All Night Long escrita por tati_surou


Capítulo 9
Capítulo 9




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Era difícil de explicar o estado em que se encontrava na quinta de manhã, quando acordou sentindo que cada vez que tocavam a campainha sua cabeça parecia ser jogada contra uma parede. Pensou sinceramente em alevantar e ir mandar quem quer que fosse ir pastar, mas desistiu assim que tentou se erguer.

Aquilo era um castigo, pensou. E estava merecendo. Podia pelo menos ter bebido o suficiente para que esquecesse o que havia feito assim que chegara em casa, mas lembrava. Não de tudo – lembrava de ter ligado para ChanSung e discutido com ele e lembrava de ter dito algumas coisas que não deveria, mas não conseguia lembrar com precisão da conversa. O que era ainda pior do que lembrar de tudo, porque nem ao menos sabia direito pelo que ele deveria tentar se desculpar.

Sabia que existia a hipótese de as coisas com Jay ficarem um pouco complicadas, mas tinha quase certeza de que quando se vissem novamente estaria tudo bem. E mesmo que não estivesse não era nada que eles não pudessem resolver. Com ChanSung, porém, era diferente. Sentia que dessa vez realmente tinha feito merda e que, mesmo que ele precisasse somente de uma gota para desencadear a tempestade, aquele telefonema tinha sido um verdadeiro oceano.

Ficou deitado por um tempo, imóvel, até que conseguisse se sentir melhor. Fisicamente melhor, pelo menos. Mentalmente ele se sentia um lixo e sabia que aquela sensação dificilmente passaria.

Um tempo depois, estendeu o braço até o telefone e discou o número do celular de Jay.

- A bela adormecida finalmente acordou? – o mais velho disse, assim que atendeu.

- Jay... – ele resmungou, surpreendendo-se com o tom rouco de sua voz. – Eu agradeceria se você falasse o mais baixo possível. Estou com uma dor de cabeça infernal.

- Não entendo o porquê, já que você nem ao menos estava bêbado, ontem – ele respondeu, em tom de brincadeira, mas baixando consideravelmente o volume de sua voz. Isso provavelmente indicava que ele não estava mais irritado.

- Haha, muito engraçado.

- Eu acabei de voltar daí. Fiquei tocando a campainha por um bom tempo, me admira o fato de que você não tenha acordado.

- Eu acordei, mas simplesmente não pude me levantar.

- Você está melhor agora? Quer que eu volte?

TaecYeon suspirou.

- Estou melhor, eu acho, mas agradeceria se você viesse do mesmo jeito.

- Tudo bem, estou indo.

- E, Jay? – chamou, antes que ele desligasse.

- O quê?

- Eu... não lembro exatamente o que foi que eu disse, ontem, mas me desculpe de qualquer forma. No mínimo por eu ter feito um porre ao invés de comemorar a sua volta da maneira que eu deveria.

- Ah, esquece isso por enquanto. Quando você estiver se sentindo melhor a gente conversa.

- Ok – ele respondeu, se sentindo aliviado.

Pelo menos as coisas com Jay pareciam estar normais. Não se sentia uma pessoa melhor por causa daquilo – bem pelo contrário, aliás – mas estava agradecido por ter uma coisa a menos com a qual se preocupar.

Enquanto Jay não vinha, aproveitou para ligar para JunSu, no escritório. Sabia que lá vinha uma bronca, mas ainda era melhor do que simplesmente não aparecer para trabalhar. Aquilo JunSu nunca perdoaria.

- Eu estava mesmo me perguntando onde você se meteu.

- Ninguém mais diz “alô” quando atende ao telefone? – ele perguntou, soando exasperado.

- Hm... acho que não. Pelo menos não depois da invenção do identificador de chamadas. E então? O que aconteceu?

- Não vou nem tentar mentir pra você. Estou de ressaca.

JunSu riu.

- A comemoração com Jay foi tão intensa assim, noite passada?

- Que comemoração? Minha ressaca é alcoólica, mesmo.

