Novamente, acordei no meio da noite. Sabia desde o começo que teria certas complicações em dormir com tantos garotos na mesma casa, mas está pior do que pensei. Já era de madrugada e não tinha conseguido dormir nada. 

Dessa vez, acordei com um barulho baixo, mas bem próximo de mim. Quando abri minimamente os olhos, vi que ainda estava sentada na mesa, só que com um travesseiro e um cobertor por cima de mim. Cheirei por hábito o cobertor e percebi que era de Masato. Provavelmente tinha me coberto para eu não morrer congelada - e sabia também que ele teria me levado pra cama, se Ittoki não estivesse lá ainda - .

Outro barulho baixinho interrompeu meus pensamentos. Virei a cabeça e vi Natsuki, parado ao lado do fogão. Estava escuro para ter certeza, mas parecia estar chorando.

  - Natsuki... Tudo bem? - levantei e me encolhi ao seu lado no chão, ainda com o cobertor nos meus ombros.

  - Não é nada, Nanami... Eu só... - ele olhou para baixo e fungou

  - Pode me contar o que aconteceu se quiser - me aproximei para conseguir ver seu rosto direito

  - Estou meio magoado... - ele se virou e pegou uma coisa que estava ao seu lado - Parece que não sei fazer nada direito... - me ofereceu uma bandeja cheia de bolinhos, que mesmo no escuro, não pareciam bons para o consumo - Eu fiz esses bolinhos especiais para Syo-kun, mas ele ficou bravo comigo - olhou para baixo e outra lágrima escorreu no seu rosto

  - Mas por que ele ficou bravo? - perguntei carinhosamente

  - Não sei!  - ele disse, mas depois pensou um pouco e mudou de idéia - Bem, tal vez tenha sido por que eu enfiei os bolinhos na boca dele enquanto ainda estavam quentes e ele tenha queimado a língua... Ou talvez por que acidentalmente eu tenha colocado um tempero que ele é alérgico e tenha ficado com um monte de bolinhas na pele... Mas isso não é motivo pra brigar comigo! - agradeci novamente por estar escuro e ele não ver a gota de suor se formando na minha cabeça

  - Natsuki - sorri -, Syo-kun é seu amigo. Ele vai te perdoar. Por que ele te ama.

Natsuki sorriu amplamente e fiquei muito feliz por ter ajudado.

  - Obrigada Nanami – Natsuki sorriu

  - Não precisa agradecer – respondi sorrindo também. E não precisava mesmo. Adorava ver Natsuki sorrindo, por que ele não sorria só com a boca, sorria com os olhos e coração. E também acho que tenho um pouco de inveja dele. Seu cabelo loiro e alegre combina perfeitamente com essa sua personalidade, a deixando ainda mais forte e marcante. Ele é realmente uma pessoa muito doce. Tenho certeza que ninguém – principalmente Syo-kun – ficaria bravo com ele por muito tempo. Sorri ao pensar em como seria divertido ficar com ele, o ensinar a cozinhar melhor e fazer músicas ficarem famosas apenas com nosso esforço. Em como seria engraçado rir quando seus bolos queimassem, ou quando descobrisse que sua roupa recém lavada encolheu. Dei uma risada baixa.

  - Quer um? – Natsuki me ofereceu um dos bolinhos, não parecendo perceber meus devaneios.

Parece mesmo que Natsuki estava melhor, estava sorrindo e cantarolando baixinho enquanto colocava silenciosamente os bolinhos na geladeira. Imaginei para que ele estivesse guardando aquilo e fiquei com pena de Syo-kun inconscientemente.

  - Nanami, realmente obrigado por me ajudar e tudo... Mas o que você faz dormindo na cozinha? – Natsuki perguntou estreitando um pouco os olhos com desconfiança.

  - Eu... Vim beber água. E acabei dormindo aqui – Expliquei meio encabulada.

  - Tudo bem, mas não acha que poderia ficar com dor nas costas? – Natsuki perguntou gentilmente

  - Eu estou bem, não é necessário se preocupar – falei me levantando e me espreguiçando para sinalizar que não estava com dor. Fiquei meio entretida nos meus alongamentos que não percebi a pessoa enorme se aproximando de mim.

  - Tem certeza? Poderia te ajudar, caso sentisse alguma coisa – Natsuki sussurrou, me abraçando e me segurando pela cintura.

  - N-Natsuki – corei e virei um pouco o rosto – O-O que está... ?

  - O que foi Nanami? Você não quer? – Natsuki se afastou um pouco para me olhar nos olhos mais profundamente que o escuro nos permitia. Retribui o olhar, nele tentando explicar que eu gostava dele, mas no momento, gostava de gente demais. E eu sou só uma Nanami. Só uma. Uma só pessoa não pode amar tantas pessoas desse jeito por tanto tempo, pode?  Não sei se só com o olhar, consegui expressar tudo o que queria falar, mas parece que Natsuki entendeu minha aflição.

Ele pegou delicadamente minha mão e com ainda mais delicadeza a colocou sobre seu coração. O senti batendo, batendo rápido. Tão rápido como o meu. E a cada segundo se aceleravam juntos, conforme nossos lábios se aproximavam.

Sim, eu sei. Não tenho sido uma boa menina e ficar com todos eles só pra mim era uma coisa errada. Mas não conseguia evitar! Eu os amava! De todo coração. E se eles me amam também espero que no futuro entendam isso. Doía ter que escolher só um, era como uma mãe, não amava mais um e menos outro. Todos eles eram preciosos pra mim e rejeitar um... Era doloroso sequer pensar nisso.

Então, no momento que comecei a beijar Natsuki. Como nas outras vezes, não consegui pensar em nada. Apenas no gosto de chocolate que sua boca quente tinha e no como estava gostando do sabor. E por agora, só deixei as mãos de Natsuki se apertarem mais no meu corpo e me juntar cada vez mais com ele. Enquanto apertava a nuca de Nasuki e dava espaço com a língua para ele ir cada vez mais profundo. Sabia que logo teria que parar para respirar e não morrer, mas isso não é importante em momentos como esses. Cada toque, de cada um deles era um momento único e precioso pra mim. Tentava aproveitá-lo ao máximo.

 Afinal, já tinha cometido todos os setes pecados capitais. Mais um não faria diferença.

Ou quem sabe mais três?