PVO do Noah

Nunca passou pela minha cabeça a idéia de que a princesa de Hélade pudesse se apaixonar por mim. Na verdade, esse era um dos meus sonhos, mas eu não achei que algum dia pudesse se tornar realidade.

Depois do beijo que Rose havia me dado, eu não conseguia pensar em outra coisa se não isso. Eu teria ficado ali, no cantinho, a noite toda, paralisado, tentando lembrar meu próprio nome se o idiota do irmão dela não tivesse aparecido e brigado com ela. Eu odiava o irmão dela! Ele era grosso e mal educado. Muito diferente da minha Rose, que era doce e delicada como uma flor. Fiquei preocupado com Rose, ela tinha ido embora tão chateada que eu fiquei até com pena. Eu queria poder animá-la, mostrar-lhe como a vida era boa. Por isso, dei a volta no palácio e parei abaixo da janela do quarto de Rose.

     - Rose!Rose! – chamei baixinho com medo de acordar alguém – Rose!Rose!

As luzes do quarto dela estavam acesas, e a porta da varanda estava fechada. Tentei chamá-la novamente, mas novamente ela não me ouviu. Olhei em volta procurando algo que eu pudesse fazer de escada para subir na varanda. Encontrei algumas trepadeiras que haviam crescido ao lado da varanda dela. “Tomara que elas me agüentem” – pensei. Fui até elas e subi cuidadosamente, torcendo para que ninguém me visse. Cheguei à varanda, limpei minha roupa e a chamei novamente.

     - Rose! – eu murmurei batendo de leve na porta – Rose!

Dessa vez (Aleluia!) ela ouviu. Quando a vi vindo em direção a porta, me escondi atrás de um vaso de plantas que estava na varanda. Ela abriu a porta, confusa, procurando por quem a havia chamado. Saí de trás do vaso de plantas de fininho e fiquei atrás de Rose. Quando ela virou para voltar ao seu quarto, quase desmaiou de tanto susto.

     - Oi! – eu disse

     - N-Noah? O-o quê você está fazendo aqui? – ela disse surpresa – C-como subiu aqui? De onde você saiu?

     - Shhh! Fala baixo! Se alguém me pega aqui eu estou morto! – eu sussurrei – Eu vim te perguntar se você quer dar um passeio pelos jardins do palácio comigo. Eu te chamei de lá de baixo. Como você não ouviu, eu subi à trepadeira e batia na sua porta.

     - Você me deu um susto enorme! Quase tive um treco!

     - Desculpa! Mas... E aí? Você topa?

     - Claro! Estou precisando relaxar um pouquinho.

Rose correu até o para-peito da varanda e subiu nele.

     - O quê você vai fazer? – eu perguntei

     - Nada demais!

Ela saltou do para-peito direto para o chão, dando um mortal no ar e caindo em pé. Meu queixo caiu nesse momento. É sério que isso é possível? Corri para o para-peito e olhei para baixo, preocupado. Rose olhava para cima, fazendo sinal para eu descer também. Ela estava bem! Ufa! Pedi que ela esperasse um minutinho. Procurei um jeito maneiro de descer. Estava quase desistindo e descendo pela trepadeira, quando me lembrei da minha prancha. Mexi na bolsa e achei um pequeno cubo bronze com um botão em uma das faces. Apertei o botão e o cubo se transformou em uma prancha voadora. Da palma da minha mão, saiu uma bola de fogo, e com ela, liguei minha prancha e decolei.

     - Legal! – disse Rose quando eu cheguei lá em baixo.

     - Vamos? – eu perguntei

     - Vamos!

Passamos de fininho pelos guardas do palácio e corremos para o jardim. Uma brisa gelada com cheiro de primavera enchia o ar.

     - Brrr! Que frio! – disse Rose tremendo.

Tirei minha capa e a cobri com ela, esquentando-a.

     - Obrigada! – ela disse docemente.

     - Tudo por você! – eu respondi.

Ela corou e continuou andando.

O passeio foi muito bom! Definitivamente, esse é o melhor dia da minha vida!

     - Noah! Escuta! Você gosta mesmo de mim, ou isso tudo é porque eu sou a princesa? – Rose disse parando de repente.

Eu sorri. Agarrei sua cintura e beijei seus lábios apaixonadamente. Ela não esperava por isso, e depois do beijo, ela ficou meio desnorteada.

     - Eu te amo! – eu disse – Nunca duvide disso!

Ela sorriu e disse:

     - Acho melhor voltarmos!

     - Ah! Vamos ficar mais um pouquinho! Por favor! – eu pedi

     - OK! – ela bocejou – Desculpa!Só mais um pouquinho!

     - Yeah! – eu comemorei - OK! Chega de andar!Vamos sentar ali? – eu disse apontando para uma árvore.

     - Ótima idéia!

Sentei debaixo da árvore, Rose deitou sua cabeça no meu colo e devolveu-me minha capa.

     - Não está mais com frio? – perguntei

     - Passou. – ela respondeu – É estranho! Eu nunca me senti assim antes!

     - Assim como?

     - Sei lá! Sempre que estou com você, eu me sinto protegida, segura. Toda vez que toco sua mão, um cala frio percorre o meu corpo inteiro. E toda vez que eu te beijo... Eu sinto como se eu estivesse nas nuvens.

     - Achei que só eu me sentia assim! – eu confessei

     - Você também?

Eu balancei a cabeça afirmativamente.

     - Rose, se eu te pedisse em namoro, o que você responderia?

     - Se esse já for o pedido oficial, eu já tenho uma resposta para você!

     - Sério? E qual seria?

     - É lógico que eu quero ser sua namorada!

Eu sorri e acariciei sua cabeça. Não demorou muito e ela caiu no sono. Cobri-a com minha capa e beijei-lhe a testa.

     - Boa noite! – eu sussurrei com medo de acordá-la.

Eu torcia para que aquilo não fosse mais um de meus sonhos malucos em que eu me imaginava como um rei. Meu dia havia sido perfeito! Fui salvo pela princesa mais linda do universo, dancei a noite inteira com ela, ganhei um beijo seu, passeei pelos belos jardins do palácio em sua companhia e ganhei a namorada com a qual todos os garotos do universo sonhavam. Meu dia não podia ter sido melhor!

A única coisa que tinha estragado o dia era que eu odiava o irmão da minha namorada e ele me odiava. Isso ia acabar mal.