O começo do nosso namoro me parecia normal, como deve ser em todos os namoros.

Queríamos nos ver sempre, mal conversávamos só nos beijávamos.

A questão é que com toda essa pegação o clima foi esquentando. A Milena sempre se esquivava de mim, mas até que eu levava numa boa. Porém um dia no carro dela foi muito complicado.

Estava uma chuva terrível e não tinha nem sinal de ônibus. Ela me ofereceu uma carona e eu aceitei. Quando chegamos à minha casa ficamos um tempinho a mais no carro namorando. Aí que o bicho pegou, ou melhor, quase pegou.

No meio de um beijo daqueles eu acabei colocando a minha mão no seio da Milena. Juro que tive vontade de pedir desculpas, mas tive uma reação completamente contrária. Peguei a Milena e a sentei no meu colo. Estava bem evidente o estado que eu estava e tenho certeza que ela sentiu, porque apesar de parecer estar gostando tanto quanto eu do que estava acontecendo, pude ver que ela tentou se afastar, mas eu não deixei.

Segurei-a ainda com mais força perto de mim, queria que ela sentisse o que estava fazendo comigo.

 - Fábio, é melhor parar.

 - Logo agora que está ficando bom você quer parar?

Eu continuei beijando, acariciando, a fazendo sentir minha excitação. Via que ela queria ir adiante, mas por algum motivo tentava me barrar.

 - Poxa Mi, você também quer, ta na sua cara, porque está tentando me parar?

 - Eu quero sim, mas não aqui, assim, dentro de um carro. Queria algo mais romântico.

Então era isso. Só me faltava o lugar. Eu também fui muito sem noção, admito. Seria a primeira vez da Milena, era de se esperar que ela tivesse idealizado aquele momento. O problema seria encontrar naquela hora um lugar adequado.

 - Bem, já chegamos melhor eu ir embora. – disse ela sem me encarar, estava envergonhada.

 - Ir embora? Você vai mesmo me deixar assim? – disse apontando para minha calça.

 - É o jeito, desculpa, mas aqui não vai rolar.

Ela voltou pro banco do motorista e demos um beijo rápido. Sai do carro e entrei em casa. Por sorte minha mãe não me viu chegar, porque não sei que desculpa daria pro estado em que eu e meu amigo aqui nos encontrávamos.

Tentei me controlar e voltar ao normal, mas não conseguia, não tirava a imagem de nós dois no carro. Tive que tomar banho de água gelada.

Até funcionou, mas durante a noite sonhei várias vezes que havia terminado o que comecei naquele carro.

No dia seguinte quando nos vimos percebi que ela ficou meio sem graça, mas nada de absurdo. Queria tocar no assunto com ela, mas não sabia como.

No intervalo da aula então a levei a cantina e sentamos em uma mesa afastada, onde não pudessem ouvir nossa conversa. Então comecei a falar.

 - Desculpa por ontem, mas tenho que admitir que a cada dia está sendo mais difícil me segurar.

 - Não precisa se desculpar, eu também tenho vontade, mas lá não era o lugar né Fábio?

 - Fala sério Mi, só foi isso que impediu de você deixar rolar? O lugar?

 - O que você quer dizer?

 - Por exemplo, se não tivesse ninguém na minha casa e eu tivesse te chamado pra entrar, tinha rolado?

Ela ficou por alguns instantes em silencio e de cabeça baixa, mas respondeu.

 - Provavelmente sim.

Era isso que eu precisava saber. A Milena queria transar tanto quanto eu, mas ela queria algo mais... Romântico como ela mesma havia dito e eu podia resolver isso.

 - Quer tentar deixar rolar no fim de semana?

 - Fim de semana?

 - É. Minha mãe vai visitar uma tia que está doente e eu vou ficar sozinho em casa.

 - Tem certeza?

 - Tenho, ela já confirmou tudo, até já comprou a passagem do ônibus. A casa vai ficar só pra mim. Só pra nós dois se você quiser...

Apesar do rostinho envergonhado pude ver os olhos da Milena brilhar. Ela havia gostado da idéia e eu também, claro.

 - E aí Mi? O que me diz?

 - Sábado que horas?

 - Ela vai sexta à noite, você pode ir o horário que quiser.

 - Certo, passo na sua casa ás 19hs00 então.

Estava tudo correndo bem, agora era esperar pelo sábado.

Diga-se de passagem, aquela semana custou a passar, mas valeu por cada dia quando acordei e olhei no celular e vi que enfim o sábado havia chego.

Minha mãe sempre me ensinou a dar um trato na casa, pra dar uma força pra ela. A casa era simples, mas arrumada. O que me preocupava mesmo era o meu quarto.

Fiquei mais de uma hora dando um trato nele pra deixá-lo no jeito. Não que ele fosse uma bagunça completa, mas não queria assustar a Milena, se fizesse isso ela não voltaria mais e com certeza eu não queria isso.

Fui à farmácia e comprei várias camisinhas. Eu ainda tinha algumas em casa dos meus tempos de balada com os amigos, mas estavam lá há tanto tempo que não quis arriscar.

Conferi tudo por pelo menos três vezes, meu quarto, a casa em si, tudo estava em ordem. Tomei um banho, fiz a barba de três dias e coloquei um perfume que sei que a Mi curtia. Agora era só esperar dar 19hs00. Ainda não eram nem 18hs00.

Liguei o rádio e coloquei um CD qualquer. Pelas minhas contas até ele acabar já teria dado o horário.

Estava viajando no som quando a campainha de casa tocou. Eram 18hs50. Olhei pelo olho mágico e vi a Milena do outro lado da porta. Na hora meu amigo aqui deu sinal de vida, mas eu não queria que ela visse, pelo menos não tão de cara assim.

Concentrei-me em qualquer coisa e abri a porta. Pra minha sorte ela não percebeu nada.

 - Cheguei cedo né? Desculpa, mas não tinha transito.

 - Desculpa? Assim que é bom, temos mais tempo juntos. – disse a abraçando pela cintura e a trazendo pra mais perto de mim.

Estava calor e ela estava com um vestido de um tecido bem levinho. Enquanto ela colocava a bolsa no sofá eu a examinei de cima a baixo.

Finalmente ela estava ali e só pra mim. Aquela noite prometia.