Passeava pelos corredores frios de Hogwarts perdida em pensamentos difusos, isso havia se tornado muito frequente depois de um tempo. Sempre estava andando sem rumo, tentando entender meus pensamentos e minhas vontades, e depois poder, finalmente, tomar a decisão que mudaria completamente minha vida. A hora estava chegando, o meu tempo estava se esgotando. Era a hora de escolher, voltaria para o futuro? Ou continuaria aqui, no passado?

Já havia se passado meses desde que eu contara aos meus pais, Harry e Draco que eu viera do futuro, suas reações ainda me ideixavam intrigada...

“– Eu vim do futuro - falei alto, levantando meu rosto e encarando os quatro.

– Como? – todos me perguntaram em uníssono, antes de Ron cair na gargalhada.

– Por que está rindo Ronald? – Hermione o fuzilou com os olhos.

– Pela piada oras, eu achava que era alguma coisa importante – falou, ainda rindo.

– Não é piada Ron – murmurei baixinho e ele me olhou sem entender.

– Como assim não é piada? – perguntou confuso.

– É verdade, eu vim do futuro – falei nervosa, e olhei cada um nos olhos, para eles verem a verdade nos meus próprios.

Cada um esboçava uma reação distinta. Hermione estava curiosa e parecia que finalmente havia entendido tudo. Harry parecia confuso e passado. Ron também estava confuso e parecia que ainda não tinha compreendido o que eu falei. E Draco, Draco estava como sempre, frio e impenetrável, distante...

– Agora eu entendi! – murmurou Hermione, mas para si mesmo e eu apenas concordei com a cabeça.

– Mas, como? – Ron ainda tinha um ponto de interrogação na testa, e intercalava os olhos entre mim e Mione.

– Não sei direito, eu apenas acordei aqui, sem motivo aparente – olhei para o chão, sem conseguir encará-los, a verdade é que eu sabia o motivo, mas por mais que eu quisesse, não conseguia contar para eles.

Imagine:

“Bom, eu não sei como vim parar aqui, mas Dumbledore me disse que provavelmente era para eu juntar a minha família com o pai do meu namorado. Ah, quase me esqueci, Ron, Mione, vocês são meus pais, Harry, você é meu tio, e Draco, você é meu sogro.”

Não acho que eles reagiriam muito bem com a notícia...

Hermione me olhou desconfiada, como se soubesse da minha mentira e eu desviei o olhar, o fixando em Draco, ele não expressava nenhuma reação e aquilo me assustava, mesmo sem querer admitir, a opinião dele era importante pra mim.

– Você estudava em Hogwarts? – Harry me perguntou, me assustando.

– Sim – respondi, voltando o olhar para Draco, que olhava para a lareira, perdido em pensamentos.

– Você me conhece, digo, no futuro? – perguntou novamente, dessa vez temeroso.

– Quem não conhece Harry Potter? – devolvi desconfortável com o assunto.

– Então, quer dizer que... – começou, porém, o interrompi rapidamente.

– Harry, não me pergunte sobre isso, por favor – falei, finalmente desviando os olhos de Draco, e me virando para olhá-lo – Isso pode mudar o futuro, e não é pra mudar isso que eu vim aqui.

– Como assim não é pra mudar isso? Você sabe por que está aqui? – perguntou Hermione desconfiada e só então eu percebi que tinha falado de mais.

– Não foi isso que eu quis dizer – murmurei desconcertada – Quer dizer, deve ter um motivo, não?

Ela levantou uma sobrancelha, sem engolir minha desculpa, mas deixou passar.

Um silêncio incômodo surgiu enquanto todos absorviam minhas palavras e eu não sabia direito o que fazer ou falar.

– Quando você volta? Pro futuro? – Ron me perguntou, com o olhar vago.

– Não sei... É complicad... – fui interrompida por um barulho vindo do meu lado.

Olhei assustada e percebi que havia sido Draco, que se levantou abruptamente e ia em direção à porta.

– Espera – murmurei, segurando seu braço direito – Aonde você vai?

– Me solte Rose – sibilou, se soltando ele mesmo e abrindo a porta.

Olhei rapidamente para os meus pais e Harry, sem saber o que fazer, dividida entre ficar ali ou ir atrás de Draco. No final, Hermione que decidiu por mim, movendo os lábios em um “vai” silencioso.”

Suspirei frustada ao me lembrar da minha confusa conversa com Draco depois de ele ter saído da Sala Precisa.

“– Draco espera! – gritei seguindo ele pelos corredores.

Ele me ignorou, continuando a seguir para, provavelmente, seu salão comunal.

– Para! – exclamei andando um pouco mais rápido, tentando alcança-lo.

Ele continuou a andar, dessa vez mais depressa, e eu já corria para não perdê-lo de vista. Ele virou em um corredor e sumiu por alguns segundos e quando eu finalmente cheguei ao corredor, ele não estava mais lá.

– Draco? – chamei ofegante e como resposta, obtive apenas o silêncio.

– Draco! – chamei um pouco mais alto, e um vento frio passou pelo corredor, me fazendo tremer, por causa do frio.

– O que você quer? – ele sibilou, em meu ouvido e eu, automaticamente, me arrepiei, por causa proximidade repentina.

– Por que saiu daquele jeito? – perguntei com a voz um pouco abalada.

– Que jeito?- sussurrou, ainda em meu ouvido, e uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, me fazendo arrepiar de novo.

– Aquele jeito, abruptamente – falei um pouco mais alto, me virando para encarar seus olhos metálicos e frios.

– O que você queria que eu fizesse Bennet? Afinal, esse é realmente seu sobrenome? Ou é apenas outra mentira? – perguntou friamente, com um sorriso sarcástico nos lábios, me pressionando na parede atrás de mim.

Abri a boca, querendo dizer que aquele era sim, meu sobrenome, mas algo em seus olhos me impediu de mentir, e minha boca se fechou novamente.

– Foi o que eu pensei – murmurou, mas para si mesmo do que para mim.

Então ele se aproximou um pouco mais, de forma que nossos corpos estavam praticamente colados e sua respiração fria, batendo em meu rosto. E eu fechei os olhos automaticamente, pensando que ele me beijaria. Mas, contrariando meus pensamentos, ele me soltou e quando eu abri os olhos novamente, já estava novamente sozinha naquele frio corredor.”

Suspirei novamente, depois daquele dia eram raras as vezes que eu encontrava com ele pelos corredores, e sempre que isso acontecia, ele me ignorava completamente, tornando minhas tentativas de conversa, inúteis.