Pêndulo escrita por Anny Taisho


Capítulo 1
Capítulo Único




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Pêndulo
O passado e o futuro não devem se encontrar, por isso, entre os dois existe o presente. O pêndulo vai e volta, vai e volta, oscilando entre os dois períodos inencontráveis. O passado não passa de uma sombra no presente, mas é ele que o define quando ainda era presente e o presente era futuro.
Capítulo Único
As folhas da floresta que rodeavam a pequena clareira em que estava sentada farfalhavam como se conversassem com o vento, ao longe podia-se ouvir os gritos e as conversas das pessoas que formavam o formigueiro da feira do distrito trinta de Rukongai. Mas Lisa não se importava com nada disso, tinha mantimentos até a próxima semana suficientes para si e para a pequena que brincava alguns metros de seus olhos.
Vestia-se com simplicidade, uma yukata que conseguira após descobrir o truque de um par trapaceiros que ganhava dinheiro às custas da crença de pobre idiotas em ganhar dinheiro fácil. O tecido era azul e tinha alguns desenhos ao léu, não era feio nem bonito, apenas lhe servia bem. Voltou os olhos verdes ao livro que tinha em mãos, falava sobre álgebra, tinha encontrado-o jogado pelas ruas, assim como muitos outros, as pessoas realmente não sabiam dar valor em coisas importantes.
Alguns metros atrás de si, havia uma pequena casa, sem nenhum luxo, mas suficiente para proteger do frio do inverno e das tempestades do verão. Encontrara-a abandonada algum tempo atrás e como não queria mais ficar no meio de toda aquela confusão com uma criança, resolveu se apossar dela e até agora ninguém havia reclamado. Ergueu os olhos de novo a procura da pequena que brincava com algumas pedras polidas e coloridas que encontraram caminhando pela margem do rio algum tempo atrás e não achou-a... Por um segundo sentiu o coração falhar, mas pôde voltar a respirar quando sentiu um par de pequenas mãos retirando seus óculos pelas costas.
- Lisa-nee-chan! – ela riu na ponta dos pés –
- Muito bonito em Nanao... Me assustou! – virou o tronco e a pequena caminhou até sua frente lhe entregando os óculos – Onde estão as pedras com que brincava?
- Aqui!!! – disse mostrando um saquinho com todas as pedras coloridas com um sorriso na face, crianças são tão fáceis de agradar – Olha o que sei fazer com elas, nee-chan.
A pequena que tinha pouco mais de três anos e cabelos negros como uma noite sem estrelas sentou-se e começou a fazer formas geométricas com as pedras. Fez um triângulo, um quadrado, um círculo, um retângulo e um trapézio, assim como havia visto em um dos livros que Lisa achara jogados. Ela era um pequeno prodígio, já conseguia identificar até alguns kanjis, logo poderia começar a ensiná-la a ler. Depois desfez a figuras e começou a separá-las por tamanho.
- ‘Gandi’, pequena, ‘gandi’, pequena...
Lisa sorriu sincera, sua “irmãzinha” era mesmo muito especial e muito forte. Havia encontrado-a sozinha vagando pelo distrito, não sabia o que tinha acontecido com ela, ou com a família que deveria cuidar dela ou mesmo quando ou a quanto tempo morrera. Ela quando lhe viu, a primeira coisa que fez foi correr para se esconder, ficou intrigada com aquilo e foi atrás achando-a facilmente. Nanao desmaiou quando se aproximara, sua energia espiritual suprimiu a dela. Procurou pela família que a menina deveria e ter e não achou ninguém... Então não teve opção a não ser levá-la consigo.
Era difícil para uma criança sobreviver ali sozinha, se não a ajudasse, provavelmente acabaria sendo aliciada por algum nojento sem escrúpulos, a sua pessoa mesmo escapara por pouco de uma vida assim, não podia deixar que isso pudesse vir a acontecer com aquela coisinha de olhos azuis. Não tivera ninguém por si, ninguém para dar-lhe o exemplo de certo e errado, proteger e cuidar, mas queria ter encontrado uma pessoa e por isso acabou meio que adotando a criança.
