O primeiro mês que se seguiu após o incidente com James foi extremamente agitado, com muitas visitas de aurores, viagens ao ministério para depor e toda a parte burocrática da prisão dele ocuparam nossos dias e encheram minha cabeça, mantendo-a ocupada demais. Mas em setembro, eu finalmente poderei reclamar a guarda de Megh, que geraria mais dor de cabeça ainda, mas isso traria uma imensa sensação de paz, tanto para mim quanto para ela. Os Cullens sempre estiveram ao meu lado, em especial Edward, apoiando, protegendo, dando força de todas as formas possíveis, necessárias ou não.

Tanto que, quando voltamos a Hogwarts, foi como se eu acordasse de um sonho longo e nebuloso, voltando a realidade com alivio. Tanto que suspirei alto ao entrar no salão comunal da Grifinória naquela primeira noite no castelo, cheia de saudade.

- Parece que voltamos pra casa não é Bella? – Megh perguntou ao meu lado, espelhando meus pensamentos.

Olhei para Megh, após a sua transição menina-mulher ela havia começado a se transformar pouco a pouco, seu corpo começou a ganhar algumas curvas, ainda tímidas, assim como a sua altura aumento, dando apenas um pequeno exemplo da linda mulher que ela iria se transformar. Mas a palavra me deu uma dor no peito, como vinha acontecendo a algum tempo: mudar, envelhecer... Mas eu afastei os pensamentos, ainda não era a hora de pensar nisso.

- Não é? Como se nada tivesse acontecido. Eu adoro essa escola, pena que vou me formar esse ano.

- Verdade, eu vou ter que passar os próximos cinco anos sem te ver por um longo tempo. – Seus olhos ficaram tristes e ela fungou.

- Não se preocupe querida, eu vou te visitar em cada data comemorativa do ano, ok? – Sorri para ela, acalmando-a. – Agora vamos dormir logo ou não conseguiremos acordar amanha de manhã.

- Ok, boa noite Bella.

Megh se despediu de mim com um beijo e eu fui para o meu próprio quarto fingir dormir, eu não precisava mais da sala precisa para passar a noite, mas agora eu escapava para me encontrar com Edward. Por isso, assim que o relógio marcou meia noite eu deslizei para fora do salão comunal em forma de gato a caminho da torre de astronomia, onde Edward já me esperava, retornei a minha forma original e me sentei ao seu lado, cumprimentando-o com um beijo.

- Senti saudades. – Murmurou ele, com o rosto enterrado no meu pescoço, me fazendo arrepiar.

- Nós nos separamos apenas por algumas horas Edward.

- Eu sei, mas isso é o suficiente para me deixar angustiado.

- Seu bobo, Megh aceitou ficar quase nove meses longe de mim pelos próximos cinco anos sem nem ao menos reclamar e você está angustiado de ficar longe de mim por algumas horas?

- Mas é claro, eu não sei o que faria nesse mundo sem você Bella.

A sensação ruim voltou, apertando meu coração até que ele ficasse do tamanho de uma uva. Será que ele ainda não havia notado, pensado sobre isso? Uma hora nós teríamos que tomar uma decisão, o tempo estava correndo e me levando com ele, deixando Edward para trás. Olhei para ele nos olhos, tentando de alguma forma sondar dentro da sua alma e descobrir por mim mesma, mas antes que eu pudesse deduzir qualquer coisa Edward interrompeu meus pensamentos.

- O que foi pequena? Algo errado? – Seu cenho se franziu, preocupado.

- Não, não há nada de errado, eu só estava pensando na formatura. Não tenho certeza do que fazer após me formar.

- Não se preocupe com isso agora Bella, podemos deixar isso para depois. É cedo demais para esse tipo de incertezas.

- Tem razão. – Deixar para depois, até não poder evitar mais.

Ficamos ali, hora conversando, hora de beijando, até que Edward suspirou e me disse que era hora de ir para cama e ambos voltamos para nossas casas a contragosto.  Naquela noite eu dormi mais leve, trancando todas as minhas duvidas no canto mais escuro e esquecido da minha mente.

No dia seguinte eu acordei as sete horas, como sempre, e ri sozinha desse fato, existem coisas que nunca mudam, não importando que o resto vire de ponta cabeça. No banheiro em encontrei com Megh, que curiosamente havia adquirido o mesmo habito sem que nenhuma de nós de desse conta de quando começou, nos arrumamos e, após encontrar com Edward esperando na escadaria, descemos todos juntos para o refeitório.

Durante a refeição, o correio coruja chegou, derramando diversas cartas por todas as mesas, inclusive eu e Megh recebemos algumas.

