Primeira Canção escrita por Gaby Soares


Capítulo 9
Primeiro encontro


Notas iniciais do capítulo

Até que enfim, chegamos ao cap do beijo, bem no final... *-* e prestem a atenção no comportamento de Alice, Jasper, Caius e Victória, esse quarteto ainda vai dar o que falar. E... o Emm tá na area!! Então esperem só pra verem a parte comédia da fic!! kk' Bom é isso!!
Boa leitura!!



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Acordou relativamente cedo aquele dia. Olhou ao redor confusa com um sonho que teve com Alice. Repetiu internamente que estava segura em sua casa, passou a mão na testa e constatou que estava suando frio. Realmente, ela não estava bem. Sentou-se na cama sentindo o corpo pesado e esfregou os olhos. Levantou-se para trocar de roupa a contra-gosto e foi fazer sua higiene matinal.

Estava decidida que, se não encontrasse Alice, ela própria iria procurá-la. Primeiro ao trabalho, depois em sua casa. Claro, ela só tinha ido lá uma vez e a noite, mas não podia ser tão difícil. Animou-se um pouco com o pensamento enquanto descia as escadas para tomar café. Charlie e Felipe estavam sentados no tapete montando um quebra cabeça, e Bella, quase involuntariamente, olhou para a janela, e o que ela tanto temia aconteceu, estava chovendo. Suspirou alto. Caminhou até a cozinha e pegou um copo de suco de laranja natural e uma torrada. Sentou-se na mesa e comeu calmamente, sem pressa alguma, afinal, ela não tinha nada para fazer mesmo. Juntou a louça quando terminou e lavou-as com um tédio contagiante.

Foi para a sala e sentou-se no sofá. Observou seu pai encaixar cinco peças enquanto Felipe continuava na primeira com bastante duvida, viu quando o pequeno coçou a cabeça mostrando que não fazia a menor idéia de onde encaixá-la. Bella gargalhou alto, dando um susto nos dois que estavam distraídos. 

– não sabia que estava ai. Tem visita pra você, mas ela preferiu esperar lá fora. Peça a ela para entrar, querida. – seu pai disse colocando outra peça no lugar.

Bella estranhou aquilo, e pensando na hipótese de ser Alice ela caminhou até a varanda a passos lentos, cautelosos e silenciosos. Abriu a porta depois de respirar fundo algumas vezes, podia sentir os olhos de seu pai m suas costas e escutar o barulho de Felipe bufando. Girou a maçaneta e contou até três para abrir. Sim, era ela. A baixinha acolhedora estava sentada no ultimo degrau da escada olhando para a chuva que caia fracamente agora. Ela não olhou para trás quando Bella se sentou ao seu lado, continuou a encarar o nada com uma adoração palpável.

– e então, sentiu minha falta? – ela disse, por que Alice tinha a mania de sempre dizer uma frase ao invés de um Oi?

–claro. Aconteceu alguma coisa com você? – perguntou preocupada, notando que a voz de Alice estava em um tom rouco pouco saudável.

–não, – ela pareceu hesitar por um momento e então completou como se lembrasse de algo – não comigo... olha, que tal uma festinha hoje a noite? –ela finalmente encarou Bella de frente.

Mas não era aquilo que ela esperava. Alice tinha olheiras nos olhos e um semblante cansado. Bella tentou não comparar a imagem da Feliz e elétrica Alice à garota que estava em sua frente, mas estava praticamente impossível não fazer isso. Os olhos azuis da baixinha já não tinha aquele ar alegre que sempre carregou, ou a profundidade clara que tinha ali, era apenas aquelas orbes opacas e secas que pareciam não pertencer àquele lugar. A pele parecia estar cremosa, prova de que ela havia passado quilos de maquiagem, para disfarçar as olheiras, talvez? Poderia ser. Ela estava pálida, muito pálida. Era preocupante. E por um momento Bella pensou em apenas abraçá-la sem nenhuma palavra, como Alice um dia havia feito com ela. Mas se congelou no lugar. Faria tudo para ver aquele sorriso grande em Alice novamente. E sem pensar duas vezes aceitou o convite.

–claro, será um prazer. Que tal se você dormisse aqui essa noite?

Bella disse isso por duas razoes, primeiro queria Alice perto, não queria que ela se aproximasse novamente daquilo que a fazia mal. E segundo ela queria se certificar que ela melhoraria a qualquer custo. Alice pareceu pensar em um momento. E depois sorriu fracamente, mas aquele sorriso, não atingiu seus olhos.

–sim! Eu venho. Chego as seis aqui. Tudo bem pra você?

–sim. Ótimo. Então… apenas nós duas no programa ou mais alguém?

Uma vez Bella havia escutado que quando uma pessoa não sorri é porque sente falta de um sorriso seu. Funcionou, Alice abriu um sorriso genuíno, e se não fosse as olheiras ela poderia falar que era a antiga Alice ali, sentada na varanda de sua casa e citando uma por uma as pessoas que estariam presentes.

(*) (*) (*)

Quando a pequena foi embora, Bella sentiu um vazio horrendo e sentiu vontade de chorar ao se lembrar do rosto de Alice quando a viu pela primeira vez aquele dia. Subiu as escadas depois de ver o ponto de interrogação estampado no rosto de seu pai que teve o seu pedido desconsiderado. Avisou por cima do ombro que a baixinha dormiria aqui, seu único consolo aquele dia.

