Pov Bella

– Edward, falta quanto tempo paras chegarmos? – perguntei, se não demorasse muito poderíamos ir direto pra casa, mas se demorar muito acabaríamos viajando no escuro, o que eu não sei se seria uma boa ideia.

– Falta mais algumas horas.

– Mesmo se formos correndo? – perguntei, eu queria muito chegar em casa, não. Na verdade eu nem queria ver a cara da Jane, eu só queria deixar o Jake em segurança na casa dele.

– Sim. – respondeu ele e eu me virei pro Jacob.

– Quer continuar a viagem agora ou prefere ir de manha?

– Prefiro ir de manha, se vocês não se importarem. – disse ele meio acanhado.

– Por mim tudo bem. – disse Edward.

– Por mim também. Agora vamos procurar alguém lugar para passarmos a noite. – anunciei.

Edward fechou os olhos por um minuto ouvindo a floresta a nossa volta, quando abriu os olhos ele sorriu.

– Tem uma clareira não muito longe daqui, parece ser um bom lugar.

– Vamos dar uma olhada então. – falei e indiquei ao Edward para que nos mostrasse o caminho. Ele começou a correr e eu e o Jake logo nos transformamos para acompanha-lo, não demorou muito e logo a encontramos.

A clareira era de um tamanho razoável e tinha uma arvore enorme no centro, pude ver rapidamente um lugar entre suas raízes que daria um bom acampamento. Me transformei de volta em humana.

– Entre as raízes me parece um bom lugar. – falei me aproximando mais da arvore. Ela era bem grande, deveria ter mais de vinte metros de altura, e uma copa bem larga e densa.

– Eu vou dar uma volta, ver se aqui é seguro e ver se acho algo para fazermos uma fogueira. – disse Edward, acenei uma vez com a cabeça e ele sumiu.

– Venha Jake, vamos achar um lugar para dormimos. – pedi e comecei a dar a volta na arvore a avaliando e procurando o melhor lugar para dormimos, Jacob me seguia sem falar nada enquanto passávamos por cima das raízes. Atrás da arvore suas raízes batiam quase na altura da minha cintura, e o espaço ali acomodaria muito bem nos três e ainda sobraria muito espaço.

– Já estou me vendo deitado e roncando bem ali. – disse Jake apontando um canto do espaço, sorri.

– Então será aqui.

Edward, estamos na parte de trás da arvore, tem um ótimo lugar aqui. Coloquei meus pensamentos na cabeça dele.

Esta bem, chego ai daqui a pouco. respondeu.

– Jake, me ajude a tirar essas folhas mortas daqui. – pedi descendo da raiz.

– Por que? É muito melhor deitar em cima das folhas do que direto no chão duro.

– Hum. Boa ideia, mas mesmo assim vamos tirar essas que já estão aqui, pode ter algum bicho embaixo delas e eu não estou nem um pouco afim de ser picada por uma aranha ou uma cobra. – fiz careta pensando nessa hipótese. Eu nunca fui picada por esses bichos, mas eu sei que deve doer muito e não estou muito a fim de descobrir. Ele riu, rolando os olhos.

– Tudo bem, te ajudo a limpar isso.

Ele se aproximou e logo começamos a catar as folhas e a tira-las dali. Além de folhas também tinha galhos secos e trepadeiras, e é claro que eu chutava as folhas pra conferir se tinha bicho antes de pega-las com as mãos.

– O que estão fazendo? – perguntou Edward por detrás de mim, me virei pra ele enquanto o mesmo deixava a lenha que havia catado do outro lado da raiz.

– Vamos limpar aqui para podermos nos deitar. – falei sorrindo, ele sorriu também, mas seu rosto mudou rapidamente, ele parecia nervoso.

– Edward? O que foi? – perguntei assustada, parecia que ele havia visto um assassino.

– Não se mecha. – disse ele lentamente, nesse instante senti algo encostar em minha perna, revirei os olhos.

