Após uma conversa curta sobre seus pais, Elena foi até à mesa próxima a Allison e Gabriel. Bonnie juntou-se a ela, ansiosa por abordar a garota na mesa ao lado. Caroline ainda perturbava o loiro.

- Eu só preciso de uma pista de onde ele está Eric. – Ela dizia repetidamente.

- Caroline, como infernos posso convencê-la de que não sei nada sobre Tyler? – O loiro perguntou estupefato.

- Você não pode. Eu sei que sabe de alguma desde a hora em que desviou seus lindos olhos azuis dos meus – ela respondeu, piscando os olhos enfaticamente como uma criança.

- Jules passou por aqui há uma semana. – Ele começou, rendendo-se. – Ela contou que está procurando por uma garota, que recentemente ativou a maldição. Só sei que esta garota mora em Virgínia – continuou – E não, Tyler não deu as caras por aqui.

- Ah meu Deus! Muito, muito obrigada Eric! – A loira ultrapassou o balcão dando-o um abraço forte.

- Caroline!

- O que?

- Você está quebrando as minhas costelas!

- Oh, Deus. Eu sinto muito... – Ela foi interrompida.

- Eu estava brincando. – ele riu ao levar um soco leve nos ombros – O que vocês irão querer?

- Algo forte. – ela disse e ele revirou os olhos. – Por que você está olhando para Elena assim? – Ela finalmente perguntou, curiosa, observando um olhar um tanto audacioso que o loiro lançava a sua amiga.

- Nada. – respondeu – Quero ver como ela se sairá – falou tão baixo, que Caroline ouviu somente pela audição aguçada.

- Você está me assustando – disse ela, aflita.

- Mantenha o que ouviu em segredo – ele falou, por fim – Lembre-se do que eu lhe contei.

Ela percebeu que aquilo era a forma que ele queria que ela pagasse pelas informações dadas de Tyler. Ficaria de olho na amiga, e não deixaria nada lhe acontecer. Mas manteria segredo para Eric.

- Irei, eu prometo – devolveu-lhe e foi se sentar com as amigas, atenta a qualquer coisa.

- E então? – Elena perguntou.

- Viajarei para Virgínia amanhã. – respondeu imersa em pensamentos.

- Oh, preciso agradecer ao Eric por se livrar de você – Bonnie falou sorrindo, recebendo um tapa nos ombros por Elena. – Sério, vou sentir sua falta. De novo. – admitiu triste.

- Eu também, pequena.

Elena mordeu os lábios, olhando para Caroline nostálgica o que ela considerou ser a mesma coisa que Bonnie lhe dissera há pouco. – Você irá encontra-lo, Caroline. – disse confiante, antes de cutucar Bonnie para uma Allison muito animada na pista de dança.

- Certo. Elena, improvise. Caroline... Faça o que quiser. – revirou os olhos, se levantando sendo acompanhada por Elena à pista.

A morena mais alta começou a dançar sensualmente com a música que tanto apreciava tocando alto e sentiu falta das típicas luzes fluorescentes. Animal lembrou-se do nome da música. Avistou o moreno vindo do bar com duas bebidas, e teve uma ideia. Não era uma de suas melhores, mas seu pai sempre a ensinara a pensar rápido. Antes que ele chegasse à Allison, pegou uma das bebidas, e o puxou passando a mão esquerda pelo corpo do homem. Bebeu o drinque de uma vez só, sentindo o gosto do bom e conhecido uísque descer-lhe pela garganta, a sensação quente atingindo-a em cheio. O homem parecia ter bebido muito e não assimilava ao certo se estava com Allison ou uma estranha. Presumiu ser a namorada, no entanto. Puxou a morena contra seu corpo, palpando-lhe as coxas. Apertou-as, subiu as mãos, e sorriu ao receber um caloroso beijo. Até perceber que a mulher que o beijava não era sua namorada. O beijo era ardente, explorador, vicioso e melhor. Oh, bem melhor. Mas não possuía a suavidade e doçura de Allison. Mas seu inconsciente sussurrou-lhe que a morena não poderia beijá-lo assim se não o amava. Ele era o problema. Ele queria parar o beijo, dizer que amava outra mulher e que não podia fazer isso com ela. Mas as mãos delicadas e ágeis em seus cabelos estimulando o beijo e causando arrepios em toda sua espinha o impedia de pensar direito. Foi quando aprofundou o beijo, sentindo a morena morder seus lábios provocantemente que ouviu a voz familiar.

