The Eldest escrita por VeronicaLee


Capítulo 4
Memória


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Em primeiro lugar gostaria de me desculpar pelo grande atraso deste capítulo. Eu tenho uma explicação para este atraso e ela nem me parece assim tão aceitável. Em primeiro lugar, eu tornei-me exigente com esta história e assim sendo, queria que ficasse exactamente como eu tinha imaginado, é claro que não ficou nada de especial, mas mesmo assim deparei-me com vários becos sem saída e cheguei a apagar partes inteiras e recomeçar quase do zero várias vezes. Para além disso, tive uma altura em que a imaginação não vinha e a história não fluía. Quando voltei a escrever, estava sempre convencida que acabaria em dez minutos, mas depois começava a desenvolver as ideias e este capitulo acabou por ficar maior do que eu tinha planeado inicialmente.
Seguidamente, quero agradecer imenso às pessoas que leram, às que favoritaram (é assim que se diz? :s) e às que simplesmente leram. Tenho recebido algum feedback que me tem deixado simplesmente super feliz! Fazem-me ter vontade de escrever e de levar esta história para a frente!
Também gostaria de aproveitar para explicar algo. Eu estou a tentar fazer uma história com muito conteúdo e pormenor. Não uma simples fic em que eles se conheceram, apaixonaram-se, era um amor impossível, eles superaram e viveram felizes para sempre. Nada contra, eu mesma leio algumas assim que estão incrivelmente bem escritas e com histórias viciantes, no entanto, esta é a minha primeira tentativa de ir mais além. Estou a desenvolver ideias, a criar personagens complexas e a tentar que os leitores compreendam a história como eu a imagino. Assim sendo, eu sei que a história pode ser aborrecida, mas são os primeiros capítulos e eu queria que vocês conseguissem captar todos estes pormenores.
Espero que continuem a deixar a vossa opinião em reviews. Acreditem que significa muito para mim! Espero que gostem. (:
NOTA: Eu não encontrei qualquer menção ao nome da mãe de Hinata, então simplesmente inventei. O nome passa a ser Hikari.



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Capítulo Três – Memória

Hyuuga Hiashi era um homem extremamente frio e era raro vê-lo a demonstrar qualquer emoção. Mesmo depois de longos anos a trabalhar para ele, os seus homens nunca o viram com raiva, alegria ou qualquer outro sentimento. A sua expressão mantinha-se sempre igual não importava a circunstância, mas aqueles que eram mais observadores já tinham notado que os seus olhos, por vezes, mostravam mais do que ele desejava.

Só havia três pessoas no mundo capazes de provocar um brilho nos olhos do chefe da família Hyuuga: Uma era o próprio irmão gémeo, que apesar de ser um homem amável, conseguia tirar olhares de raiva dele graças às suas rixas familiares; A segunda era a sua falecida mulher, sempre que o nome dela era mencionado, uma tristeza súbita passava pelo seu olhar, quase imperceptível, mas estava ali; E por fim a filha mais velha, Hinata, que defendia com unhas e dentes quando ela não estava a ver.

A relação com Hinata era, no mínimo, estranha. Quando estava com a rapariga fazia questão de ser um pai rígido e exigente, de modo que nunca fora visto a ser carinhoso com ela, mas se alguém ousava pronunciar o seu desagrado por ela ou insulta-la de qualquer forma, ele punia essa pessoa da pior forma possível. Havia quem disse-se que a sua primogénita era muito parecida com a mãe, mas na realidade, ninguém sabia muito sobre a mãe dela, apenas que Hiashi se casara com ela contra a vontade dos próprios pais e que ela fora uma esposa devota a ele e uma mãe carinhosa. A mulher era sempre amável para todos, mas nunca ninguém a conhecera longe do marido.

Muitos tinham assistido a palavras duras por parte do pai para a sua filha: Ele fazia questão de dizer à filha que ela era fraca, que ela tinha de se comportar de acordo com o seu nome, que ela não podia fazer isto ou aquilo e, principalmente, que ela era um fracasso e nunca seria capaz de assumir os seus negócios. Por este motivo, todos os Akatsuki e até mesmo Hizashi ficaram surpreendidos por ele ter defendido a sua primogénita na reunião de sexta-feira, afirmando que Hinata iria, com toda a certeza, tornar-se digna e herdar não só o nome, mas também tudo o que isso implicava.

Hinata sempre fora uma boa menina, dotada de uma beleza inocente e tímida e com um grande coração, de modo que ninguém a imaginava a suceder o pai nos seus negócios ilegais. O cargo do patriarca dos Hyuuga exigia uma grande frieza e insensibilidade e ninguém conseguia imaginar a tímida e doce Hinata a estragar vidas e a liderar a maior e melhor organização criminosa do país.

Esse assunto incomodava todos aqueles que eram leais a Hiashi, pois o líder da família não conseguira o poder e influencia que tinha sem criar inimigos igualmente poderosos e perigosos, capazes de tudo para o arruinarem. Essa fora uma das razões pelas quais a própria Akatsuki fora criada.

A organização contava com os mais cruéis e procurados assassinos e criminosos. Todos tinham sido cuidadosamente escolhidos e organizados de modo a servirem única e exclusivamente à família Hyuuga, servindo-lhes de proteção e executando serviços ilegais, que na sua grande maioria, eram considerados impossíveis de ser executados pelos cidadãos comuns.

A base da organização era uma casa situada nas traseiras da residência principal dos Hyuuga, mas muitos preferiam ficar na mansão principal, uma vez que Hiashi lhes dera permissão de o fazer desde que os seus quartos se situassem o mais longe possível do seu e dos das suas filhas.

Depois de Hinata deixar a residência principal dos Hyuuga para ir para o colégio na segunda-feira daquela semana e de Hizashi sair numa viagem de negócios na terça, a mansão caiu numa súbita calma. No entanto, alguns membros mais próximos da família e de Hiashi, percebiam que algo estava errado.

