POV Lizzie

Enquanto eu e Nico cantávamos que nem dois loucos, eu ouvi o carro estacionando em frente a casa. Meu avô havia chegado. Saí correndo até o rádio e o desliguei.

– Que foi? - Perguntou Nico.

– Meu avô! - Respondi me debruçando pela janela e olhando o longo carro preto estacionado.

Abri a porta e desci correndo as escadas, com Nico em meus calcanhares. Cheguei ao térreo e escancarei a porta. Corri até o carro, onde meu pai ajudava vovô a sair do carro.

– E.J. - Chamou meu avô. - Ainda está aqui?

– Claro, né vô? - Respondi. - Você acha que eu ia embora?

– Não sei, querida. - Falou ele. - Com a sua vida, nunca se sabe...

Ele nem precisou terminar a frase, eu já tinha entendido. Com a minha vida de semideusa. Já entendi, já entendi.

Ajudamos meu pai a levar o vovô para dentro. O colocamos sentado na sua poltrona no escritório, onde ele se sentia mais confortável. Vovô nos deixou subir para continuarmos a ouvir música.

Estava deitada na minha cama - depois de passar a tarde toda ouvindo música com Nico - quase dormindo e tive um sonho.

Nico e Marie estavam juntos andando de mãos dadas pela praia. Parecia Dia dos Namorados. Todos os casais do Acampamento estavam ali e eu era a única sozinha. Andei pela areia morna de final de tarde, deprimida. Quando passei por Marie e Nico, ela me disse:

– Olha só, a verdinha tá sozinha, não é? Isso é pra você aprender a não tentar roubar o namorado dos outros!

– Do que você tá falando, sua maluca? - Perguntei.

– Você sabe, otária! - Gritou ela irritada. - Você, soberba, tentou roubar o meu namorado!

– Quem é seu namorado? - Perguntei completamente confusa.

– Nico - respondeu com a voz aguda. - Ele é meu, ouviu? MEU!

Acordei sobressaltada, completamente desperta. Aquilo era loucura. Sabia que não conseguiria dormir mais. Levantei da cama e sai do quarto, perambulando pelo corredor até encontrar o quarto purpurinado de Dayana. Abri a porta e entrei. Dayana estava largada na cama, com revistas espalhadas a sua volta.

– Dayana. - Sussurrei.

Nada.

– Dayana! - Gritei fazendo ela acordar.

– Quié? - Perguntou mau-humorada.

– Me responde uma coisa?

– Depende. - Disse esfregando os olhos.

– Os sonhos, no meu caso, podem se tornar realidade?

– Sei lá, Liz! Acho que sim! Eu não sei! Agora me deixa dormir, tá?

Ela se revirou na cama e voltou a dormir. Sabia que não conseguiria mais nada com ela. Saí do quarto rosa pink e desci as escadas até o quarto de hóspedes. Bati a porta e coloquei a cabeça pra dentro. Nico estava deitado embaixo das cobertas.

Caminhei até lá e o observei por um minuto. Os cabelos estavam bagunçados e usava um pijama preto básico.

– Nico... - Falei, cutucando seu braço descoberto. - Nico... Nico!

– O que? Onde? Quando?

– Nico, - Falei. - Me responde uma coisa?

– Claro, - Respondeu ele. - O que quiser.

– Os sonhos podem se tornar reais para nós? - Perguntei.

– Tomara que não, - Ele disse, se sentando. - senão você e o...

– Eu e quem? - Questionei. - Fala.

– Esquece. É só isso? - Indagou.

– Talvez, é que eu perdi o sono... - Falei tímida.

– Eu também. - Ele disse já desperto. - Quer fazer alguma coisa?

– Bom... - Comecei. - Sabe jogar STOP?

– Tem que escrever, não tem? - Perguntou.

– Não precisa. - Falei. - Pode ser oral.

– Ok então.

Ele jogou as cobertas pro lado e me sentei em uma das poltronas.

– Países primeiro? - Perguntei.

– O que você quiser.

– Com A então. - Falei.

– Alemanha.

– Azerbaijão. - Disse.

– De onde você tirou isso? - Questionou.

– Atlas. Agora é B.

– Bélgica.

– Burkina Faso.

Continuamos com nosso joguinho. Quando ele falou Canadá eu falei Czechoslovakia, quando ele disse Dinamarca eu disse Djibuti, na letra E, ele falou Espanha e eu disse Eslováquia e assim em diante.

Quando estava pra lá de Bagda da letra P, eu adormeci e dessa vez, não tive sonhos.

POV Nico

Lizzie adormeceu na poltrona e decidi levá-la pro seu quarto, mas acho que não conseguiria carregá-la pela escada e decidi colocá-la na minha cama em vez de acordá-la. A coloquei no colo, a deitei do meu lado e coloquei o cobertor em cima dela. Já falei como ela fica linda dormindo?

Quase tinha contado a ela sobre o sonho que tive dela com o Jason, mas estava mais interessado no que ela havia sonhado. Se ela havia ficado tão perturbada com aquele sonho, algum motivo tinha que ter.

Sem perceber, adormeci na outra extremidade da cama, imaginando a volta para o Acampamento, onde não havia ninguém para atrapalhar quando eu estava com Liz, como na vez da piscina.