O Diário de Uma Heroína escrita por Kagome_


Capítulo 9
Capítulo 9




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Bom, como é que eu ia saber que ele era filho do presidente? Ele não se parecia nada com o cara que estou acostumada a ver no noticiário, aquele CDF que ficava andando atrás dos pais, igual a um cachorrinho, durante a campanha eleitoral. Aquele cara nunca usou uma camiseta da Save Ferris, muito menos coturno. Aquele cara nunca pareceu interessado em arte. Aquele cara sempre usava uns ternos bem engomadinhos e certinhos, e só ficava lá sentado, com cara de interessado nas coisas que o pai falava, que basicamente, era um bando de coisa chata que me entediava e geralmente fazia com que eu mudasse o canal...

De qualquer forma, o fato é que, depois de o pai do Inuyasha se tornar presidente, e o Inuyasha começar a freqüentar uma escola aqui em Tókio, bom toda vez que ele aparecia na TV, era com aquele uniforme tonto que todos os alunos da Shikon usavam (a mesma escola da Rin). E apesar de o Inuyasha ficar melhor com aquele uniforme do que a maior parte dos alunos dessa escola, com o cabelo prata, os olhos dourados e tudo mais, ele continuava sendo, sabe como é, o maior CDF.

Eu estava ali parada, olhando para ele bem na minha frente, e era difícil acreditar que era o mesmo cara que, só alguns dias antes, tinha dito que gostava da minha bota.

Não sei dizer qual de nós dois ficou mais surpreso por ver o outro. O Inuyasha parecia bem impressionado, e não acho que era por aquilo de ser uma coincidência tão estranha... sabe como é, por a gente se conhecer da aula de desenho. Não, o Inuyasha não estava me encarando porque não conseguia se lembrar de onde me conhecia. Tipo, na última vez que ele me viu, eu tava toda de preto, com coturnos e tal. Agora ali estava eu, com a roupa da minha irmã, a maquiagem da minha irmã. Claro que ele estava olhando fixamente para mim: eu estava igual à Kikyo!

- Hã? – Inuyasha disse, e eu não posso culpá-lo nenhum pouquinho por isso – Oi.

Mas eu me vinguei dele na hora, com uma resposta muito esperta:

- Hum. Oi.

A mãe do Inuyasha olhou de onde estava para mim, e depois fez o trajeto inverso. Então soltou, com uma voz bastante peculiar:

- Vocês dois já se conhecem?

- É – Inuyasha disse de novo. Tinha começado a sorrir. Era um sorriso bacana. Não tão bacana quanto o do Kouga, claro, mas bem bacana, mesmo assim. – A Kagome está na minha aula de desenho com a Ayame Boone.

E foi quando eu me liguei.

A Kagome está na minha aula de desenho com a Ayame Boone.

O cara podia ter estragado algo que, até aquele momento, eu tinha conseguido esconder dos meus pais: aquela coisa de cabular a aula de arte. E tá, tudo bem, qual era o problema, certo? Meus pais iam descobrir que eu tinha faltado a aula. E daí? Eu tinha salvado a vida do presidente. Aquilo tinha que valer como uma carta de libertação da prisão, nada podia ser mais forte que aquilo. Mas nunca, nuquinha, ia amolecer a Kaede, a quem eu tinha dado a minha palavra de que não iria faltar. Por mais que a Kaede goste muito do presidente, a minha vida estaria acabada com A maiúsculo.

E essa foi a razão por que eu fiz em seguida, que foi lançar um olhar suplicante para o Inuyasha, esperando, sem muito otimismo, que ele entendesse. Não sei como ele poderia entender. Tipo, ele é todo certinho, ainda mais com aquele uniforme. Com certeza ele obedecia tudo o que seus pais falavam.

Mesmo assim, se existisse alguma probabilidade, de eu conseguir com que ele não falasse que eu tinha faltado....

- Ah, ela está na Ayame Boone? – a primeira dama perguntou pra minha mãe, toda alegre – A Ayame não é maravilhosa? O Inuyasha adora – esticou a mão e pegou no ombro do filho, em um gesto maternal – Só agradeço por Inuyasha ter se atrasado para sair do ateliê na noite passada. S...

Ela não conseguiu terminar a frase. Acho que ela queria dizer só Deus sabe o que poderia ter acontecido se ele saísse bem na hora que o sr. Esquisito começou a atirar.

Por favor, Inuyasha. Estava enviando pensamentos para ele com a maior força possível. Por favor, não fala nada a respeito de eu não ter ido a aula ontem. Eu sei que você é capaz disso; você adora Save Ferris, e eu também, então talvez agente possa se comunicar nesse nível. Não fala nada, Inuyasha, Não fala nada. Não fala...