O mais velho ficou em silêncio por alguns segundos. – Se me dissessem, eu não sei se seria capaz de acreditar nas besteiras que você faz, Taec. Mas como eu já estou acostumado, não tenho mais nem forças pra duvidar que isso seja verdade.

- Eu liguei pra ele, ontem, depois que Jay saiu irritado daqui porque eu estava bêbado – ele despejou, sentindo que não aguentaria se não falasse com alguém sobre aquilo. Mesmo que fosse somente para ouvir uma bronca. Ele estava precisando.

- E aí? Resolveram a situação? – JunSu perguntou, sem se dar ao trabalho de fingir que não havia entendido que TaecYeon estava falando de ChanSung.

- Não... Eu tenho a impressão de que ele desligou na minha cara, depois de alguma merda que eu devo ter dito... – ele esfregou os olhos com força – Mas eu nem lembro o que foi. Eu acho que terminamos, quero dizer, o pouco que ainda havia para acabar.

- Você já tentou ligar pra ele?

- Não. Jay já vai chegar... e, de qualquer forma, eu sei que ele não vai atender. Ele já não atendia, antes.

- É, mas ontem ele atendeu.

- E eu acho que ele estava com alguém. Eu não lembro que ele tenha confirmado nada, mas tenho a impr-

- Bem, o que você esperava? – ele interrompeu, rispidamente. – Que ele estivesse parado ao lado do telefone, esperando você ligar?

- Não deixa de ser uma boa ideia.

- Posso ver por que ele desligou na sua cara. Eu teria feito o mesmo. Aliás, qualquer pessoa minimamente sensata teria.

- Eu queria que ele me desculpasse, mas eu sequer lembro o que foi que eu fiz. Estou ficando louco. Você tinha toda a razão, desde o começo. Não aguento mais essa situação, e também não me vejo tomando nenhuma atitude. Vou acabar sem nenhum deles, e sem ter como reclamar, porque vai ter sido tudo culpa minha.

JunSu soltou uma risada breve.

- Se você quer alguém que discorde e diga coisas pra te animar, sabe que ligou para a pessoa errada. Sim, Taec, a culpa é sua. Só que não adianta você ficar se queixando e continuar fazendo as mesmas coisas.

- Será que eu... devia terminar com Jay? Não consigo parar de pensar nele, JunSu. Não consigo não sentir falta.

- O que aconteceria, se você terminasse? Quero dizer, para de considerar esse papo de amizade. Para de pensar no que o Woo, o SeulOng ou o diabo diriam disso. Não pensa nem no Jay.

- O que você quer? Que eu pense só em mim?

- É. Você estaria bem? Mesmo que fosse só com ChanSung, você estaria bem?

- O q-

- E, por outro lado, se você terminasse com Jay, mas mantivesse a amizade, e se você e ChanSung pudessem sair conosco? Você acha que se sentiria bem, então? Melhor do que agora? Satisfeito?

Ele não precisava realmente pensar na resposta. Já tinha se perguntado aquelas coisas mais vezes do que podia lembrar.

- Não – ele respondeu, passando as mãos pelos cabelos. – Não, em nenhuma das duas situações eu estaria bem.

- Por que não?

- Eu amo o Jay.

- Então por que você ainda liga pro ChanSung de madrugada? – JunSu perguntou, soando irritado. Eram as mesmas perguntas que ele sempre fazia a si mesmo, só que elas pareciam vinte vezes pior proferidas por outra pessoa.

- Você sabe o porquê.

- Me diz.

Taec bufou.

- Porque ele me excita, não só fisicamente, mas psicologicamente também. Mais do que qualquer outra pessoa, mais até do que o Jay. Satisfeito?

- E você ia viver só com isso?

- Ele pode ser mais do que isso. Ele é inteligente, divertido, comp-

- Taec, por que diabos você se defende do seu próprio argumento, quando eu uso ele pra tentar concordar com você?

Ele ia retrucar na hora, mas acabou parando para pensar. Estava realmente fazendo isso. Afinal, era ele mesmo que tinha acabado de dizer que não podia terminar com Jay porque gostava dele.

