My Sweet Lady escrita por Éle


Capítulo 9
Capítulo 9: Engano? Não mesmo! Não pode ser!




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 Entramos na sala e sentamos, óbvio que eu tive de sentar no meio, com Alexander a esquerda e Richard a direita. Ambos carregavam consigo vários doces, pipocas e refrigerantes, a maioria para mim. Não vou dizer que desgostei de ter aquele monte de comida boa e gordurosa para mim porque, depois daquela salada horrível aquele monte de porcaria me fez realmente feliz.

 O filme começou e eu me apavorei várias e várias vezes, como o esperado. Era terror, e daqueles pesados. Richard fingia querer minha atenção para provocar Alexander, como sempre, então eu variava entre abraçar um e outro.

 Não vou mentir, foi excelente sentir aqueles dois belos garotos me abraçando e se importando comigo. Eu nunca fui o garoto (ou a garota, como quiserem) mais popular da sala, quem dirá do colégio. Nunca tive os mais lindos me querendo, então, foi impossível tentar fingir que eu não estava feliz com aquilo. Mesmo que fosse apenas como Melody, eu era desejado naquele momento.

 Fui pego de surpresa por um bicho que gritou na tela e, sem pensar nem uma vez me agarrei em Alexander, escondendo meu rosto em seu peito. Senti o cheiro de seu perfume masculino, fazendo meu coração acelerar... Senti sua pele quente e musculosa por baixo da camiseta e quase enlouqueci... Ele me envolveu com os braços, provavelmente rindo e debochando da cara de Richard, mas resolvi não me importar. Sem entender muito bem, senti vontade de chorar. Talvez fosse a falta dos braços de meu pai, talvez o mal que eu estava fazendo a ele fingindo ser quem não sou e obrigando-o a se apaixonar ou talvez fosse por ele estar abraçando outra pessoa, quando eu gostaria que fosse a mim, porém os únicos sentimentos que ele terá por Michel será de nojo e desprezo...

 Quando me dei por mim, a cena de terror já houvera acabado, mas eu não largava a cintura de Alexander. Eu estava realmente gostando de ter seu corpo quente me envolvendo, sentindo-me como não me sentia dês da morte de meu pai...

 -Mel, o terror já acabou – Richard fez questão de me lembrar, com uma voz irritada, fingindo ciúmes.

 -Ainda bem – respondi , como se não tivesse percebido antes. –Não gosto desse filme. Tenho medo.

 Acho que sou bipolar. Em uma hora estou me sentindo bem e feliz e na outra sinto vontade de chorar. Sem contar que estou quase tendo um ataque cardíaco com esse filme. Por que ele tem que ser tão grande? Não gosto de mortes, não gosto de ver sangue, não gosto de monstros, assassinos, sádicos, masoquistas... Enfim, não gosto de violência em geral.

 Fui pego de surpresa em sentir uma mão grande em meu rosto, acariciando-me. Corei instantaneamente e meu coração começou a dar pulos antes mesmo de saber se era a mão de Richard ou Alexander.

 -Você está com uma péssima cara. Quer sair daqui? – pela voz percebi que era Alexander e, agora percebo como fui idiota, se a mão veio do lado esquerdo, onde estava Alexander, estava óbvio que era a mão dele.

 -Não quero esperar sozinho ou que saiam comigo e percam o filme. Vocês parecem estar gostando – foi só eu terminar a frase que ouvi uma risada vinda de Richard.

 -A idiota morreu! É bem feito mesmo, a trouxa insistiu em entrar no quarto escuro. Foi bem feito.

 Sorrindo amarelo, ergui meu olhar para Alexander, ainda muito constrangido pela sua mão em meu rosto.

 -Está tudo bem. Posso ver filmes de terror quando eu quiser e, esse filme em específico é só comprar em DVD. Não estou com pressa para assisti-lo.

 Seu dedo moveu-se levemente, fazendo um leve carinho na minha bochecha. Não consegui continuar a fitá-lo e baixei o olhar, vendo apenas o braço da cadeira e um pouco das pernas de meu primo mais velho.