- Por que não separa por cores agora? Ou será que não sabe? – provocou a esquentadinha a sua frente, Nanao não gostava de ser desafiada –
Ficou olhando-a trabalhar e acabou por se perder em pensamentos. Aquele homem de algum tempo atrás que tinha aparecido quando batia em um idiota que machucara Nanao, ele tinha muito poder espiritual, mas o suprimia consideravelmente para não incomodar ninguém, será que era mesmo um capitão da Gotei 13?
Parecia ser um cara legal, meio cuca fresca e abusado, mas sem nenhuma má intenção e viera com aquela conversa de levá-la para a academia de shinigamis. Já tinha pensado em aquilo algumas vezes, mas não era tão fácil assim para alguém que vivia naquele terror de Rukongai, tinha que se ter muito talento e isso se desse sorte, afinal, apenas uma boa indicação podia garantir com certeza uma vaga lá.
Sabia que tinha conhecimento e forças suficientes para entrar, mas nunca correu realmente atrás disso, sabia que teria que agüentar nobrezinhos metidos e que no final acabaria enfiando a mão na carinha lisinha de alguns deles e também, como podia abandonar aquele bebê? Talvez dali alguns anos quando ela fosse maior e pudesse acompanhá-la.
Sorriu para menina quando viu que ela tinha terminado de separar as pedras e fez um carinho nos cabelos curtos, bagunçando-os. Ela odiava mortalmente quando fazia isso, tinha uma espécie de mania de limpeza e organização. Era raro encontrar uma criança que estivesse sempre tão limpa quanto ela.
- Nee-chan!!! – choramingou tentando empurrar as mãos de Lisa –
A Yadoumaru riu deixando a criança de óculos ainda mais irritada, quando parou, Nanao olhou-lhe mortalmente e juntando suas pedrinhas saiu pisando duro em direção a cabana. Continuou rindo abertamente e quando virou-se para trás a viu olhando meio que escondida pela porta, aquela ali lhe rendia boas risadas. Estava provavelmente penteando os cabelos agora.
Virou o corpo novamente para a frente e deitou-se na grama com os braços atrás da cabeça. Talvez fosse hora de pensar no que faria para conseguir mantimentos quando os que tinha acabassem. Poderia fazer algo relacionado a ilusionismo, tinha achado um livro com truques ótimos, ou então pudesse ensinar fermentação para o dono daquele bar que ia ás vezes colher informações sobre as coisas, livraria o homem de ser explorado e ainda ganharia um bom dinheiro, ou poderia ir para o velho e eficiente passar a perna em idiotas.
Pensaria nisso mais tarde... Ouviu passos vindo em sua direção, mas eram pesados demais para ser os de Nanao, ela era um uma pintora de meio fio ainda, não poderia fazer toda essa pressão enquanto andava, sem contar que os passados da pequena eram estranhamente ritmados e esses eram preguiçosos. Não se deu o trabalho de abrir os olhos, sabia quem era, aquele mesmo homem do mercado... Desde aquele dia que se encontraram ele vivia aparecendo onde quer que estivesse, algumas vezes falava consigo, outras simplesmente ficava perto, era um cara insistente.
- Anosa, Lisa-chan, onde está a pequenina? – ele se deitou alguns metros longe sobre sua capa branca de capitão –
- Eu já disse para não me chamar desse jeito, não somos amigos. – disse sem se quer olhá-lo –
- Sempre tão arisca... Até parece que eu sou algum chato que fica te enchendo a paciência.
- Mas você é um chato que fica me enchendo e a Nanao não vai aparecer, ela tem medo de você.
- De mim? – o Kyouraku arregalou os olhos castanhos –
- Não, do monstro do lago Ness, é claro que é de você.
- Bem, eu já notei que não sou bem vindo... Mas vim aqui para repetir minha proposta.
- Eu não quero ouvir, já disse que não vou.