- Eu sei exatamente o que a senhora quer dizer – respondeu minha mãe, esticando o braço e os colocando no meu ombro, igualzinho a mãe do Inuyasha – Nem gosto de pensar o que poderia ter acontecido se os agentes do serviço secreto não o tivessem desarmado com tanta rapidez.

- Eu sei – disse a primeira dama – Eles não são fantásticos?

Surpreendentemente, a conversa parecia estar se afastando da Ayame Boone. Bom, a não ser pela revelação de que John (o cara de meia idade da aula) era um agente secreto disfarçado. Imagine só como deve ter sido para o Inuyasha ter descoberto que a garota que salvou a vida do seu pai tinha sido eu?

Mas claro que, depois do choque inicial, parecia que ele não estava dando a mínima pra isso. Na verdade, parecia que ele estava achando tudo isso muito divertido. Tipo, ele estava tentando não sorrir, mas não estava conseguindo. Devia estar pensando naquele troço do abacaxi.

Ah, caramba. Aquele abacaxi idiota. Por que eu? Aquele abacaxi, pensei, tinha saído do meu coração, como o Kouga disse.

Mas se isso for verdade, por que é que eu ficava tão envergonhada?

Finalmente, depois do que pareceram mais de 20 minutos de papo furado, o presidente, a mulher e o Inuyasha saíram do quarto.

Assim que a porta tinha se fechado, minha mãe expirou com força e se jogou em cima da cama.

- Eu hein, que coisa mais surreal! – afirmou.

A Kaede estava mais chocada do que qualquer outra pessoa.

- Não dá pra acreditar – ficou murmurando para si – que eu acabei de conhecer o presidente desse país.

Até a Rin precisou reconhecer que foi interessante.

- Não acredito que nem tive a oportunidade de perguntar ao presidente a respeito da área 41 – disse, arrasada – Eu queria mesmo saber por que o governo acha necessário esconder de nós a verdade a respeito das visitas extraterrestres no planeta.

As idéias da Kikyo a respeito do assunto eram bem menos esotéricas do que as da Rin.

- Jantar na casa do presidente? – ponderou – Você acha que tudo bem se eu levar o Kouga?

- NÃO! – disseram bem alto. Juntos, meu pai e minha mãe.

Kikyo suspirou toda dramática.

- Tudo bem, vai ser mais divertido ir sozinha. Posso dar em cima desse tal de Inuyasha? Ele é demais.

Está vendo? Está vendo como a Kikyo não merece um cara igual ao Kouga? Engoli a respiração, cheia de indignação, em nome do Kouga...

- Ei! – exclamei – Você não tem namorado?

A Kikyo olhou pra mim como se eu fosse maluca.

- E daí? – perguntou – Isso significa que eu não posso nunca olhar par outro cara? Você deu uma olhada nos olhos dourados do Inuyasha? E aquela bundinha....

- Chega – reclamou meu pai – Nada de bundinha. Não quero saber de nenhuma conversa a respeito da bundinha de ninguém enquanto eu estiver no recinto. E, de preferência, quando eu estiver fora dele, também não.

- Idem – reforçou mamãe.

Concordei no fundo do coração. Imagine só, a Kikyo olhando para a bundinha de alguém, quando ela já tinha a do Kouga para olhar quando quisesse!

Mas a Kikyo parecia completamente desatenta para seu próprio egoísmo e falta de lealdade. Simplesmente deu de ombros:

- Tá bom – antes de sair andando em direção a janela...

- Fique longe da janela! – gritamos minha mãe e eu.

Mas já era tarde demais. Um enorme barulho levantou a multidão lá fora. A Kikyo, a princípio assustada, logo se recuperou e começou a acenar como se fosse um ídolo, ou algo assim.

- Oi! – gritou como se houvesse alguma probabilidade de escutarem ela. – Oi, pessoinhas. Oi, televisão! Oi, jornal!

Foi meio engraçado quando, naquele instante, a porta se abriu e uma senhora (que se apresentou com senhora Rose) foi até a Kikyo:

- Srta. Higurashi? Está pronta para sua coletiva de imprensa?

Kikyo, com os olhos arregalados, virou-se.

- Não sou eu – corrigiu – É ela. – e direcionou suas unhas pontudas para onde eu estava.

A sra. Rose olhou para mim.

- Ah, ótimo. Então, você está pronta, querida? Só querem lhe fazer algumas perguntas. Só vai levar cinco minutos. E, depois, você pode ir pra casa.

Olhei para os meus pais. Eles sorriram pra mim. Olhei para Kaede, e ela fez a mesma coisa. Olhei para a Kikyo, e ela mandou:

- Aconteça o que acontecer, não encoste no cabelo. Eu finalmente consegui deixa-lo perfeito. Não vai estragar tudo.

Olhei de novo para a sra. Rose.

- Claro – respondi – Estou pronta, acho.


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