Passados alguns dias, depois do seu longo e descansado almoço, Itachi, Deidara e Sasori foram chamados ao escritório principal da mansão. De toda a organização, Itachi era, sem qualquer dúvida, aquele em que o Hyuuga mais confiava, seguido de Pein. No entanto, Sasori e Deidara também eram leais e eram dos poucos que aceitariam, sem qualquer problema, acatar ordens do Uchiha, mesmo que este fosse o membro mais jovem da Akatsuki.

Entraram e mantiveram-se em pé, em silêncio, à espera das ordens que estavam por vir. Observaram o homem de longos cabelos castanhos sentado na secretária acabar de ler uns papéis e pousa-los ao pé do computador para finalmente erguer os seus olhos de cor pérola e fita-los com um olhar severo e decidido.

- Orochimaru está vivo. – Informou de uma só vez, observando as reações dos três homens à sua frente, mas nenhum deles moveu um músculo ou deu sinal de qualquer emoção. – Desconfio que ele esteja demasiado debilitado para me enfrentar no momento e esteja escondido em algum lugar longe das minhas vigias, no entanto, tenho a certeza que ele voltará pela minha cabeça e todos sabemos que ele é perigoso. – Soltou um suspiro antes de continuar. – Infelizmente, mais perigoso do que eu temia, ele decidiu atacar pelo único caminho que possibilita alguma abertura. Ele procura Hinata.

Assim que acabou de falar, viu emoção no rosto de Deidara e Sasori, que levaram apenas um momento a recompor-se e a esconder o quanto a ideia os afligia. Itachi, como sempre, fora diferente. A sua expressão mantivera-se tão vazia como sempre, mas Hiashi conseguira ver a sombra de vermelho que passara pelos seus olhos cor de ónix.

- Ele tem alguma ideia de quem ela é? – Questionou Sasori, de expressão fechada.

- Por enquanto não, mas ele não será tão fácil de enganar quando vir os olhos da minha filha. – Respondeu. Eles entenderam imediatamente onde ele queria chegar. – Vou reunir toda a Akatsuki, a prioridade agora é matar Orochimaru. – Eles preparavam-se para sair, mas todos pararam quando ouviram a voz do homem mais velho a soar novamente. – Mas eu quero que vocês se preocupem com outra coisa.

- O que seria? – A questão veio de Deidara, que se encontrava entre os outros dois.

O mais velho dos quatro homens permitiu-se fazer uma pausa e não responder à pergunta por alguns segundos. O seu olhar claro fixou-se em nada mais nada menos que o quadro da sua falecida mulher que estava entre duas estantes na parede. Percorreu cada gracioso traço feito a carvão com os próprios olhos, observando as parecenças entre ela e a própria filha. Hinata era a cara da mãe, exceptuando os olhos que eram dele.

- A vossa prioridade é a vida de Hinata. – Ditou, uma ordem curta e fria.

Nenhum deles contestou a sua ordem e ele sabia que não o fariam. O Hyuuga tinha muitos anos de experiencia com homens como aqueles, eram assassinos frios que tinham perdido a razão para viver, que se deixavam levar pela solidão e pelo seu próprio poder. Ele mesmo fora assim em novo e vira na sua mulher, na sua querida falecida mulher, a salvação. Não que ele se tivesse apaixonado por ela à primeira vista, tal como ele sabia que os seus homens não estavam apaixonados pela sua primogénita, mas tal como a mãe, Hinata mostrava uma pureza e ingenuidade capaz de salvar as almas condenadas, fazendo todos aqueles que a rodeavam ter um estranho instinto protetor sobre ela.

- E quanto à sua vida? – Questionou Itachi, dando um passo em frente. Quando atingira a maioridade, Hiashi fizera questão de o apresentar como seu mais novo aliado para os restantes e ele, juntamente com Pein, liderava a segurança da casa principal da família Hyuuga: Conhecia todas as áreas oficiais e restritas, as pessoas que ali trabalhavam e as suas devidas funções. Era também aquele que mais se ligara ao homem mais velho, uma vez que vivera com a família do mesmo nos dois anos que se seguiram à sua chegada.

- Eu ficarei bem, meu rapaz, acontece que eu tenho o resto da organização às minhas ordens e para além disso, como tu deves bem saber, eu não sou assim tão fácil de apanhar. – Disse, o seu olhar desafiador a cair sobre o Uchiha, que entendeu perfeitamente a mensagem.

De repente, um barulho estridente invadiu o escritório e o homem de cabelos castanhos não teve escolha a não ser olhar para o aparelho situado no lado esquerdo da sua secretária com uma expressão apática.

- Que parte do ‘Eu não quero ser interrompido’ é que vocês não perceberam? – Resmungou assim que atendeu. A pessoa do outro lado pareceu vacilar, mas depressa se recompôs e começou a falar num ritmo rápido e frenético. Hiashi manteve-se em silêncio durante uns segundos antes de franzir levemente o cenho, como se algo o confundisse profundamente. – Tens a certeza que era ela? – Questionou. Quando ouviu a resposta deu um longo suspiro e observou os três homens à sua frente antes de dar uma ordem à sua assistente. – Muito bem, liga-lhes de volta e diz que estará um carro lá em cinco minutos para a ir buscar, quero-a em casa o mais rápido possível. Trata disso. – E desligou o telefone, sem esperar pela resposta da mulher.

Mantiveram-se em silêncio e os três Akatsuki quase ficaram perplexos com o que viram na expressão daquele que consideravam seu chefe: O que quer que fosse que lhe tinham dito ao telefone, tinha-o divertido imenso.

- Está tudo bem, Sr. Hyuuga? – Perguntou Deidara, não muito confiante sobre a sua própria pergunta, no entanto, o mais velho não o repreendeu.

- Podem-se retirar. – Dispensou-os por fim. – Parece que eu vou ter uns problemas familiares para tratar.

- Algum problema com Hinata? – Questionou Deidara, mas desta vez recebeu um olhar desincentivador do pai da rapariga. – Você mesmo disse que ela era nossa responsabilidade. – Defendeu-se.

- Parece que a minha filha acabou de ganhar uma suspensão por se meter numa confusão com as colegas em plena hora de almoço. – Respondeu por fim, dando a volta à secretária. – Se me dão licença. – E retirou-se, sem dizer mais nada, deixando os três homens parados no escritório a olhar para a porta por onde ele acabara de sair.

