E assim se passaram 5 meses. 

Eu ainda continuava a ‘’trabalhar’’ para Jev enquanto ele me dava casa e drogas.

Eu gostaria de me livrar de tudo isso. Abandonei amigos e minha família por algo desnecessário.

Nesse tempo tinha feito ‘’amigos’’, não amigos de verdade.

Eram o tipo de amigo que estava do seu lado enquanto você tivesse o que ele queria. Quando você parava de fornecer, ele ia embora.

Eu estava sozinha.

Jev saia de manhã e voltava em 5, 6..10 dias.

Eu ficava na maioria das vezes jogada no banheiro de um bar ou em casa, sempre me drogando.

Eu havia feito péssimas escolhas.

Eu precisava de ajuda.

Eu precisava de alguém do meu lado.

Meu dia se resumia em usar drogas e fumar um cigarro na janela.

Sozinha.

Nesse momento eu estou parada na janela do meu quarto, queimando um cigarro. É um dos únicos momentos que passo sóbria.

O único som que continha, era o do silêncio.

Eu passei a conversar com a escuridão.

Meg não me liga a 3 meses. Os meninos estão em turnê.

E Brian, ele faz falta. Eu sentia tanto sua falta.

Chorei ao me lembrar dele há 5 meses atrás. Chorei mais ainda ao lembrar que saí do seu lado pra me drogar.

Como eu fui tola. Como eu fui superficial em meus sentimentos.

Me deitei no chão e fitei o céu por entre a janela.

- Está ficando escuro e eu continuo aqui tendo pesadelos – eu cantarolei alguma coisa – venha iluminar meu céu, oh pequeno anjo – eu cantarolei sussurrando e sorrindo

Olhei pro lado e vi algumas seringas usadas e um pouco de cocaína e heroína.

Me levantei e fui até as drogas.

Aquilo estava me matando.

Peguei alguns que consegui alcançar e joguei de forma violenta contra a parede mais próxima.

Sentei-me no chão derrotada e peguei alguns dos saquinhos de cocaína.

Coloquei em cima do piso, e separei duas carreirinhas.

Cheirei as duas.

Sentei e senti meu pulmão ficar amortecido e úmido.

Tossi e podia sentir meu nariz escorrer.

Os efeitos pareciam não causar mais efeito.

Apliquei uma boa quantidade de heroína.

Nos próximos minutos, eu estava no ápice.

Viajando, sonolenta e electra por dentro.

Engasguei com minha saliva e tossi.

Sentia tudo úmido e amortecido por dentro de mim.

Fiquei mais sonolenta e podia sentir a falta de ar chegando. Tossi mais uma vez. Eu estava ficando em estado de transe, me sentia navegar em um lugar distante e imaginário.

A falta de ar aumentou e agora estava cada vez mais difícil respirar ou me mover. Não estava conseguindo sequer abrir os olhos.

Uma sensação de Déjà Vu tomou conta de mim.

Alguns minutos depois eu ouvi um barulho alto na porta que me fez despertar.

Eu mal conseguia respirar ou me mover.

Ele chegou na casa de Jev. Estava tudo escuro. Eu estava jogada no chão toda machucada. Não conseguia me levantar. Ele chegou e não conseguiu abrir a porta. Eu havia trancado. Eu queria abrir a porta, mais eu não conseguia levantar.

- Lauritta, abra a porta – Brian gritava – Eu vou te ajudar a sair dessa – ele bateu na porta de novo

- Eu não consigo – eu gritei e senti minha cabeça ficar pesada, então fechei os olhos

Olhei pros meus braços, eles estavam roxos e havia vários furos. Como se eu tivesse injetado algo, várias vezes.

Eu precisava de ajuda, ou iria morrer ali.

Brian ainda batia na porta, mas ele parou. Devia ter desistido de mim. E iria me deixar morrer, como ele disse, várias vezes.

Tentei levantar, mas minhas pernas não obedeciam.

- Brian por favor – eu tentei gritar mais não conseguia – Eu te amo – eu disse e comecei a chorar – Não me deixe – eu caí

Minha cabeça bateu no chão e eu só vi a escuridão tomando cada vez mais parte da minha vida.

Poderia ser uma alucinação ou a realidade?