 Richard estava gostando do filme, não se importaria de continuar a assisti-lo sozinho. Essa é uma boa chance de poder me aproximar mais de Alexander, assim como meu primo quer. Poder conquistá-lo...

 -Richard, se importa de continuar a ver o filme sozinho? É que eu realmente não gosto desse gênero, estou com muito medo e Alexander ofereceu-se a sair comigo.

 Richard desviou os olhos da tela para mim e arregalou-os. Claro que ele fará um teatrinho antes de aceitar, mas eu sei que ele realmente quer que eu saia com Alexander para dar continuidade ao plano.

 -Eu vou com vocês.

 -Não precisa, você parece estar gostando tanto do filme.

 -Não me importo de sair com vocês. Esse é só mais um filme de terror.

 Conversávamos em sussurros para não chatear ninguém, mas acho que Alexander estava ouvindo a conversa, porém, não se meteu.

 -Está mesmo tudo bem Richard. Eu vi que você está se divertindo com o filme, pode continuar a assisti-lo.

 Vamos primo, seda logo, quero sair daqui o mais rápido possível.

 -Não, não. Você é minha prima, não vou lhe deixar sozinha, ou pior ainda do que sozinha: com Alexander.

 -Vamos Richard – eu soprei com os dentes juntos para meu primo mais velho não ouvir.

 Ele pareceu finalmente ter percebido que já estava na hora de ceder, fez uma careta e voltou-se para a tela do cinema, socando pipoca na boca de qualquer jeito.

 -Tudo bem, só não se esqueçam de vir me buscar quando o filme acabar.

 Sem nem ao menos esperar eu responder, Alexander já foi me puxando pelo pulso, fazendo eu me levantar.

 -Ligue-me quando o filme terminar – Alexander avisou e me puxou para longe.

 Juro que quase caí no chão quando me levantei. Minhas pernas tremiam por tamanho medo e, pior do que ter de agüentar as pernas trêmulas foi tentar me firmar encima do salto. Agarrei-me com força no braço de meu primo, tentando não cair. Quando saímos da sala do cinema e nos dirigimos à saída eu comecei a me explicar.

 -Desculpe Alexander, não consigo firmar as pernas – eu respondi completamente envergonhando, abaixando o rosto.

 -Sem problemas.

 Senti um puxar em minha cintura e meus pés deixaram o chão. Minhas pernas continuavam trêmulas. Quando dei conta do que estava acontecendo percebi que estava no colo de Alexander, sendo agarrado firmemente.

 -A-Alexander! – foi a única coisa que consegui dizer. Eu estava completamente sem palavras. Nunca pensei que meu primo fosse fazer isso! Ele... Ele havia me pego no colo!

 -Oras, já que está vestida como uma verdadeira Lady obviamente devo tratá-la como uma, não?

 Levantei o olhar completamente em choque, vendo um sorriso lindo brincar nos lábios de Alexander. Voltei meu olhar para o que acontecia a minha volta. Já havíamos saído do cinema e agora todos olhavam para mim surpreso, as garotas com nojo e, em seguida empinavam o nariz. Em completo rubor, levei ambas minhas mãos ao rosto, escondendo-o.

 -Estão todos olhando para mim, que vergonha!

 -Você prefere que olhem para você por estar sendo carregada no colo ou por cair um tombo porque não conseguiu firmar as pernas no salto?

 -Primeira opção, por favor.

 Ele riu e, sem querer, eu também ri. Acabei aceitando a ajuda e seguimos para o estacionamento do shopping. Estranhei. Deixaríamos Richard sozinho? Tipo, tudo bem que sei como ele ficaria feliz em saber que eu estava saindo somente com Alexander, que é uma ótima chance de conquistar ele e tudo mais. Mas, deixá-lo sozinho? Isso é errado.

 -Onde vamos Alexander? E Richard? Não podemos deixá-lo sozinho.

 -Tudo bem, não vamos muito longe. Quando ele me ligar voltamos para buscá-lo, o máximo que pode acontecer é ele ter de esperar um pouco.

Mas... Como meu primo mais velho pode ser tão indiferente assim com seu próprio irmão?