- Eu acho que ouvi mal! Ele acabou de dizer que a Hinata foi suspensa por se meter numa confusão? – Foram as palavras de um incrédulo Deidara.

(…)

Ela nunca se sentira tão feliz por voltar a casa. A mansão Hyuuga era um local enorme e muitas vezes tornava-se impessoal, sempre cheio de desconhecidos e criados, no entanto,  depois da morte da mãe, tudo se tornara demasiado superficial e vazio e ela precisava de um sitio seguro para chamar de casa, mesmo que a casa não fosse perfeita. Apesar de tudo, ela sabia que pertencia ali, não que ela se achasse digna de toda aquela riqueza e de ter empregados para lhe fazer todas as vontades, mas o facto de ali residir a sua família e a memória da sua mãe fazia da grande vivenda o seu lar.

Durante todo o caminho até casa, não pode deixar de pensar no quanto queria que a sua mãe ali estivesse, para dizer que iria ficar tudo bem e lhe dar pequenas festas no seu cabelo como costumava fazer quando ela era pequena e se magoava. Infelizmente, sabia que isso nunca iria acontecer, afinal, não havia maneira de alterar o passado.

Depois do espetáculo ridículo que acontecera na cantina da escola, Ino puxara-a para o quarto de ambas. Foram seguidas por Kiba e Shino, que apareceram pouco depois alegando que estavam preocupados com a morena e que o diretor os autorizara a fazer uma visita muito rápida.

Ela não chorara, não gritara nem se queixara da sua vida como Ino provavelmente faria se estivesse no seu lugar, apenas se sentou na sua cama, encolhida e com os braços a empurrar os joelhos contra o peito. Acabou por ficar num estranho estado de apatia durante meia hora, ouvindo apenas aqueles que considerava como seus únicos amigos a tentar consola-la, dizendo que Naruto era um idiota, que ele não a merecia e que ela não devia ficar assim por alguém como ele, até Shino tentara animá-la. No entanto, nada surtiu efeito para animar a morena e ela até ficou aliviada quando, quinze minutos depois, Tsunade entrou no seu quarto dizendo que a sua família havia sido contactada e que ele estava suspensa de todas as aulas durante o resto do dia, poderia ir para casa se assim o deseja-se. Ino resmungou que era injusto ser Hinata a apanhar uma suspensão quando fora Sakura a culpada de tudo mas a morena logo tratou de acalmar a amiga, sabendo que tinha sido a sua própria família a exigir a sua suspensão e o regresso a casa. No fundo, considerava aquela a melhor situação, uma vez que não se achava capaz de encarar Naruto, Sakura, Karin ou qualquer outro estudante do colégio privado que há tanto tempo frequentava.

- Bem-vinda a casa, menina Hyuuga. – Cumprimentou o mordomo ao abrir-lhe a porta da limusina que a fora buscar à escola.

Ela deu um pequeno sorriso como resposta antes de se apressar a caminhar para dentro de casa, passando pelos enormes corredores e pelos múltiplos empregados que a observavam pelo canto do olho. Ela conhecia-os, uma vez que muitos deles trabalhavam para a casa dos Hyuuga fazia muitos anos, no entanto, nunca lhe fora permitido ter muito contacto com qualquer um dos empregados, uma regra imposta pelo seu pai. Mesmo com a Akatsuki, o pai sempre fizera o possível para a manter afastada ou pelo menos o mais afastada que era possível estar de pessoas que viviam na sua casa.

Encontrou o patriarca da família na sala de estar a ler um livro qualquer do qual ela nunca tinha ouvido falar e sentou-se no sofá à frente dele, em silêncio, esperando qualquer reação por parte do pai. Sabia que ele estava irritado com ela, não precisava de muito para perceber isso, apenas não sabia as consequências dos acontecimentos recentes, uma vez que ela nunca fizera nada de errado antes. Ela era uma pessoa frágil e o pai frequentemente a repreendia por isso, no entanto, normalmente, era Hanabi que cometia erros e se metia em problemas, não ela.

- Hinata, não irei tolerar erros como estes. – Pronunciou por fim, num tom firme que a fez tremer e querer correr dali para fora, mas manteve-se quieta e baixou a cabeça.

- Lamento. - Desculpou-se, encarando as mãos que brincavam no próprio colo.

Tinha perfeita noção que ela não era, em nada, a filha que o pai queria. Hiashi sempre quisera ter filhos, homens fortes e frios como o pai, que, quando chegasse a hora de ele se aposentar, se mostrassem dignos de tomar o seu lugar à frente da família e dos negócios para os quais trabalhara toda a sua vida. Em suma, ele desejava um filho como Neji, no entanto, em vez de um filho prodígio, tivera duas filhas, sendo ela a primeira, uma pessoa considerada como fraca e calada, incapaz de concordar com os seus ideais cruéis, e Hanabi a segunda, que apesar de ser uma adolescente muito mais bem sucedida e forte do que ela, era sem qualquer duvida demasiado fútil para assumir a liderança do clã.

- Não se voltara a repetir, pai. - Prometeu, numa voz tremida pelo nervosismo que fez o pai o pai suspirar pesadamente. Ela manteve-se em silêncio a olhar para as mãos que agarradas uma à outra e pousadas no seu colo, toda a sua posição assemelhando-se à de um criminoso à espera da sua sentença.

- Hinata. – Chamou  e ao perceber que tinha conseguido a atenção da filha, prosseguiu. – Como bem sabes, prometi à tua mãe que não serias vitima de um casamento arranjado. – Ela suspendeu a respiração, surpresa com as palavras do pai, uma vez que este nunca falava sobre a sua falecida mulher. – Concordei que ambas as nossas filhas seriam livres de escolher o homem ao lado do qual querem passar o resto das suas vidas e que fará parte da nossa família, no entanto, isso não quer dizer que eu aprovarei uma má escolha tua ou da tua irmã. Eu considero o filho do Namikaze como uma péssima escolha, compreendes onde quero chegar? – Fez uma pequena pausa, dando tempo para ela acenar afirmativamente com a cabeça.

