Bella acordava todos os dias do verão às cinco horas da manhã e começava a caminhar em direção ao orfanato. Trabalhava lá até a uma da tarde e tirava o resto do dia pra se divertir com Alice e seus irmãos na praia. Ela e Bia havia se tornado amigas, e a garotinha havia falado sua primeira palavra, apensar de ser meio ilegível, ela tentou dizer Bella, o que já foi de uma emoção sem tamanho pra garota.

Bella havia levado Edward em sua casa, apenas como amigo, assim como ele pedira. Charlie não era tonto, e os olhares que o casal trocava eram de denunciar a relação que estavam levando. Entretanto, Edward e ela estavam meio distantes de um tempo pra cá. Eles sempre se encontravam a noite e sentavam na varanda de sua casa pra conversar. Nesses momentos, eles ficavam de mãos dadas e riam muito. De vez em quando, Charlie também se juntava a eles, jogavam conversa fora, e baralho. Mas nos olhos do ruivo, sempre havia algo que os afastava.

Hoje era domingo, dez da manhã. Todos iriam para um almoço na casa dos Cullen, e Bella estava mais nervosa que todos os presentes. Estava na calçada esperando Rosálie e Emmet chegarem. Alice e Caius estavam abraçados à direita de Edward, que segurava a mão de Bella e olhava para longe. A morena o encarava com afinco, querendo saber através de sua expressão o que estava se passando na cabeça do amado. Tinha tomado uma decisão, o colocaria na parede e tiraria a verdade à força se fosse preciso, só precisava do momento correto.

Viram o carro de Emm virar a esquina e todos soltaram um suspiro... no caso de Bella ele foi de medo. Estava muito apreensiva com a perspectiva de conhecer, enfim, a matriarca dos Cullen. Alice, Caius, Bella e Edward iriam no carro do ruivo. Rose e Emmet nem se deram ao trabalho de sair do carro, apenas buzinou para os quatro, como uma espécie de cumprimento. Depois disso, tomaram rumo do martírio da morena.  

A casa dos Cullen era enorme, e de certa forma, Isabella já esperava isso, pelas roupas que Alice usava, e os carros que todos eles tinham, não era de se esperar outra coisa deles. Esme os recebeu muito bem. Ela era linda, como todos ali, tinha os cabelos caramelados e o rosto em formato de coração, seus lábios eram finos e os olhos da cor de verde folha, como os de Edward. Todos foram bastante receptivos com Bella, e os outros já se sentiam em casa. As garotas e Esme foram fazer o almoço, e bater um papo na cozinha, enquanto os meninos e Carlisle arrumavam algumas coisas para um churrasco.

Era a típica de família brasileira, cerveja gelada, mulheres bonitas, uma piscina e o sol escaldante lhes ressecando o couro, sem comentar sobre os homens maravilhosos. Bella fez uma salada leve para acompanhar o arroz e a carne assada, enquanto as outras ficavam sentadas na bancada – nenhuma delas tinha nenhuma experiência na cozinha – esperando a matriarca terminar o arroz. Já se podia escutar o pagode vindo da área de fora.

Sinceramente, nunca tinha passado pela cabeça que Bella que aquela família curtia esse tipo de música, mas a verdade é que Esme arriscava uma dança na beirada no fogão e murmurava alguns pedaços da música. Ela não era afinada, mas tinha uma voz que fez todo mundo sorrir, era melódica e protetora, costumeiro para as mães. Ela se vestia de maneira tão jovial que poderia facilmente ser confundida com uma garota de trinta e poucos anos. Apesar dos filhos, possuía um corpo maravilhoso, de dar inveja em muitas por aí. Quando terminaram o almoço Bella e Esme sambavam em sincronia na cozinha já que as garotas não levavam o menor jeito com isso, elas apenas riam e cantavam.

Do lado de fora Edward, Emmet e Caius tinham uma lata de cerveja na mão, enquanto Carlisle cuidava do fogo, onde a carne já terminava de assar. Rose se sentia um pouco retraída, assim como Bella, afinal era a primeira vez que estava reunida com toda a família, e não sabia exatamente como agir, e Emmet percebeu isso. A pegou nos braços de surpresa e pulou com ela na piscina, causando gargalhadas de todo mundo. Caius não perdeu tempo e fez o mesmo com Alice, que saiu reclamando de sua chapinha, mas morrendo de rir. Bella viu que Edward estava calado em uma mesa e foi lhe fazer companhia, sentou-se bem à sua frente e o observou calmamente. 

– Está acontecendo alguma coisa que eu não saiba, Edward? – perguntou, com uma voz baixa.

– não Bella, Por que a pergunta? – ele se fez de desentendido olhando para os lados, um indicio de que ele estava mentindo.

– Edward, olha pra mim. – ele não o fez – olhe pra mim, meu anjo. – ela disse colocando a mão no rosto dele – a gente se conhece faz pouco tempo, mas eu quero que saiba que eu não quero que você esteja comigo apenas nos momentos felizes... se está acontecendo algo, eu quero saber, seja bom ou não.

– não é nada. – ele se levantou em um rompante e saiu, a deixando ali sozinha, olhando para o lugar onde há segundos antes ele estava sentado.

O que ela havia feito? O que estava errado ali? Edward não confiava nela? Por que mantinham uma relação ainda, se não havia confiança? Pela primeira vez cogitou a hipótese dele querer apenas brincar com ela. Balançou a cabeça. Isso não era possível. Tinha que haver uma explicação para ele agir dessa maneira. Colocou a mão obre a testa e pensou nas alternativas. Não encontrou nada, e beirava o desespero ao pensar que ele não a queria mais. Viu que alguém sentou na cadeira à sua frente, e por um momento se sentiu feliz achando que fosse ele. Levantou os olhos e deu um sorriso educado, encontrando Esme ali com uma carinha tristonha.

–Bella, querida, eu não te quero ver desse jeito. Edward está passando por um momento difícil, tente entendê-lo... O quarto dele é a terceira porta no quarto pavimento. Se eu fosse você iria lá, ele não está bravo com você. Está bravo com a situação dele.

–obrigada, Esme. Farei isso sim... Mas me dê um momento pra me acalmar, eu não quero brigar come ele.

– como quiser, meu bem. Só não demore. Eu aposto que ele está sentindo sua falta.

(...)

Havia se passado quarenta minutos desde a conversa com Esme. Sentiu que ela a escondia alguma coisa, provavelmente a mesma que Edward. Deixou isso pra depois, por hora, iria pedir desculpas por pressioná-lo. Haviam se conhecido há pouco tempo e ela não tinha o direito de invadir sua privacidade dessa maneira. Subiu até seu quarto e entrou sem ser percebida. Notou o barulho do chuveiro ligado no banheiro da suíte e se concentrou por um momento na decoração.

O quarto era todo em tons pastéis, discreto e pessoal, havia fotos espalhadas por todo o quarto e quadros de paisagens lindas pelas paredes. Havia dois criados mudos um de cada lado da cama. E em cima dela, um papel. Que me chamou a atenção.