- Ele magoou a mamãe! – disse o garotinho, pulando entre Sasuke e Hinata, olhando para Sasuke com um olhar de desafio.

- Ora, seu pestinha...

- Sasuke, não! – reclamou Hinata, tirando o filho do alcança das mãos de Sasuke, que estava bem irritado e massageava a nuca.

- Você magoou a mamãe! Você estava machucando ela! – exclamou Daisuke corajosamente.

Hinata suspirou.

- Papai não estava me machucando Suke – explicou ela.

- Mas... mas você disse que ele estava te matando – disse hesitante o garotinho, olhando nervoso para o pai e a mãe.

Hinata não pode deixar de rir.

- Mas era só brincadeirinha Suke.

- Certo. - disse Daisuke e olhou para o pai, fechando a cara. – Mas ele ia beijar você.

Sasuke levantou uma sobrancelha, cético.

- E desde quando isso é proibido?

- Você estava dando um abraço especial na mamãe – gritou Daisuke de repente, e o quarto mergulhou em silêncio. Até mesmo Sumy tinha parado de pular e encarava o pai e o irmão de olhos arregalados.  

Pai e filho cruzaram os braços ao mesmo tempo, em movimentos idênticos.

- Eu vi! Eu vi vocês! Você estava dando um abraço especial na minha mamãe!

- Suke-chan! – exclamou a irmã.

Hinata nunca tinha visto seu filho tão furioso.

- Abraço especial? – Ela perguntou, olhando para o marido, confusa. Sasuke deu-lhe um olhar de advertência.

- Certo. Daisuke, venha comigo. – ele disse e se levantou da cama serenamente, sem se importar de estar vestindo somente uma calça de algodão azul clara.

Daisuke o seguiu obediente, mas a expressão no seu rosto era de pura fúria, o que assustou Hinata.

- Sasuke, o que...?

- Eu cuido disso, Hinata – falou Sasuke da porta e seguiu para fora do quarto, com Daisuke o seguindo muito irritado.

Hinata olhou para sua filha e sorriu, cansada.

- Vem cá meu amor.

Sumy foi se esconder rapidamente embaixo das cobertas e no braço da mãe.

- Papai está muito bávo – ela comentou, seus cabelos negros misturando-se com os azulados de Hinata.

- Ele está. Você ficou com medo?

Hinata observou atentamente as feições da filha e se espantou quando a menina deu um risinho malvado.

- Não... agora o Daisuke ‘tá enquencado.

Hinata suspirou. Daisuke era exatamente como Sasuke. Super-protetor.

No corredor...

Sasuke desceu as escadas e entrou no corredor da cozinha.

- Nós vamos para a cozinha? – Daisuke perguntou, seu controle emocional impressionante para uma criança de apenas quatro anos.

- Não. Vamos para a sala de treinamento. Não quero que sua mãe ouça nada – disse Sasuke secamente, puxando a porta de correr e entrando no aposento.

Daisuke parou na porta, seu rosto ainda uma máscara de fúria.

- Venha aqui – ordenou Sasuke duramente.

Daisuke se aproximou, parando com uma distância relativamente grande do pai. Por um tempo, ambos ficaram se encarando.

- Você se importa em explicar o que foi aquilo no quarto?

- Você estava dando um abraço especial na mamãe! Eu vi! – reclamou o menino mais uma vez, batendo o pé no chão, furioso.

- E porque você acha que aquilo foi um abraço especial?

- Você estava beijando ela! As suas mãos estavam no bumbum dela!

Sasuke sentiu que estava perdendo o controle da situação.

- Mas aquilo nem era um abraço especial – ele falou, com a voz um pouco mais instável – Por Kami moleque, nós ainda estávamos vestidos. Sua irmã estava ali.

- Mas você nunca me disse que precisava tirar a roupa. Porque vocês iam tirar a roupa? – perguntou Daisuke franzindo a testa confuso.

- Kami me ajude – murmurou Sasuke baixinho, passando as mãos pelo cabelo, nervoso.

- Papai? – pressionou Daisuke, impaciente.

- Ok, temos que rever essa história de abraços especiais. Sente-se aí.

Daisuke obedeceu ansioso, sentando-se ao lado de Sasuke e olhando para o pai em expectativa. Sasuke não tinha a mínima idéia de como iria explicar um assunto daquele tipo para uma criança.

- Bom. Que tal começarmos com o que você sabe sobre abraços especiais?

Daisuke assentiu cautelosamente.

- Primeiro é preciso de uma ninja. Depois uma cama. Daí você tem que encostar na ninja – explicou ele, torcendo o nariz para a situação. – Aí depois aparece um neném.

- Muito bem. Mas você precisa estar sem roupas para dar abraços especiais em bruxas.

- Por quê?

- Uhm.. éé... – gaguejou Sasuke e se repreendeu furiosamente. Estava mais parecendo a Hinata – Olha Daisuke, quando você for mais velho eu te explico esse negócio com as roupas.

- Mais velho quanto? – perguntou o menino, franzindo a testa.

- Quando... quando você entrar pra academia.

- Mas isso vai demorar séculos! – resmungou Daisuke.

- É, eu sei – falou Sasuke, rezando para seu filho entrar na academia lá pelos quarenta anos.

- Mas papai–

- Basta. Não vou te falar mais nada porque senão sua mãe vai querer que eu fique impossibilitado de dar abraços especiais nela. – Disse Sasuke e Daisuke assentiu em compreensão. Sua mãe era uma ninja poderosa, podia machucar o seu papai.

- O que você acha de um sanduíche então? – perguntou Sasuke, querendo acabar logo com aquela conversa.

- Legal, estou morrendo de fome – disse Daisuke, levantando-se de um salto.

- Ótimo, vamos comer então.

Sasuke se levantou e estendeu a mão para o filho, que a pegou com tranqüilidade.

- Papai? – ele perguntou, a caminho da cozinha – Mas o que você e a mamãe estavam fazendo lá?

- Nós... er... estavamos nos beijando.

O rosto de Daisuke se iluminou em compreensão.

- Ah ta! O tio Naruto vive beijando a tia Sakura também.

- Você os viu se beijando também? – perguntou Sasuke, de repente em alerta. O que o dobe tinha dito ao seu (nem tanto) inocente filho.

- Na verdade não. Uma vez eu passei lá e eles estavam no quarto, fazendo uns barulhos muito estranhos. – comentou Daisuke e Sasuke quase deixou cair o prato de queijo no chão.

- Aí depois ele me falou que ele e a tia Sakura estavam se beijando.

- Ah certo. – Sasuke teria que ter uma conversinha com Naruto e Sakura depois.