- Não faço ideia.

- Pois eu faço. Você quer me convencer de que o melhor pra você é ficar com os dois. Assim que uma única pessoa concordar com você, você vai se jogar de cabeça nessa, sem pensar duas vezes. Mas eu vou te dizer uma coisa, Taec: eu não vou ser essa pessoa, sendo seu melhor amigo ou não. Se você quer fazer merda, o problema é seu, mas não adianta ligar pra mim achando que eu vou te apoiar, porque eu não vou. Não apoio agora, e não vou apoiar não importando o que você disser.

TaecYeon sabia que ele estava certo em cada maldita palavra, mas não se atreveu a concordar, sabendo que teria que ouvir novamente a ladainha de “se você sabe que está errado, então por que não para de agir desse jeito?”. Ele não parava porque provavelmente gostava daquilo, mas não ia admitir para outra pessoa uma coisa que ainda tinha dificuldades em admitir para si mesmo.

- Eu nunca achei que você fosse concordar.

- Fico feliz em saber disso. Prova que você ainda não enlouqueceu completamente.

- Está tudo bem, eu não vou mais ligar pra ele. E ele com certeza não vai mais ligar pra mim, e vamos acabar desse jeito. Não é mais como se eu precisasse tomar uma atitude.

- Eu não acho que essa é uma boa ideia – JunSu disse, suspirando. – Mas pelo menos soa melhor do que continuar com ele. Bom, eu tenho que desligar. Alguém tem que trabalhar, por aqui.

- Ok. E... me desculpe.

- Pelo quê, exatamente? – o mais velho perguntou, num tom divertido.

- Por tomar um porre e não ir trabalhar. E, também... por ficar te enchendo com essa história.

- Você não precisa me pedir desculpas por desabafar. Eu sou seu amigo, não sou?

- É. O melhor deles.

- Então. É pra isso que eu sirvo. E, quanto ao porre... eu ainda vou ter que pensar no seu caso. Mas algo me diz que você já está pagando o suficiente por isso.

Taec riu.

- Tchau, JunSu.

- Tchau. E descanse.

Taec desligou, sentindo-se ainda pior por saber que, não importando o que tenha dito para JunSu, ia ser mais do que difícil não ligar para ChanSung e deixar tudo daquele jeito. Era quase impossível.

***

Ligou para ele pela manhã, à tarde e à noite, sempre que tinha vontade. Ele simplesmente não atendia.

Com Jay as coisas realmente haviam se resolvido, ainda que o mais velho não pudesse passar o dia todo com ele, porque precisava começar a reorganizar sua vida depois da viajem. O que foi péssimo, porque estando sozinho ele podia cair em tentação quantas vezes quisesse e ligar para ChanSung. E havia decidido a não parar de ligar até que ele resolvesse atender.

No auge da sua determinação, acabou ligando para WooYoung e pedindo o número de JunHo, com a desculpa de pegar com ele o contato de um amigo que iria construir uma casa e estava procurando arquitetos, que JunHo havia comentado brevemente na noite anterior.

Se aquilo não desse certo, então ele iria até a casa de ChanSung, mesmo com todos os problemas que vinham atrelados a isso – como, por exemplo, o fato de o mais novo ainda morar com os pais. TaecYeon já os tinha conhecido brevemente, e eles sabiam que ChanSung era gay e que eles provavelmente mantinham alguma espécie de relacionamento, mas ainda assim não era como se ele estivesse morrendo de vontade de vê-los novamente. Principalmente porque nem sabia o que faria quando ChanSung estivesse na sua frente.

Enquanto a ligação chamava, pensou que sua conta de telefone iria ser astronômica se ele não parasse de ligar para Deus e o mundo todos os dias.

- Alô? – perguntou uma voz, do outro lado da linha.

- Oi Junho, é o Taec – disse simplesmente, sentindo-se um tanto quanto constrangido.

- Taec? Anh... oi.

- Er... eu sei que pode parecer estranho eu estar ligando pra você, desculpe. Eu acabei de falar com WooYoung e ele me passou o seu número, espero que você não se importe.

