente silêncio vinha dali de dentro. Aguardei um pouco mais, até que a porta abriu, revelando uma Rose totalmente abatida. Seu rosto estava inchado e seus olhos bastante vermelhos. Ela havia chorado e muito. Eu não pude deixar de estudar seu rosto, sentindo meu peito apertar. Saber que alguma coisa tinha causado tanto sofrimento a ela doía muito em mim. Tive vontade de abraçá-la dizer que estava tudo bem, mas eu não podia fazer isso. Não podia revelar meus sentimentos para ela. Desviei meu olhar dela, fixando em um ponto distante do quarto, tentando guardar dentro de mim tudo que eu estava sentindo por vê-la daquela maneira.

“Você está bem?” Perguntei gentilmente.

Ela me olhou fixamente, e eu pude ver que, apesar de sua aparência fragilizada, havia muita força e determinação nela.

“Não importa como estou, lembra? Lissa está bem? Tudo isso irá afetá-la.”

Rose era realmente fascinante. Com toda aquela turbulência passando por sua vida, ela ainda conseguia colocar Lissa em primeiro lugar. Aquilo era mesmo incrível. Algo difícil de se ver, mesmo em um guardião. Eu não falei nada, apenas pedi para que ela me seguisse, fazendo um sinal com a mão.

Nós passamos em silêncio pelas alas. Rose estava totalmente intrigada e absorvida pela curiosidade, provavelmente, tentando imaginar para onde eu a estava levando. Passamos para a parte de trás e eu lhe apontei a porta “cinco minutos.” Avisei.

Sem se conter de curiosidade, Rose caminhou rapidamente e passou pela porta. Pela fresta, pude ver que ela se lançou nos braços de Lissa, que lhe retribuiu com um abraço apertado. Resolvi dar a elas um momento de privacidade, então me afastei da porta, mas fiquei por perto, vigiando os corredores, cuidando para que não viesse ninguém. Conversar um pouco com Lissa faria bem a Rose. Muitos minutos se passaram, mais do que os cinco minutos que eu tinha dado a elas e  eu estava agradecido por ninguém ter passado por ali. Já era a hora de interromper as duas, embora soubesse que elas teriam assunto para conversar a noite inteira. Coloquei o rosto para fora da porta.

“Você precisa entrar agora, Rose.” Falei “Antes que alguém encontre você.”

Rose começou a entrar e eu comecei a seguir para fora, levando Lissa ao seu próprio dormitório.

“Eu vou cuidar de tudo dessa vez, Rose. Tudo.” Lissa falou para ela, enquanto nos afastávamos.


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