- Lamento. – Desculpou-se, mantendo os olhos afastados dos do pai, idênticos aos seus.

- Estás dispensada, Hinata. – Libertou-a por fim. A rapariga rapidamente se levantou e rumou escadas a cima, o mais rápido que podia, em direção ao seu quarto. Sentiu os olhos dos seguranças presentes na casa fixados nela, como a vigia-la de algum perigo invisível do qual ela nunca se conseguiria defender. Os seus olhos mantiveram-se no chão durante todo o caminho, algo que não era assim tão raro nela.

Sentiu o telemóvel a tremer no bolso do casaco largo que utilizava e dispensou um olhar rápido ao ecrã para ter a certeza de quem era e não teve qualquer surpresa quando o viu o nome de Ino. Sentiu-se mal por não atender, pois sabia que a rapariga loura devia estar muito preocupada, mas naquele momento, ela sentia-se como se fosse desabar a qualquer momento e se desabasse com Ino, o mais certo era não ter cuidado com o que diria e isso representava um risco que ela não podia correr.

Havia um tempo em que achara que todos aqueles cuidados exagerados por parte do pai eram desnecessários, mas depois uma das empregadas deixara escapar que ele a protegia porque quando era pequena ela tinha sido raptada nos jardins da casa e os seus pais, pois na altura a sua mãe ainda era viva, passaram um mau bocado à sua procura. É claro que isso tinha acontecido antes de Itachi aparecer na sua vida.

Tão perdida nos seus pensamentos, não reparou quando dois homens se aproximaram dela. Só parou de andar quando esbarrou com alguém muito mais alto que ela e com longos cabelos louros.

- Deidara. – Pronunciou ela, surpreendida, fazendo os dois homens à sua frente olharem-na confusos.

- Está tudo bem, Menina? – Questionou Sasori e pelo seu tom, ela percebeu que eles provavelmente já lhe tinham dirigido a palavra antes de chocar com o louro.

- Peço desculpa, estava distraída. – Desculpou-se rapidamente, aproveitando para dar uma olhadela à volta dos homens e verificar se eles se encontravam sozinhos.

- Itachi não está connosco. – Murmurou um divertido Deidara e ela percebeu que tinha sido bastante óbvia. Corou até à ponta das orelhas e voltou a encarar o chão.

- Vão ficar por muito tempo? – Perguntou educadamente, tentando desesperadamente mudar de assunto, afinal, não queria que pensassem que ela andava a perseguir o Uchiha. Os homens entreolharam-se, percebendo que o pai da rapariga não a tinha informado de nada e pensaram numa desculpa rápida.

- Ficaremos o tempo necessário. – E ela esquecera-se que nenhum dos Akatsuki estava autorizado a revelar a sua missão, fosse a quem fosse, muito menos a ela que, graças ao pai, estava tão afastada de tais assuntos como qualquer cidadão comum.

Não fez mais perguntas, apenas se despediu educadamente e retirou-se tão cabisbaixa e apática como antes.

Chegou ao seu quarto e entrou sorrateiramente, aproveitando para observar bem o confortável local. Era o único sitio em toda a mansão que era só dela, as empregadas quase nunca lá entravam e os seguranças estavam proibidos de se intrometer na área privada dela. Era o sitio dela, só dela, e isso fazia-a sentir-se estranhamente segura.

Fechou as cortinas, deixando o quarto cair numa profunda escuridão, e dirigiu-se à confortável cama importada de casal que ela tanto adorava. Deitou-se e agarrou-se a uma almofada, encolhendo-se como uma criança com medo de uma tempestade. Só depois de alguns segundos é que reparou que estava mais calma, uma vez que, mesmo depois daquela humilhação de Naruto, da discussão com Sakura e das palavras duras do seu pai, ela ainda conseguia sentir-se segura enquanto ali estivesse.

(...)

Quando as aulas finalmente terminaram, Kurenai esperou que todos os alunos se retirassem da sala de aula, fossem buscar os seus pertences aos respectivos quartos e entrassem nos carros ridiculamente caros que os pais tinham mandado para os apanhar. Esperou até que a maioria dos alunos estivessem fora do perímetro escolar e que os professores começassem a dispersar, uns para o bar e outros para o parque de estacionamento, para sair da sua sala e caminhar, em passos lentos e ritmados, até à enfermaria.

A enfermaria costumava estar vazia na sexta feira à tarde, excepto por Tsunade que aproveitava o silêncio ou para fazer pesquisas ou para preencher a papelada em atraso. Por essa razão, ela não se incomodou em bater à porta, até porque ela tinha quase a certeza que a mulher loura estaria à espera dela.

Entrou na grande divisão de paredes, mobília e material branco e teve o cuidado de trancar a porta atrás de si para que ninguém as interrompesse. Depois, virou-se para a única secretaria do compartimento e observou, em silêncio, Tsunade a escrever furiosamente num papel. Não desviou o olhar do seu trabalho nem por um momento, mas a morena conhecia-a demasiado bem para sequer considerar que ela não tinha conhecimento da sua presença.

- A Hinata está a crescer! – Disse por fim, interrompendo o raciocínio da mulher mais velha. Tsunade parou de escrever subitamente e pousou a caneta de uma forma graciosa. – Ela faz-me lembrar a mãe dela quando a conhecemos, não te recordas? – A sua expressão mostrava nostalgia e a loura esperou que não fosse tão transparente como a sua amiga, pois também ela sentia emoção ao olhar para Hinata, ao lembrar-se dos velhos tempos.

- Não fiques com esperança, sabes muito bem que a Hinata é muito diferente da mãe dela. – Levantou-se da cadeira simples onde se mantivera sentada até ao momento e encostou-se à sua própria secretaria.

- Todas nós somos diferentes, mas a nossa linhagem define quem nós somos, esqueces-te que a Hinata tem o sangue dela. – A morena sentia a necessidade de proteger Hinata, uma vez que sempre sentira uma grande empatia pela mais nova.

