Sorriso Irritante escrita por Miiki


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hey, postei um dia antes. Be happy.



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Eu cheguei a bolar um plano para separar os dois. Na época eu não era realmente genial, e o plano era digno de um adolescente enciumado: irritar o cara até que ele se afastasse da garota. Realmente, tinha grandes chances de ser muito eficaz — e que o sarcasmo seja notado aí.

Por sorte, colocar o plano em prática não foi necessário, porque Sakura namorou o cara e terminou com ele cinco meses depois. O nome do filho da mãe era Hidan, e ele estudava Arquitetura.

— E como vai o namoradinho, Haruno? — perguntei, certo dia, enquanto andava ao lado dela, no intervalo, sem conseguir tratá-la com carinho, apesar de querer abraçá-la até cansar. Maldito orgulho.

— Eu e Hidan não estamos mais juntos.

Minha expressão facial não se abalou nem um pouco — felizmente ninguém podia ver a minha consciência pulando de felicidade e êxtase.

— Por quê? Se cansou do excesso de gel? — perguntei.

Sakura me pareceu realmente triste e parou na minha frente, com o cenho franzido e sem o costumeiro sorriso no rosto.

— Olha, Sasuke, eu estou realmente cansada das suas brincadeirinhas malvadas. Eu não sou mais uma garotinha, e se você... se você me... odeia, é só falar, que eu me afasto de você.

— Eu... eu não odeio você. — falei, baixo, sem ter certeza do que dizer.

Eu não a odiava, mas sinceramente não sabia o que sentia, além do básico, que era que eu gostava dela. Mas era um "gostar" diferente, estranho, alguma coisa que eu não fazia nem ideia de que existia. E a cada segundo que passava, essa coisa se intensificava, e  eu sentia ainda mais necessidade de tentar bloqueá-la. Como se fosse possível.

— Então por que todas essas brincadeiras irritantes comigo, todo santo dia? É sério, eu não vou... não vou aguentar isso para sempre. É chato não ter o apoio de quem você... quero dizer, do seu melhor amigo.

— Eu... Eu...

— Tudo bem. Não precisa dizer nada, ok? — Sakura colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e respirou fundo. — Mas... Eu não estou muito bem com isso, Sasuke, eu gostava mesmo dele, ele me fazia esquecer certas coisas e me deixava feliz.

— Coisas?

— Foi o motivo pelo qual nós terminamos, aliás. Mas parece que isso não é importante para você, só o penteado dele é que é. — não era normal Sakura ser sarcástica. Irritada e explosiva sim, mas não sarcástica.

Ela estava magoada. Preferi não dizer nada.

— Terminar foi uma decisão em conjunto. Não fui eu que terminei com ele, e nem ele que terminou comigo, se é do seu interesse. Eu gostava dele, mas não... não o amava, como deveria ser, e vice-versa. Estávamos nos ajudando.

— Explique, Sakura.

— Ele queria esquecer alguém, e eu estava ajudando.

— E ele?

— E ele o quê?

— Você tinha dito "estávamos nos ajudando". Isso significa que a ajuda era recíproca. No que ele estava te ajudando?

— Sasuke... — disse ela, naquele famoso tom de quem não quer nos dizer alguma coisa.

Isso me deixou extremamente irritado. Por que Sakura precisava de ajuda, e por que não pedia a minha ajuda? Ela realmente não podia me contar? Eu era o melhor amigo dela, por quê ela não vinha falar comigo? Tinha mesmo que procurar outro cara pra isso?

— Vamos, me diga! Eu não sou bom o suficiente para te ajudar no que você precisa, ou o quê? Eu sou... sou o seu melhor amigo! Minha ajuda não serviria?

— Você não... você não poderia me ajudar.

Que diabos ela quer dizer com isso?

— O quê? Ou melhor, por quê? Eu te conheço desde criança, Sakura! Não me diga que eu não poderia ajudar!

— Por quê é que agora você se importa tanto? Nunca fez diferença pra você mesmo! Eu nunca passei de diversão pra você, nunca tivemos um dia que não terminasse com você me ignorando depois de uma discussão!

Clichê, mas o que ela dizia agora machucava mais do que se ela tivesse me dado um soco, e muito possivelmente quebrado o meu nariz.

