Pov Elena:

Acordei, ainda pensando em ontem. Como é que eu não passo em matemática? Sou burra? O que tem de errado com a minha cabeça? Se estudasse bem, acho que poderia ter passado em matemática. Mas eu não consigo me dar bem com aquelas contas irritantes! 1x2=2, não aguento!!

Mas se bem que aquela professora não gosta mesmo de mim, ela só me olha com cara feia. Eu nem converso! Eu fico escrevendo e prestando atenção na aula, e aí ela vem me olhar como se eu estivesse fazendo algo errado?

Fiquei encucada com aquilo enquanto tomava café. Minha mãe me olhava de esguelha enquanto comia a torrada.

_ Filha, você não passou em matemática. - disse ela, pegando um pedaço de bolo.

_ Eu sei, mãe, mas não me culpe! Você sabe que eu não me dou bem com contas! E bom dia para você também. - resmunguei.

_ Se acontecer a mesma coisa no ano que vem, não vai ter viagem nas férias como desse ano. Acho que você nem merecia ir para aquele lago. Mas já comprei as passagens... - disse ela e eu a interrompi:

_ O que? - perguntei, quase derramando o leite.

_ Ah, esqueci de contar, comprei as passagens para agente ir para aquele lago que você tanto queria. E vamos de avião! - disse minha mãe, sorrindo docemente, mas podia ver o medo por trás de sua expressão.

_ M-mãe... - murmurei, sem reação.

Ela falava sério? AVIÃO? Que demais!

_ Você não gostou? - perguntou ela, parecendo triste.

_ Mãe, não é isso. É que... É sério? - perguntei, sem acreditar.

_ É. Agora, vá arrumar as malas, hoje eu vou sair e comprar umas coisas para agente viajar, incluindo uma mala maior, vamos ficar lá as férias todas. Mas termine de comer e processe a idéia primeiro. Nós vamos, queira você ou não, porque você me encheu o raio do saco o ano todo e agora nós vamos! - disse ela, terminando de tomar o café e arrumando a bolsa.

Eu não conseguia acreditar! Deixei a colher cair, boquiaberta.

_ M-mãe, v-você... - gaguejei, boquiaberta.

_ Sim! Agora, vou até o super-mercado, só volto para o almoço, depois saio de novo para o shopping, fique aí arrumando tudo e pondo comida extra para o Ding, aquele periquito um dia vai cair morto se continuar desse jeito. Dá um beijo aqui... - disse minha mãe, me dando um beijo na bochecha. - E tchau!

Ela saiu, me deixando bastante atordoada.

Logo, uma euforia enorme cresceu em mim e arrumei a casa toda, para depois passar para o meu quarto com três malas. Passei uma vassoura pela sala, arrumei a cozinha, passei pano nos cômodos, tudo que se pode imaginar eu fiz pela casa toda.

Minha mãe chegou, geralmente não falamos nada uma para outra quando ela vem, almoça e sai. Depois eu fui lavar os pratos. Arrumei o canto do meu periquito australiano azul, chamado Ding, botei água e comida. Aí pude ir para os quartos.

Quando acabei tudo, estava ficando á noite. Eu estava tão nervosa, agitada e animada que não conseguia parar de me mexer. Eu andava de um lado para o outro, buscando coisas e arrumando malas.

Corri para lá e para cá, logo vi um copo na pia e fui lavar ele. Depois pensei que a casa estava meio empoeirada e passei pano novamente em tudo. Depois comecei a jogar video-game, o jogo mais agitado que encontrei, ao mesmo tempo em que comia pipoca e terminava um trabalho de escola. Eu sei, sou assim mesmo, faço tudo de uma vez para não ter que fazer depois.

Assim que ouvi a campainha, corri para a porta, me deparando com uma mãe mau-humorada e tendo que lavar tudo o que eu acabara de sujar com a pipoca e o refrigerante, além da mesa e do chão.

Depois caí na cama, quase exausta. Amanhã seria um longo dia e eu iria ter que ficar preparada. Me revirei na cama, sem nenhum pingo de sono.

Acabei sem conseguir dormir e ligando o computador, ansiosa. Peguei um monte de bolachas e comecei a comer, enquanto assistia um anime. Eu preferia assistir os animes e seriados pela internet, assim eu poderia ver todos os episódios tranquilamente, sem ter que ligar a televisão só para ver tal anime há tal hora.

Acabei, por fim, caindo no sono na frente do computador mesmo, sonhando com um dos personagens do anime que eu amava.

Minha mãe me acordou, me dando uma bronca e vi a hora. Eram quase duas da manhã. Bufei e fui para a cama, lavando os pés antes, agora eu estava bem cansada. Dormi, em uma noite tranquila e sem sonhos.