- Ah! - Exclamou Megh, abrindo a sua carta e retirando o horário de dentro. Após uma olhada ela se virou. - Eu só terei uma hora vaga na aula anterior ao almoço, e vocês?

- Deixe me ver. - Eu procurei a carta de Hogwarts por entre as outras duas e olhei. - A minha aula vaga é a segunda após o almoço, que pena!

- É mesmo. - Resmungou Edward, examinando seu próprio horário, na cadeira detrás da minha, na mesa da Corvinal. - Meu horário vago hoje é o primeiro da manhã, não teremos um tempo a mais para nós hoje.

Eu suspirei, era o que eu temia. Resmungando um xingamento, olhei as duas outras cartas que havia recebido, uma de meu pai e outra do banco Gringotes, sendo que eu só esperava a ultima, Charles já havia falado por telefone comigo - argh! -  uma semana antes, não havia por que me mandar uma carta. Eu a abriria naquele mesmo momento, de tanta curiosidade, mas Megh se levantou ao meu lado, assim como Edward na outra mesa.

- Vamos Bella, já está na hora.

- Claro, até mais irmãzinha. - De má vontade, guardei as cartas dentro da bolsa e me aproximei de Edward.

- Deixe me ver o seu horário. - Pediu ele. Quando lhe entreguei o papel ele rapidamente decorou e me devolveu. - Para a aula de história então.

- Argh. - Gemi. - Não fique repetindo, teremos aula com a Sonserina, em plena segunda feira de manhã.

- Não me diga que você também entrou nessa rixa entre as casas. - Ele pareceu surpreso.

- Não, não tenho nada contra a Sonserina, mas Logan provavelmente vai querer sentar do meu lado.

- Logan? - Ele perguntou, mas no segundo seguinte seus olhos já se iluminaram de entendimento. - Aquele que você arranhou.

- Não diga isso! Eu ainda sinto culpa de ter feito isso...

- Ele bem que mereceu, você não faz idéia do que ele pensa em relação a você. - Sou rosto se franziu e eu olhei para ele, tentando adivinhar que pensamento em particular de Logan que o havia chateado.

- Que tipo de pensamentos...AH!

Meu pé passou direto pelo buraco da escada, eu estava andando sem nem ou menos perceber, entretida com a conversa de Edward, mas antes que eu pudesse sofrer qualquer dano ele me segurou melo cotovelo e firmou novamente no chão.

- Olhe para frente. - Brincou ele, tentando não rir da expressão patética que eu devia ter feito.

- Como se isso fosse adiantar alguma coisa. - Resmunguei, voltando  andar.

- Se você ao menos tentasse! Você praticamente pede para se acidentar.

- O que você disse?!

Assim, eu esqueci o assunto sobre Logan até entrar na aula e me sentar, ainda conversando com Angela, que narrava animadamente como Ben Cheney, garoto do sétimo ano da Lufa-Lufa, a havia pedido em namoro, quando ele se sentou a minha esquerda, na fileira ao lado. Logan havia me importunado varias vezes no ano anterior, me pedindo anotações, me passando cantadas e outros pequenos incômodos que eu logo esquecia, mas ele não deixava de ser a mala convencida e arrogante que ele aparentava ser. Graças a Deus estávamos na aula de História da magia em vez de poções, ou o professor nós colocaria juntos novamente.

- Bom dia classe. Nesse novo ano, vamos começar a estudar as grandes organizações semi-humanas, como os centauros, sereianos  e etc. Esse primeiro bimestre, começaremos com os vampiros. - Disse o professor fantasma, chamando a atenção da classe, e logo desatou a falar.

Estava começando a ficar aliviada por estarmos nessa aula, era impossível se manter parado, ou acordado, na aula do professor Binns, muito menos conversar ou importunar alguém, ao menos se você não se importasse em ficar retido no ano. Dessa forma, quando a aula acabou, eu me levantei para ir embora com um humor muito melhor do que antes de entrar na sala, mas ele foi destruído quando o professor Binns chamou a mim antes que eu pudesse chegar a porta.

- Em que posso ajudar professor? - Perguntei curiosa, não fazia a menor idéia do que ele poderia querer comigo.

- Eu tenho um enorme favor para pedir, senhorita Swan. - Falou ele, com sua voz monótona e rápida. - Acontece, senhorita, que um de nossos alunos tirou uma nota realmente baixa na minha matéria e precisaria fazer uma prova nesse bimestre, para poder passar de ano, ou ser mandado de volta para a classe de História da magia do sexto ano. Eu gostaria que você lhe desse assistência durante esse tempo, talvez assim ele entenda a matéria, se trata do desenvolvimento mágico do Egito.

