Pêndulo escrita por Anny Taisho


Capítulo 2
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/160139/chapter/2

Capítulo Único

Era uma linda tarde amena de outono na Hachi Bantai e a fukutaisho caminhava pelos jardins carregando algumas pastas. Tinha chegado ali a muito pouco tempo, na verdade, nem um ano direito tinha. Mas já era a tenente, já que o último renunciara por não agüentar a falta de comprometimento do capitão. Ela suspirou, Kyouraku Shunsui era realmente uma pessoa difícil de se lidar, mas Lisa tinha seus truques na manga.

Quando estava quase chegando ao escritório viu a figura de seu capitão caminhando preguiçosamente, só que isso não era bem uma novidade, ele era um preguiçoso de marca maior. O interessante é que não vinha sozinho e sua companhia não era nenhuma das garotas que ele costumava arrastar a tira colo, sua companhia estava em seu ombro olhando atentamente para tudo.

Nanao vestia uma Yukata azul com desenhos florais, uma waraji tão pequena que chegava a ser engraçado, os óculos ainda continuavam na face o que escondia o azul dos olhos dela um pouco. O mais bizarro daquilo tudo era que Nanao sempre corria de Shunsui e agora estava em seus ombros.

- Konnichiwa, Lisa-chan, olha quem veio nos fazer uma visita! – Shunsui disse quase cantando –

- Lisa nee-chan!! – ela sorriu –

- Nanao... – Lisa sorriu, estava com saudades dela –

Shunsui colocou a criança no chão e lhe entregou uma pequena mochila, ele imediatamente se colocou perto das pernas de Lisa e ficou lhe olhando com aqueles grandes olhos.

- Eto... Missão concluída, eu vou descansar um pouco, não se esqueça de me chamar para levá-la embora.

O capitão começou a caminhar preguiçoso a procura de uma sombra para se deitar quando se lembrou de um pequeno detalhe, tinha feito um acordo com aquela pequena e se não cumprisse, provavelmente perderia todo crédito suado que conseguirá com ela. Ela o olhava se afastar caminhando alguns passos atrás de Lisa que andava demasiadamente rápido para que ela pudesse acompanhar.

Num piscar de olhos, se colocou ao lado da pequena e retirou do bolso um pequeno saquinho de doce e se abaixou oferecendo a ela que pegou de uma vez sorrindo. Ela adorava aquele doce e toda vez que Shunsui ia visitar seus pais adotivos ele levava um para ela. Sorriu meigamente como somente as crianças sabem sorrir... ela era mesmo muito kawaii.

Lisa na mesma hora entendeu o que estava acontecendo, ele estava subornando sua pequena irmãzinha para conseguir sua confiança. Olhou feio para ele. Como ele ousava corrompê-la daquele jeito? Ela era só uma criança, depois teria uma conversinha com aquele infeliz. Nanao por sua vez guardou seu pacote de balas dentro da mochila e voltou acompanhá-la.

Quando chegaram ao escritório, Lisa deixou as pastas sobre sua mesa e se voltou para dar atenção a sua visita. Estava com muitas saudades dela, mas tinha que admitir que ela era muito bem cuidada. Todas as vezes que tinha ido visitá-la, notou o quanto a família que a acolheu realmente era boa com ela, sua pequena agora tinha até um sobrenome.

O casal era muito rígido e estavam dando a ela uma educação invejável, sabia que já estavam até ensinando-a a ler. Não se assustaria se dentro de poucos meses ela já não precisasse ninguém para ler suas tão adoradas histórias.

Mostrou para ela todo o bantai vendo os olhos se arregalarem, tinha que lembrar de levá-la ali na primavera, todo mundo falava que não havia esquadrão mais bonito nessa época do ano. Todos as olhavam se perguntando quem era ela, era provável que muito daqueles fofoqueiros saíssem falando que era sua filha ou qualquer coisa do gênero, mas pouco lhe importava.

Estavam sentadas debaixo de alguma árvore com Lisa lendo para Nanao que ficava quietinha ouvindo. Poderia passar o resto da tarde ali com ela se não fosse um mensageiro aparecer dizendo que sua presença era requisitada na sala dos tenentes imediatamente. Lisa suspirou e disse que já estava indo, caminhou de mãos dadas com Nanao até o escritório onde disse para que ela entrasse.

- O Kyouraku Taisho está aí dentro, peça que ele leia para você... Não faça essa cara, Nanao, ele não morde e você veio nos ombros dele de sua casa até aqui.

- Ele me assusta, Lisa-nee... – disse ela –

- Não seja boba, ele só é grande e também... Pense na quantidade de Jelly Belly que vai ganhar ficando com ele? -  morena deu uma piscadela – Vai lá dentro e acorda ele, sem dó em pequena.

Lisa empurrou Nanao para dentro e fechou a porta, no caminho de saída da Bantai, encontrou uma shinigami que se tornara sua amiga, por assim dizer, e pediu para que ela ocasionalmente ficasse de olho em Shunsui, ele podia não ser má pessoa, mas cuidar de uma criança pequena exigia uma atenção que Shunsui não tinha. Depois disso se encaminhou para tão chata reunião surpresa dos tenentes.

