A festa estava para acabar. Já estavam tocando aquelas músicas romantiquinhas onde todo mundo arranjava um par para dançar e os mais excluídos e tímidos ficavam sentados nas cadeiras do fundo. Eu sempre estive com as pessoas mais populares do colégio, mas por ironia do destino, agora eu estava sentada numa cadeira daquelas.

O Pete, o cara com quem eu deveria estar dançando no momento, estava cheio de risinhos e chamegos com a Taylor, minha ex-amiga. Eles passaram por mim umas duas vezes. Eu estava com a caixa de coração que o Gerard esqueceu comigo no dia do Hospital e tentei fazer com que o Pete sentisse ciúmes me vendo com aquilo nas mãos. Um fracasso total. Ele só tinha olhos para a Taylor, nem me notou sentada lá e ainda pisou no meu pé. Era como estar no fundo do poço.

Quanto ao Gerard, esse não largava da Lindsey. E a Alicia estava só chamegos com o irmão dele. Sem amigos, sem namorado e com uma caixa de coração vazia como companhia.

O que mais me intrigava era como Gerard tinha sido legal comigo naquele dia, mesmo depois de tudo que eu fiz para ele. Foi muito errado eu ter usado ele para conseguir aquele maldito desenho, eu sei. E o pior é que no final nem o Pete eu consegui. Merda.

Taylor e Pete sorriam tanto um para o outro. Era enjoativo. Que vontade de jogar uma jarra de ponche na cara dela... Espera! Até que não é má ideia...

Levantei, ainda com minha caixa na mão (no caso de eu precisar de um plano B) e fui até a mesa de comes e bebes. Peguei um copo cheio até a borda, porque algo que merece ser feito, merece ser bem feito. Caminhei com cuidado para não derramar até o meio da pista, onde o casalzinho estava conversando com um outro casal, amigos do Gerard, que eu conheço de vista. Na verdade, era o Pete que estava falando com a garota e o garoto estava quase explodindo de raiva. Taylor estava parada que nem um poste, com sua cara de boneca de plástico.

Fui andando bem devagar e silenciosa no meio da multidão, para não ser percebida, até chegar atrás da menina de mecha azul e do garoto baixinho que estavam conversando com Pete e Taylor. Eu ia atacar de frente e estava chegando perto.

Quando eu estava exatamente atrás do baixinho e da garota de cabelo azul, um garoto de cabelo alto e cacheado veio correndo do meu lado e esbarrou em mim. Tropecei, a caixa de coração caiu e o líquido do copo passou por entre o casal amigo do Gerard, indo cair direto na roupa do Pete.

- ASHLEY, VOCÊ TÁ LOUCA? Esse terno é italiano, porra!

- Hahahaha, se fodeu, desgraçado! – disse o amigo do Gerard, apontando e rindo

- Cala a boca, Frank! – disse a menina de mecha azul, dando um tapa no namorado dela e ao mesmo tempo, prendendo a risada.

- Não era para acertar você Pete, era pra Taylor, mas até que caiu bem também, haha. – confesso que saiu melhor do que eu esperava. A festa inteira parou para olhar pra gente.

Eu já cantava vitória quando Taylor partiu para cima de mim, atacando meu cabelo e me derrubando no chão. Eu berrei na hora e puxei o cabelo dela também.

O casal amigo do Gerard tentava nos separar, mas eu precisava partir a cara daquela idiota. Enfim tiraram-na de cima de mim. Ela estava descabelada, com a maquiagem borrada e implorando pro Pete para sair dali. Os dois saíram e o menino baixinho, que não parava de rir veio me pedir um “high five” até. Hilário.

Depois do meu showzinho particular e doce vingança, voltei para as cadeirinhas excluídas com uma pontinha de honra a mais.

Até que estar sozinha não era tão ruim assim. Pelo menos agora eu poderia me dedicar mais a outros planos e...

- Hey, você é a menina que jogou aquele ponche no cara ali da pista, né?

- Sou sim. – falei orgulhosa

- Acho que você deixou cair isso, gata. – e me entregou a caixa

- Ah... sim, obrigada.

- Falou então... Ah! Só mais uma coisa...

- Pode falar.

- Seu cabelo, ele está tão... – comecei a corar, que inesperado – bagunçado e meio sujinho...

- Vai se catar, lesado, foi por causa da briga! Afinal, eu não pedi a porra da sua opini...

- Calma! Eu gosto dele assim. É tipo o meu. – e mexeu de leve no seu cabelo, meio verde e espetado. Bagunçado e sujinho nunca soaram tão bem.

- Aw, então, obrigada, eu acho...

Ele sentou do meu lado e eu fiquei mexendo com a caixa nas mãos.

- Seu namorado que te deu?

- A caixa? É uma longa história, mas já é passado...

- Se já é passado – e tirou-a das minhas mãos, jogando-a longe – você não precisa mais disso, né?

- É, eu acho que não... Ei, você não é o vocalista da banda que venceu?

- Eu mesmo, Jimmy Urine. – confesso que tenho uma queda por caras de banda

- Eu sou a Ashley. Pode me chamar de Ash...

- Ashley... Já ouvi maus bocados sobre você. Nem queira saber.

- Então talvez seja melhor você ir embora antes que eu jogue ponche em você ou roube seu desenho para outra pessoa.

- Isso se eu não fizer isso antes!

- Ah, é? Foi um desafio, é? Hahaha

- Não sei, quem sabe... É melhor tomar cuidado com Jimmy Urine, é o que todos dizem.

As músicas românticas deram lugar aquelas músicas “anos dourados”. Poucas pessoas continuaram na pista para dançar a famosa “YMCA”. Acho bem legais essas músicas, mas é muito mico dançar aquilo. Cara, eu tenho uma vida social para honrar.

- Quer dançar essa ou a dona vai continuar sentada?

- Essas músicas? NEVER!

- Haha, a realeza não gosta do tempo da brilhantina? Vai, eu estou lendo a sua mente. Jimmy sabe que você quer dançar. – mordi os lábios e pensei. A minha vida social já tá um lixo, isso não ia piorar muito.

- Ok, então. O Jimmy tem razão, a Ashley precisa dançar mesmo. - respondi na terceira pessoa também

- Ótimo! Levante e vamos! – e me puxou pelo braço em direção à pista.