- Eu gostaria muito de ajudar professor. - Respondi, mesmo que por dentro eu estivesse chorando o tempo perdido com Edward para ajudar um aluno desinteressado. - Quem eu vou ajudar?

- Logan McCayne.

- O-OQUE! - Minha mente girou e eu só pude dizer a primeira coisa que me veio a mente. - Mas ele é da Sonserina! Um sonserino deveria dar assistência a ele!

- Eu entendo perfeitamente o seu ponte de vista, senhorita Swan, mas acontece que eu não possuo nenhum outro aluno tão qualificado para essa tarefa quanto a senhorita. Você faria isso por mim, não é? Eu incluirei o seu trabalho na sua nota, é claro.

- Eu... - Minha cabeça continuou rodando, procurando qualquer maneira de negar o pedido, mas o olhar do fantasma deixava claro que ele não aceitaria um não como resposta. - Farei o meu melhor, professor Binns. - Suspirei, derrotada.

- Ótimo, até a próxima aula senhorita Swan.

Sai da sala frustrada, certa de que encontraria um jeito de fazer uma cola do teste para que não tivesse que passar tempo algum com Logan, mas assim que pensei no nome do diabo, o mesmo apareceu, esperando-me do lado de fora da aula, junto com Edward , que viera me acompanhar. Ambos de olhavam de uma forma tensa, como se estivessem se concentrando muito para não voar sobre o pescoço do outro. Edward foi o primeiro a me notar e imediatamente veio junto a mim, passado o braço possessivamente ao redor da minha cintura.

- Como foi a aula? - Perguntou ele, com a expressão totalmente diferente da que ele usara para encarar Logan.

- Longa. - Sorri e me virei para Logan. - Não sei como, mas você conseguiu convencê-lo e ele me convenceu. Feliz?

- Essa idéia estúpida de querer me deixar dependente na matéria foi ele, eu só posso agradecer a Merlin pela sorte que eu tive. Estou ansioso para estudar com você, senhorita Swan. - Disse, debochando, e foi embora.

- Eu simplesmente não acredito nesse cara. - Suspirei de novo e comecei a caminhar em direção a minha próxima aula. - Que belo jeito de começar as aulas.

- Eu posso cuidar dele se você quiser. - Edward resmungou, falando mais sério do que deveria.

- Eu adoraria isso... - Comecei e seus olhos brilharam perigosamente. - ...Mas, eu acho que posso lidar com ele sozinha.

- Se mudar de idéia...

- Você vai ser o primeiro a saber. - Sorri.

As aulas seguintes correram sem incidentes, apenas matei as saudades das minhas amigas, ou seja, Angela, Jessica e Lauren não era exatamente o que se chama de amiga, e o tempo passou tranqüilo, acalmando aos poucos a irritação pela qual Logan me fizera passar. Após o almoço, depois de me despedir de Edward e Megh fui passar minha hora vaga debaixo de uma árvore próxima ao lago para não ter que andar tanto até a aula de herbologia, finalmente sozinha, pude abrir minhas cartas em paz.

A primeira era do banco Gringotes, com cuidado, abri a carta pela lateral e retirei três folhas de dentro. A primeira dizia:

Prezada senhorita Isabella Mary Swan,

Com a chegada da sua maioridade no dia 13 de setembro, a senhorita estará autorizada a dispor de, além dos bens monetários anteriormente liberados pela emancipação, dos bens de maior valor, sendo eles o imóvel na rua principal, no beco diagonal, número 189456151, o imóvel de Kensington, na rua Campdem Hill, número 4869, Londres e todos os itens listados pelo banco. Caso queira acessar a lista completa para se certificar de que nenhum bem tenha se perdido, por favor entre em contato. Junto a carta foram anexados as escrituras de ambas as casas.

Com agradecimentos por utilizar o nosso serviço,

Elrond Elfany, diretor geral de Gringotes.

Assim como descrito, as outras duas folhas eram as escritoras de imóveis, a loja que ela possuía no beco diagonal, herança de família a gerações, e a casa no bairro nobre de Londres, na qual vivi ao voltar para a Inglaterra, mas não tinha direito de vender ou alugar. Suspirando ao perceber que faltavam apenas onze dias para o meu aniversário, abri a carta de Charles e comecei a ler, apenas para parar logo em seguida e reler a primeira frase novamente, duvidando dos meus olhos. Estava escrito:

Querida Bella,

Eu não sei bem como dizer isso mas, eu vou me casar.