- Gabriel! – Allison choramingou.

Recuperando a razão, afastou Elena, arfando. Não sabia como, mas a taça de uísque havia desaparecido. Passou as mãos pelos lábios, e sentiu a textura suave do batom vermelho da morena ao seu lado, que tinha os lábios borrados. Antes que Allison lançasse palavras obscenas a ela, deu um sorriso satisfeito acenando para Bonnie. Saiu dali, antes que um dos dois a visse.

- O que você estava fazendo com aquela vadia? Oh, diabos, não responda – disse em meio a lagrimas, correndo dali. Gabriel foi atrás dela, mas a perdeu de vista antes de dizer:

- Eu posso explicar... – e balançou a cabeça, confuso, procurando por Elena, numa última esperança de que esta explicasse à Allison que ela o agarrara.  

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As lágrimas que caíam pelo rosto de Allison embaçavam sua visão, mas conseguiu sair do lugar minutos depois, desolada. Encostou-se na parte lateral do bar, colocando as mãos sobre o rosto e chorou ainda mais.

Como ele podia ter feito isso com ela? Estava bêbado o suficiente ou apenas cansara-se da garota e já estava traindo-a há tempos? Respirou fundo e mandou uma mensagem à Anne, sua melhor amiga. Conseguiu digitar apenas “Irei dormir aí. Te conto depois. –A” E seguiu em passos falhos até seu carro, procurando por suas chaves avidamente. Tudo que queria era um bom pote de sorvete, chocolate, filmes, e uma dose da sua amiga. Como nos velhos tempos. Mal sabia que aquilo nunca iria acontecer.

Em meio ao desespero, as mãos dentro da bolsa mexendo-a a procura das chaves, ouviu uma voz feminina e desconhecida dizer:

- Eu sinto muito. Eu realmente preciso fazer isso. – E então, desmaiou.

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Elena saiu pela porta dos fundos, um meio de rota de fuga que analisara horas antes enquanto falavam com Eric. Como havia pensado, o plano não era dos melhores, mas faria Allison sair sozinha do lugar e Bon poderia realizar seu objetivo. Era uma pena partir o coração da garota, porém, necessário. Eles se resolveriam depois, certo?

Sentiu o frio ao sair na noite amena, resmungando baixo por não ter trago nenhum agasalho. Ao olhar a lua por alguns instantes lembrou-se dele. Do azul-inverno envolvente que a fazia encher-se de sentimentos que nunca sentiria novamente. Suas memórias vagaram para quando, numa estação quente, lhe dissera com o típico sorriso irônico que nem a lua poderia ser tão bela e poderosa como ela.

Ela sentia falta dele. Tanto que chegava a doer, corroê-la em momentos de melancolia. Nunca pôde ter um relacionamento estável depois do que tivera com ele. Mas não podia comparar nenhum homem a Damon Salvatore. Ele era... Diferente. Tudo com ele era intenso, provocante... Conturbado. Seus olhos frios contraditoriamente faziam seu corpo estremecer em choques elétricos irremediáveis. Tinham poder nas suas atitudes. Assim como ela possuía um poder sobre ele incontestável. E ambos eram perfeitos para o outro. A dosagem de atração e amor certa. Mas não se podem juntar pedaços jogados ao vento de corações partidos da noite para o dia. E Elena ainda procurava pelos seus. Em algum momento, desistiu. Não sabia o porquê exatamente, mas já não lhe valia a pena.

Estavam separados. Ele era perigoso, de uma natureza contrária, e ela não apenas desistira do seu coração, como também de caçá-lo. Porque o dono dos cacos perdidos era um vampiro. Elena Gilbert, uma caçadora de vampiros, apaixonara-se por um.

Mas aquilo era passado. Um passado quase tão distante, que quase não se lembrava de como era a sensação de estar com ele.

Mas era o suficiente para que se lembrasse de sua voz. E foi assim que a reconheceu.

- Olá, Elena.