Confissões escrita por Neline


Capítulo 1
Set Fire To The Rain - O Último




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http://www.youtube.com/watch?v=rWwheYzA2QA&feature=related // Set Fire to The Rain - Chuck and Blair Fanvideo

São 20:31 de um sabádo, e você saiu há alguns minutos atrás. Foi se divertir com os amigos em alguma festa aleatória. Eu fiquei aqui, com o coração na mão, fadada a passar mais uma noite pensando no que você está fazendo, com quem...  E eu me perco em pensamentos abstratos que tanto tento combater, de dor, de medo, de inseurança. Mas eu nunca fui insegura! Sempre fui um poço sem fundo de auto-confiança... até você aparecer e virar meu mundo de cabeça para baixo. Você colocou a prova minhas convicções, mudou todos os meus planos, abalou minha indiferença, e derreteu meu coração congelado. E fez isso para que? Para me magoar? Para sentir o prazer de ver lágrimas escorrerem pelo meu rosto? 

Eu não vou mentir, ser hipocrita ao ponto de dizer que não houveram sorrisos compartilhados ou momentos de eternidade que chegam a assustar nosso coração, tão acostumado um a fugacidade desses sentimentos passageiros e superfíciais que nos cercam. No inicio desse ano, eu havia prometido a mim mesma: nada mais de coração partido. E ai você voltou das cinzas, como uma Fenix magestosa. Nós ficamos naquele caso confuso de amor sem certeza por 3 meses. Com ciúmes, com vontade, com dor. Com ódio. Eu havia prometido, para mim mesma, que não me apaixonaria de novo, que não entregaria meu coração em  bandeja de prata para alguém destroça-lo. Mas o que valia minha promessa, enfim, diante dasegurança das suas palavras? Você me fez lutar contra mim mesma, contra meu medo de sentir mais do que eu posso controlar. Por você, eu passei por cima dos meus limites, do meu pânico de compromisso. Eu esperei o seu "Quer namorar comigo?" como uma criança espera o presente de Natal. Eu disse "Sim é o suficiente?" com a ansiedade de um preso que está prestes a correr na grama novamente. "Faça algo mais teatral". E eu senti. Senti aquele seu tom brincalhão que me deixava tão a vontade. "Oh, amor da minha vida, eu aceito passar o resto dos meus... não, isso não sou eu", e uma gargalhada. Daquelas que eu só consigo dar quando é você o motivo. Isso é tão injusto, pois é minha gargalhada mais linda e pura. E sincera. Porque sem você nada tem graça, então eu forço um sorriso para fingir que estou bem. Para fingir que não estou morrendo por dentro a cada dia que não posso te chamar de meu.

Mas eu já pude te chamar de meu. É isso que mantem uma chama de felicidade, mesmo que pequena, acesa no meu peito. Só que nós dois sempre fomos e voltamos. E terminamos e voltamos. Eramos nós e eramos eu e você. E a cada vez, eu gritava para os 7 mares "Dessa vez não tem volta! Eu vou ser feliz! Eu preciso aprender ame fazer feliz". Mas era mentira. Você dizia que me amava e eu já era sua de novo. Eu nunca deixava de ser sua. Não importa quantas vezes dissesse que havia te superado, mentia em cada uma delas. E ainda minto! 

Quando você olhou para mim, com aqueles olhos castanhos que eu tanto amo, e disse que "nós não estávamos mais dando certo", doeu tanto que eu nem consegui formular uma resposta decente. Minha alma havia ido embora e cada vestígio de felicidade sumira de mim. Eu passei a viver pelos outros, sabendo que os únicos momentos em que era eu mesma eram os em que eu chorava olhando sua vida de longe e vendo os relances da sua felicidade. Você estava muito bem sem mim, como eu não conseguia ficar. Tinha que te esquecer, seguir minha vida. Não era o primeiro garoto que eu amara, e não seria o último. Eu comecei meu processo de desintoxicação dessa droga demoniaca chamada "amor". Rasguei suas fotos, nossos históricos de conversa foram direto para a lixeira, seus sms foram cruelmente deletados. Mordi os lábio e disse pra mim mesma, baixinho, “não chore”. Ai eu ri da irônia de tudo, da dor boba de tudo. Andando em círculos, tentei sentir alguma coisa, porque nem a palavra “dor” tem o significado para o que estou sentindo. Agarro a carta de cinco folhas com declarações amorosas, que fiz para o nosso aniversário de namoro. Penso que, se rasgar, vai ser como rasgar meu coração junto. Mas que coração?  Mesmo assim, não arrisquei. Guardei a carta no fundo da gaveta.

"Sei lá, as vezes acho que fomos feitos um para o outro", você me disse quando eu estava quase jogando a dor para o espaço. E ela estava eu novamente, tão sua que nem sabia mais quem eu era. E me senti tão importante com seu ataque de ciúmes pela tarde. Me senti sua de novo. Sem ser sua, é como estar perdida. Agora, você sumiu. Prometeu mandar noticias, dizer como estava a esta,mas provavelmente está se divertindo demais para lembrar que eu existo. Mesmo assim, mantenho a esperança. Chequei o celular, jogada no sofá, mais uma vez. E nada. E chequei o e-mail. E nada. E chequei todo o espaço cósmico de comunicação. E nada. Me senti boba. Empurrei o chocolate para o lado. Eu não poderia me dar o luxo de engordar mais ainda, competindo com aquele monte de modelos magérrimas que a gente vê por ai. Pra que sentir tanta sua falta, sendo que você nunca esteve por perto? Por que minha memória corre atrás de cada um dos nossos bons momentos e esquece todos os ruins? Era como se tudo conspirasse contra mim: até as músicas melosas que se esgueiravam pelo meu cérebro, grudavam lá e não queriam mais sair. E todos me perguntam “por que ele?”. Dou de ombros, pois não sei a resposta. Não sei porque minha vida tem mais sentido quando está amarrada com a sua, ou porque até suas palavras mais ríspidas tem um som tão doce. Uma parte de mim até entendia sua indiferença. Com tanta mulher bonita e divertida por ai, descomplicadas e influenciáveis, não tem mesmo motivo algum para alguém correr atrás de mim, com esse monte de defeitos que eu não faço questão de esconder.

Agora, o silêncio está gritando tudo que eu tento evitar. Sua indiferença. Eu tento gritar de volta, que não me importo, que não me machuca. Mas estou sozinha aqui e não consigo me enganar. Você nunca falou de mim para seus amigos, como eu fiz. Você nunca derramou uma lágrima por mim, como eu fiz inúmeras vezes. Eu te ofereci meu coração, logo depois de você te-lo quebrado eeu o concertado novamente. E você o partiu de novo. Ainda te amo. Não consigo parar de te amar. Mesmo que eu deixasse de sentir, você ainda estaria nas minhas veias, impregnado em cada uma das minhas células. Dizem que amor verdadeiro se encontra uma vez na vida. Pena que o meu seja você, e o seu... qualquer uma. 

Mas admita, você precisa de mim. Você me quer. Jamais vai deixar com que eu seja de outro.  Nem que para isso tenha que renovar promessas falsas de um "pra sempre" que nunca será nosso. Não importa. Me iluda. O vazio que você deixa quando não está é pior do que a dor de quando me deixa ir.

Digo pra todos que te odeio, que quero que você morra. Talvez seja verdade. Só que a linha entre amor e ódio é tênue, e se você morresse, eu aprenderia o caminho do Inferno para lhe fazer companhia.

Nova York, dia 03 de Setembro de 2011, 21:56.

Forever missing you, Blair Waldorf.


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Notas finais do capítulo

Desabafei.



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