- Você disse que não ia de acordo com minha primeira proposta, agora eu tenho outra. – O moreno retirou uma garrafa de sakê e tomou uma dose – Gosta muito da pequena, não é?
- A vida por aqui não é muito fácil, eu não me meteria em ter que cuidar de mais uma pessoa se não gostasse realmente dela. E por isso mesmo não vou deixá-la para trás.
- Tem razão, não pode deixar esse bebê para trás... – Shunsui olhou para a cabana onde viu uma pequena os observando e se escondendo – Olha, sei que não tem nenhum motivo para acreditar na minha boa intenção ou em mim, mas eu estou querendo mesmo ajudar, você tem potencial, pode ir longe como shinigami.
- Eu não vou fazer nada agora...
- Me escute primeiro, depois diga sua resposta, Lisa-chan.
- Eu já disse para não me chamar assim, seu inconveniente!! – disse ela brava –
- Eu tenho um casal de amigos que não podem ter filhos, eles são muito íntegros e querem muito ser pais, eles adorariam alguém como aquela pequena. Ela seria bem cuidada e você poderia visitá-la sempre que quisesse.
- Eu não te conheço, não conheço esses seus amigos, não vou jogar a Nanao em qualquer um para me livrar dela! – disse agora sentada e olhando severamente para ele –
Shunsui suspirou.
- É muito teimosa, Lisa-chan... Eu entendo que não tenha motivos para acreditar na boa vontade das pessoas, só sobreviveu aqui por ser assim, mas entenda que nem todos são maus e nem todo mundo quer lhe prejudicar. Que motivos eu teria para querer machucar você ou aquele bebê? Eu não colocaria uma criança numa situação ruim, eu só acho que é jovem demais para assumir uma responsabilidade como essa em condições tão extremas como a que vivem... Meus amigos são bons, querem muito um filho para amar e cuidar, têm maturidade.
- E que motivos teria para não fazê-lo? – disse ela desafiadora –
- Vai ter que me dar o benefício da dúvida... – Kyouraku se levantou e espreguiçou longamente – Eu já vou indo, tenho que voltar antes que alguém tenha um troço me procurando... Mas pense no que eu disse, se pensar em aceitar, posso apresentá-los a vocês e assim faríamos tudo com calma.
- Você nem parece um capitão da Gotei 13, vive vagabundando por aí... Todo mundo por lá é assim?
Shunsui riu grutalmente e de canto de olhou viu Nanao se escondendo de novo, já tinha visto os olhinhos azuis observando desde que chegara e sempre se abaixando quando achava que podia ser vista, ela era tão kawaii.
- Eu vi que gostam de livros, leia para ela... – ele deixou um livro branco no chão com um pacote de doce que Lisa não conhecia – É uma história muito bonita.
E assim Shunsui desapareceu usando um shunpou, deixando a mulher um pouco atordoada, aquele homem era estranho. Sorriu e caminhou até onde ele tinha deixado os presentes. Pegou-os e leu o título:
- O pequeno Príncipe, Saint-Exupéry...
- Que livro é esse, Nee-chan? – disse Nanao olhando para cima com aqueles grandes olhos azuis –
Ela tinha aparecido do nada.
- Uma história nova para você. – a morena sorriu olhando para baixo –
- E isso? – apontou para o pacotinho –
- Deixe-me ver... – ela lê – Jelly Belly.
Owari...
Yo, mina-san... Espero que gostem dessa one-shot, foi só uma coisinha kawaii que escrevi numa tarde qualquer. Para aqueles que não entenderam a piadinha final, segundo informações da minha amiga querida Jenn, esse é o doce favorito da Nanao-chan, então essa é a minha versão de como ela foi apresentada a ele.
Talvez ao longo de Procura-se eu faça outras ones dentro da mesma realidade, mas que não tem exatamente alguma ligação com a história. Esperando comentários em... Os biscoitinhos não querem machucar ninguém.
Kiss Kiss, Anny Taisho (Riizinha)
~puuuuuuuuuu


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