Shattered escrita por LolaPotter22


Capítulo 11
Capítulo 10




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Shattered

Capítulo 10

Hermione,

Primeiro de tudo, eu lhe peço desculpas. Ambos sabemos que aquela briga aconteceu sem motivo nenhum, e eu quero concertar. Desculpe por ser um babaca. Espero que me perdoe, eu estou realmente arrependido.

Com amor,

Rony

Hermione fechou os olhos e apoiou a cabeça contra a parede fria do salão comunal da Grifinória. Ela não iria conseguir mentir para Rony, mas... E se ela contasse e ele terminasse tudo?

Hermione abriu os olhos e suspirou. O que iria fazer? Tinha de contar para alguém, qualquer um, qualquer um mesmo – menos Ronald. O buraco do retrato se abriu e um borrão ruivo entrou.

Ela piscou e abriu um sorriso pequeno. Gina, é claro! Era sua amiga e não contaria para o irmão, e ela tinha o dom de mentir tão bem quanto Fred e Jorge. Hermione fechou seu livro. Seria ela.

Levantou-se e saiu pelo buraco do retrato, indo em direção à sala dos monitores. Hermione não conseguia parar de pensar naquela maldita detenção em que teria de suportar Malfoy por duas semanas inteiras, fora do período integral de monitoria!

Ela tocou a maçaneta da sala dos monitores e, instantaneamente, seu coração disparou.

Claro.

Hermione sabia que, lá no fundo, sua hesitação e a ansiedade estavam relacionadas a um sentimento que ela não sabia se era realmente intenso ou algo bobo. Ela fechou os olhos, se recusando a pensar mais. Respirou profundamente e abriu a porta, se deparando com Draco sentado em um dos sofás.

Sem dizer uma palavra, Hermione foi até sua mesa e procurou pela ficha do garoto. Quando se virou, quase teve um ataque. Draco estava tão próximo que seus narizes quase se encostavam.

- M-Malfoy... – sua voz saiu tão baixa que ela duvidou se ele tivesse ao menos escutado.

A mão dele tocou sua cintura e ela estremeceu, mordendo o lábio. Um sorrisinho desdenhoso surgiu no canto da boca de Draco.

- Já está excitada, Granger?

Ela revirou os olhos, tentando se concentrar em tudo, menos nele.

- Tire o hipogrifo da chuva, Malfoy – Hermione o empurrou. – E não chegue tão perto, odeio pessoas grudentas.

Afastando-o com o braço, Hermione se dirigiu à porta, com a ficha dele em mãos. Ela fez um aceno de cabeça indicando a porta, sem olhá-lo. Quando Draco saiu, Hermione o seguiu e fechou a porta, se encaminhando para a sala de troféus em seguida.

- O que terei de fazer?

- Limpar troféus até eu poder ver que eles estão brilhando.

Draco soltou um muxoxo que fez com que os cantos dos lábios dela se arreganhassem um tantinho, num sorriso travesso.

Eles passaram o resto do caminho em silêncio e, quando chegaram, Hermione puxou uma cadeira e sentou-se.

- Pode começar – falou, juntando as mãos sobre o colo.

- Não tem com o quê começar – disse, rabugento.

Ela fez um aceno com a varinha e um balde com água seguido de uma espuma, uma flanela e um produto específico apareceram. Draco se virou para ela, com um olhar cético enquanto Hermione o observava com uma expressão cômica.

- Você está de brincadeira, não é?

- Você que ganhou a detenção, só estou fazendo meu papel – ela disse, erguendo as mãos.

Ele suspirou, exasperadamente e se virou para começar. Hermione encostou a cabeça no armário que tinha ao seu lado e passou a admirá-lo.

Os ombros estavam mais relaxados e, se não fosse pela ruga entre suas sobrancelhas, ela diria que ele não se importava em passar horas limpando velharias. Ele se ajoelhou em frente à estante, pegou a espuma - com certo nojo – mergulhou no balde d'água e começou a limpar.

- Desculpe.

Hermione franziu o cenho quando o rosto de Draco virou em sua direção. Ela ouvira certo? Ele realmente tinha pedido desculpas? Draco tirou o cabelo da testa com o braço e Hermione conseguiu ver seus músculos contraídos.