- Mas foi criada pelo pai. Kurenai, guardo tantas saudades dela como tu, no entanto, não podemos deixar que os nossos sentimentos afectem as nossas decisões. Hinata foi criada por Hiashi e graças à morte da mãe, o mundo que ele lhe mostrou é tudo o que conhece. – Explicou num tom monótono.

- Não é preciso muito para perceber que ela não é como o pai.

- Neste momento, a Hinata esconde-se numa concha, não podemos ter a certeza do destino que a espera. – Suspirou a loura, olhando para uma moldura presente na sua secretaria. – Para além disso, depois do que aconteceu, não podemos por a vida da Hinata em risco. Se nos aproximar-mos agora estamos a guia-la para o mesmo destino que a mãe teve.

- Mas e se... – Tentou Kurenai.

- Tu conheces a tradição. – Interrompeu, num tom de voz que não permitia qualquer questionamento. – Ela é que tem de vir ter connosco, ela é que tem de seguir os passos da mãe.

- E se ela não souber? – Questionou por fim.

- Competia à sua mãe deixar algo para trás que a guiasse até nós, como isso obviamente não aconteceu ou ela ainda não encontrou, tudo o que podemos fazer por ela é observar.  – As suas palavras eram a mais pura verdade e ambas o sabiam, não poderiam aproximar-se de Hinata, teria de ser ela a vir até elas por sua própria escolha.

Ambas duvidavam que ela as abordasse, uma vez que a sua mãe tinha falecido muito cedo e talvez, por esse mesmo motivo, não tivesse deixado nenhuma evidencia que levasse a jovem até qualquer uma delas.

- Talvez seja melhor assim. – Disse por fim Tsunade. – Se ela nunca desvendar o passado da mãe e se tornar uma de nós, nunca morrerá como elas. Esqueces-te que ela não foi a única a morrer, Mikoto teve o mesmo destino trágico.

Ambas caíram num silêncio desconfortável, sabendo que aquele assunto era um tabu entre elas. Depois de Mikoto e Hikari, mãe de Hinata, falecerem, elas tinham preferido não proferir uma palavra que fosse sobre a sua morte. Ambas tinham morrido de forma trágica, uma morta pelo próprio filho e outra através de um incidente na produção de um novo filme.

- Isso provavelmente está relacionado com as más escolhas delas, mas é claro que isso é só a minha opinião. – Opinou uma terceira voz e ambas se viraram para trás, observando a terceira mulher na sala.

A mais velha das três lançou a Kurenai um olhar acusador, mas a morena apenas encolheu os ombros e murmurou um “eu tranquei a porta” muito inocente. A recém chegada ergueu as duas sobrancelhas ao ver os olhares que as outras trocavam e apressou-se a acrescentar:

- Não estavam honestamente à espera que uma porta trancada daquelas me impedisse de entrar, pois não? – Fingiu confusão, fazendo as outras duas suspirarem.

- Não era suposto tu estares aqui. – Respondeu Tsunade, como se fosse óbvio. Kurenai não resistiu a abrir um pequeno sorriso, todas sabiam que Anko nunca fazia aquilo que era esperado ela fazer.

- Chegou-me aos ouvidos que a filha da Hikari se meteu numa confusão. – Explicou com um revirar de olhos. – Parece-me bastante óbvio que eu apareceria. – Fez uma pausa, esperando uma resposta por parte das outras mulheres. Quando percebeu que ninguém lhe responderia, apressou-se a acrescentar, com um ar impaciente e esperançoso. – E então, ela vai ser uma de nós?

- Eu já disse e faço questão de repetir: Nenhuma de nós está autorizada a interferir na vida dela até ela vir até nós e se juntar a nós por sua própria escolha, tal como a mãe dela e todas nós fizemos. – Foi clara e lançou um olhar duro a Anko, pois sabia que esta nunca lidara muito bem com autoridade. Sempre obedecia, mas se achasse que o julgamento das outras estava errado, era sempre tentada a interferir.

- Se ela for tão boa a fazer escolhas como a mãe... – Resmungou a ultima a chegar das três entre dentes, sabendo que as outras ouviam.

- Não nos cabe a nós avaliar as escolhas delas. – Interrompeu Tsunade com um tom decidido e frio que não admitia qualquer tipo de argumentação por parte da outra. – Ambas escolheram homens poderosos e muito perigosos, sabiam perfeitamente quem eles eram e mesmo assim aceitaram tornar-se suas mulheres. Se elas acharam que valia a pena correrem aquele risco por eles, nós não temos que dar a nossa opinião nem fazer juízos de valor. Para além disso, não sabemos se as suas mortes estão sequer relacionadas com as suas escolhas.

Quando terminou, as três ficaram em silêncio. Não costumavam falar de Mikoto e Hikari pois também elas tinham feito escolhas erradas ao longo da sua vida e nenhuma das outras as julgara ou as criticara, simplesmente aceitaram as suas escolhas e ajudaram em tudo o que lhes era humanamente possível.

Depois de três minutos de olhares intimidadores de Tsunade para Anko e de Anko para Tsunade, com Kurenai entre elas a mover a cabeça de um lado para o outro sem saber o que fazer, o estômago de Anko produziu um alto barulho. A morena era inspetora da policia e entre os casos que estava a investigar e a papelada que tinha de tratar, acabara por se esquecer de almoçar. Pelo seu respeito para com a mulher mais velha e também por saber que discutir tal ordem não a levaria a lado nenhum, acabou por deixar o assunto de lado e olhou para as outras duas mulheres presentes, mostrando um pequeno e descontraído sorriso.

- O que acham de esquecer-mos este assunto e ir-mos petiscar qualquer coisa?

Por muito que ela e a mulher loura discordassem em termos de opiniões pessoais sobre os mais diversos assuntos, quando era para comer e beber, as suas decisões eram sempre unânimes.

(...)

Ping. Ping. Ping.

As gotas de água caiam, uma a uma, na banheira cheia de água. A espuma espalhava-se por toda a banheira e em especial nos ombros e cabelos da jovem menina que se encontrava submersa à exceção da cabeça, pescoço e de parte dos ombros. A água formava pequena ondas e vibrava de acordo com a sua respiração calma e ela não pode deixar de fechar os olhos e mergulhar completamente na água quente.