Bella parecia um fantasma rondando a casa simples. Não parava quieta um segundo sequer. Tomou apenas dois copos de água, não conseguindo enfiar nada goela a baixo. Perguntou-se como Alice havia conseguido sustentar a barra por tanto tempo, com o mesmo sorriso gentil que sempre teve enquanto Bella tinha uma atitude infantil. Tentou considerar as razoes que a fizeram ficar daquela forma. De fato, ela sabia muito pouco da vida dela.

Seu pai não parou de tocar durante a tarde chuvosa. As musicas passavam maravilhosas e bem tocadas dentro daquele recinto fechado. Felipe estava ao lado do pai, mas não se interessava por nota nenhuma. Não gostava de musica clássica, queria apenas ficar com o pai, como um dia Bella quis, mas ao contrario de seu irmão, amou tudo o que aprendeu.

Em estado de apatia, Bella se levantou do sofá, onde, supostamente, estava assistindo televisão, quando, na verdade, mudava de canal sem realmente absorver nada que se passava. Achou que ali era o melhor lugar para vigiar Alice chegar, mas aquilo só estava a deixando ainda mais nervosa, ansiosa. A cada rangido da madeira velha na porta causado pelo vento Bella a olhava ansiosa, desejando arduamente que aquilo era um pesadelo e que Alice estava como sempre esteve. Mas não, em um passe de mágica, ela descobria que não estava dormindo que nada estava normal, entretanto nada iria voltar a ser como antes. Olhou para o pai e seu irmão sentados ao piano e depois para a janela. Decidiu que era hora de subir para o quarto. Descansar um pouco poderia lhe fazer bem. Levantou-se calmamente e colocou a mão na coluna. Enquanto iria por a mão longa no corrimão lustroso ouviu a campanhinha tocando e desceu correndo para atender. Mas era apenas o carteiro! Pegou o pacote depois de assinar o papel e colocou tudo de qualquer forma em cima do sofá.

Já no décimo segundo degrau ela escutou o barulhinho da Campanhinha novamente. Suspirou já irritada e pediu, quase em um rosnado, que Felipe abrisse a porta. Ele correu para atender a irmã, com ar de amedrontado. Continuou a nadar pelo corredor quando escutou o grito de seu irmão.

 –Bella!? É para você!

Ela desceu correndo, invadida por uma euforia que não estava presente ali antes. E não podia ter se deparado com algo melhor. Alice tinha o rosto mais corado, parecia que havia dormido à tarde, pois as olheiras estavam menores, sorriu sinceramente para a garota e a abraçou quando chegou perto da porta.

–você me parece bem melhor. Aconteceu algo de especial? – Bella perguntou enquanto pegava a mala de Alice.

–claro! Uma festa não é motivo bastante? – ela disse retomando o espírito que apenas ela tinha.

–vamos para o quarto.

Subiram as duas conversando sobre o tempo horrível e mal notando que estavam sendo perseguidas por olhares curiosos. Alias, Bella estava. Charlie constatou que com Alice ela conseguia ser muito mais ela mesma. Era a antiga Bella, exatamente como antes. Sorridente, brincalhona, provocativa... “a minha Bella” como ele a costumava chamar. Naquele instante ele percebeu porque nunca a recriminou ou julgou. Era sua menininha, com uma mascara mal posta colocada para sua própria sobrevivência, como se esse assessório fosse fazê-la parar de sofrer.

(*) (*) (*)

Não parecia ser a Alice triste dessa manhã. Assim que chagaram no andar de cima, as duas se sentaram na cama para conversar sobre coisas idiotas e dispensáveis. Havia tanta coisa a ser perguntada, mas como começar?, pensava Bella, já agonizada enquanto Alice contava um tombo que havia levado essa manhã. Resolveu deixar pra lá, se fosse algo importante ela diria. Alice sabia que poderia contar com Bella pra tudo, não sabia?

A baixinha propôs começarem rápido, afinal, a noite iria começar cedo e ela queria que Bella estivesse perfeita. Apesar da inocência na frase de Alice, Bella não conseguiu deixar de notar um breve duplo sentido na escolha das palavras. Da forma como foi proferida, deixava a imaginar que ela queria que Bella conhecesse uma pessoa. Devia ser só imaginação. Claro.

Enquanto Bella ia tomar banho Alice tirou de dentro da enorme bolsa as roupas que queria que ela usasse. Imaginava que ela iria querer algo mais delicado, mas essa noite queria a verdadeira Bella. E não sabia ao certo qual era ela. Então decidiu optar pela atitude, pelo simples e pelo básico, mas sem perder a classe. Deixou tudo esticado em cima da cama e começou a arrumar o toucador com uma imensidão de utensílios de beleza.

Quase pulou quando escutou o barulho da porta se abrindo atrás dela. Virou-se cautelosamente e sorriu ao encontrar Charlie encostado no batente da porta.

– olá, Sr. Swan! –cumprimentou-o simplesmente se sentado na cadeira.

–você deve ser Alice, certo? Acho que Bella não teve muito interesse em me apresentar a nova amiga. –ele disse sorrindo educadamente.

– apenas faltaram oportunidades – Alice a defendeu

– sim, sim, claro. Estou fazendo um lanche lá em baixo, quando quiserem comer é só descer. Onde está Bella?

–está no banho. E descemos assim que pudermos.

–irão sair? – Charlie observou quando notou toda aquela parafernália em cima do toucador inutilizado.

–sim, se o senhor não se importar.

–oh, não. Algum lugar em especial?

–não. Apenas um karaokê que está abrindo hoje na avenida. Achei que Bella gostaria de ir. Somos menores de idade, se não contar com meus irmãos mais velhos, então acho que um lugar mais familiar e aconchegante seria muito melhor do que uma balada.

–sem duvidas! Bom, está dado o recado. Vou descer. Estou com uma fome danada. E aquele sanduíche me parece apetitoso. – Alice gargalhou.