- Não, imagina. O que foi, algum problema?

Taec suspirou.

- Pra falar a verdade, sim. Eu sinto muito te incomodar com isso, mas...

- É o ChanSung, não é? – ele completou.

- Sim – ele soltou, de uma vez. - Ele não atende quando eu ligo, e... eu realmente preciso falar com ele. Não sei se tem alguma coisa que você possa fazer, mas-

- Taec – JunHo interrompeu-o. – Talvez isso não seja da minha conta, mas eu... quero te dizer uma coisa.

- Fala – ele disse, com um aperto na garganta. Quase sentiu arrependimento por ter ligado. Não conhecia JunHo direito, não sabia o que poderia vir daí.

- Bom... eu e o ChanSung não costumamos dar palpite na vida um do outro, mas ele é o meu melhor amigo. E eu acho que vocês deviam acabar tudo de uma vez, porque está na cara que isso não vai dar certo. Eu não tenho nada contra você e acho que você é um cara legal que simplesmente está lidando com uma situação que meio que saiu do controle, mas...

- Não, tudo bem. Você não é o único que pensa desse jeito.

- Ele não é nenhum santo, nem a melhor pessoa do mundo... mas ele não está bem com você. E você também não está bem, dava pra ver isso ontem.

Taec olhou para o teto, pensativamente.

- Ainda assim, eu sinto uma puta falta dele.

- Você é quem sabe. Eu não sou a mãe dele, muito menos a sua. Eu imagino como vocês estão sentindo, mas sinceramente eu acho que essa história só vai ficar pior. Vou ligar pra ele e pedir que ele fale com você, mas já vou avisando que nem sei mais se ele deveria atender.

Ele suspirou. Parecia que todo mundo era da mesma opinião. Ele só não sabia se ChanSung também pensava daquele jeito... E não tinha como saber, pelo menos mão até que ele parasse de não querer atender seus telefonemas.

- Tudo bem. Muito obrigado, de qualquer forma.

- Nah, não precisa agradecer.

Ele se despediu, desligou e fitou pensativamente o relógio. Eram oito e meia da noite. Pensou em ligar para ChanSung novamente, mas decidiu que era melhor esperar que JunHo pudesse falar com ele. Ligou para a pizzaria, então, e pediu que entregassem uma em sua casa. Por via das dúvidas pediu uma grande, para o caso de Jay resolver vir até aí mais tarde.

Ligou a televisão e ficou assistindo qualquer coisa, sem realmente prestar atenção. Uns quinze minutos depois seu celular tocou. Estendeu a mãe até a mesa de centro, cauteloso, e olhou no visor. Era ele. ChanSung.

Franziu o cenho. Não estava esperando que ele ligasse. Para falar a verdade, sequer esperava que ele lhe atendesse. Bem, pelo menos eles finalmente poderiam conversar em uma situação decente.

- ChanSung – ele disse, quando atendeu.

Não sabia por onde começar. Nem se deveria começar alguma coisa. O mais novo ficou em silêncio por alguns segundos. Taec sabia que ele estava ali, porque podia ouvir sua respiração, mas já estava prestes a chamar por ele novamente quando ele finalmente disse alguma coisa.

- Jay está aí?

De todas as coisas que ele podia ter dito, o que exatamente era aquilo?

- Não – respondeu, alarmado.

- Ele vai vir?

- Eu não sei – onde ele estava querendo chegar? Por um milésimo de segundo achou que ChanSung pretendia chamá-lo e contar tudo.

- Então... liga pra ele e pede pra ele não vir.

- Por quê?

O mais novo ficou novamente em silêncio por algum tempo.

- Não é meio óbvio? Posso passar a noite aí?

A noite. Não alguns minutos, nem algumas horas, mas a noite.

Taec suspirou, sem saber direito se era de alívio ou de descrédito.

- É claro. Quando você vem?

ChanSung riu um pouco, embora não parecesse um riso sarcástico, que era o que Taec estava temendo ouvir.

- Eu estou no intervalo da aula.

