O café havia terminado, Luiz voltava de seu quarto e encontrou Marco a sua espera no sopé da escada.

- Então, é sério? Você vai mesmo? – sorriu inesperadamente.

Jaqueline vinha da cozinha junto com Janaína para se despedir da trupe.

- Espera, D. Jacqueline! Este é um momento histórico nessa família. Antônio!! Por favor, tire uma foto para a posteridade! – Luiz estava excessivamente feliz esta manhã e entregou o celular para o motorista.

- Claro, meu rapaz!

Laura descia as escadas surpreendendo-se com a agitação anormal.

- O que houve?

- Nada, Laura! Você chegou numa boa hora... Nossa primeira foto, juntos.

- Sorriam!

Antônio tirou a foto na máquina digital sem perceber que o momento era crucial, na verdade nenhum deles percebeu o quanto às vidas se entrelaçavam por uma linha fina e o que aconteceria se ela se rompesse.

- Você já pegou suas coisas, filha? Não se esqueceu de nada? – Jaqueline perguntou emocionada, sempre fora seu sonho dizer aquelas palavras.

- Ah, mãe! – disse rindo sem jeito – Você vai descobrir que sou muito responsável.

- Eu... Nós ficamos de olho nela – Luiz disse olhando de esguelha, mas Marco parecia mais pálido que o normal, fingiu ajeitar o cadarço do sapato e perguntou baixo para só ele ouvir – tem certeza?

Luiz não precisou ouvir a resposta, a determinação nos olhos de Marco já diziam tudo.

- É melhor irem, crianças! – Janaína enxotava-os pra fora da casa – senão vocês pegam o congestionamento e chegam atrasados.

- Você tem razão, até mais tarde minha velha usada! – Antônio dava um beijo leve na testa da esposa – Eita! Coisa boa. Quanto mais velha melhor!

A demonstração de carinho dos empregados fez Jaqueline sorrir, enquanto Laura corava. Marco revirava os olhos enquanto entrava no furgão.

Luiz ficou sério, pois sabia que seu irmão enfrentaria muitos medos de uma vez, porém tinha esperança que a presença de Laura estimulasse a coragem que faltava nele. Ele por sua vez já estava arrependido de ter forçado o irmão a tomar essa atitude.