Steiner e Meminger escrita por Mrs Jones


Capítulo 3
Capítulo 3




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- Rudy, pegou suas meias? 

- Peguei!

- As cuecas?

- Peguei!

- Pijama?

- Peguei... 

- O casaco?

- Mãe... Eu peguei tudo! - exclamou Rudy impaciente. Não via a hora de chegar na Alemanha, e sua mãe ficava perguntando se ele não se esquecera de nada. 

A mãe riu e foi buscar suas malas. Na sala, Rudy encontrou o pai.

- Sua mãe acha que somos crianças - reclamou - Sempre acha que estamos esquecendo algo.

Rudy balançou a cabeça, concordando.

- Prontos? - a mãe apareceu na sala.

- Estamos mais que prontos, Allina... Você é quem está atrasada, como sempre... - resmungou Audrick.

Allina não deu atenção ao seu comentário.

Lá fora fazia um sol de matar. Rudy ainda teve tempo de dar uma olhada pra casa, antes de partir. Sentiria saudades...

A viagem fora tranquila. Por mais que Rudy estivesse com medo de viajar de avião, ele ficou calmo durante grande parte do tempo, exceto quando o avião decolou. Quase teve um surto de pânico e ficou agarrado à mão da mãe durante mais de uma hora. Por fim se convenceu de que nada de ruim aconteceria. Quem havia sobrevivido a uma guerra sobreviveria à um simples voo de avião. 

Rudy olhava o Amper. Lembrou-se de quando entrou na água gelada para salvar o livro flutuante de Liesel. "Que tal um beijo, Saumensch?", ele dissera. 

- Filho? - a mãe chamou - Está tudo bem?

- Está! - Rudy olhava fixamente para a água. Era difícil lembrar de tudo aquilo que passara ali. - Tudo bem! Podemos ir ao cemitério?

- Claro! 

A caminho do cemitério, Rudy notou que muita coisa mudara. Tudo o que um dia fora destruído, agora havia sido reconstruído. Talvez visitasse a Rua Himmel mais tarde. Gostaria de saber em que se transformara. Teve vontade de bater na casa do prefeito e dizer "oi". Se é que ele ainda era o prefeito. Achava que talvez devesse cumprimentar Ilsa Hermann e dizer que estava de volta, afinal, fora cúmplice de Liesel tantas vezes em seus roubos, que talvez a mulher até se lembrasse dele. 

Depois ele pensou que isso seria bobagem. Dez anos haviam se passado. E ele havia mudado muito. Seus cabelos que antes tinham cor de limão, agora haviam ficado mais escuros, e ele crescera tanto que ficara maior do que a mãe. Além disso, havia se tornado um belo rapaz. Atraía muitos olhares toda vez que andava pela rua, as garotas suspiravam por ele. 

 Rudy percorreu as fileiras de túmulos até encontrar o que queria. Barbara e Alex Steiner. Seus amados pais. Ao lado, os túmulos de seus irmãos. 

Rudy enxugou uma lágrima que teimava em escorrer. Colocou um buquê de flores sobre o túmulo dos pais. Comprara rosas no caminho para o cemitério. 

Ficou admirando os túmulos de seus familiares durante um tempo. Depois se afastou sem dizer nada aos pais. Foi procurar os túmulos dos Hubermann, e o de Liesel...

Não estavam muito longe dali. Foi seu pai quem os encontrou primeiro. 

- Hey Rudy! Aqui! - ele chamou.

Hans Hubermann e Rosa Hubermann 

Amado pai e amada mãe

Jamais serão esquecidos 

Era essa a inscrição no túmulo. Allina veio com um buquê de flores que ela mesma escolheu. Depositou-o sobre o túmulo e fez uma breve oração, para que eles permanecessem em paz para sempre. Havia um outro buquê lá, e as flores pareciam recentes, ainda não estavam murchas. Talvez Trudy tivesse ido ao cemitério naquele dia antes de eles chegarem. 

Porém, havia algo errado. Onde estava o túmulo de Liesel?

- Onde está o túmulo da Lis? - perguntou Rudy olhando à sua volta. Seus pais fizeram o mesmo. Liesel Meminger não estava enterrada ali... 

- Talvez devessemos olhar em toda a extensão do cemitério - sugeriu Audrick. Separaram-se. Rudy foi para um canto, seu pai para outro e sua mãe para outro. Rodaram todo o cemitério e nada de Liesel. 

- Não encontrei nada! - falou Rudy - E vocês?

- Nada! - disseram os pais juntos.

Nada! Não havia registros de nenhuma pessoa com nome Liesel Meminger ali. Rudy achou que talvez tivesse sido enterrada em outro cemitério. Talvez em sua cidade natal. Guardou o buquê de rosas que escolhera pra ela e foi embora do cemitério com seus pais.

- Talvez devessemos perguntar à alguém... - falou Audrick, enquanto caminhavam pelas ruas de Molching - Algum conhecido que esteja vivo... 

- Frau Hermann - disse Rudy. 

- Frau Hermann? Acha que ela saberia?

- Claro... Eu e Liesel nós... - Rudy não contara aos pais que houve uma época em que entravam na casa do prefeito para roubar - Nós íamos até lá para roubar... 

- Rudy! - ralhou a mãe. 

- Bem, a mulher deixava a Liesel entrar pra roubar livros... - disse ele se defendendo - Ela entrava pela janela e eu ficava do lado de fora, vigiando. 

O pai riu.

- Rudy, você era terrível. 

Rudy resolvera ir à Rua Himmel. Queria dar uma boa olhada lá, e talvez alguém soubesse sobre Liesel.

Quando chegaram, viram que tudo mudara. Onde dez anos antes havia apenas poeira e escombros, agora havia uma cafeteria, uma livraria, algumas casas e um lote vago. Primeiro Rudy viu a cafeteria: espaçosa e arejada, depois a livraria. Chamava-se Livraria Himmel e encontrava-se onde antes eram a casa dos Hubermann e a dos Steiner. A cafeteria ficava ao lado, e estava bastante movimentada àquela hora. 

Alguns meninos jogavam futebol mais à frente. Isso lembrou a Rudy os seus tempos de garoto. 

- Talvez devessemos perguntar na livraria - falou Allina, despertando Rudy de suas lembranças. E juntos eles atravessaram a rua. 


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