– Pode parar Jacob! Vocês dois já me pregaram muita peça em dia só! Eu não vou cair de novo. – eles acham mesmo que vão me pegar outra vez? É ruim hein! Eu aprendi minha lição! Cruzei os braços desafiando o Edward com o olhar, mas sua expressão não se alterou.

– Mas Bella, eu estou aqui. – disse Jacob aparecendo do nada atrás do Edward.

Bom, isso era um problema. Obviamente não era nenhum dos dois que estavam tentando me meter medo, então só havia uma explicação. Tinha, realmente, algo arranhando e apertando minha perna.

Eu não olhei pra baixo pra conferir se era mesmo uma caranguejeira que estava subindo em minha perna, eu apenas sai pulando e gritando igual a uma problemática e subi mais rápido do que nunca a arvore gigante. Quando eu finalmente parei de gritar eu ouvi o Jake e o Edward dando gargalhadas em baixo de mim.

– Vocês viram uma aranha enorme subindo em mim, não falaram nada e ainda por cima estão rindo? Eu vou acabar com vocês quando esse monstrinho sai dai! – gritei de cima da arvore, nenhum dos dois parou de rir, mas o Jake se dirigiu pra onde eu estava se se agachou. Se ele pegar essa aranha e vir pro meu lado eu vou arrancar as quatro patas dele!

– Eu não acredito que você se assustou com ele! – gritou o Jacob lá de baixo se levantando. Eu esperava ver algo preto, peludo e nojento nas mãos dele, mas ao invés disso tinha uma linda bolinha peluda em suas mãos.

Uma coisa estranha se ascendeu dentro de mim quando percebi que aquilo se tratava de um filhote, eu queria protege-lo, era quase como se ele estivesse pedindo isso pra mim quando os seus olhinhos encontraram os meus.

– Acho que é um filhote de onça. – disse Edward se aproximando, mas isso fez com que o filhotinho se contorcesse nas mãos do Jake, pude perceber o medo que ele sentia do Edward.

– Edward, espere! – gritei e pulei do galho. Os olhinhos do filhote logo me encontraram e ele se acalmou um pouco, mas tentava se soltar das mãos do Jake. – Solte-o Jake. – pedi e ele o fez, assim que suas patinhas encontraram o solo ele correu em minha direção e começou a tentar subir na minha perna de novo. Eu só conseguia olhar pra ele, não conseguia entender essa reação estranha dele, e assim ele começou a chorar. Assim como eu soube que ele estava com medo do Edward eu soube que ele queria que eu o carregasse, e assim o fiz.

Ao enrosca-lo em meus braços ele rapidamente apoiou a cabeça em meu ombro, suspirando enquanto eu sentia seu corpo relaxar.

– Eu vi, mas ainda não acredito! O que deu nessa mini onça? – perguntou Jake me olhando estranho.

– Não é um filhote de onça, é um filhote de leopardo. – falei sorrindo ao senti-lo relaxar completamente. Me sentei na raiz da arvore e o coloquei em meu colo, olhando-o com atenção. Ele era lindo, com o pelo macio alaranjado e cheio de pintinhas, os bigodes brancos e com as orelhas em pé. – Ele esta perdido. – falei sem emoção nenhuma, eu sabia que ele havia se perdido da sua mãe, e estava procurando ajuda, também sabia que ele não sobreviveria muito tempo sozinho, e quando ele me viu, ele achou que eu poderia ajuda-lo.

– Como você sabe que ele esta perdido? – perguntou o Edward.

– Não sei como explicar, mas é como se ele estivesse me contando isso, mas sem falar comigo diretamente. – tai uma horrível tentativa de explicação. – Ele acha que eu posso ajuda-lo, ele sabe que eu vou protege-lo.

– Mas como ele sabe tudo isso? Como você sabe dessas coisas? – perguntou Jake meio intrigado.

– É como a gente Jake, nos sabemos coisas um do outro, coisas que nunca falamos.