- Sabe, eu acabei de pedir uma pizza grande... – ele respondeu, rindo também. - Acho que vou ter que comer tudo sozinho, então.

- Na verdade, acho que eu não vou morrer por faltar uma aula.

- Não se sinta pressionado.

- De maneira nenhuma, estou super tranquilo.

TaecYeon sorriu. Adorava ele e não pretendia esquecer-se desse fato agora que havia lembrado.

- Okay – ele disse, fechando os olhos. Estava difícil se concentrar. E nem ao menos tinha hesitado... ele realmente não prestava.

- Até logo.

- Até.

***

Ele ficou encarando a televisão, não sabendo o que exatamente ele deveria dizer, enquanto eles esperavam que a pizza – já atrasada - chegasse. ChanSung olhava para o chão, também sem dizer nada. Ele deveria começar, mas havia tanto para dizer...

Aquilo estava estranho. As coisas entre eles dois nunca haviam sido estranhas antes, mas estavam sendo, naquele momento.

- ChanSung...

- O quê? – só o fato de estar sentado perto dele, sem o tocar, estava colocando maluco. E só fazia alguns dias que eles não se viam, nem uma semana.

- Me desculpe. Pela noite passada e... por todo o resto, também. Eu nunc-

- Você sabia o que estava fazendo – ele disse, e Taec podia jurar que estava ouvindo um tom divertido, quase que de riso, na voz dele. Embora ele estivesse olhando para os próprios pés enquanto falava, o que não era muito típico. – Eu acho... que aquela era a sua vontade falando. Aquilo que você nunca teria coragem de dizer pra mim se estivesse sóbrio.

- O que você quer dizer com isso?

Dessa vez ele realmente riu.

- Que eu não desculpo, eu acho. Mas que também não faz mais diferença.

- Por que não?

- Bom, você conseguiu o que queria não é? Eu não estou aqui?

Taec não respondeu. Estendeu o braço direito até o outro lado do sofá, onde ele estava sentado, e segurou a mão dele, o puxando para perto. ChanSung veio fácil, colando os lábios nos dele com força, não esperando muito mais para abrir os primeiros botões da camisa branca que Taec usava.

Ele escorregou a mão para dentro da camiseta de ChanSung, segurando com força na cintura dele e se inclinando para frente de modo a deitá-lo no sofá. O mais novo movimentou os quadris provocativamente e Taec mordeu o lábio inferior dele com força.

A campainha soou. Era provavelmente o entregador de pizza, já atrasado, mas nenhum deles fez qualquer movimento no sentido de interromper o que estavam fazendo para ir atender a porta. Depois de mais alguns toques e vários beijos trocados e mãos passando por todos os lugares, a campainha parou.

ChanSung riu baixo, no pescoço dele, provavelmente pensando na janta que estava indo embora.

- Depois a gente pede outra – Taec disse, e olhou pra ele.

O mais novo assentiu, sorrindo marotamente e terminando de abrir os botões de sua camisa. – Não acho que isso vá demorar muito, de qualquer forma.

Taec jogou a peça para longe. A camisa caiu em algum lugar e derrubou alguma coisa, mas eles não se deixaram perturbar. Ele afastou as mechas negras da franja de ChanSung da testa dele e se inclinou para muito perto, os lábios deles quase se roçando.

- Você é lindo, sabia? – sussurrou.

ChanSung sorriu, passando as mãos pelo peito dele, arranhando de leve a pele.

- Acho que sim, mas te ouvir dizer adiciona todo um novo sentido à frase.

Taec riu. – Por quê?

O mais novo não respondeu, só escorregou o corpo alguns centímetros para baixo e mordeu com força logo abaixo da clavícula dele. Taec soltou um gemido que nem ele mesmo sabia se era de dor ou prazer.

- O que foi? – ChanSung provocou. – Não quer ficar com marcas que o namorado possa ver?

Ele se deu conta de que com toda a certeza JunHo deveria ter contado que ele e Jay haviam assumido o namoro. Antes que pudesse protestar, no entanto, ChanSung o mordeu novamente, do outro lado. Aquilo ia deixar marcas, sem sombra de dúvida, mas àquela altura do campeonato isso não tinha a mínima importância.