Passaram-se alguns minutos e a criança acabou por sair da banheira e enrrolar-se numa toalha felpuda que tinha o seu próprio nome bordado numa das bordas, não se atrevendo a sair imediatamente do banheiro para o seu quarto por medo de a temperatura baixar ligeiramente, como sempre acontecia, uma vez que o seu pai era apologista de uma temperatura amena e ligeiramente mais fresca dentro de casa.

Vestiu um pijama grande e quente feito de um tecido muito sedoso e confortável. Como sempre fazia, fechou a janela e as cortinas do seu quarto para não ser acordada pelos raios de sol na manhã seguinte antes de desligar a luz. Todo o quarto, anteriormente iluminado pela luz clara, caiu numa escuridão densa. Felizmente, ela conhecia bem o seu próprio quarto e não precisou de qualquer luz para se dirigir à cama, onde o seu urso de peluche já a esperava. Puxou todas as mantas para cima de si e aninhou-se mais no pelo castanho escuro do ursinho, procurando conforto em todo aquele ambiente que ela considerava com seu refúgio, o seu local preferido em todo o mundo.

Fechou os olhos e contou ovelhas, tal e qual como a sua mãe uma vez lhe ensinara a fazer, enquanto esperava pelo sono, no entanto, quando estava quase a entrar no mundo dos sonhos, ouviu a porta a abrir-se e alguma luz que provinha do grande corredor iluminou o quarto. O seu pai nunca a visitara no seu quarto, considerando inapropriado para um Hyuuga verificar o bem estar da sua filha durante a noite a menos que ela fosse a correr para o quarto dos pais a chorar, e Hanabi, apesar de ter pesadelos noturnos e procurar sempre conforto em alguém, preferia sempre ir até à sua mãe. Não precisou de mais de um segundo para deduzir que era a sua mãe e pensou em abrir os olhos e virar-se para lhe mostrar que estava acordada, mas não o fez pois temeu ser repreendida por ainda estar acordada quando já passara algum tempo da hora que o pai achava indicada para ela dormir.

Confirmou as suas suspeitas sobre o intruso quando uma mão sedosa e bem cuidada lhe tocou na face como uma leve caricia que ela quase nem sentira. Ouviu a mais velha suspirar antes de se afastar. Hinata esperou ouvir o som da porta, mas como ele nunca mais vinha pensou que tinha sido descoberta e abriu os olhos esperando ver a mãe a encara-la, mas a bonita mulher não o fazia.

Hikari afastara-se da cama e abrira o seu armário. O facto de ela estar plenamente concentrada na sua tarefa indicava que não se tinha apercebido que a sua filha estava acordada e a observava. Tirou a ultima gaveta da parte de baixo do armário, coisa que Hinata nunca soubera que era possível fazer, e tirou um colar fino que trazia ao pescoço, depositando-o naquilo que parecia ser um pequeno compartimento por baixo de uma capa. Depois, voltou a por a gaveta no seu devido lugar e fechou o armário com cuidado para não executar qualquer ruído.

Previu que a sua mãe olharia para ela então fechou os olhos, fingindo estar a dormir. Não percebera o que acabara de acontecer, no entanto , a situação tornou-se ainda mais confusa quando a sua mãe se sentou à beira da sua cama e enquanto lhe afagava a face disse num murmúrio:

- Um dia, se assim o escolheres, também tu serás uma de nós minha filha. – Fez uma pausa antes de continuar. – Espero ser capaz de te proteger até lá. É contra as regras, mas sei que se eu não for capaz de o fazer, Mikoto o fará.

E assim deixou o quarto novamente, fechando a porta com uma delicadeza e cuidado invejável. Hinata permaneceu com os olhos cerrados até deixar de ouvir os passos leves da mulher mais velha no corredor e depois abriu-os, no entanto, não conseguiu ver mais nada...

A bonita rapariga de longos cabelos negros acordou como se tivesse levado um choque. Levou um momento a processar a informação de onde estava e do que tinha acontecido e todas as conclusões que pudera tirar através do seu redor eram, de certo modo, elementares: Estava na cama do seu quarto, eram duas e meia da manhã e ela acabara de ter o sonho mais estranho e confuso de toda a sua vida. Normalmente, ela não se lembrava dos próprios sonhos na totalidade, limitando-se a alguma partes por vezes desconexas, no

entanto, ela conseguia lembrar-se com pormenor do sonho que acabara de vivenciar.

E parecia tão real...

Não pode deixar de pensar no que acabara de acontecer. A sua mãe sempre lhe parecera ser tão transparente e simples em relação ao seu pai que ela nem percebera o porque de ter tão estranho sonho. Não era possível que a sua mãe andasse a esconder coisas no seu quarto, ou era? Quem escondia coisas era o seu pai.

Tentou acalmar-se e voltar a dormir, mas não foi capaz, a lembrança do que acabara de ver vagueava pela sua mente e percebeu, a contragosto, que não ia conseguir dormir. Ligou a luz e pestanejou até se habituar à súbita luminosidade que atingiu os seus sensíveis e claros olhos. Quando conseguiu focar alguma coisa, o seu olhar caiu, inevitavelmente, sobre o armário.

- Estou a ficar doida. – O pensamento saiu-lhe sem querer antes de sair debaixo das cobertas e se dirigir em passos lentos e leves até ao próprio armário.

Abriu as grandes portas e observou as gavetas antes de pousar os joelhos no chão e puxar a ultima gaveta. A gaveta obviamente não saiu e ela sentiu-se tola por sequer ter ido até ali tentar. No entanto, quando começou a empurrar a gaveta, ouviu um pequeno click que lhe chamou à atenção. Sem perceber o que tinha acontecido, voltou a puxar a parte da gaveta que já estava dentro do guarda-fatos e constatou, atónita, que esta saiu.

- Não era um sonho, era uma memória... – Constatou, surpreendida e confusa.