O pior é que eu sabia que ela estava certa. Sakura está sempre certa — ou, pelo menos, na grande maioria das vezes.

— Sakura... — chamei, com a intenção de fazê-la se acalmar, antes que aquilo fosse longe demais. Ficar brigado com ela não era uma opção.

— Sabe qual é o problema, Uchiha? Nada que me inclua é algo que merece reconhecimento seu! — dizia ela, agora com as sobrancelhas curvadas em frustração e tristeza, coisas que realmente não combinavam com ela.

— Sakura... Me escuta...

— Nada que me envolva é importante o suficiente para o grande Uchiha Sasuke! Eu...

— Sakura! Fica calma! — gritei, perdendo a paciência. Estiquei os meus braços e segurei os braços dela com minhas mãos, fazendo-a parar de falar e recuperar a normalidade da respiração. Seus olhos verdes estavam grudados nos meus.

Seus ombros começaram a sacudir e as lágrimas refletiram o brilho dos olhos dela, ela baixou a cabeça, encarando o chão.

— Sakura, olha pra mim. Olha pra mim — pedi, hesitando na hora de segurar seu queixo e levantar o seu rosto. — Eu não te odeio. E você está... está errada.

Eu nunca, em nem um segundo da minha vida, pensei que fosse tão difícil passar por cima da minha droga de orgulho e demonstrar o quanto eu realmente me importava com ela. Eu poderia simplesmente não falar nada, mas se eu fizesse isso ela iria ter plena certeza de que eu a odiava — o que é uma tremenda mentira —, e a última coisa que eu queria era Sakura longe de mim. Eu gostava dela, mas ao mesmo tempo me assustava a intensidade desse sentimento, e o quanto ele fazia parte de mim, de modo que se ela se afastasse, seria doloroso demais.

— Eu me importo com você. Eu não te odeio, você é... importante para mim, e eu me importo com você. Me ouviu? — falei, olhando-a nos olhos. — Entendeu?

— S-sim... Sasuke-kun... M-me desculpa brigar com você... — ela choramingou, e no segundo seguinte os braços dela estavam em volta do meu pescoço, e o rosto escondido na curva do meu pescoço. Meu peito ficou quente, e meus batimentos cardíacos aceleraram violentamente. Quando percebi, minhas mãos estavam rodeando sua cintura e eu estava correspondendo ao abraço.

Mas eu ainda não tinha esquecido do motivo do namoro e rompimento deles.

— Sakura... — sussurrei no ouvido dela. — Ainda não me disse porque eu não poderia te ajudar.

— Sa-Sasuke-kun...

— Fale.

— Eu... Eu... não podia te dizer que queria esquecer alguém... — ela murmurou contra a pele do meu pescoço.

— Por quê não?

— Porque esse... alguém... esse alguém era... — ela me abraçou mais forte, e disse a última palavra no meu ouvido. — Você.

Meu coração, segundos antes batendo rápido, agora tinha parado completamente.

— O quê? — perguntei, chocado, afastando-a de mim. A encarei nos olhos, e algo que ela viu no meu rosto a fez chorar ainda mais.

— Viu? Era por isso que eu não queria te dizer! Por isso! — ela gritava cada vez mais alto. Começou a andar na direção contrária a mim, e todos em volta estavam observando, embora eu não percebesse nada.

— Sakura, espera.

— Não venha atrás de mim, Sasuke! — ela me encarou uma última vez com o rosto mais vermelho e magoado que nunca, e escondeu-o nas mãos. Deu-me as costas e saiu correndo.

Foi a maior bomba que Sakura já jogou pra cima de mim. Mas só porque eu estava muito confuso.

--------x--------

Foram três semanas. Três longas semanas sem a mínima vontade de levantar de manhã, de comer, de ir à faculdade, de fazer absolutamente nada. Eu estava em um estado completamente zumbi.

No primeiro dia, eu ainda estava meio surpreso com a informação. Quero dizer, eu estava gostando dela, mas eu não esperava que ela sentisse alguma coisa por mim, afinal eu nunca fizera nada que não fosse tratá-la mal. Nunca dei motivos para ela gostar de mim.

