Eu estava cega de raiva e já nem prestava mais atenção no que Anna dizia.Como eu explicaria aquilo para o Bill? Eu não tinha provas de que aquilo fora uma armação,nunca iria esperar uma coisa dessas do Daniel,ele sempre me pareceu uma pessoa equilibrada e... bem,só sei que o meu namoro com Bill tinha definitivamente acabado,ele não me perdoaria apesar de eu ser inocente.

Desliguei o telefone e entrei novamente no restaurante,me sentei na cadeira com certa dificuldade já que minhas pernas tremiam,estava tensa demais,minha avó me olhou assustada.

- Você está pálida... e suas mãos estão geladas... o que aconteceu Elize? Quem era no telefone? – Ela se levantou e veio até mim.

- Era a Anna – Falei com a voz baixa e embargada.

- Ela... falou algo para você? – Sinalizei negativamente com a cabeça. – Aconteceu alguma coisa com alguém?

- Aconteceu... – Deu um nó em minha garganta e eu comecei a chorar.

- Oh,meu Deus... venha querida,vamos embora.

Vovó pegou sua bolsa e nós fomos embora,eu não estava em condições de dirigir por isso minha avó o fez.Quanto mais perto chegávamos de casa mais nervosa eu ficava só de imaginar as coisas ruins que Bill deveria estar pensando de mim,o quanto enganado ele deveria estar se sentindo,minha vida estava se tornando um pesadelo sem fim,estava tudo tão bem estávamos tão felizes,eu devo ter cometido algum pecado muito grave para ser tão castigada daquela maneira,eu me perguntava quando aquela luta acabaria e eu poderia ser finalmente feliz com o Bill.

Quando o carro parou percebi que já tínhamos chegado,respirei algumas vezes antes de sair,foi inevitável não olhar para a casa de Bill.Entrei em casa o mais rápido possível,pensei em subir e me trancar para sempre em meu quarto mas eu devia explicações à minha avó,foi quando alguém bateu na porta e eu gelei dos pés à cabeça,vovó abriu a porta e... bem... o que eu já esperava,Bill entrou sem ao menos cumprimenta-la parecia estar fora de si,não de uma maneira violenta,na verdade seu rosto e olhos estavam banhados em lágrimas o que fez meu coração doer de uma maneira inimaginável,era possível ver total decepção em seus olhos,aqueles olhos amendoados que nunca mais demonstrariam tanta ternura por mim e que com certeza nunca mais iam querer cruzar com os meus.

- Quem é aquele? – Bill dizia cada palavra com dificuldade.

Juntei forças para responder à sua pergunta,mesmo não conseguindo mais conter minhas lágrimas.

- Daniel... Bill... eu...

- Daniel?! Aquele seu “amigo”? – Ele me encarou com desdém. – Como pode fazer isso comigo? Depois de tudo o que passamos! – Ele soluçou. – Depois de tudo que eu fiz por você... por nós.Eu sei que errei feio no passado mas reconheci meus erros e mesmo sabendo que você poderia nunca mais querer olhar na minha cara eu lutei contra tudo e todos pelo nosso amor! E é isso o que você faz?

Bill respirava com dificuldade,suas lágrimas não paravam de descer.Eu ouvia tudo aquilo consciente de que eu era inocente,mas não conseguia me defender,dizer que ele estava errado em tudo o que dizia mesmo sabendo que Bill também era só mais uma vítima em toda essa história,eu queria explicar queria muito,mas como eu faria isso se não tinha como provar?

- Você não sabe o que está dizendo! – falei.

- Sei e tenho provas o suficiente!

- Daniel armou para nós,ele não suporta a idéia de nos ver juntos porque o que ele sente por mim é mais do que amizade,o problema é que ele não entende que é você quem eu amo,você! Tudo o que você viu é mentira! Ele me beijou à força,armou para nos separar.Eu tentei te falar mas tive medo da sua reação.Bill,por favor acredite em mim,eu sei que não tenho provas mas eu tenho meu amor por você,você me conhece e sabe que jamais faria uma coisa dessas,eu te amo demais! – Eu instintivamente o abracei forte,não permitiria que ele se fosse outra vez,eu precisava dele para sobreviver.Mas já era tarde demais...

Senti seu corpo lentamente afastar-se do meu e o abraço se desfez,ele olhou em meus olhos talvez pela última vez,deu as costas e simplesmente foi embora.Ele havia me deixado.Meu corpo foi contra o chão e ali de joelhos com as mãos apoiadas no chão frio e minha cabeça baixa,eu desejei morrer.