Senti minhas pernas e mãos tremerem, eu estava entrando em uma ‘’bad trip’’. Estava desconfiada e os passos de Brian eram cada vez mais próximos. Sentei-me no vaso e abracei os joelhos.
Olhei para os lados para certificar que estava segura e fechei os olhos. Minhas mãos tremiam.

Comecei a chorar baixo, tampando a boca para Brian não ouvir.

Ele parou na porta do box. Meu coração acelerou.

Brian bateu o pé na porta e ela se abriu, exibindo um Brian irado e maníaco.

Estava com um copo de whisky barato na mão. Eu tinha cheirado cocaína de mais e o efeito bateu forte misturado a maconha me deu essa ‘’bad trip’’.

Cai de joelhos na frente de Brian e deitei no chão chorando, suja e infeliz.

Brian ficou me fitando por longos segundos e deixou a bebida em cima da pia. Foi até mim e se agachou me puxando para cima junto com ele.

Me equilibrei na bancada, minhas pernas tremiam. Meus pensamentos eram os piores, os mais repulsivos e macabros que existiam.

Eu queria morrer.

Brian se encostou a um box e ficou me fitando, seus olhos estavam escuros e rasos.

Eu não conseguia decifrar nada do que eles queriam passar. Eu nem sequer sabia direito o que estava sentindo.

Liguei a torneira e deixei a água cair, coloquei as mãos na agua e fechei os olhos passando a agua pelo rosto. Quando abri meu rosto estava normal, porém minhas mãos estavam ensanguentadas e desfiguradas. Soltei um grito e fui para trás, correndo.

Eu sai do banheiro correndo em direção a saída. Todos olhavam de um jeito estranho e maníaco para mim, eles estavam falando de mim ou tramando eu não sabia por que, mas eles queriam.

Corri ainda mais e saí pela porta dos fundos, saí correndo e não vi a rua.

Ouvi uma buzina alta e uma luz forte nos meus olhos.

Poucos milésimos de segundos eu poderia ser atropelada, mas alguém me puxou com força para trás. A pessoa me abraçou o mais forte possível que podia, se afundou em meus cabelos e me apertou ainda mais.

Eu comecei a chorar assustada e muito assombrada com tudo para ter outra reação.

Eu estava com medo, menos assustada. O efeito deveria estar passando..

- Por favor, me ajude – eu murmurei sem ver quem era a pessoa que me abraçava – Me ajude

Senti os braços me apertarem mais ainda e me afastarem de perto dele.

Meus olhos o encontraram, meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Aquelas grandes esferas castanhas me fitavam, pude ver seus olhos nítidos e brilhantes.

Olhos com desculpas.

Eu o amava.

Eu estava magoada.

Eu não era um brinquedo.

Magoada demais para perdoar.

Me soltei de Brian e ascendi um dos meus cigarros.

- Obrigada – Murmurei e sai do seu lado

Fui andando em direção ao bar do Jev.

Brian veio atrás e me puxou pelo braço com força.

- Eu quero falar com você – ele disse e me olhou nos olhos com ternura

- Fala – eu disse fria e ríspida

- Eu quero pedir des... – ele ia dizendo mais o interrompi com uma risada alta e gostosa

- HAAHHAHAHAHA Brian HAHAHAHA vamos ser sinceros com nós mesmos – eu disse e joguei o cigarro fora – Somos apenas ‘’conhecidos’’, eu não te conheço mais e você também não me conhece

Ele fechou a cara e ascendeu um cigarro.

- Quem é você Brian? E o que foi aquele showzinho que você deu no telefone? Você me achou e agora? Mudou a sua vida? – eu disse irritada – Brian vamos parar com essa brincadeira que já me machucou de mais, fomos amigos, passamos por coisas legais, mais eu não consigo mais ficar assim com você – eu disse com os olhos cheios de lágrimas – Eu gosto MUITO de você Brian, mas tá me fazendo mal – eu disse chorando – Me deixa, por favor

Brian ouviu tudo calado e quieto enquanto queimava seu Marlboro.

- Eu não quero te perder – ele disse fitando os carros

- Você nunca me teve Brian, você nunca me pegou pra você – eu disse limpando os olhos – Somos amigos Brian, e nunca vai passar disso – eu disse sorrindo

- Eu vou me arrepender disso – ele disse e saiu

Sentei na entrada do bar de Jev e me senti horrível. Eu amava tanto Brian e mentir daquela maneira estava me matando.

Eu precisava sair dali, sair de mim.

Entrei no bar e Brian estava emburrado e bebendo whisky na garrafa.

Cheguei até Jev.

- Jev, por favor me dê algo forte – eu disse encostada a porta

Jev vasculhou suas coisas e me deu um tipo de pó, uma colher e uma seringa nova e um isqueiro.

Pegou o pó e colocou na colher, enquanto com o isqueiro esquentava por baixo. Eu peguei a seringa e fui sugando o óleo que aparecia na colher.

Quando a quantidade estava certa, Jev pegou a seringa da minha mão e eu me sentei.

Só relaxa Jev disse e segurou meu braço esquerdo firme.

Senti a picada da agulha e mordi os lábios. Jev injetou tudo bem devagar e depois de tirar a agulha de meu um algodão.

Sentei no chão, perto de uma lixeira. E depois de uns 5 minutos comecei a me senti com sono e feliz.

Meus olhos ficaram embasados e joguei a cabeça para trás fechando tudo.

Eu estava plena.

Sentia as paredes do meu corpo se retraírem, como se tivesse tendo um orgasmo, eu estava confiante em mim mesma isso era realmente bom.

Nos 10 minutos seguintes eu estava começando a ficar mal.

- Agora seu corpo vai rejeitar – Jev passou e encostou a porta

Comecei a suar frio e a sentir ânsia de vômito, senti falta de ar e a visão continuava embasada, espasmos tomavam conta do meu corpo e senti uma grande onda de calor tomar conta do meu corpo. Deitei no chão e não me lembro de mais nada.