Pelo efeito do álcool eu não fiquei revoltada quando Brian me deu um selinho. Era meio que uma coisa estranha. Sai da água, foi uma coisa automática, olhei pra trás e Syn boiava na água. Fui até o carro e aumentei o som. Sentei no banco do motorista e comecei a vasculhar as coisas de Brian.

‘’CD, CD, CD, CD e CD’’ pensei enquanto os jogava no meu colo.

Vi que estava sem roupa e comecei a rir. Achei a primeira blusa no carro e vesti.

– SSSSSSSSSSYN – eu gritei e ele me olhou – EU TÔ COM FRIO – ouvi ele rindo e logo veio em minha direção

– Vamos fazer uma fogueira então – ele disse fitando a blusa – Cuida dessa blusa – ele disse e eu a fitei

Comecei a esticar a blusa e ele me fitou. Comecei a rir na cara dele e ele veio correndo atrás de mim.

Corri o quanto mais podia, dava voltas e ele não parava.

– Para Syn – eu disse ainda correndo

– Você me irrita Lauritta – ele disse me alcançando

Pra minha felicidade, bati o pé em alguma pedra e cai.

– MERDAAAAA – eu disse com a voz chorosa e com a mão segurando meu pé

– Peguei – Brian disse, mas parou quando viu lágrimas caindo dos meus olhos – O que aconteceu? – ele disse se abaixando

– Eu bati meu pé em alguma coisa – eu disse apertando meu pé

– Deixa eu ver? – ele disse tirando minha mão do pé

Tirei a mão e meu pé estava sangrando. 

– Merda, merda e merda – eu disse me jogando pra trás

A dor estava realmente insuportável.

– Consegue andar? – Syn disse segurando minha perna

– Não porra – eu disse choramingando

Brian me pegou no colo e me levou até o capô do carro e me sentou lá. Rasgou um pedaço da blusa que ele "tanto" amava e amarrou com força no meu pé.

– Você não gostava da blusa? – eu disse me deitando

Ele apenas deu um mero sorriso e beijou uma das minhas mãos.

– Eu vou pegar lenha, vê se não se mata – ele disse e começou a procurar as madeiras

Fiquei lá fitando o céu e quando estava fechando os olhos...

– LAUREEEEEN – Brian gritou e me fez despertar – Acorda! – ele disse rindo do meu susto

– Filho da puta – eu disse saindo de cima do carro e indo em direção a fogueira que estava na areia

Sentamos lá.

Ai ficamos lá que nem uns idiotas falando das possibilidades da gente ser morto por algum monstro canibal que poderia sair da "mata" e nos matar sem dó e sem piedade.

– Ele chegaria por trás de você, ai ele iria contar sua cabeça com uma foice – eu disse rindo – ai quando eu tentasse correr não conseguiria

– Ou então você ta nadando lá né, ai tipo alguém te puxa pra baixo ai eu vou tentar ajudar e vejo um monstro muito cabuloso, ai eu tento fugir com o carro e ele não pega – ele disse rindo escandalosamente

Brian me ensinou a falar castelhano também.

– Não é my gusta, é me gusta – ele disse gesticulando com as mãos

– Mei gusta – eu disse e ele riu na minha cara – Af seu insuportável, você que não sabe de porra nenhuma e fica ai – eu disse fazendo bico

– Af calaboca – ele disse ainda rindo

– Viado

– Mimada

– Mal comido

– Patricinha

– PATRICINHA NÃO – eu disse indignada e acertei uma tapa no seu ombro

– Porra loca

Bocejei e Brian me fitou.

– Está com soninho bebe? – ele disse rindo

– Vai se fuder – eu disse me jogando na areia – Arruma um lugar pra mim vai

– Ah vai você, não tem perna? – ele disse se levantando

– Estou machucada por culpa sua, então fica de boa ai

– Minha culpa!? – ele disse e saiu bufando de raiva

Brian fazia um barulho irritante de dentro do carro.

Levantei ainda mancando e fui até ele.

– Que lindo Syn!! – eu disse com as mãos no rosto

– Não sou totalmente inútil – ele disse arrumando ainda o "quarto" que ele tinha improvisado.

Ele tinha abaixado os bancos dos passageiros e ficou reto, colocou um pano meio sujo mais tudo bem (não faço idéia da onde ele tirou isso) e forrou.

Subi no carro e me deitei esparramada, mas Syn me empurrou pro lado com o pé.

Eu o fitei irritada.

– Ta achando que é só pra você – ele disse se deitando do meu lado

– Af que merda não cabe nós dois aqui – eu disse o esmurrando – Ai! meu pé porra

Ficamos lá um chingando o outro até achar o lugar certo pra deitar.

Syn estava de barriga pra baixo com uma perna nas minhas costas e a outra dobrada. Eu estava de barriga pra cima com uma perna embaixo da cabeça de Syn e o pé machucado nas costas dele.

Como a gente conseguiu ficar desse jeito? Nem me pergunte, eu não faço idéia.

– Assim não dá – Syn disse e se levantou

– Aproveita que você ta em pé e apaga a fogueira, o barulho me irrita – eu disse me deitando

Aproveitei a oportunidade e fechei o porta mala com tudo.

– Abre ai porra – Syn disse revoltado

– Não – eu disse rindo – dorme ai fora

Ele e fitou e deu um murro na porta. Fiquei assustada e abri. Ele deitou do meu lado ríspido e fechou os olhos.

– Vai ficar com cara de cú mesmo? – eu disse cutucando ele

Ele só riu e chegou mais perto de mim. Adormecemos. Acordei na madrugada.

– Syn – eu disse sussurrando

– Que? – ele disse sonolento

– Tira sua blusa eu estou com frio – eu disse encolhida

– Af – ele disse e me olhou – Não – ele voltou a fechar os olhos

– Se eu morrer de frio, a culpa é sua – eu disse e voltei a fechar os olhos

Um minuto depois.

Senti braços passarem por volta da minha cintura e me abraçarem, e o aconchego do calor de Brian me confortou. Agora sim eu dormiria.