***

Nanao já tinha entrado no escritório algumas vezes, mas ainda sim se sentia meio estranha ali. Apesar de gostar muito daquele clima, daquele cheiro de papelada, de tudo ali... Queria crescer logo para poder trabalhar ali igualzinho sua Lisa-nee. A pequena sorriu e caminhou até o sofá onde Shunshui dormia, o capitão estava deitado de barriga para cima com um dos braços para fora do sofá e ressonava alto, parecia um porco.

A criança riu com a comparação. Vendo-o assim perto da altura de seus olhos, podia notar o quanto ele era realmente grande e isso era deveras assustador. Ela não entendia como alguém poderia ser tão alto e grande... Enquanto era tão pequena e ficava sempre tão perto do chão.

Deu um grande suspiro e mentalizou a Jelly Belly que conseguiria. Se aproximou e de leve, cutucou o braço moreno e peludo. Shunsui se mexeu e falou alguma coisa dormindo, mas não acordou. Nanao então tentou de novo usando as duas pequenas para chacoalhá-lo, o braço, sem obter sucesso de novo.

Ela notou que aquele tipo de investida não seria eficiente e então olhou para a lata de lixo metalizada e sorriu. Se desse um chute ali, faria um barulho considerável e então ele acordaria para ler histórias. Um chute e nenhum sucesso, mais dois ou três e mesmo assim nada tinha mudado. A pequena de cabelos negros começou a ficar brava e caminhando a passos largos, na medida que suas pernas curtas permitiam, chegou perto do sofá e novamente encostou nele, desta vez nos ombros e chamou-o. Ficou desse jeito por vários minutos e nada do resultado esperado, ele não acordaria, estava igual a Lisa-nee quando ela bebia.

Irritada, se afastou e sentou-se no chão retirando de sua pequena mochila um caderno e algumas canetinhas que havia ganhado dos pais adotivos para desenhar e treinar o desenho dos kanjis. Abriu o amontoado de folhas e com uma canetinha hidrocor preta começou a repetir os desenhos de alguns kanjis que já haviam sido escritos ali.

Por duas vezes, Shunsui fez barulhos estranhos que acenderam na criança a esperança de que ele acordaria, mas isso não aconteceu. Ele continuava jogado naquele sofá roncando como um porco. Bufava de raiva. Queria terminar aquela história, saber qual era o fim e agora estava ali sozinha ouvindo aquele lá dormir...

E o pior, não iria ganhar Jelly Belly nenhuma.

Pegou dentro de sua mochila o pacote que recebera mais cedo e começou a comer uma por uma. As suas preferidas eram as vermelhas e essas aparentemente estavam escassas naquele dia. Quando terminou, jogou o pacote fora juntamente com as balas azuis, não gostava das azuis.

Quando voltou e olhou para o caderno, não sentia vontade de voltar a fazer aquilo. Por isso, acabou por começar a guardar tudo, iria sair dali e pedir para alguém lhe levar para casa. Tinham tantas pessoas ali, alguém a deixaria em casa. Recolheu a última caneta, a preta e quando iria guardá-la, olhou para o homem que ainda estava “morto” em cima do sofá e sorriu malvada.

***

Lisa chegou a Bantai por volta das seis da tarde, o sol começava a se pôr no horizonte e ela sorriu. Tinha sido apenas mais um dia chato, no final das contas, aquele reunião era apenas uma palestra na qual não prestou atenção. Quando estava na metade do caminho do escritório viu sua amiga trazendo uma pequena criaturinha no colo. Nanao tinha o rosto afundado no ombro e o corpo parecia mole, ela deveria ter apagado, foi um dia cheio para ela.

- Lisa Fukutaisho. – a moça loira sorriu – Alguém dormiu ouvindo histórias...

- Estou vendo, mas por que ela está com você? Kyouraku Taisho não estava lendo para ela?

- Ele não acordou, achei-a vagando pela bantai com cara de emburrada. – a shinigami riu – Você lê umas coisas estranhas para ela, história do mundo espiritual? Não acha que ela está na fase de contos de fadas?

- Nanao não gosta, nunca gostou e também, pense pelo lado bom, ela não vai ter que perder tempo para aprender isso depois...

Lisa pegou a pequena no colo.

- Ainda acho estranho, ela é só uma criança... Bem, traga-a mais vezes, ela parece gostar muito daqui.

- Eu acho que ela vai se tornar uma shinigami da Hachi quando crescer. Obrigada por tomar conta dela para mim, qualquer dia desses a gente sai com o pessoal e eu te pago alguma coisa.

- Eu vou cobrar, em Lisa fukutaisho. – a garota riu se afastando –

Lisa virou-se e usou um Shunpou para levar a bela adormecida para casa. Lá foi muito bem recebida pela família que insistiu que ficasse para jantar, mas não podia, tinha que voltar e ver se ainda podia salvar algum relatório dentro do prazo para entregar.

Nanao acordou no caminho e riu quando notou o Shunpou, agora estava no banho então deixou um beijo para ela e voltou para bantai.