–bom apetite. – ela disse enquanto ele se virava.

(*)(*)(*)

Tudo estava mudando. A paisagem podia ser a mesma coisa, mas a mentalidade de Bella havia se transformado. O que fazia tudo ter um sentido diferente. Não reclamou quando Alice a fez se enfiar de cima de um salto quinze, porque simplesmente se derreteu com os olhinhos pidões quando ela abriu a boca para reclamar. Seria sempre assim? Bella sempre se veria paralisada e viciada nos movimentos de Alice? Achava que sim. Afinal, apesar de Ângela, Alice a tinha mostrado um tipo de amizade diferente. Baseado no apoio refreado, na critica e na adoração. Elas sempre seriam assim, pelo menos enquanto durasse essa amizade.

Caminhavam pela avenida principal contando musicas em um fone de ouvido dividido entre as duas. Executavam dançinhas estranhas, o que as faziam vacilar o passo. Mas não ligavam nem um pouco. Estavam juntas, era o que bastava. Cantavam a musica e balançavam os braços de um lado para o outro, sorrindo e brincado. Quem passava na rua, das duas uma, ou as achavam bêbadas ou loucas, no final não fazia tanta diferença.

Escolheram ir a pé para poder brincar melhor, e porque Alice queria que Caius a levasse pra casa. E Bella? Nem ligou quando ela disse aquilo. Conformou-se em voltar da mesa forma que estava indo, apesar de Alice ter a garantido que isso não iria acontecer, com um olhar malicioso no rosto.

Pararam em frente a uma espécie de bar. Era luxuoso, um lugar perfeito para um encontro entre amigos. Era todo preto e havia luzes de neon chamativas na entrada, era tudo muito convidativo e agradável com um ar de misterioso e jovem. Alice parou assim que chegou à calçada para atender o celular, trocou apenas duas palavras depois de uma pausa longa após o “oi” tradicional. Ela se virou para Bella ainda de cabeça abaixada enquanto apertava um botão qualquer. Quando olhou para a amiga que estava parada com expressão nervosa, não deixou de sorrir largamente.

–ainda não me acostumei com essa sua beleza que estava escondida. Você pode ter mudado as roupas, mas seu rosto e cabelo ainda precisavam de um trato! – ela zombou.

–muito obrigada – Bella fez um sinal de beleza com a mão – pela parte que toca! – ela disse zombeteiramente.

–ah, deixa de besteira! – ela abanou a mão em frente ao rosto para mostrar que aquelas besteiras eram dispensáveis. – agora vamos entrar, já estão todos lá dentro.

Alice caminhou em direção à entrada e conversou algumas palavras agradáveis com a mulher de terninho preto que estava na porta, logo depois, essa mesma moça, as guiou pelos corredores estreitos formados pelas mesas redondas cheias das ornamentações bem trabalhadas. Alice acenou para alguém na parte da frente do estabelecimento. De longe pareciam ser cinco pessoas, mas não parecia muito certo para Bella. Mas não pode confirmar suas suspeitas já que Alice dispensou, em poucas palavras a mulher bem vestida, e começou a puxar Bella pelo braço em direção à mesa cheia de gente no salão.

Aproveitando da caminhada, Bella fez questão de analisar melhor o local. Era tudo muito suntuoso e ao mesmo tempo aconchegante. Ela imaginava, a julgar pelo lado de fora, que isso aqui seria um jantar formal, com as mesas grandes e bem feitas, mas não. Isso tinha a cara do Brasil. Cheio de estampas nas mesas redondas, quadros para todo o lado, fios de luz pendiam-se de janelas em janelas, atravessando o salão… era tudo muito bonito, sem duvida, e lindo de um modo diferente. Bem a cara da Alice mesmo. Ao norte, bem a frente da mesa para onde caminhavam havia um palco enorme e Bella achou que esse lugar poderia ser um karaokê. Ela fez uma careta ao pensar nisso. Sentiu os braços de Alice a apertar com mais força e apertou o passo. Alguns segundos depois, estava cumprimentado um monte de pessoas que não sabia o nome.

–Bella, esses são Jasper, – ela fez uma careta. E Bella se lembrou do episodio do beco onde ela a conheceu. – amigo de Edward. Emmet, meu irmão – ela mostrou um homem musculoso e covinhas no rosto. Bella apenas sorriu – Eu acho que essa é a Rosalie, noiva dele, já que é a única que eu ainda não conheço, – ela deu ênfase na palavra ainda. – mas tenho a impressão de que já te vi em algum lugar...

–é verdade. Você na não me é estranha. Já foi à Flea? – a mulher perguntou. Ela tinha um vós decidida, mas ao mesmo tempo doce… bonita.

–sim! – Alice gritou em um tom agudo demais o que fez Bella por a mão no ouvido e alguns na mesa rirem – eu e a Bella fomos lá. Agora eu me lembrei! Fiquei te elogiando por semanas. Se não fosse você não queríamos encontrado tudo o que queríamos! – ela falou tudo muito rápido e acabou rindo da própria besteira no final. – bom, continuando. Caius, meu namorado. E Edward. – ela olhou para ele e depois para Bella com um olhar malicioso e abaixou o tom de voz, deixando com ar de mistério. – meu irmão. Pessoas, essa é a Isabella, Bella para os íntimos e Bells para os folgados – todos gargalharam quando ela terminou.

– boa noite! – foi só o que Bella disse acanhada e sorridente.

