Domingo geralmente era um dia bom. Normalmente calmo, e tudo o que ela queria era se atirar no sofá e comer chocolate e sorvete até começar a passar filmes românticos e tristes de madrugada.

— Sakura! Sakura, vem cá! — era sua amiga Tenten, jogada no seu sofá, enquanto mudava os canais da televisão e acariciava a barriga, entediada. Já estava quase completando quatro meses de gravidez.

Claro, comeria sorvete e chocolate até de madrugada, se não tivesse uma grávida comedora compulsiva utilizando todo o seu sofá.

Sakura, suspirando, apareceu na frente da morena de coques logo em seguida.

— O que foi, Tenten? Cadê o Neji? — perguntou, ao notar a ausência do namorado da amiga.

— Ele saiu. Foi buscar os meus camarões com queijo.

— Ok. E você me chamou por quê...?

— Estou com uma vontade imensa de comer cookies de chocolate com morango! Daquela marca esquisita que você comprou outro dia naquele supermercado estranho em Suna. Eu preciso comer um daqueles!

— Mas o Neji não foi buscar comida pra você?

— Ah, ele foi  é visitar a Hina-chan... Eu só aproveitei e pedi pra ele me trazer os meus camarões. Provavelmente ele vai esquecer! E dessa vez nem pedi algo tão difícil assim! — Tenten de repente ficou depressiva e começou a choramingar de tristeza. — Ele vai esquecer, amiga! Ele sempre esquece! Ahhhhh, ele não me ama!

E começou a soluçar, deixando as lágrimas correrem sobre suas bochechas rosadas.

— Ei, ei, Ten-chan, você sabe que não  é assim. O Neji te ama, ele só não grita isso aos quatro ventos, você sabe muito bem disso. — Sakura tentava consolar a amiga.

— Talvez ele goste um pouco de mim... Mas ele nunca disse que me ama... Ahhhhh, o Neji não me ama, e eu quero comer os meus cookies de chocolate com morango! Agora!

— Argh. Que hormônios, hein, Pucca? — resmungou Sakura, baixinho. — Tudo bem. Vamos esperar o Neji chegar, e a então eu vou buscar os seus cookies, está bem?

— Hum... Tá. Tá bem... — A morena deu de ombros. — Pode me trazer o meu brigadeiro, que está na geladeira?

— Comedora compulsiva, definitivamente.

oOoOo

— Cadê aquela porcaria...? — murmurou ela, irritada.

Sakura andava pelos corredores procurando um em especial, onde deveriam estar aqueles cookies que estava procurando. Mas  pareciam não estar em lugar algum! Obviamente, já tinha procurado na  prateleira das bolachas, mas nem sinal dos pacotinhos coloridos e  exageradamente enfeitados com imagens um tanto falsas do produto.

Apesar da embalagem, o produto continuava sendo absurdamente gostoso, isso ela não podia negar.

De  repente, ao passar por um corredor, viu uma cabeleira masculina ruiva —  que dificilmente passaria despercebida, assim como o cabelo rosa que  ela mesma tinha — segurando um pacotinho com as exatas cores que procurava.

Foi  chegando mais perto, e, ao constatar que não havia mais nenhum na  prateleira, tirou um pacote de macarrão espaguete da cesta que carregava  e apontou para o homem com ele.

— Pode ir largando isso aí.

O  alvo de seu espaguete, que estava praticamente de costas para ela,  virou-se, e a encarou. Ela tentou ignorar os comentários da parte pervertida de sua mente que gritavam que ele era lindo.

— Você mesmo. Larga o pacote — apontou com o macarrão para a embalagem de cookies de chocolate com morango da mão dele.

— Não.

— Vai largar, sim! Eu vi primeiro, e eu tenho... ahn... preferência. É. Larga o pacote.

— Já disse que não. Você tem algum problema?

— Tenho, fósforo. Você é o meu problema. Larga logo a droga do pacote! — ela olhou feio para ele, mas os olhos verde jade do ruivo não transmitiam nada.

— Fósforo? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha.

— É. Você.

— Hum.

— Como é o seu nome, fósforo? É estranho conversar com alguém que você não sabe o nome. É claro, eu vou continuar chamando você de fósforo, mas é mais normal saber o nome do ser com quem se fala. A propósito, meu nome é Sakura. Ah, e eu ainda quero os meu cookies, fósforo.

— Gaara.

— O quê?

— Meu nome.

— Ah. Prazer em conhecê-lo então, fósforo, Gaara. Agora pode me dar a porcaria do pacote de cookies? Eu realmente preciso dele! Tenho uma grávida para alimentar.

— Problema seu — disse o ruivo, virando-se de costas outra e vez.

— ARGH! DROGA! — gritou Sakura, batendo os pés no chão. Com o resto de dignidade que tinha, foi na mesma direção do ruivo, batendo nele com força ao passar ao seu lado, só para depois passar a mão nos cabelos, fazendo-os bater na cara dele, claramente de modo intencional. — Morra com os seus cookies, fósforo.

— Morra com inveja, cereja.

Sakura o olhou rapidamente só para ver os olhos verde jade e encararem convencidos, os cabelos ruivos revoltos e uma das sobrancelhas levantada em provocação. Ela resmungou e saiu de perto dele a passos mais rápidos do que antes.

Apesar de tudo, realmente não podia negar a beleza daquele filho da mãe ladrão de cookies de chocolate com morango alvo de desejo de mulheres grávidas.

E, além disso, ela realmente tinha falado daquele jeito com um completo estranho?