***

Lisa entrou nos domínios do esquadrão viu que uma rodinha se formava ao redor da sala do capitão, o que será que Shunsui estava aprontando agora? Apressou o passo e empurrando alguns pelo caminho chegou a um ponto onde podia olhá-lo cara a cara. E uma coisa muito bizarra foi o que viu, o rosto de seu capitão estava todo rabiscado.

Isso mesmo, não leram errado, Kyouraku Shunsui estava com o rosto todo cheio de desenhos abstratos feitos com caneta de ponta grossa preta, ele aparentemente não tinha se tocado disso e nenhum dos covardes que segurava o riso tinha coragem de contar.

Suspirou longamente e subindo no piso de madeira da pequena sacada despachou todos.

- Yare, yare... A brincadeira acabou, todo mundo para casa, o expediente já terminou!! – disse quase como quem tocada galinhas –

A mulher olhou para seu capitão e tudo o que pôde fazer foi rir. E isso sem nenhum pudor ou medo de represálias, aquilo era realmente muito engraçado, não sabia quem tinha feito, mas com certeza daria uma caixa de sakê se descobrisse o autor da obra. Kyoyraku olhava-a sem entender nada, ele realmente não tinha idéia do que estava acontecendo.

- Francamente, Taisho, só o senhor mesmo...

- Eto... – ele coçou a cabeça – O que está acontecendo? Cadê a Nanao-chan?

- Levei para casa e não a chame assim, ela é só uma criança, não tome essas liberdades! – disse severa – Você não se olha no espelho, não?

- Eu queria dar tchau para ela e ainda tinha balas... – disse ele meio que divagando –

- Eu tenho certeza de que ela esperou por essas balas a tarde toda, mas enfim... Taisho, como o senhor sai por aí com essa cara toda rabiscada? Okay que você não é lá o melhor exemplo, mas daí ficar desfilando assim, pega mal.

- Como??? – capitão se assustou, Lisa empurrou-o no sofá e pegou um espelho de mão que tinha em sua gaveta –

- Olhe isso! – ela jogou o espelho que foi pego num reflexo –

Shunsui levou o espelho até perto do rosto e arregalou os grandes olhos castanhos. Simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo. Era bizarro, quem tinha feito aquilo consigo? Passou a grande mão no rosto numa tentativa de limpar aquilo, mas só fez foi borrar ficando ainda mais engraçado.

- Pare de rir, Lisa-chan! Não tem graça, quem foi que fez isso comigo? – disse ele manhoso –

- Como é que vou saber? – a mulher tentava se acalmar – Isso que dá encher a cara e apagar no meio da Bantai.

- Isso parece coisa de criança, será que foi...- ele não terminou a frase –

- Nem ouse terminar essa frase, Taisho, acusar a Nanao disso? Francamente... Sem contar que isso é caneta de ponta grossa, não temos nenhuma dessa aqui e a Nanao não tinha isso.

- Eto... Você tem razão, tadinha, Nanao-chan é tão kawaii e eu aqui falando isso dela. – ele se olhou no espelho com desanimo e ergueu os olhos até sua fukutaisho – Como eu limpo isso, Lisa-chan?

- E eu que vou saber? – a mulher se levantou –

- Onde vai? Não vai me ajudar a limpar isso?

- Eu? – ela gargalhou – Nem pensar e não adianta esse olhar de cachorro pidão, a única pessoa que me convence com ele tem  mais ou menos um metro de altura. Sei lá, lave com sabão...

- Lisa-chaaaaaaan!! – ele chamou choroso –

- Não Taisho, ouvi um pessoal falando que ia sair para beber e eu devo um sakê para uma amiga. 

Kyouraku fez um bico e se levantou para ir ao banheiro tentar limpar o rosto, não conseguia imaginar quem tinha feito aquilo consigo, mas isso também pouco importava agora, não ia conseguir saber quem era mesmo.

Depois de longos minutos, se limpou e ainda enxugando o rosto se sentou no sofá no qual foi cruelmente atacado. Deixou o corpo relaxar por alguns instantes e pensou na imagem da pequena Nanao, como é que podia ter duvidado dela? Tadinha, tão kawaii. Levantou-se, jogou a toalha sobre a mesa e mexeu nos papéis e com isso acabou derrubando um envelope que curiosamente caiu debaixo do sofá.

Com uma preguiça assustadora, se abaixou para pegar aquilo e tateando o lugar acabou achando uma coisa que não esperava. Retirou a mão e viu uma pequena caneta hidrográfica com um nome escrito em cima e plastificado. Alguém na pressa de sair correndo deixou uma prova para trás.

O capitão sentou-se escorando as grandes costas no sofá e com um sorriso bobo nos lábios riu grutalmente.

- Cruel, Nanao-chan... Cruel...

Owari!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais uma brincadeirinha... hehehhehehe
Espero que gsotem e comentem viu!! Entrem para a campanha, Adotem um fic writer e o façam feliz com reviews!!! Vamos gente, não é tão dificil assim!!!
kiss kiss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pêndulo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.