 Alexander abriu a porta do carro ainda me segurando no colo. Não pude deixar de notar o quanto seu carro era bonito, já que sou um garoto. Tudo bem que nunca soube muito sobre marcas e modelos, mas o interesse em olhar sempre surge. Meu primo me sentou no banco do passageiro e colocou meu cinto. Um fogo subiu pelo meu corpo e aqueceu-me por completo. Alexander fez parecer um acidente, mas não tenho certeza se foi mesmo. O fato é que, meu primo encostou sem querer sua mão quente na pele delicada de minha coxa... Devo dizer o quanto estou nervoso? O quanto meu coração está acelerado ou o quanto de vergonha sinto nesse momento?

 Tentando pensar em outra coisa, recordei-me que estávamos deixando meu primo sozinho no shopping e que era sobre este assunto que falávamos. A fim de quebrar o clima chato, tentei continuar o assunto anterior.

 -Você é um péssimo irmão.

 Foi a única coisa que consegui pensar em dizer. A porta do carro foi fechada, meu primo fez a volta e entrou no lado do motorista, entrando, batendo a força e colocando o sinto.

 -Você falou bastante com meu irmão, não é? Dá para perceber pelo que você já pensa de mim.

 Alexander ligou o carro e virou-se para trás, apoiando o braço em seu próprio banco, enquanto que com a outra mão guiava a direção. O carro foi indo para trás, enquanto eu tentava recuar. Como assim ele sabe que conversei com Richard? E por que ele acha que minha imagem dele é baseada no que meu primo dissera? E... Não!

 -O que Richard disse não tem nada a ver! Você está o deixando sozinho no cinema, é nisso que me baseio.

 Alexander não me deu muita bola. Ele voltou-se para frente e começou a dirigir até a saída.

 -Você tem razão, é realmente terrível ter de esperar alguns minutos dentro de um cinema, o qual se passa filmes. Ou passeando em um shopping, cheio de lojas de todos os tipos e alimentos rápidos, gostosos e pouco saudáveis...

 Bem, ele está certo, não é tão ruim assim esperar alguns minutos em um shopping. Também sei que Richard quer que eu passe o máximo de tempo possível com Alexander, então tudo bem. Mas... Por que Alexander não gostaria de fazer uma maldadezinha ao irmão? Afinal, são irmãos e eu sempre os vi brigando, desde quando me buscaram no aeroporto.

 Fiquei a fitá-lo intrigado. Tem que haver algo mais aí. Alexander entregou o ticket de estacionamento ao guarda na saída, falaram algumas coisas por educação e seguimos na estrada. Menos de um minuto depois meu primo percebeu o modo como eu o fitava e sorriu, voltando-se para a estrada.

 -Tenho medo do que Richard falou sobre mim para você. Meu irmão tem esse costume de me retratar com um monstro.

 Nem sei o que pensar. Tenho certeza de que minha boca está aberta e minha testa vincada.

 -Isso não é verdade. Eu estou vendo como você é desde que pisei no aeroporto.

 -E você pensou mal de mim no aeroporto? Ou somente depois de ter conversado com meu irmão sozinhos, seja lá quando tenha sido? Mel, as atitudes das pessoas podem ser interpretadas de várias maneiras, depende de como você pensa. Se conversou com meu irmão e ele me retratou como sempre, é óbvio que você interpretará tudo que eu fizer como se fosse para tingir algo ou alguém.

 Comecei a ficar nervoso. Minha respiração ficou pesada e meu queixo trêmulo. Isso não é verdade. Não baseei nada no que Richard me disse, eu tirei minhas próprias conclusões! Eu... Realmente não sei o que pensar. Se me lembro bem, eu queria ver como Alexander era antes de concordar, mas daí surgiu minha tia tão feliz por ganhar uma sobrinha/filha... Mas eu... Eu comprovei por mim mesmo que Richard estava certo, não é? Quero dizer... Não, não sei mais o que quero dizer!

 -Mel, qual o problema? Levou tudo tão a sério assim?


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Notas finais do capítulo

Ah, fala sério, agora vocês também estão confusos com o Alex! Ou não...
Eu gosto do Alex, então os dois próximos capítulos (que já estão prontos) também é para os fãs dele.