– Agora faz sentido. – disse Edward sorrindo.

– Aonde que isso faz sentindo? – perguntou Jake completamente perdido.

– Faz? – perguntei confusa, eu também não estava entendendo muito daquela situação.

– De uma certa forma você é da mesma espécie que ele, assim ele viu você como se fosse da família. – disse Edward, talvez fosse isso, nos dois éramos leopardos, mas eu não estava transformada.

– Mas eu não estou na minha forma de pantera. – falei curiosa afagando o pelo do filhote que agora dormia em meu colo.

– Ele pode ter te visto antes, quando estava transformada, ou então ele apenas sabia que podia confiar em você e assim procurou ajuda...

– Perae! – falou o Jake cortando o Edward. – Como assim a mesma espécie que a Bells? Ela não é uma pantera? – suspirei.

– Pantera também é conhecida como leopardo negro, gênio! – falou Edward com um pouco de irritação por ter sido cortado. O tom de ironia dele não deixou o Jake muito feliz e ele meio que rosnou pro Edward, ri da criancice dos dois, mas eu ri mais ainda quando o filhotinho rosnou baixo querendo que os dois ficassem quietos para que ele pudesse dormir.

– Esse filhote é muito cara de pau hein? Mal apareceu e já tá no seu colo e dando ordens pra gente! – reclamou o Jacob olhando feio pro filhote.

– Que é Jake? Tá com ciúmes dele? – falei rindo da careta que ele fez.

– Que ciúmes? Eu de você? Tá de brincadeira néh? – Resmungou ele sem me convencer nem um pouco.

– Se você não esta com ciúmes então para de pegar no pé do Damien. – falei segurando o filhote que desistira de dormir, o levantei de modo que eu pudesse olhar seus olhos, me surpreendi um pouco ao ver que eram azuis claros.

– Perae! Você deu nome pra ele? – perguntou Jake achando isso a coisa mais absurda do mundo. Damien estreitou os olhos pra mim, sorri.

– Você esta começando a irrita-lo. – falei sorrindo, Edward sorriu pra mim e começou a se aproximar, notei que o Damien ficou com medo dele mais uma vez, então tratei de acalma-lo. Esta tudo bem, ele esta comigo, não vai te machucar, eu prometo. Falei mentalmente para o filhotinho, ele me olhou nos olhos um momento. Ele acreditava em mim, eu sentia isso, mas ele tinha medo do que o Edward era, era instinto dele se proteger. Mas o Edward não era como os outros vampiros, e eu consegui fazer o Damien entender isso.

Assim que o Edward percebeu que eu estava tendo um tipo de conversa com o filhote, ele parou de se aproximar e nos observou curioso.

– Chegue mais perto Edward. – pedi.

– Tem certeza? Eu sei que ele tem medo de mim. – disse ele, balancei a cabeça.

– Não mais, pode vir.

Edward se aproximou devagar, para que o Damien se acostumasse com ele primeiro. Quando já estava bem perto ele se arriscou a se sentar do meu lado, no mesmo instante Damien ficou de pé em meu colo e começou a cheira-lo, pouco depois ele pulou em seu colo querendo atenção. Edward sorriu.

– Sabe que eu sempre gostei de animais? – falou Edward pensando alto enquando passava a mão no pelo do filhote.

– Acho que eu meio que percebi isso. – falei também pensando alto. Se ele não gostasse de animais a gente nem estaria aqui, eu nem teria tido qualquer chance com ele, ele sorriu cúmplice pra mim e eu me aproximei pra lhe dar um selinho.

– Se vocês continuarem com isso eu juro que vou vomitar. – disse Jake se afastando, revirei os olhos. Sorri ao ouvir uma voz fininha em minha cabeça.

– Que foi? – perguntou Edward alternando olhares entre eu e o Damien.

– Ele falou comigo, disse que o Jake é muito ciumento e chato.

– Eu também acho.