– Ei, Bells, – Emmet disse usando o apelido dos folgados e Bella sorriu distraidamente ao constatar isso – não fique acanhada. Sente-se conosco. Sabe, a gente é um pouquinho louco, mas logo depois você se acostuma! – o grandalhão disse fazendo todos sorrirem e Bella ficar corada. – até a Rose já se acostumou! – ele disse isso como se fosse a coisa mais anormal e difícil do mundo.

–correção: ele é louco, a maioria de nós aqui é normal. Dependendo da sua definição pra isso, claro! – Jasper se defendeu, espalmando as mãos no ar em sinal de inocência! Bella gargalhou, se sentando.

Haviam três lugares naquela mesa. Um entre Jasper e Emmet, entre Edward e Jasper e outro ao lado de Caius. Alice se sentou ao lado do namorado, dando-lhe um beijo na cara amarrada do rapaz. Sentada e comportada, com as mãos no colo e sorriso garboso, Alice a apontou para a cadeira entre o irmão ruivo e o amigo que Bella havia separado a briga.

Foram horas de conversa fiada. A música de fundo era agradável. O local estava lotado, e vez ou outra a mesa deles chamavam mais a atenção por uma risada exagerada de Emmet. Mas ainda assim Caius insistia com a cara amarrada. Ele parecia insatisfeito com alguma coisa, Jasper talvez. Eles trocavam olhares estranhos, que Alice nunca notava, mas Bella sim. Estava atenta a qualquer detalhe. Inclusive da movimentação recente no placo, alguns homens carregavam equipamentos de som e ajeitavam, na sala de luzes, a iluminação fantástica. Prontamente, esse detalhe foi ignorado, sendo trocado por mais uma das histórias engraçadíssimas do Emmet.

Meia hora depois da chegada das meninas, uma ruiva esguia e bem apanhada entrou no salão com um sorriso enorme no rosto, acompanhada da mesma mulher que haviam atendido Bella e Alice na entrada. Elas caminharam na direção das meninas com passos largos e ao chegar perto abriu os braços enquanto Jasper se levantava juntamente com Edward.

–achei que iria demorar mais! – o loiro disse a abraçando apertado.

–desculpe, probleminha no carro... – ela se desculpou indo abraçar o ruivo. – nossa! Nem parece que nos vimos ontem, vocês estão mais bonitos, o que aconteceu? Algum SPA? Se for, me mande, pra lá, preciso de um! – ela brincou olhando Edward de cima a baixo.

–gente, essa daqui é Victória. – ele disse sorrindo discretamente. – uma amiga nossa. Emmet, você a conhece, certo? – e gargalhou ao ver a cara do grandão ao olhar para Rosálie, que mantinha um sorrisinho confuso ao olhar para o noivo.

–sim, claro. Prazer revê-la! – ele disse cordialmente evitando o olhar curioso da namorada.

– venha, sente-se ao meu lado, temos que conversar. – Jasper disse.  

Quando a moça se sentou à mesa sem ao menos um “oi” para as meninas, essas trocaram um olhar indignado, que não passaram despercebidos aos olhos de Caius, que por ventura ainda tinha a mesma cara de quem tinha comido limão estragado no café da manha e agora relembrava esses momentos torturantes.

A conversa ainda estava animada quando um homem se colocou sobre o palco e chamou a atenção de todos. Ele bateu três vezes no microfone de época prateado e deu um sorrisinho agradável para a platéia. A primeira observação de Alice era que de que ele precisava de uma dieta, já que sua blusa fazia um volta perceptiva mesmo acima do paletó, que o dava um ar sofisticado.  Já Rosálie murmurou algo como “ele precisa de um novo penteado” no ouvido de Alice, que fez a moça começar a criticar, em plenos pulmões, o penteado estilo nerd, com gel e jogado para trás, do locutor.

–bom, acho que já é hora de começarmos o show! – todos começaram a assoviar, inclusive a mesa em que Bella estava, com cara de desentendida. Emmet deu um assovio alto, o que fez com que Rosálie desse um tapinha fraco em seu braço musculoso. – é isso aí! Hora da agitação. E para começar a noite, que vai ser longa – ele deu uma piscadela – eu chamo luzes – as luzes se apagaram e apenas o palco ficou iluminado – microfone... – ele deu três batidinhas para testá-lo e após confirmar a autenticidade deu um sinal de positivo para o pessoal que estava na parte detrás do restaurante – e... Cantores! 

Foi nessa hora que as luzes brancas começaram a rodar por todo o salão a procura de uma pessoa. Bella olhou para Alice que sorria largamente de mãos dadas com seu namorado, e depois para Edward, que repetia o gesto, mas com ar de pensativo. Na hora em que seus olhares se encontraram... Bella não encontrou palavras para descrever.

Depois de anos se afirmando que nunca sentiria algo por alguém e defendendo piamente a história de que amor não existia, era apenas uma desculpa que tolos inventaram para ficar perto um do outro, ela sentiu algo ali. Não era apenas o deslumbre por ter visto Edward aquele dia, frágil, com ar de solitário, andando pela areia da praia, demonstrando, pra quem quisesse ver, sua beleza peculiar. Era mais. Muito mais. Podem até acharem-na de clichê, mas sua mão suou frio e seu coração pulou. Sua boca estava entreaberta desde o momento em que os olhos verdes de Edward se viraram para ela. Naquele momento se sentiu capaz de realizar qualquer coisa, se sentiu forte, completa, como, mesmo nos momentos mais felizes de sua vida, havia se sentido. Mas algo interrompeu aquela sensação. Uma luz. A mesma luz branca que antes rodava o salão. Sua mesa começou a bater palmas, acompanhados por todos no lugar. Os gritos vinham incessantes enquanto ela colocava as mãos em frente aos olhos para proteger sua visão. Bella olhou para Alice, ela sorria e fazia um gesto para Bella olhar para o palco. Foi o que fez, reassumindo uma postura digna, mas ainda confusa.