- Também – ele disse, sinceramente. – Mas como eu sei que isso não vai fazer a mínima diferença pra você-

- Agora, – ChanSung interrompeu, puxando a bainha da calça dele para abrir o botão – já que você está... oficialmente namorando, você também está oficialmente traindo ele.

Lá no fundo Taec sabia disso, só não tinha parado para pensar no assunto.

Foi um pouco para trás, para poder olhar direito para o rosto dele. ChanSung o fitava, embora as mãos hábeis continuavam a acariciar sua barriga e lutar contra a calça que ele usava. TaecYeon olhou bem dentro dos olhos negros dele, mas não conseguiu ver nada ali. Ele era um mistério, sempre fora.

- E daí? – pediu, sorrindo.

- Acho que você não foi feito pra ser meu – ChanSung sussurrou, pegando-o totalmente de surpresa.

- Talvez. Mas eu sou seu agora.

ChanSung sorriu, por fim abrindo o zíper da calça dele e escorregando a mão para dentro de sua cueca, acariciando-o. O mais velho suspirou e beijou-o na boca. Agora, ele pensou, e quase conseguia sentir ChanSung pensando o mesmo, parece muito, muito pouco tempo.

***

TaecYeon acordou apenas alguns minutos após pegar no sono, sentindo o vento frio da noite bater incomodamente em sua pele. Primeiramente, ainda sonolento, ele tentou se cobrir melhor, até se dar conta de que as cobertas deveriam estar jogadas em algum lugar. E então ele percebeu que tecnicamente não podia estar ventando dentro do quarto.

Abriu lentamente os olhos, procurando por ChanSung. A janela que dava para a sacada do quarto estava aberta, e não havia sinal do mais novo. Taec piscou algumas vezes, rapidamente afastando o sono, e chegou à conclusão de que ele deveria estar na sacada – se não tivesse fugido pulando a janela. O que também não fazia nenhum sentido, porque ele poderia ter saído pela porta, se quisesse.

Sentou-se na cama, e então distinguiu através da janela aberta o contorno do corpo dele. Esfregou os olhos e levantou-se, caminhando até onde ChanSung estava.

A vista era bonita, especialmente à noite. Ele morava em um dos andares mais altos do prédio. Havia uma boa extensão do jardim do condomínio logo abaixo de sua janela, mas ao longe se viam as luzes do centro de Seoul, muito vivas.

ChanSung estava escorado no parapeito, vestido apenas com as cuecas, olhando inexpressivamente para aquelas luzes. TaecYeon não pôde deixar de se perguntar se ele não gostaria de estar em outro lugar, agora. Talvez com o cara da noite anterior, seja lá quem fosse.

Você está sendo ridículo. Para de pensar como se ignorasse o que ele sente e tudo o que tem aguentado por sua causa.

A noite era quente, mas o vento estava relativamente frio, anunciando o outono que estava para chegar. Quando chegou perto dele, viu que sua pele estava arrepiada.

Sabendo que o mais novo tinha provavelmente ouvido-o se aproximar, simplesmente passou os braços pela cintura dele e escorou a cabeça em seu ombro. Esperava que ChanSung dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado.

- Foi bom? – ele acabou perguntando, por fim, com a voz rouca de quem havia acabado de acordar.

- Sempre é – ChanSung respondeu, após um tempo. Taec se inclinou por cima do ombro dele, tentando ver seu rosto. Havia alguma coisa errada naquele tom de voz.

- Então qual é o problema?

O mais novo suspirou, e TaecYeon conseguiu sentir a barriga dele subindo e descendo quando fez isso.

- Eu não sirvo pra esse papel – ele disse, embora ainda olhasse para o horizonte. A pele de Taec estava começando a ficar tão arrepiada quanto a dele. - Eu me sinto como a porra da sua amante, Taec.

Era muito difícil discordar dele quando ele sabia que ChanSung tinha razão.

