Speranza escrita por Hikaru_S_River


Capítulo 2
A esperança do reencontro.


Notas iniciais do capítulo

Allen Walker x Lucy Watter.

Lucy - By Yuu-chan10



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A esperança do reencontro.

Allen x Lucy.

A gritaria poderia ser ouvida a quilômetros de distancia. Todos riam, gritavam e conversavam exaltados, animados por estarem tendo uma festa como aquela após tanto tempo imersos em lutas que só traziam desgaste e desolação. Não imaginaria nunca que estiveram preparando uma festa daquele tipo para mim, não após tantos momentos de tensão que passamos graças ao 14th.

                Fui encarcerado, titulado como traidor, colocaram minha cabeça a prêmio e talvez tantas outras coisas que preferi não saber para que a decepção maior não surgisse, mas mesmo assim se não fosse pela confiança que Lucy tinha em mim e pela esperança de meus companheiros eu jamais teria voltado àquele local que sempre dizia ser meu lar com um sorriso no rosto e certo de que voltara para ficar.

“Allen-kun?”, a voz de Johnny me fez virar e encará-lo com uma expressão simples.

“Oi, Johnny! O que foi?”

“Não quer tomar alguma coisa, não?”

“Acho que vou dar uma volta pela Sede, afinal, faz tempo que não venho aqui.”, respondi sincero.

“Certo, mas não demore. Ok?”, o vi sorrir e acenar, logo dando as costas e voltando para dentro.

                Voltei meu olhar para frente da varanda e me peguei observando o céu estrelado da madrugada, enquanto o ar frio batia em meu rosto rosado pela baixa temperatura, fazendo com que meus pelos se arrepiassem levemente. Observei ao redor e vi o pátio da catedral vazio, entregue as luzes da lua cheia que esquentavam levemente o piso antigo e esquecido pelo passar dos anos. A fonte no meio do pátio jorrava a água com certa dificuldade, enquanto as plantas grudadas em seu material se encharcavam graças a água que transbordava da cuia maior.

                Não pensei duas vezes para pular dali e chegar até o solo desbotado. As vozes já estavam mais baixas e calmas a medida que me afastava um pouco daquela barulheira toda. Claro que eu gostava de ver o carinho de todos por mim, mas do que adiantaria quando meu coração sentia-se fraco e sofrido, enquanto a solidão ainda brincava com ele sem piedade, o comprimindo a cada minuto que passava.

                Eu tinha que me manter forte, eu precisaria, não por Mana ou por mim, mas por ela. Eu precisava ter esperanças antes que tudo desabasse novamente e meu corpo sucumbisse a perda de mais uma pessoa que eu amava. Não. Eu não havia a perdido e tinha de me encorajar que aquilo era verdade. Puxei o ar com força, me agachando próximo a um canteiro de flores, observando o orvalho presente em cada folha e pétala daquela rosa branca. Tão branca quanto os cabelos dela, de minha amada Lucy. Estiquei minha mão em direção aquela bela flor, desejando que por alguma peça do destino fosse ela quem eu alcançasse.

“Nii-san?!”, uma voz feminina soou atrás de mim.

                Minha mão permaneceu parada no ar enquanto sentia meu coração falhar em uma batida. Não era possível. Eu estava sonhando, só podia estar. Temendo virar e me deparar com o vazio e a escuridão da noite, resolvi levantar lentamente e retornar meu corpo aquela posição cauteloso, temeroso por ser pego por mais uma das peças que minha mente cansada gostava de pregar nos últimos tempos.

                O tempo parou no instante em que eu a vi em pé a minha frente, parada com seus cabelos compridos e esvoaçantes graças ao vento gélido da noite. Seus olhos azuis eram como duas safiras que me entorpeciam sem qualquer empecilho, me fazendo permanecer vidrado naquela imagem tão bela e ao mesmo tempo inocente. Lá estava ela, parada, sorrindo enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto e foi ao reparar nas lágrimas dela que reparei nas minhas, deslizando sem qualquer pudor pelas minhas faces.

                Lucy estava crescida e seu corpo de menina se transformara num lindo corpo de mulher. As curvas mais torneadas e definidas, assim como suas expressões faciais que não perdiam o ar de menina, mas tinham traços mais velhos. Nossa, como ela estava linda.

“Lucy...”, foi a única coisa que consegui sussurrar antes de correr em sua direção.

                Não liguei se minha atitude era desesperada ou não, apenas corri. Corri para os braços da mulher que eu amava e sem pensar uma segunda vez a abracei e a ergui para o céu, exibindo-a para as únicas testemunhas daquele momento importante e feliz da minha vida, a lua e as estrelas. Ela era minha pedra preciosa, minha pequena garota da qual eu me orgulhava intensamente e sem qualquer vergonha. Após aqueles últimos meses longe dela percebi que não conseguiria mais viver sem sua presença, sem seu sorriso e sem o seu calor. Eles eram minha fonte de energia para me manter em pé e me fazerem seguir em frente sempre.