– olha, achamos nossa cantora amadora! – todos bateram palmas com mais veracidade ainda, o que Bella achou que fosse impossível – vamos, pequena covarde, suba ao palco!

O primeiro pensamento da morena foi “como ele ousa me chamar de ‘pequena covarde’?” depois ela riu sarcástica e se levantou a tempo de escutar Alice dizer um: “essa eu quero ver”. Caminhou nos mesmos passos decididos que usava quando queria provocar sua mãe.

Aquele caminho não foi vergonhoso como pensava. Pela sua timidez, imaginava-se dando meia volta e indo para casa ao invés de encarar com seriedade e frieza a situação, como estava fazendo agora. Após a ultima apresentação desenvolveu um trauma de platéias. Nas apresentações teatrais de escola limitava-se a ficar nos bastidores quando era obrigada a fazer, ou então acalmando os protagonistas, os distraindo com uma piada sem graça qualquer. Era boa nisso, distrair as pessoas.

Pensou, por um momento, como seria voltar aos palcos depois de tanto tempo. Com certeza, essa viagem, conspirava ao seu favor. Seria mais um passo para sua batalha contra a letargia e medo. Sim, medo. Porque ali, caminhando para sua segunda casa – os palcos – ela encontrou a resposta.

Ela tinha medo de não corresponder às expectativas de seu pai ou aos elogios de sua avó, que a exibia como uma jóia rara para os amigos mais chegados. Sentia medo de não ser boa o suficiente, de não conseguir se controlar e se prendeu a primeira justificativa que encontrou para se esconder. Preferiu isso a admitir que se sentia insegura e medrosa.

Mas aquilo foi embora. Ela sabia que se alguém a tivesse proposto aquilo, cantar na frente de um publico, há minutos atrás, ela tomaria uma postura fraca e negaria o pedido, preferindo deixar o lugar a se prestar a isso. E alguma parte de sua mente gritava que aquilo era culpa do olhar devastador que a havia trocado com o ruivo há alguns segundos atrás. Parecia bobo, clichê, mas naquele olhar, ela sentiu forças para fazer o que julgava impossível.

Alias, esse mesmo olhar, a analisava com curiosidade nesse exato momento. Edward Cullen era como lentes que nada deixava escapar. A forma atrevida como Bella andava, os movimentos que seus cabelos faziam ao ondular-se em suas costas, a alternação dos seus braços com a perna que estava na frente, ou a forma que o salto se encontrava no chão antes do resto do pé… era tudo tão viciante pra ele. Depois daquele olhar, amaldiçoou internamente o infeliz que a havia escolhido.

Conheciam-se havia pouco tempo, mas era incrível como ele a queria apenas para si. Sim, muito egoísta, mas naquele momento era o que menos importava. A dona dos olhos de chocolates deveria estar naquele mesa explicando o que fez para ele ficar naquele estado. Não era natural e muito menos racional o que sentia, apenas agradável. Ter as mãos suando e a cabeça rodando apenas porque olhou para uma garota seis anos mais nova que você era normal? Com certeza, não para ele. E apenas essa morena poderia explicar tal sensação, essa de estar nas nuvens com apenas o olhar.

Voltou sua atenção a ela, que agora conversava com o locutor com um sorriso agradável no rosto. O pessoal da localidade agora parecia se dividir para discutir com cada um em sua mesa se ela seria capaz de cantar, ou então para preparar seu ouvido para o pior, porque achavam que ela era pequena demais para cantar algo que prestasse. E qual não foi a surpresa dos julgadores precipitados quando o toque da música “Happy”. A chamaram de louca, para serem muito modestos. E na mesa da morena já começava a discussão.

– não acho que ela consiga! – Emmet disse encostando seu tronco no encosto da cadeira, em postura desafiadora levantando uma sobrancelha.

– acho que a família de Bella é ligada à música, quando fui à sua casa havia um piano lá. Mas também acho que ela não gosta, ou tem trauma sei lá! – Alice disse se lembrando daquela primeira noite fatídica.

– calem a boca! Eu quero ouvir. E acho que ela é capaz sim. Alguém já parou para perceber o tom melódico na voz dela? Não, né! Então fiquem caladinhos – Edward disse fazendo todos na mesa calarem a boca e Alice o mandar um olhar desconfiado.

Someone once told me that you have to choose

What you win or lose

You can't have everything

Don't you take chances

You might feel the pain

Don't you love in vain

'Cause love won't set you free

I can't stand by the side

And watch this life pass me by

So unhappy

But safe as could be

Sua voz era linda e melódica. Se parecia com a original. No final da primeira estrofe a platéia se cortou em aplausos calorosos. Bocas se entreabriram em descrença. Elogios foram profanados com veracidade e sorrisos mostrados com confiança. Os olhos de Bella se dirigiram àqueles que a deu força, encontrando-os abobalhados. Estava quase saindo daquele lugar quando os encontrou, vividos, verdes como duas esmeraldas raras.

So what if it hurts me?

So what it I break down?

So what if this world just throws me off the edge,

My feet run out of ground

I gotta find my place

I wanna hear my sound

Don't care about all the pain in front of me

I just trying to be happy

I just wanna be happy, yeah

E novamente aquilo foi dito com o coração. As últimas partes pareciam ter sidos feitos para ela. Unicamente para ela. Eles ainda não haviam desviado o olhar. Continuaram mantendo-o, como se precisasse dele para se manter de pé, para respirar, para viver.