– Você acha porque tem ciúmes também. – falei simplesmente. – E você sabe que é sem sentido, eu não sinto por ele nem um milésimo do que eu sinto por você. – falei e me levantei. Edward se levantou também e o senti perto de mim. – Vamos terminar de arrumar isso daqui, vai escurecer em pouco tempo. – eu esperava que a minha fala terminasse de vez a conversa. Eu queria que o Edward acreditasse em mim, que eu não sentia nada pelo Jacob. Ao menos Edward não disse nada que deixasse a conversa fluir mais e começou a me ajudar.

Juntos terminamos de limpar o local que eu tinha escolhido, fizemos um monte de folhas na beirada da clareira e eu fiquei assistindo e rindo do Damien que pulava entre as folhas que juntávamos, espalhando tudo de novo, notei Edward rindo também, mas não pelas atrapalhadas do filhote, ele ria quando olhava pra mim. Eu não conseguia ficar nervosa com ele por muito tempo.

Quando eu comecei a chingar o Jake por ter sumido e deixado nos dois terminar de limpar, o mesmo apareceu carregando um monte de folhas debaixo dos braços.

– O que é isso? – perguntei apontando para as folhas com ele.

– Vamos improvisar umas camas com isso, já dormi nessas folhas uma vez, são mais macias do que parecem.

– Por mim tanto faz. – disse Edward dando de ombros.

– Claro néh, você não dorme nunca. – resmunguei revirando os olhos, e ri quando o Damien começou a perseguir um lagarto pela clareira. Pelo canto do olho vi Edward sorrir pra mim.

– Então tá, só duas camas. – disse Jake, no mesmo instante o Damien parou de correr e veio pro nosso lado com os lábios puxados por sobre os dentes. – Ok, ok. Três camas! Mas é você que vai arrumar a cama dele, não quero nem saber!

– Ciumento! – cantarolei revirando os olhos pela milésima vez. Jake não me ouviu, ou fingiu que não e foi arrumar a sua cama, ele deixou um pouco mais da metade do que havia trago para que eu pudesse arrumar a minha cama e a do Damien.

Claro que eu não fiz duas camas néh! Fiz uma grande o bastante para que eu dormisse com o Edward e o Damien. Agora a cara que o Jake fez quando descobriu isso foi impagável!

– Desisto! Falo mais nada! – resmungou ele se deitando na cama que acabara de fazer e ficando de costas pra gente. Damien pareceu gostar da atitude dele.

Agora eu oficialmente estava cercada de ciumentos! Eu mereço isso!?

Apenas por habito eu olhei para o céu, era assim que eu sabia as horas. Faltava pouco para escurecer.

– Quer fazer a fogueira agora? Não vai demorar muito a escurecer. – perguntei ao Edward.

– É uma boa ideia. Você já esta com frio mesmo. – disse ele com um sorriso meio convencido no rosto, eu realmente não tinha sentido frio ate aquele momento, mas foi só ele dizer que eu finalmente senti os pelos dos meus braços eriçados.

– Eu nem tinha percebido. – falei franzindo a testa. Eu amava o frio e sentia ate a mais fraca das brisas. Porque eu não senti agora? Hum, talvez seja porque eu estava distraída. É, só pode ser isso.

Sai dos meu devaneios e fui ajudar o Edward com a lenha, mesmo ele falando umas trezentas vezes que não precisava de ajuda.

– Quero ver vocês conseguirem fogo. – disse Jacob ainda deitado e de costas pra nós, sua voz continha tanta zombaria que eu queria tacar fogo nele, não no monte de lenha.

– Isso vai ser moleza, não é Bella? – disse Edward sorrindo largamente pra mim.

– Deixa isso comigo. – sorri e pisquei pra ele, e assim terminamos de arrumar o monte de lenha que logo viraria fogueira.

Obs: A pedido da cullenelisangel estou postando uma fotinha do Damien pra vcs conferirem. Bjos