Ficou durante alguns segundos a olhar para a gaveta como se não acreditasse nos próprios olhos antes de a pousar ao seu ludo. Espreitou para o pequeno buraco e tudo o que viu foi pó, no entanto, acabou por pôr lá a mão á procura de qualquer coisa fora do normal e encontrou-a: Havia uma pequena diferença de níveis na madeira e ela fez pressão para baixo, de modo a tentar descobrir como se abriria o esconderijo secreto da sua mãe. Resultou e uma placa de madeira elevou-se, revelando um pequeno compartimento que definitivamente não devia estar ali.

Hinata tirou de lá de dentro três caixas e apressou-se a ver o que eram. Surpreendeu-se ao ver que eram joias, dois bonitos colares, um de diamantes e outro de rubis, e um anel com uma pérola. Não reconhecia os colares mas sabia que o anel tinha sido aquele com que o seu pai a pedira em casamento. Não via motivos para a mãe querer esconder isso, então, voltou a procurar por mais objetos e tirou de lá uma pasta com um colar em cima. Era o colar que tinha visto a sua mãe a por ali, era muito fino e era de ouro branco, um pequeno medalhão em forma de coração com as letras KH gravadas. Ela levou um momento a perceber que queria dizer Kamiya Hikari, o que significava que a sua mãe adquirira aquele colar enquanto ainda era solteira. Abriu a pasta negra coberta em pó, tal como todos os outros objetos, e retirou de lá várias folhas. Eram cartas datadas de à muitos anos atrás, antes de ela nascer e de a sua mãe sequer conhecer Hiashi.

Leu as várias cartas que, apesar de não serem muitas, tinham um conteúdo que ela nunca imaginara. Eram cartas para amigas, nas quais a sua mãe relatava várias viagens. Em algumas delas falava em regras que ela cumpria na perfeição e que não precisavam preocupar-se com ela, pois ela era e sempre seria uma delas. Reconheceu a caligrafia bonita e arranjada da sua mãe em várias das cartas, mas também havia outras, respostas misteriosas que sempre a alertavam para ter cuidado. Nunca era mencionado nenhum nome, excepto o do seu pai, que aparecera numa carta, a única que fora assinada, na qual ela relatava com conhecera aquele que pensava ser o homem da sua vida e que se calhar, iria para de fugir do passado e assentar vida com ele.

Observou todas as cartas, percebendo que a sua mãe tinha uma vida oculta da qual ela nunca soubera nada e que havia ainda mais segredos naquela casa do que ela inicialmente pensara. Passou a ultima folha e encontrou algo inesperado: uma fotografia. Era muito antiga e nela estavam cinco jovens mulheres. Reconheceu de imediato a sua mãe e apercebeu-se, com algum choque, que a mulher mais velha e loura abraçada a ela era Tsunade, a médica que tratava da enfermaria da escola. Não reconheceu qualquer uma das outras, então, virou a foto para procurar uma data, mas encontrou muito mais do que isso. Na parte de trás da fotografia, estava escrito, numa caligrafia que ela reconheceu imediatamente das suas aulas:

“Para que nunca te esqueças das tuas origens.

Kurenai”

Começou a ligar as peças, percebendo as iniciais utilizadas para assinar as cartas. K era Kurenai, H era Hikari e T era Tsunade. Lembrando-se das palavras da sua mãe naquela noite, percebeu que M poderia ser de Mikoto. Mas ainda restava o A, que ela não fazia a mínima ideia de quem fosse.

Era estranho pensar que a sua professora Kurenai e Tsunade tinham conhecido a sua mãe, aliás, não só conhecido como sido grandes amigas. Ela nunca soubera de nada e tinha quase a certeza que o seu pai também não.

Inicialmente, depois de ouvir as palavras do seu pai sobre ela ser como a mãe, pensara em pedir informações a Ino, uma vez que a rapariga sabia sempre tudo sobre a vida alheia, mas mostrara-se uma tentativa frustrada, uma vez que a sua amiga loura se limitara a dizer que era uma mulher linda e calma, mas muito suspeita, pois ninguém sabia nada sobre ela. Era uma atriz de sucesso e casara com um dos homens mais ricos do país, no entanto, o seu passado era uma incógnita e parecia sempre tão perfeita que todos pensavam que ela apenas usava uma mascara diária. Isso fora tudo o que Ino ouvira em rumores e não ajudou em nada a morena. No entanto, ela agora tinha nomes e, apesar de não fazer ideia de quem era de quem era Mikoto e A e ter um medo indescritível de Tsunada, não havia nada a impedi-la de tentar perceber o que se estava a passar através de Kurenai.

Com essa ideia em mente, levantou-se e vestiu a roupa mais comum que encontrou, sendo esta umas calças de ganga claras, uma camisola de gola alta de malha e um casaco creme escuro muito quente. Calçou umas botas polares que costumavam manter os pés quesntes e desligou a luz antes de sair do quarto e percorrer os corredores sombrios e vazios.

Crescera e aprendera quais os corredores vigiados e não vigiados. Não sabia se o seu pai estava em casa ou não, mas sabia vários caminhos de chegar ao seu destino sem passar pela porta do quarto principal da casa. Ao fim de cinco minutos e de vários desvios, finalmente chegou à porta das traseiras e abriu-a com a chave suplente que uma das mais velhas empregadas sempre deixava em baixo de uma planta achando que ninguém sabia. Saiu para o pátio e caminhou perto do muro, evitando as câmaras que vigiavam grande parte dos jardins e os caminhos principais.

Chegou por fim à frente de uma casa muito mais pequena que a mansão Hyuuga e bateu à porta. Esperou por uma resposta mas como esta não veio, entrou e percebeu que era um espaço amplo mas sem qualquer mobília ou divisões, havia apenas umas escadas em frente à porta e ela percebeu o que eles queriam dizer quando falaram em base subterrânea.

Desceu as pequenas escadas com cuidado, uma vez que estava escuro e quando chegou ao fim, deparou-se com uma porta trancada. Bateu novamente e assustou-se quando ouviu o barulho da fechadura a ser destrancada.

A primeira coisa que viu quando a porta abriu, foi uma mascara muito laranja e, mais atrás, um ser de cabelo branco a espreitar em alerta.