Holding on tightly

Just can't let go

Just trying to play my role

Slowly disappear

But all these days

They feel like they're same

Just different faces

Different place

Get me out of here

I can't stand by the side

Oh, no

And watch this life pass me by

Pass me by

Era pra Ela. Foi a escolha certa. Sua mão suava, mas ela sentia que aquele era seu lugar. Fechou os olhos por um momento e apreciou a sensação única de estar ali. Depois de anos. Era mágico. Era nostálgico. Era tudo que ela queria. Era completo… a seu ver.

So what if it hurts me?

So what if it break down?

So what if this world just throws me off the edge?

My feet run out of ground

I gotta find my place

I wanna hear my sound

Don't care about all the pain in front of me

I'm just trying to be happy

Oh, happy

Oh

So any turns that I can't see

I'll count a strange on this road

But don't say victim

Don't say anything

So what if it hurts me?

So what if I break down?

So what if this world just throws me off the edge?

My feet run out of ground

I gotta find my place

I wanna hear my sound

Don't care about all the pain in front of me

I just wanna be happy

Happy

I just wanna be

Oh

I just wanna be

Happy.

A platéia aplaudiu de pé. O seu sonho de infância, como já foi dito. Ela se apoiou com a mão no microfone dourado antigo e se inclinou displicentemente dando um sorriso como há muito tempo não dava, ao se levantar. Sentiu seu corpo bombear ao ver os sorrisos abobalhados e as palmas intensas. Mas quase deu uma sincope nervosa ao notar que Edward Cullen a aplaudia de pé, com um sorriso maravilhoso no rosto e postura altiva. Ela se virou para cumprimentar o locutor que a aplaudia também confuso.

– nunca pensei que fosse tão boa! – ele murmurou.

–acho que ninguém aqui pensou. – Bella deu uma piscadela e saiu do palco indo em direção a mesa que estava.

–você foi demais! – Alice disse quando Bella se sentou à mesa. Bella apenas corou enquanto se sentava ao lado de Edward novamente.

–sim, muito boa! Eu disse que ela conseguir não disse, galera?! – Emmet disse cheio de si. A mesa inteira, com exceção de Bella, gargalhou alto, chamando a atenção de alguns.

–ah claro, e eu sou o papai Noel. Você quase apostou contra a garota! – Jasper disse, enquanto Emmet colocava o dedo indicador na boca pedindo silencio desesperado. – o único a favor dela foi Edward. Não é? – e deu um cutucão em seu braço.

–hum? – perguntou confuso. – ah, sim, acho que sim! Sobre o que vocês estavam falando mesmo? – ele disse encarando Alice, que o encarava maliciosa.

–sobre como a Bella canta bem e como ela está linda hoje! – a baixinha disse.

–sim, então. Ela está muito bonita e canta muito bem. – ele disse pensativo e rindo bobo. – espera aí, você não estava dizendo o quanto ela era linda! – ele disse de repente quando notou todos os olhares se direcionando para ele, confusos. Todos gargalharam novamente enquanto as bochechas de Bella ficavam vermelhas.

(*) (*) (*)

Alice soltou um bocejo involuntário enquanto Emmet contava uma piada sobre japonês, ela se encolheu nos braços do namorado quando interrompeu a eloquência devastadora do grandão que lhe lançou um olhar avassalador. Todos riram adiantadamente da sua cara, o que o fez formar um biquinho engraçado, parecido com o de Alice. As gargalhadas foram altas, chamando a atenção de muitos.

As apresentações de karaokê haviam sido encerradas há meia hora. Havia pouca gente ali. Mas eles nem se importavam. Pelo menos não até Alice se manifestar com sono. O papo estava ainda mais animado, o assunto preferido era como Bella fora maravilhosa, o que ela fazia questão de encerrar toda vez que sentia suas bochechas corarem, entretanto eles sempre encontravam uma forma de voltar ao ponto de partida, dando um enorme trabalho para a morena que estava com o pescoço vermelho de vergonha.

–amor, me leva pra casa? – Alice resmungou para o namorado, levanto a cabeça de seu ombro para encará-lo melhor.

–claro, mas você veio com a Bella, quer que eu a leve também? – ele perguntou cauteloso enquanto a auxiliava a se sentar na cadeira.

Caius não parecia ser a pessoa carrancuda que ficara ali o tempo todo. E era em uma dessas saídas entre amigos que todos sentiam o peso da idade dele. Era mais velho treze anos que Alice, que tinha dezessete, portanto trinta anos de idade. Apesar do porte atlético e ser muito bonito, havia se extinguido do ar de descontração e bom humor, expirava e transpirava seriedade, sua palavra preferida. Ficar com um monte de adolescentes, sendo que o mais velho ali tinha apenas 25 – Emmet – não era, com irrevogável certeza, seu passatempo preferido. Ele parecia o namorado carinhoso que Alice havia escolhido há seis meses, o atencioso que ela tanto gostava. Mas o mais chamou a atenção não foi a desabitual demonstração de afeto entre Alice e Caius, mas sim o olhar quase imperceptível que ela havia dado em direção à Edward e Bella. Todavia, Alice será sempre Alice, fez Rose e Emmet perceberem e trocarem uma piscadela do tipo ‘ela vai aprontar’ e sorrirem. A baixinha se apressou em dizer em alto e bom som para todos escutarem.

–não, acho melhor Edward levar Bella. Pode ser, maninho?

Ele parecia meio atordoado antes de responder. Balançou a cabeça algumas vezes até se situar. Por fim acenou positivamente e se levantou calmamente olhando para Alice, com um olhar que mais parecia um ponto de interrogação. O que a baixinha queria aprontar? Deixou essa pergunta pra depois. Esticou sua mão para auxiliar Bella, que parecia ter alguma dificuldade com o pano da mesa. Ela pegou sua mão e o inacreditável aconteceu.