                A segurei em meus braços enquanto afundava meu rosto em seu busto, deixando que as lágrimas escorressem livremente enquanto a sentia soluçar e se agarrar a mim com mais força. Era verdade, ela estava ali comigo. Eu podia sentir sua maciez, seu calor, seu corpo próximo ao meu. Lucy estava ao meu lado novamente.

“Nii-san! Eu estava com tanta saudade!”

“Você não imagina o quanto, Lucy!”

“Desculpa... Desculpa. Desculpa!”, a escutei pedir em meio aos soluços.

“Shh... Tudo bem...”, sussurrei enquanto a descia para o chão e a pousava a minha frente. Levantei minha mão em direção a sua face a tocando de leve, acariciando-a com delicadeza enquanto aproveitava a sua sensação morna. “O que aconteceu? Por que estava longe?”

                A vi se afastar um pouco e puxar o ar para começar a me narrar o que acontecera enquanto estava fora. Nossa, como ela crescera e como ficara ainda mais bonita com o passar dos anos. A luz pálida da lua a iluminava, criando uma aura mágica ao redor daquela albina louca que fazia questão de me deixar mais louco ainda por ela a cada instante que passamos juntos.

“Depois que você partiu para os Estados Unidos, começaram a acontecer algumas coisas. Minha Innocence teve alguns problemas e acabei contraindo uma doença desconhecida. Eu fiquei entre a vida e a morte durante alguns meses, mas não pude contar a ninguém. O próprio Bak-san e Komui-san me pediram para não revelar nada a ninguém. E também... Não queria preocupá-los. Mas eu já estou bem!”, aquilo me causou um arrepio mortal, além de me magoar profundamente. E se ela...

                Permaneci parado ainda absorvendo aquelas informações. Como assim ela estivera entre a vida e a morte e o Komui não havia dito nada? E se ela tivesse morrido? Ele me contaria? E no fim, o que aconteceria comigo se ela...? Agarrei as minhas mãos, as apertando com uma força que as fez começar a sangrar aos poucos tamanha a raiva e o desespero que me assolavam pouco a pouco.

“Nii-san!”, o grito de Lucy me tirou do transe e logo em seguida a vi tirar um lenço do bolso e pegar minha mão. A vi passar o lenço com cuidado, mas não posso dizer que estava sentindo o ardor. Não quando toda a minha concentração estava em outro lugar.

“Eu não acredito, Lucy! Você não pensou no que eu...”, minha expressão alegre mudou rapidamente para uma de desaprovação.

“Eu sei! Eu pensei em falar só para você, mas... Acabei sendo mandada para a Sucursal Asiática logo depois, onde o Bak-san cuidou de mim... Ainda tenho de continuar o tratamento, mas quando soube que você estava voltando tive de vir também. Nii-san...”, a senti segurar meu rosto firmemente e me fazer fitá-la, mas sem sucesso.

Eu ainda não queria conversar, não quando estava estranhamente irritado com toda aquela conversa. A escutei me chamar baixinho novamente e aquilo foi o suficiente para fazer com que eu me virasse e encontrasse com seu olhar marejado junto a face rubra. Engoli em seco ao perceber o quão próxima ela estava de mim.

“Não faça isso Lucy. Assim eu não vou me segurar.”, foi o que pensei.

                Não dissemos nada por alguns minutos, não precisamos. A puxei para mim e a abracei com força contra o meu corpo. Nem gostaria de pensar naquela possibilidade, não quando a agarrara novamente.

“Lucy.”, a chamei sério.

“Sim?”

“Você vai me prometer uma coisa.”

“Ha-Hai, Nii-san...”, a senti estremecer em meus braços.

“Eu vou te acompanhar em todos os testes e quero saber de tudo sobre o progresso do seu tratamento, está me ouvindo?”

“Mas...”

“Lucy!”

“Sim, Nii-san.”

“Allen.”

“Hã?!”

“Me chame de Allen. Não nos vemos mais como irmãos, não é?”, sorri suave para ela.

“Ha-Hai, A-Allen...”, a vi virar o rosto sem graça para o lado.

                Sorri gentil para ela, puxando seu rosto em minha direção enquanto a observava com carinho. A vi fechar os olhos à medida que me aproximava de seu rosto, me fazendo desfrutar daquela imagem tão inocente e graciosa. A vi corar e a senti estremecer sob meus braços para logo perceber que aquela era a deixa para colar meus lábios aos dela. Enlacei sua cintura com cuidado e a puxei para mim, enquanto a beijava com leveza, ansiando pelo seu sabor e seu calor contra meu corpo novamente.

                Finalmente meu medo esvaía-se, dando lugar a esperança que um dia achava ter perdido e que só ela poderia me devolver com seu olhar e seu sorriso. Estávamos juntos novamente e daquela vez seria para sempre.


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Notas finais do capítulo

Yuu-chan, o que achou?
Beijos.



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