- Menina... – Começou Tobi, obviamente surpreso por a ver ali. Hidan atrás dele relaxou, mas manteve o seu olhar preso nela, procurando uma explicação plausível para ela estar ali. – Entre por favor. – Pediu o homem da mascara laranja, educadamente.

Ela fez como ele disse e deparou-se com vários membros da Akatsuki a observa-la atentamente.

O ambiente era muito escuro e pesado, com a mobília que era necessária. Não era um sitio pessoal e não tinha qualquer janela, tratava-se apenas de alguns sofás virados para a televisão que no momento estava apagada, uma mesa cheia de computadores e papéis que com certeza tinham algo haver com o trabalho deles, uma vez que os ecrã do computadores mostravam letras, gráficos e outras coisas esquisitas que ela não fazia ideia do que fossem, e um bar cheio de bebidas com alguns bancos à volta. Conseguia ver uma porta que dava para uma cozinha e outra para um quarto de banho e na parede contrária a essas portas havia um grande corredor que ela supunha levar aos quartos e às salas especiais como o pai lhe chamava. E ela só sabia da existência de tais salas porque o seu parente se queixara do quão dispendiosas elas tinham sido quando ainda estavam a ser construídas.

Kakuzu estava sentado em frente a um dos computadores com um prato de comida pousado na mesa, exatamente ao seu lado, cheio de comida. Hidan estava levantado, mas ela supunha que anteriormente estivera sentado no sofá a jogar xadres com Kisame, uma vez que este se encontrava com um tabuleiro à frente e sem parceiro aparente. Deidara e Sasori estavam sentados num sofá preto, ambos com papéis na mão que ela apostava que tinham algo relacionado com os negócios ilegais do seu pai. Itachi estava sentado à frente de Kakuzu com um computador à frente. Como a televisão estava ligada, ela supunha que este estava a ver televisão.

Todos os presentes se haviam focado nela e ela sentiu-se vacilar. Esperavam que ela dissesse alguma coisa e de repente, ela perguntou-se se tinha enlouquecido de vez e se era muito tarde para correr para o seu quarto como medricas que realmente era. Mas era demasiado tarde, percebeu isso quando olhou para os homens e assassinou que a encaravam à espera do seu próximo movimento.

Sabendo que não conseguiria falar em frente a tanta gente e sentindo-se demasiado intimidada com os olhares que estavam fixados em si, limitou-se a virar-se para Itachi.

- Tens um momento? É importante. – Ela pensou ter visto um sorriso travesso passar pelo rosto de Deidara e com certeza viu um esboçado em Kisame, ou pelo menos ela achava que aquilo que ele fizera com os dentes era sorrir. O Uchiha ergueu uma sobrancelha, descrente, antes de acenar positivamente e lançar um olhar aos restantes que os fez voltar às suas posições iniciais, que ocupavam antes de ela ter chegado. Ele apanhou num casaco que estava pousado nas costas da cadeira que ocupava e fez-lhe sinal para subirem, pensando obviamente que aquele não era o local indicado para ela estar por mais um segundo que seja.

Ele cedeu-lhe passagem escadas a cima e ouviu os seus passos atrás de si e o som da porta a fechar-se atrás deles.

Quando chegaram ao cimo, ambos pararam e ela olhou ao seu redor, procurando qualquer vestígio de câmaras.

- As câmaras da base são controladas por nós. – Disse ele.

Ela olhou-o por um segundo, envergonhada por ser tão fácil de decifrar. Percebeu que apear de ser de madrugada, tanto ele como os outros membros da organização se encontravam completamente vestidos. Ele esperou pacientemente que ela falasse e quando ela finalmente encontrou coragem para isso, os seus olhos brancos encontraram os negros dele.

- Eu preciso encontrar alguém e falar com essa pessoa.– Murmurou, apertando a carteira que continha as coisas da mãe com a mão direita. – É urgente e, como é óbvio, não consigo faze-lo sozinha.

- Lembraste-te disso às três e meia da manhã? – A sua face encontrava-se tão vazia e inexpressiva como sempre, mas ela pensou ter visto um pequeno brilho momentâneo de divertimento a passar pelo seu olhar.

Ela olhou para os pés, obviamente envergonhada.

- O meu pai não pode saber. – Foi a sua explicação sincera.

Ficaram vários minutos em silêncio e ela temeu que ele lhe dissesse que não e a mandasse para a cama como uma criança mal comportada, ou que pior, fosse contar todo este episódio ao seu pai e ai ela nunca mais teria qualquer liberdade ou oportunidade de saber o que se tinha passado com a sua mãe e as amigas e o segredo que elas tanto tentavam esconder. Era óbvio que sair no meio da noite às escondidas seria considerado um comportamento inapropriado e indigno de uma Hyuuga e ela seria castigada por ele.

Ao fim de cinco minutos de puro nervosismo por parte dela e de inexpressividade e apatia por parte dele, ela já começava a pensar em simplesmente pedir imensas desculpas pela ideia idiota e simplesmente voltar para o seu quarto e esquecer toda aquela loucura, no entanto, ele surpreendeu-a ao acenar afirmativamente e lhe fazer sinal com a cabeça para a seguir na direção de uma porta contrária à que ela tinha utilizado para entrar na base. Deparou-se com uma grande garagem cheia de carros da mais alta gama, a maioria deles sem qualquer matricula, o que a levava a pensar que eram utilizados nos assuntos ilegais.

O Uchiha dirigiu-se em passos largos e rápidos até um carro preto com vidros escuros que não deixavam ver nada para o seu interior. Ela não percebia nada de carros, mas tinha a certeza que era de uma marca caríssima. Ela seguiu e perante o silencio, acabou por entrar e se sentar ao lado dele, no lugar do passageiro. Fechou a porta e viu o moreno tirar um computador de um compartimento secreto. Abriu-o e mexeu nele com uma rapidez e agilidade que ela nunca tinha presenciado. Depois, levantou os olhos e observou-a, antes de de perguntar, na sua voz máscula, rouca e séria:

- Preciso do nome da pessoa que procuras.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então? Mereço reviews? Façam a escritora feliz, por favor! :D
Beijinhos.



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