Sakura Haruno.

Acordei com os raios de sol batendo diretamente em minha cara por causa da cortina mal fechada. Esfreguei os olhos e os abri vagarosamente me acostumando a luminosidade. Levantei da cama meio cambaleante por causa do sono, tomei um banho, coloquei uma roupa e uma maquiagem simples e desci para o café da manhã.

Eu estava sem fome e peguei apenas um copo de iogurte enquanto procurava uma mesa para me sentar. Olhei por volta do restaurante e notei que Sasuke e o pessoal da banda estavam todos em uma mesa só e vi que junto deles havia um lugar sobrando.

Pensando amenizar a situação constrangedora de ontem a noite resolvi me juntar a eles e sentei na cadeira que estava justamente na frente da de Sasuke.

- Bom dia. – cumprimentei sorridente recebendo uma resposta em uníssono de todos da banda menos do moreno.

- Estávamos aqui falando sobre... – ele fingiu pensar. – como é ter o coração partido e escrever letras inspiradas em alguém que nem conhecemos. – ele debochou, mas ninguém riu.

- Está tirando com a minha cara, Sasuke. – não era uma pergunta e eu senti meus olhos aos poucos encherem-se de lágrimas.

- Hm, deixa eu ver. É, eu estou. – ele gargalhou mantendo seus olhos fixos em mim.

Encarei-o da mesma forma, não era hora de abaixar a cabeça, não para ele. Levantei da cadeira e saí do restaurante. Ainda consegui ouvir o baterista dizer algo como “você é muito idiota, cara”, mas nem pensei em voltar e concordar com isso, apenas segui o meu caminho para o meu quarto.

Sasuke Uchiha

Eu deveria ter concordado com ele quando disse que eu era um idiota. Eu não deveria ter tratado Sakura estupidamente como fiz há pouco. Eu tinha errado com ela mais uma vez e não pude deixar de não me arrepender por ter falado sobre a letra que ela fez. A música era perfeita.

Ver as lágrimas banharem aqueles olhos incrivelmente verdes por minha culpa me fez ter vontade de voltar apenas alguns minutos no tempo e mudar a conversa para um elogio à sua letra.

Mais uma vez estou eu trancado no quarto andando de um lado a outro pensando na melhor forma de consertar outra burrada que fiz a Sakura.

Pensei em repetir os passos do dia anterior e ir até a sua porta, porém achei mais apropriado descer para o bar do hotel e encher a cara.

Servindo-me de mais uma dose de uísque, peguei um papel e uma caneta e decidi tentar escrever algo que prestasse enquanto bebia.

- Afogando as mágoas na bebida. – ouvi uma voz melodiosa cantar ao pé do meu ouvido envolvendo meus ombros em um abraço.

- Ino, o que faz aqui? – preocupei-me por vê-la no bar sabendo que a sua fraqueza era justamente o produto mais comercializado por ali.

- Vim saber o que aconteceu. – ela sentou-se ao meu lado esperando que eu lhe contasse.

- A fama e o amor não convivem. – eu disse perdido nos meus pensamentos.

- Só se você não quiser. – Ino disse, seus olhos azuis me fitando. – É a Sakura não é?

- Sim. – concordei brincando com a caneta entre meus dedos.

- Você gosta dela. Mas isso só dará certo quando você mesmo admitir que é verdade. – ela sorriu.

- Eu gosto dela. – confessei, as palavras saindo mais fácil do que eu imaginava.

- Não pra mim, Sasuke. – ela riu. – Diga a ela.

Fiquei pensando sobre o que ela disse enquanto a via sair do bar e caminhar em direção ao elevador.

Li e reli a letra quase acabada analisando o quão boa havia ficado, modéstia à parte. Joguei a caneta dentro do bolso da minha jaqueta e subi para o meu quarto.

Sakura Haruno

Passei o resto da manhã com a televisão ligada em um canal de músicas. Tentei me distrair para não pensar no quanto doía lembrar das palavras de Sasuke no café da manhã. Ele riu da minha cara na frente de todos os integrantes da banda. Seu olhar frio e a sua expressão debochada não podiam resultar em outra coisa a não ser nas lágrimas teimosas em aparecer em meus olhos.

Chorei. Chorei por Sasuke Uchiha e eu ficava brava só por lembrar. Perto do meio dia ouvi algumas batidas na porta do meu quarto e, quando pensei em ir abrir, vi uma folha de papel dobrada escorregar por debaixo dela.

Fui pegá-la e voltei sentar em minha cama para abri-la, corri os olhos para o que estava escrito e não contive a vontade de ler em voz alta alguns trechos.

Tudo o que eu posso ouvir no silêncio que permanece

São as palavras que eu não pude dizer.

Quero que cante esta música no show hoje à noite, cantarei a sua. Teremos tempo para ensaiar, mas aposto que fará melhor do que nunca.

Me desculpe Sakura, nos vamos na van.

Sasuke Uchiha.

As primeiras linhas pertenciam à música que ele havia escrito e que, sem dúvidas, havia ficado muito boa. E as últimas linhas um pedido de desculpas um tanto diferente, mas que acabou me surpreendendo.

Sorri com o pensamento pegando a minha bolsa e descendo para pegar a van e irmos ao local do show em Dallas.