E eu nunca realmente tinha pensado que aquela coisa de mulheres serem impossíveis de se entender fosse verdade. Para mim não era. Pelo menos não até Sakura me dizer aquilo.

Também não achei que ela fosse faltar no dia seguinte. E no outro, e no outro, e no outro. Ela realmente falou sério quando disse que não queria me ver — ou algo assim.

Toda essa ausência dela, sem ter a mínima ideia do que ela estava fazendo, onde ela estava, se ela viria no seguinte, estava me deixando completamente maluco! Na casa dela ela não estava, eu já tinha passado lá — não que eu vá admitir.

Mas só foi preciso passar algumas noites em claro para que eu descobrisse qual era a minha real situação — paralisia e completa falta de vontade, causado por abstinência de cabelos rosados e olhos verdes em minha vida.

Descobri que precisava dela, da Sakura. Revi tudo o que tinha me acontecido  na minha vida até então, e percebi  que todas as minhas boas — e algumas más também — lembranças tinham um traço   cor-de-rosa e brilhos esmeralda em todos os cantos. É tão frustante precisar de uma mulher para viver bem!

Mas, considerando que eu sou um Uchiha, e Uchihas só precisam de coisas realmente indispensáveis, ou coisas que eles realmente amam, a conclusão mais óbvia era que eu estava amando Haruno Sakura. E fazia sentido: todas as coisas estranhas que aconteciam comigo quando eu estava perto dela — e só dela — eram sintomas dos meus... sentimentos por ela.

Eu estava inacreditavelmente mal sem ela. Até Naruto já estava preocupado comigo, e quando o dobe percebe qualquer coisa, é porque a situação está realmente séria.

— Você 'tá com uma cara horrível! Cara, eu não sabia que você precisava dela tanto assim, teme! Tipo assim, 'tava na cara que a Sakura-chan gostava de você! E você nem notava! — disse Naruto. — Sabe, você tem que fazer alguma coisa!

Eu não disse nada, só levantei e tomei um copo d'água. Estavamos no meu apartamento, e para minha infelicidade cheiro de Sakura — ela sempre vinha aqui para me fazer companhia — já tinha sumido.

— Hey, Sasuke-teme, que é que você vai fazer, hein?

— Hn. — resmunguei.

— Você tem que fazer alguma coisa! É sério! A Sakura-chan 'tá tão mal, teme! Você precisa ver! A Hina-chan ficou cuidando dela a semana inteira! O que você falou? Deve ter sido muito ruim com ela! O que você disse pra ela?

Me virei para ele, encarando-o sem expressão, mas explodindo de raiva por dentro.

O que disse?

— Quê? Você deve ter dito alguma coisa! A Sakura-chan 'tava com o rosto tudo vermelho, a Hina-chan disse que ela ficou chorando o dia inteiro! Ah, é, e ela 'tá querendo trancar a faculd...

— VOCÊ SABIA? VOCÊ SABIA ONDE A SAKURA ESTAVA E NÃO ME FALOU NADA, SEU IDIOTA?

— MAS FOI VOCÊ QUE NÃO PERGUNTOU! PREFERIU FICAR MOFANDO AQUI DENTRO! — gritou ele. Deduzi que era mais produtivo ignorar a segunda frase.

— Aonde ela está?

— Ela 'tá na casa da Hina-chan. Vai fazer o quê, teme?

— Falar com ela.

— Eu sei que você vai conseguir, teme! Não esqueça de pedir desculpa! E admita que você ama ela também, viu, teme?! Ela vai voltar pra você! Tô certo! — e Naruto continuou berrando palavras encorajadoras às minhas costas.

Peguei o carro e quase atropelei um cachorro enquanto ia em direção à casa de Hinata.

--------x--------

Tive que ouvir meia hora de sermão de Hinata — o que é surpreendente, considerando que ela não é o tipo que fala —, para só então poder atravessar o corredor e chegar ao quarto onde Sakura estava dormindo.

Ela estava mais magra. Os cabelos estavam mais opacos e um pouco mais compridos, e os olhos já não brilhavam tanto quanto eu gostaria.

— Sakura...

Ela moveu os olhos na minha direção.

— Sasuke-kun... Vá embora... — ela rolou na cama, ficando de costas para mim. Mas fazia tempo que ela não me chamava de "Sasuke-kun".

