O Diário de Uma Heroína escrita por Kagome_


Capítulo 2
Capítulo 2




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A Sango não conseguia acreditar na tal aula de desenho:

- Mas você já sabe desenhar – repetia.

Eu, claro, concordava em gênero com a Sango. Ainda sim era bom saber que eu não era a única a achar que passar 2 dias da semana em uma aula de desenho boba era perda de tempo.

- É  a cara da Kikyo – falou Sango. Estávamos passeando com o Buyo pelo parque no centro de Tókio.

O que levanta outra questão. Quando eu estiver na aula de desenho, quem vai passear com o Buyo? Kaede é que não vai. Ela não suporta o Buyo. Ela diz que já é bem ruim ter que ficar limpando tudo o que a gente suja, nem morta vai limpar a sujeira de um cachorro.

- Não dá pra acreditar que a Kikyo fez isso – continuou Sango – Ainda bem que eu não tenho irmã.

Sango, como eu, é filha do meio, mas só tem irmãos. Ela não tem um irmão mais bonito, ou mais inteligente que ela. Ela é a maior sortuda.

- Mas se não fosse a Kikyo, teria sido a Kagura – falou Sango – A Kagura estava totalmente enchendo o seu saco porque você só cobrava os desenhos dela e das amigas dela.

O que era de fato, uma das melhores coisas da história. Cobrar só delas. No começo, nem passou pela minha cabeça cobrar os desenhos de ninguém. Eu estava muito feliz em dar desenhos de graça para todas as minhas amigas. E, depois, quando as garotas que não falam japonês, queriam os retratos, eu não podia cobrar delas. Tipo assim, quando você muda para um país estranho, é a pior coisa do mundo, e eu aprendi isso na pior das experiências, já que, aos 8 anos, tive que me mudar para o Marrocos, graças ao emprego do papai. Teria sido maneiro se alguém de lá tivesse me dado uns desenhos com uns caras bonitinhos, em vez de me ficar olhando com a cara esquisita porque eu não sabia com se dizer “Por favor, posso ir ao banheiro?” em marroquino.

Depois, as meninas do reforço me pediram desenhos também. Eu não tive como cobrar delas, porque eu sei o que é freqüentar essas aulas. Quando voltamos do Marrocos ficou determinado que a minha língua era presa, e que eu sempre assobiava quando falava s. Então, eu tive que passar um bom tempo indo ao fonoaudiólogo, enquanto todo mundo estava na aula de música. Como se isso já não fosse ruim, Kagura ficava tirando sarro da minha cara quando eu voltava pra sala (e olha que ela era a minha melhor amiga antes de eu ir viajar para o Marrocos). Então, quando eu voltei, dei um ataque nela, e de repente ela começou a dizer: “Quem é Kagome?”.

Era como se ela não lembrava mais de que a gente ficava brincando um monte quando éramos crianças. Não, de repente ela estava correndo atrás dos meninos querendo beijá-los. Nessa época eu preferiria comer vidro a beijar algum menino nojento. Por sorte, isso serviu para aumentar meu desejo de vingança. E, no dia que eu sai da fonoaudióloga, eu xinguei a Kagura de estúpida, sacana, puxa-saco e sebenta. Desde que isso aconteceu, não nos falamos muito.

Então, eu só cobrava os desenhos dela. Tipo assim, ela queria o que, que eu cobrasse os desenhos da Sango, que tinha sido minha melhor amiga desde minha volta do Marrocos? Acho que não. A Sango e eu temos a mesma opinião sobre a Kagura, já que até hoje, a Kagura se diverte zuando as saias até o joelho da Sango, que é a única coisa que a mãe dela deixa ela usar. Eles são tão rígidos que eu tenho pena dela...

A Sango e eu conversávamos sobre isso caminhando no parque, até que um carro se aproximou da gente, e eu pude ver meu pai acenando.

- Oi garotas – falou minha mãe – Acho que nenhuma de vocês duas tem interesse em ir ver o jogo da Kikyo, né?

- Mãe! – exclamou Kikyo, que estava com toda sua roupa de animadora de torcida – Nem perca seu tempo, elas não vem, e, mesmo se viesse, eu teria vergonha de ser vista com a Kagome, olha só pra roupa dela!

- Kikyo! – disse meu pai com tom ameaçador.

Mas eu nem ligo pra opinião dela. Já estou acostumada com isso. Não sou igual a ela que só se importa em qual loja vai ser a próxima liquidação, ou se a roupa está combinando com o esmalte. Ao contrário dela, eu estou mais preocupada com as questões mundiais, como quantas crianças em todo mundo vão para cama com fome.

E é por isso que eu tingi todo o meu guarda-roupa de preto pra protestar:

a)      eu estava de luto pela minha geração, que só estava interessada na roupa da moda, e

b)      moda é pra gente falsa igual a minha irmã.

Lógico que a minha mãe teve um início da ataque cardíaco, mas, diferente da Kikyo, ela não ia desistir de mim tão fácil.

- Nunca se sabe, elas podem mudar de idéia – ela disse – O que vocês acham?

- Desculpe, sra. Higurashi, mas eu não posso ir, porque minha mãe não suporta que eu vou a esses lugares – disse Sango.

- Eu sei...

- Yuri. Kamilla. Desistam – disse Rin ao lado de Kikyo, no seu Laptop.

- Papai – corrigiu mamãe – Papai, não Yuri. Mamãe, e não Kamilla.

- Desculpa. Podemos ir agora? É que a bateria só dura 3 horas, e eu tenho que entregar 3 planilhas amanhã.

Rin, que com 11 anos deveria estar na 5º série, está numa escola para super dotados. Lá é um lugar só de CDFs, literalmente falando. Até o filho do presidente, o maior CDF que eu já vi, estuda lá.

Minha mãe suspirou. Sempre tinha sido popular na escola, quando tinha a nossa idade, e não sabia onde tinha errado comigo. Acho que eu puxei a família do papai.

- Tudo bem, fique em casa então. Mas não...

- ...abra a porta para estranhos. Já sei.

Como se alguém fosse lá. A não ser a mulher do pão, que faz os melhores pães que eu comi em toda minha vida. A não ser também, o Kouga, mas nós não temos permissão para abrir a porta pra ele sem ter algum adulto em casa. É porque ele é rebelde. Um dia ele atirou como uma arma de borracha na janela, para protestar contra a prescrição de remédio testado em animais, mas nossos pais acham que ele fez isso só para se divertir, então...

- Vamos lá pessoal – choramingou Kikyo – Vou chegar atrasada.

- E nada de desenhar celebridades até teminar sua lição. – gritou mamãe enquanto papai arrancava com o carro.

- Achei que você estava proibida de desenhar celebridades. – disse Sango.

- Eu estou liberada, só não posso cobrar de ninguém.

- Ahh..- então Sango fez uma cara de súplica – Então será que dá por favor pra você me desenhar com o Orlando Bloom mais uma vez?

- Acho que sim – disse com um suspiro. Parecia que desenhar naquele momento, era uma chateação para mim.

Mas é claro que não era. Porque quando você ama fazer alguma coisa você adora sempre fazê-la. Pelo menos era assim que eu pensava.

Até que conheci Ayame Boone.


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