- Pelo quê, exatamente?

- Por ter te beijado – falou, voltando os olhos para a velharia que tinha em mãos.

Um discreto sorriso surgiu nos lábios de Hermione.

- Nunca imaginei que Draco Malfoy algum dia estaria se desculpando por seus atos.

Ela conseguiu ver pelo seu perfil que ele também sorria.

- Somos dois – suas mãos continuavam a trabalhar. – Mas eu acho que lhe devo. Você ficou séria depois disso.

Hermione considerou a resposta e se levantou, indo sentar-se no chão ao seu lado.

- Você se importa?

Bingo, pensou. Tinha pego-o de surpresa.

- Eu não, mas é um saco levar patada todos os dias, sabe.

Ela riu.

- Então eu que lhe devo desculpas.

Draco piscou o olho para ela. Ele se importava, mas Hermione não precisava saber disso.

O silêncio recaiu entre eles. Hora ou outra Hermione fazia comentários sobre sua faxina, ou Draco soltava uma frase irônica típica. Quando a primeira estante estava completamente limpa, ele pousou a esponja e suspirou, cansado.

- Acho que está bom por hoje – ela disse, tocando seus ombros e os apertando levemente.

- Você acha?

Hermione revirou os olhos e retirou as mãos de seus ombros, mas Draco foi mais rápido e segurou suas mãos, puxando-as para perto. Ela encarou seus olhos cinza e não conseguiu mais desviar o olhar.

- Draco...

- Sim?

Hermione respirou profundamente.

- Você não precisava se desculpar por causa do beijo.

Ele franziu ligeiramente o cenho. Nenhum dos dois percebeu, mas as mãos dela ainda estavam envoltas pelas dele.

- Por quê?

- Porque não se pede desculpas por algo que a outra pessoa gostou.

E, dizendo isso, ela tocou suas bochechas e o puxou até que seus lábios estivessem juntos aos dele. Draco ficou sem reação, mas logo enlaçou sua cintura e a puxou para mais perto.

Os lábios de Hermione tocaram os dele leve e docemente. Draco ficou surpreso, mas logo passou a corresponder. Os dedos finos dela se entrelaçavam com os fios louros do cabelo dele, fazendo com que arrepios constantes passassem por ambos os corpos.

Não era um beijo ardente, pelo contrário, mas a sensação que causava nos dois correspondia a um. Eles poderiam passar horas ali, juntos, mas Hermione se afastou.

Ainda de olhos fechados, conseguia escutar a respiração descompassada do loiro e se surpreendeu ao ver que a sua também não estava calma.

- Hermione – ele sussurrou.

Ela teve de se controlar para não derreter, pois aquele sussurro havia feito seu coração disparar. Mione abriu os olhos, agora, cheios de lágrimas.

- Eu...

Ela se levantou, cambaleante.

- Não vá – pediu, num tom baixo.

Hermione balançou a cabeça negativamente e saiu da sala. Draco não hesitou e a seguiu, tinha que conversar com ela.

- Hermione – ele chamou, novamente, segurando seu pulso para que ela não se distanciasse mais.

- Você não entende, Draco – falou, com os olhos turvos, sem conseguir enxergá-lo perfeitamente por culpa das lágrimas. – Nós nunca poderemos ter uma relação, eu estou noiva.

Aquelas palavras saíram da boca dela com um leve pesar, sem que Hermione percebesse o tom melancólico.

- Eu sei disso. Mas só me responda uma coisa.

Hermione deu de ombros, incentivando-o a continuar.

- Você sente algo por mim?

Ela o encarou de olhos arregalados, surpresa com a pergunta.

- Se eu sinto...

- Seja verdadeira – pediu, dando um passo em sua direção e segurando suas mãos. – Não pense em seu noivo agora, mas sim por tudo o que passamos.

Hermione desviou o olhar e as lembranças invadiram sua mente. Todas as vezes que os dois conversaram de um jeito quase amigável durante este último ano, das rondas noturnas, as reuniões em que ambos trocavam olhares significativos, e todo o resto.

Seus olhos se encontraram.

- Não, desculpe.

Soltou suas mãos das dele e seguiu para o dormitório feminino, chorando.


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