— Não. Eu não vou embora.

Contornei a cama e me agachei na frente dela, e segurei suas mãos, apesar do empenho dela em tentar evitar o contato.

— O que você tá fazendo aqui, Sasuke-kun? — ela murmurou. Sua voz estava mais baixa e fraca do que o normal.

— Você foi muito precipitada. — ela me olhou incrédula. — Você nem esperou para saber o que eu faria...

Ela baixou a cabeça, envergonhada, e começou a se explicar:

— Você se assustou. Afastou-se de mim, e ficou me olhando de um jeito... ruim. Você ia me rejeitar, e ia me tratar como sempre... eu só tinha te dado outro motivo para me irritar e me tratar mal...

— Está errada, outra vez — passei a mão nos cabelos dela, em uma carícia.

— Sasuke-kun...

— Talvez, naquele momento, eu não tivesse uma boa reação. Mas eu só precisei de um dia, Sakura. Um dia pra ter certeza da minha resposta.

As mãos dela apertaram ainda mais a minha, e eu senti a respiração ofegante e ansiosa dela. Ela mordeu o lábio inferior, que estava branco, e ele ficou avermelhado.

E eu senti uma vontade absurda de beijá-la. O que essa mulher fez comigo?

— O que sente por mim, Sakura?

— Eu... Eu...

— Você?

— Eu te amo. Muito, Sasuke-kun, tanto que corta meu coração cada vez que você me chama de irritante, ou me provoca, ou me trata mal...

Aí estava a hora perfeita para pedir desculpas a ela. E ainda era pouco perto do que ela merecia, levando em conta todo o tempo em que ela me aguentou — e com o bônus de ter ainda por cima conseguido se apaixonar por mim.

— Me... — vamos, engula esse maldito orgulho, Sasuke! — Me desculpe.

Ela piscou e olhou para mim. Sakura sabia que eu não pedia desculpas. Ou melhor, que eu nunca pedia desculpas, e por nada.

— Sasuke-kun...

— Shhh, Sakura.

Achei que era o momento certo. Os olhos de Sakura brilharam em surpresa quando ela notou que eu estava chegando mais perto, e foram fechando lentamente, assim como os meus. Encostei nos lábios dela com os meus, apenas um contato superficial. Senti o hálito dela — algo como morangos ou cerejas — na minha boca, e perdi o controle.

Avancei e aprofundei o beijo. Ela realmente tinha um gosto bom, e me fazia sentir alguma coisa. Alguma coisa que ninguém nunca tinha conseguido. Meu peito estava quente, e eu não queria me afastar dela tão cedo.

Quando terminou, ela encostou a testa na minha, e sua respiração ofegante ficou batendo no meu rosto. Abri os olhos. Agora ela estava com uma aparência bem mais saldável, talvez por causa do beijo — que eu ansiava por repetir, mas obviamente não admitiria pra ninguém.

— Eu também. — murmurei baixinho, só para ela.

— Também o quê? — ela não abriu os olhos.

— Também amo você.

Os olhos dela se abriram, arregalados, e a única coisa que eu vi antes de ser puxado para a cama ao lado dela, foi o sorriso — aquele sorriso irritante — no seu rosto, e as esmeraldas voltarem a brilhar do jeito que eu gostava.

É claro que depois eu não conseguiria mais tratá-la mal, nem se quisesse. Eu a amo demais, e agora ela sabe disso.


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Notas finais do capítulo

Ahh, eu fiz o Sasuke sofrer, tadinho. Aahhh, mas na verdade, acho q ia ficar mto estranho ele simplesmente se declarar tbm e pá... achei q ele precisava desse tempo para dobrar o orgulho e fazer alguma coisa.

É isso aí, espero q ninguém tenha ficado entediado com a enrolação e alto nível de depressão do Sasu-kun - aiuhaiuhaiha'

E eu postei um dia antes. É, sintam-se felizes, eu só ia voltar pro mundo com internet amanhã, é.

Agora me agradem (sentiu a pressão?) e deixem review u.u
kkkkkkkk' to zuando, mas se vc deixar review eu vou ficar feliz.


Bye bye, sweethearts ;)