Tic.Tac.Tic.Tac.Tic.Tac

Ao contrário de nós, o relógio não fazia nenhuma questão de ficar quieto.O clima estava mais do que tenso, não sabia mais o que fazer. Já havia tentado falar alguma coisa, perguntar como estavam indo as músicas, mas as respostas que ganhava não passavam de gemidos e acenos de cabeça.

Então estavamos lá.

Ren-san brincando com dardos que não tenho a minima idéia de onde tinha tirado. Hijirikawa-kun estava escrevendo em alguns papéis com tinta preta, acho que era do esmalte de alguém (da Tomo-chan, provavelmente. Ou talvez do Syo-kun...).Ittoki estava mexendo no seu violão que tinha deixado aqui antes da chuva começar.Syo-kun estava preocupado em roer as unhas que já estavam descascadas. Ichinose-kun estava enviando mensagens no celular para o seu empresário. E por último tinha o Natsuki, que entrou na cozinha a um tempão falando alegremente "Vou preparar bolinhos!", isso é muito bom, já que estou com fome, mas depois de ouvir o liquidificador bater algo que parecia mais duro que pedra e ver faíscas saindo da sala ao lado...Bem... digamos que posso aguentar mais um pouco.Eu ficava olhando de um para outro pensando em coisas inteligentes pra dizer, mas não conseguia pensar em nada. Olhei de novo para o relógio. Já tinha passado uma uma hora que estavamos presos aqui.

  - Etto...  - começei, mas quando todos olaram pra mim corei e perdi o fio da meada, o que me salvou mesmo foi um miado baixinho que escutei vindo do quarto.

   - Nanami? - Natsuki perguntou quando passe correndo pela porta da cozinha - O que foi?

  - Nada! Eu... Eu já volto!

Entrei no quarto eu fui direto para a janela, mas ela estava trancada, de onde vinha aquele miado então?

Miau

Olhei de baixo da cama e reparei em uma sombra se mexendo, e depois uma coisa molhada se esfregar nas minhas pernas. 

  - Kuppuru! - me abaixei pra pegar ele - Onde você estava até agora? Não sabe o quanto vai me ajudar? - ri e corri pra sala

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- Kawai! - Natsuki falou quando eu apareci com Kuppuru, ele tava muito sujo de farinha e sua roupa tinha queimado nas pontas, o que reforçava minha idéia de não comer nada que ele fizesse.

 - Minna-san, esse é Kuppuru - falei e levantei o gatinho no ar para todos poderem ver

 - Hi, Neko-chan - Syo-kun falou e passou a mão na cabeça de Kuppuru

  - Ele é seu, Nanami? - Ichinose-san perguntou

  - Mais ou menos, eu achei ele por aí e decidi o ajudar. Mas parece que ele não tem dono...

  - Então você o pegou pra você? - Ichinose-kun - Isso não é certo, Nanami. Ele pode ter alguma doença. 

Kuppuru estava de olhos fechados, mas abriu quando escutou o xingamento.

Ele fez um barulho que nunca tinha ouvido sair dele e eu tive que o segurar para ele não atacar Ichinose-san. 

Ren-san se aproximou de Kuppuru e o olhou nos olhos.

  - Mas ele parece... Diferente dos outros gatos. Mais inteligênte, talvez.

  - Tem razão, Ren-san - Ittoki disse - E parece que ele gosta muito de você, Nanami. - ele não disse isso sorrindo, como faria normalmente. Em vez disso ele apertou os olhos e chegou mais perto - Gosta demais, na verdade...

Lembranças de Kuppuru se transformando em um garoto humano (Ou mais ou menos humano. Na verdade, ele me lembrou um pouco o Peter Pan com todo aquele pozinho de pirilimpimpim), mas o jeito que ele me olhava... Me lembro um pouco oque eles estavam falando.

  - Bem, já esta ficando tarde - Hijirikawa-san disse. - É melhor Nanami ir dormir.

MUITO OBRIGADA!

  - E vocês, aonde vão dormir?

  - Não se preocupe, nós damos um jeito - Ren-san me disse e me levou até a porta do meu quarto - Mas...É claro, se quiser, posso dormir com você - ele falou e apoiou as mãos na parede atrás de mim.

  - Como disse, já é tarde - Hijirikawa-san respondeu - Boa noite, Nanami - ele disse e fechou a porta. Muito obrigada de novo.

  - Boa noite, Nanami - ouvi todos os outros dizerem.

Sorri e devolvi o "boa noite".

Fiquei meio tensa na hora de me trocar com Kuppuru me olhando, mas depois de um tempo conclui que era besteira.Depois peguei uma toalha e o sequei, ele ainda estava um pouco molhado, mas não parecia se importar.

  - Durma bem, Kuppuru-kun - me deitei na cama

Ele miou e pulou lá pra cima comigo.

Lambeu me rosto.

Mais precisamente meus lábios.

Depois pulou de novo pro chão e se perdeu nas sombras.

  - Kuppuru?

Brilhos sairam do nada, mas não iluminavam mais do que uns segundos.

  - Olá, Haruka - uma voz familiar disse - É bom te ver assim de novo.