Pós Guerra dos Sete Anos

"Áustria, isso ainda não acabou!"

Roderich revirou os olhos e fingiu que não era com ele, mas Gilbert foi mais insistente e o alcançou, pegando seu pulso.

"Não me ignore!"

"Estou sem tempo para suas baboseiras. Já lhe dei a Silésia como pediu, não dei? O que quer agora?"

"Eu sei o que está pretendendo com essa paz. Enquanto os estados germânicos ficarem separados, você pode fazer o que quiser com eles!"

"E se eles se unirem, você vai poder fazer o que quiser. Eu não sou burro, Gilbert. Não vou abrir mão de meus interesses por causa dos seus"

"Então agora mais do que nunca eu sou seu rival, aristocrata! A diferença é que sou mais forte que você!"

"E eu sou mais influente" Roderich soltou-se "Sua sorte é que o Ivan está afim de você ou então eu teria lhe tirado do mapa!"

Roderich não devia ter dito aquilo. O rosto do austríaco tinha corado fortemente e estava óbvio que os sentimentos de Ivan por Gilbert lhe causava ciúmes. Gilbert percebeu e sorriu com sarcasmo.

"Eu não sei quanto ao Ivan, mas o czar Pedro só falta lamber o chão do Frederico. Ainda bem. Kesesese! Eu não queria que meu líder cometesse suicídio como ele pretendia"

"Você teve sorte. Ninguém pode vencer uma guerra sozinho, Gilbert."

"Eu sei... Agora eu sei disso..."

O albino se aproximou perigosamente.

"Você quase venceu, Áustria, quase, mas eu sou incrível. Só que se você quisesse mesmo me tirar do mapa, não teria chamado a morte da czarina Isabel, sua grande aliada, de 'milagre'. Poderia chamar de maldição"

O rosto do moreno ficou mais vermelho.

"Foi um milagre pra você e uma maldição pra mim."

Os olhos de rubi estavam muito fixos nele. Gilbert ergueu a mão para tocar no rosto do austríaco, mas Roderich foi mais rápido e segurou a mão da luva negra fortemente. O sorriso debochoso do albino não desapareceu, longe disso.

"Você é muito prepotente pra quem teve as regiões vitais invadidas"

"Você não pode contra mim, Gilbert."

"Nii-san?"

Os dois pararam de se olhar quando viram o garotinho loiro de olhos azuis que estava no corredor do castelo. Gilbert apenas sorriu, mas Roderich ficou intensamente surpreso. Não porque havia uma criança ali sozinha, mas porque o garoto havia chamado sua atenção.

"Esse menino..."

"Ele é incrível, não é?" Gilbert falou ternamente.

O austríaco não tinha o que dizer. O menino era muito familiar. Era educado e analítico que nem o próprio Áustria, mas também parecia valente e determinado como Prússia.

Era como se aquela criança fosse...

"A mistura de nós dois"

O austríaco olhou surpreso para o prussiano.

"Nós dois?"

"Sim. Essa criança tem um pouco de você e um pouco de mim e é o que eu tenho de mais precioso. Eu lutarei pra que ele cresça e se torne forte, mesmo que a minha vida dependa disso"

"Quem é ele? Parece tão familiar... Deixe-me conhecê-lo"

"Não dá. Eu vou criá-lo sozinho, mas eu prometo que quando ele crescer você poderá conhecê-lo e um dia, quem sabe um dia, eu vou poder contar toda a verdade."

Gilbert foi embora e enquanto levava a criança, Roderich se via hipnotizado pelos olhos azuis claros e penetrantes.

La no fundo, o menino reconheceu seus dois criadores e sentiu uma vontade inexplicável de juntá-los, como se fossem suas duas metades.

Ele faria isso. Ele seria o elo que juntaria aquelas duas partes a ele e os três ficariam unidos para sempre, queiram eles ou não.

Começaria por Prússia.

Depois viria Áustria.