Mais uma vez aquele mesmo incômodo. Uma corrente intrometida que invadia os corpos dos dois sem ser chamada e causava espasmos de prazer ao chegar ao final. Eles se olharam como se no olhar pudessem encontrar a causa para tal acontecimento, tal fenômeno antes desconhecido por ambos. Sorriram minimamente. Naquele momento a única coisa que sabiam, era que precisavam conversar.

Bella se levantou, com a ajuda do moço, que ainda segurava sua mão, com estrema delicadeza. Despediu-se de cada um ali, com exceção de Victória que fez questão de virar o rosto quando o cumprimento iria ser feito. Deu um beijo em Jasper, que a havia tratado com muito cuidado ao notar a timidez da garota. Acenou para Alice, dizendo que se veriam logo. Ela piscou e negou com a cabeça, alguma coisa era reservada pra hoje...

Bella e Edward andaram lado a lado – ele finalmente havia lhe largado a mão, que lhe pareceu flácida sem a temperatura elevada que ele tinha – em direção à saída e consequentemente ao carro dele. Foi cavalheiro o suficiente para abrir-lhe a porta, esperar ela entrar, para só então, dar a volta no carro e por-se em seu lugar. 

Edward arrancou com uma manobra ágil e rápida, e pisou fundo no acelerador pegando a principal, o que fez Isabella o olhar de esguelha, como se não acreditasse que um cara com aparência tão certinha pudesse dirigir em uma velocidade monstro. Ele sorriu de canto ao notar o prazer que tinha em fazer aquilo. Fez uma curva arriscada no contorno em direção à casa de Bella.

Ela colocou o fone de ouvido que antes Alice e ela dividiam. Ligou em uma musica agitada, em um som extremamente alto. Ela abriu um largo sorriso quando escutou o primeiro verso. Estava agitada, não parava de mexer os dedos, que descansavam sobre seu colo. Edward, depois de olhar para o retrovisor, reparou, inocentemente, que ela não parava. Resolveu aproveitar da deixa.

–você não me parece com sono. – ele disse.

–não estou – ela disse simplesmente, sorrindo como boba, ao ver que sua voz era ainda mais linda sem o murmurinho de gente no salão.

–que tal um desvio? Algum problema pra você? – ele propôs, preocupado com seu horário de chegar em casa.

–não, tudo bem com o desvio. Ainda são dez da noite. Charlie não vai ligar. – ela deu de ombros enquanto tirava os fones de ouvido.

–Charlie?  – ele disse enquanto pegava um contorno no final da avenida e começava a andar em sentido contrario.

–sim, meu pai.  – Bella revirou os olhos.

–você o chama assim? – ele disse em tom de sarcasmo, como se não acreditasse nisso realmente. – se ele é seu pai, era assim que deveria chamá-lo. – disse por fim

Da forma como ele colocou, Bella se sentiu uma criança mimada que estava cometendo a maior infantilidade do mundo. Sim, era infantil. Mas não cabe a ele o que é melhor ou não. Era uma mania adquirida anteriormente à separação, antes, apenas por brincadeira, mas depois passou a ser mais uma maneira de provocar. Sem duvida é melhor acabar com isso. 

–desculpe, eu não deveria...

–oh, tudo bem. Já está na hora de acabar com isso. E então, aonde vamos?

–ah, surpresa. Sei que não nos conhecemos há muito tempo, mas nunca gostei de falar os lugares aonde vou levar uma pessoa. – ele disse sorrindo.

–ok. – ela deu de ombros e colocou o fone de ouvido novamente.

Edward fez o contorno no final da avenida, e pegou uma estrada de chão ao norte. Dirigiu no escuro da estrada por bons dez minutos. Bella olhava para o lado de fora da janela enquanto o carro balançava sem parar ao passar por um buraco. As arvores eram altas e frondosas, margeavam a estrada e faziam moldura à lua.

Ele novamente abriu a porta para Bella, esticando a mão para ajudá-la a sair do carro. Mantinha no rosto um sorriso maroto, agradável. Ela colocou primeiramente o pé direito no chão, não era supersticiosa, mas em alguns casos precisava contar com a sorte para as coisas correrem bem, ou como ela queria – que na maioria das vezes não era a mesma coisa. Como hoje. Tudo era muito desconhecido para ela ir abandonada daquela maneira, a companhia, o lugar, até sua personalidade era diferente...

Eles foram para o capô do carro e ali se sentaram. Estava há alguns palmos um do outro, mas a distancia, de certa forma, os fazia respirar, era como se o ar que o outro respirasse o embriagasse, e limitasse sua capacidade de pensar claramente. Era ótimo para organizar os pensamentos, que ambos tinham confusos.

Eles olharam para o céu no mesmo instante, e se depararam com um majestoso palco para um dia como aquele. A lua nova pairava no seu, rodeado por milhares de estrelas, grandes e pequenas que as vezes ficavam escondidas pelas nuvens flutuantes e prateadas que vagavam pelo céu, sem rumo algum.

Edward olhou para Bella com verdadeira adoração. Ele novamente se viu vidrado nos pequenos detalhes de sua aparência. Seu cabelo movimentava quase imperceptivelmente guiados pela brisa calma da maresia, que era moderada aquela noite, sua pele obtinha um tom perolado quando exposta à luz da lua, cremosa pela maquiagem cuidadosamente passada por Alice, que realçara ainda mais sua beleza natural e pitoresca, seus olhos pareciam verdes, àquela iluminação e sua boca parecia ainda mais tentadora entreaberta em descrença.