- Eu achei-

- Se eu não gostasse de você, eu não me importaria. Mas não é o caso.

Taec beijou de leve o ombro dele, e então subiu pelo pescoço até encontrar o lóbulo de sua orelha. ChanSung usava uma argola pequena e prateada ali. Ele mordiscou o lugar, pensando, e então sussurrou:

- Eu não quero mais fazer promessas pra você que eu não posso cumprir depois – achando que aquilo dizia tudo.

ChanSung se virou até ficar de costas para o parapeito e de frente para ele, quase o beijando na boca.

- Deixa pra lá – ele disse, guiando Taec lentamente de volta para dentro do quarto, abraçado nele. – Me fode de novo.

- Já? – TaecYeon perguntou, sorrindo, no momento em que ele sentiu sua panturrilha bater no lado da cama.

- É. – ChanSung respondeu. Por um momento ele pareceu dividido entre dizer ou não alguma coisa. – Faz isso como se fosse a última vez.

Taec parou de sorrir e olhou bem nos olhos dele, embora a escuridão não deixasse muito para que ele pudesse ver. Passaram-se uns bons segundos antes que ele conseguisse dizer qualquer coisa. Provavelmente estava esperando alguma explicação sem ter que pedir por ela, embora soubesse que ela não viria.

- Essa é a última vez?

O mais novo sorriu com o canto direito da boca e simplesmente beijou seu pescoço, descendo lentamente até o peito. Empurrou Taec de volta para a cama e então se ajoelhou por cima dele, beijando-o na boca.

E quando TaecYeon se deu conta de que ele realmente não pretendia responder a pergunta, percebeu que não tinha nenhuma coragem para insistir no assunto. Aquele silêncio era uma resposta mais definitiva do que qualquer palavra.

***

Quando, no dia seguinte, Taec acordou e não o encontrou em nenhuma parte do apartamento, não se sentiu surpreso. De certa forma, ele já sabia que aquela era a forma com que ia acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Ainda assim procurou por ele em todos os cantos, como se pudesse estar escondido no armário da cozinha, prestes a lhe dar o maior susto de sua vida. Mas ele não estava lá, nem em lugar nenhum ali. Quando estava pronto para sentar no sofá, sentindo-se em parte derrotado e em parte aliviado, ele viu um bilhete em cima da mesinha da sala, que só podia ter sido deixado lá por ChanSung. Seu coração bateu mais forte.

Então ainda não havia acabado. Restava uma parte de qualquer coisa.

Ele ficou um tempo tentando decidir se queria ou não ler o que quer que ele tivesse deixado ali. Acabou decidindo que teria que ler, uma hora ou outra, e simplesmente se jogou na direção do bilhete, pegando-o apressado.

“Você dormiu bem? Parece estar bem, agora, então eu não quis te acordar. Eu só quero dizer que acho que, finalmente, você percebeu o que tem que fazer.

Eu não quero receber ligações, mensagens, e-mails ou o que for. Eu não espero visitas. Não subestime a sua inteligência.

ChanSung.”


Sentou-se, enfim, notando que as almofadas ainda estavam jogadas no chão – uma quase que dolorosa lembrança da noite passada, impressões dele que ainda estavam naquele apartamento, mas que ele sabia que sumiriam, quando muito, no dia seguinte.

Não subestime a sua inteligência.

Ele fora esperto, tinha que admitir. Não, TaecYeon não pretendia subestimar a própria inteligência, embora provavelmente teria feito isso, se o outro não tivesse dito para não fazer. Sorriu ao se dar conta de que ChanSung provavelmente o conhecia melhor do que ele havia imaginado, se conseguia até mesmo manipulá-lo pelo seu orgulho.

Fechou os olhos, pensando se aquele seria, afinal, o fim.

Provavelmente era.

Não parecia, no entanto. Não parecia.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, povo, esse foi o último capítulo, OMG T___T PORÉM, ainda tem o epílogo, que prometo que não é um epílogo inútil, ou seja, ainda tem muito pra acontecer (?) (ou não). então aguardem por ele no sábado :)
Beijooos :*



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