Enquanto ele fazia uma analise detalhada dela, Bella estudava o lugar com extrema curiosidade. Era uma praia. Estava deserta àquela hora da noite, a não ser por dois ou três casais que andavam abraçados de um lado para outro. O mar se estendia pelo infinito, até onde os olhos da morena não alcançavam. O céu, como já foi descrito, estava perfeito aquela noite. E a areia era fina e clara, apanhando uma coloração especial àquela hora da noite. O cheiro… era algo familiar, a casa de seu pai tinha aquele mesmo odor. Cheiro de terra molhada e mar agitado. Ela o encarou pela primeira vez e se deparou com aqueles olhos verdes a fitando, decidiu que era hora de quebrar o silencio.

–é lindo aqui! Nunca pensei que Angra havia lugares como esse.

–são mais de duas mil praias e cachoeiras, nem eu que moro aqui desde que eu nasci conheço todas. É de se esperar que você também não. E pensar que eu encontrei esse lugar por acidente. – ele disse suspirando no final e balançando negativamente a cabeça enquanto a abaixava.

–por que me trouxe aqui?

Edward pensou antes de responder. Por que bombardeá-la tão cedo com a verdade? Poderia esperar mais um pouco para lhe arrancar respostas como tanto queria. E, simultaneamente à esse pensamento veio outro, o de como ela era direta. Assim como ele gostava. Da rapidez de pensamento… ele via tudo isso nela.

–quero respostas – ele disse, Bella apenas se limitou a ficar calada e esperar um final – quando nos olhamos ou nos tocamos… também acontece com você?

Ela ponderou aquilo por um momento. Dizer a verdade, como ele estava fazendo?Ou mentir? Não deixar aquele homem alimentar seu ego achando que aquela garotinha seis anos mais jovem era mais uma em sua lista, era o certo? Mas algo em seu intimo gritava que ele não era assim, que ele não a faria mal.

–sim, acontece. Achei que era loucura de inicio, ou impressão, mas aconteceu realmente.

–sabe o que é? – Edward disse finalmente olhando pra baixo e brincando com uma pedrinha com os pés.

–não faço a mínima idéia. Já aconteceu com você?

–não nunca... – as palavras ele ficaram penduradas no ar enquanto eles pensavam em como resgatar a conversa. –mas eu queria saber, queria poder explicar – ele continuou, sua voz era dolorosa, como se aquilo realmente o incomodasse. – me sinto tão... impotente... – ele chutou de vez a pedrinha talvez por raiva de si mesmo.

A primeira coisa que Bella fez for notar o quanto ele parecia delicado, dedicado, cavalheiro e até mesmo romântico. Era maduro o suficiente para debater suas fraquezas sem medo para alguém que mal conhecia. A segunda foi que sua boca tinha movimentos coordenados... e a terceira era que a culpa não lhe caia bem. Ela ficou na sua frente e colocou uma mão na curva de seu pescoço, obrigando-o a olhá-lo.

–ei, está tudo bem. A culpa não é sua. Ninguém pode saber tudo. – ela apreciou o choque que passeava livremente por seu braço por alguns segundos – e além do mais, o choque que estou sentindo agora – olhou para sua mão e depois para os olhos verdes de Edward – não são tão ruins – ela fez uma careta falsa e depois sorriu.

Edward de repente, encarou Bella no fundo dos olhos e logo depois para sua boca aberta em um sorriso gostoso. Parecia tão convidativa. Ela, percebendo a mudança de humor dele, que aconteceu rápida, tratou de desfazer o sorriso, e o encarou com a mesma intensidade, se perdendo no mar verde que era aqueles olhos. Sua boca ficou entreaberta e Edward respirou fundo, sugando o cheiro de morangos de Bella. Sem pensar duas vezes, a beijou. Foi devagar, tentando provar ao máximo aquele encostar de lábios que fez suas pernas tremerem. Enlaçou a morena pela cintura e aprofundou um pouco mais ao notar que apenas um selinho já não bastava. Ela assustou-se de primeira impressão, mas logo depois cedeu, espalmando suas mãos frente ao peito másculo do Cullen. Ele aproveitou dessa brecha para entender que podia ter mais, e fez o beijo ficar desejoso. Quando se separaram, ambos estavam sem ar e arfavam... ele encostou suas testas e, com pequenas falhas devido à respiração desigual, disse:

– não sei o que é isso. Mas quero descobrir junto com você. – ela arregalou os olhos em surpresa e ele tratou de emendar – a escolha é sua, mas... sinto que apenas com você vou poder entender isso. Eu poderia até chutar e dizer que é paixão. Mas nunca acreditei em amor a primeira vista. Então, será que podíamos ir devagar e nos ver amanha?

–isso é um convite pra sairmos juntos?

–sim, mas não sozinhos. Aposto que Alice vai te encher de perguntas quando chegar em casa e você vai contar e então, ela chamará Caius, Rose e Emm. – ele riu em seguida e se afastou o bastante para encarar todo o seu rosto, sem soltar sua cintura.

–tudo bem. Agora vamos, não quero chegar tarde...


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Notas finais do capítulo

Então, depois dessa eu acho que mereço Comentários nér!!?? Ahh gente, mereço sim, então vamos lá!! Quero vários! *--* Se quiserem que eu melhore algo é só falar... Achei um pouco sem graça a beijo, foi tudo muito repentino... Ahh, ams quero ver o que vc's vão achar. Se estiver bom digam,s e não tiver, digam assim mesmo!! kk' Beijo pro 6 e até mais!!



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