Eu caminhava lentamente pelas ruas de Konoha. A cada pessoa que passava por mim eu tinha vontade matar, de fazer sofrer como eles me fizeram.

Mas agora não era a hora. Antes eu precisava vê-la. Precisava ver se ela estava bem.

Avistei a casa dela de longe e apressei os passos. Já era noite e todos os moradores estavam dormindo, as únicas pessoas ali eram os ninjas que guardavam a vila de Madara, Kabuto e de mim.

Forcei um pouco a porta conseguindo adentrar na casa. Assim que entrei pude sentir o cheiro dela, o cheiro da única mulher capaz de fazer eu vem em Konoha só para ver se ela estava realmente bem ou só eram boatos.

Assim que entrei retirei o disfarce que me fez entra na vila.

Subi as escadas seguindo seu chakra que estava fraco. Abri a porta com cuidado para não acordá-la e pude ver a única pessoa capaz d me acalma.

Caminhei em silêncio e me ajoelhei perto dela. Ela era tão linda, seus cabelos róseas caiam pelo colchão tão perfeitamente quanto nos meus sonhos.

Era com ela que eu sonhava. Era com ela e só com ela que eu conseguia sonhar. O resto eram só pesadelos com minha família e irmão.

Levantei a minha mão com a intenção de tocá-la, mas ela resmungou alguma coisa e se virou para o meu lado. Agora ela estava de frente comigo. Sua respiração estava tão tranqüila e seus lábios entreabertos.

Vaguei meu olhar por toda extensão do corpo da menina-mulher procurando por algum indicio de que ela ainda estivesse ferida. Encontrei uma faixa  nos seus pequenos ombros.

Aquilo me irritou.

Como Kabuto tinha a ousadia de tocá-la? Como ele pode feri - lá?

Ele não tinha o direito de machucá-la, ela era minha. Ela é a única coisa que me mantém sano.

Mas não importa mais. Ele nunca mais vai tocar em você Sakura-chan. Nunca mais.

Eu o matei; o matei por ter ousadia de tocar em você quando nem mesmo eu posso. Sei que já tentei te matar, mas me desculpe Sakura-chan. Eu sei que não devia e me arrependo por isso.

Eu não quero que tenha medo de mim. Eu não quero que você me odeie.

Talvez não pareça, mas eu... Eu...

Kuso!! Será que nem pensando eu consigo dizer isso?

Eu realmente sou um baka!!

Você deveria ter se apaixonado pelo Naruto, Sakura-chan. Ele te faria mais feliz do que eu. Ele... Ele saberia te fazer feliz e não seria tão egoísta como eu sou.

Levantei novamente minha mão para tocá-la. Dessa vez eu consegui.

Sua pele era tão macia e delicada. Minhas mãos foram descendo para os lábios entreabertos da minha rosada.

Queria provar dos lábios dela nem que fosse pela primeira e última vez. Inclinei-me por sobre a cama e já podia sentir a respiração suave dela.

Queria agradecer tanto a ela. Queria ser um homem diferente para, quem sabe, fazê-la feliz. Mas eu não podia, tinha a minha vingança. Eu precisava vingar o meu clã por toda a dor que sofreu. Eu não conseguiria dormi e fazê-la feliz sem antes vingar as pessoas que foram tiradas de mim tão bruscamente.

Cheguei mais perto dela e finalmente toquei os lábios que eu tanto amava. Inicialmente iria ser só um selinho, mas logo ela entreabriu mais os lábios, assim eu pude aprofundar o beijo. Eu não sei que hora ela acordou totalmente, eu só sei que ela começou a retribui ao beijo.

Foi um beijo doce e tinha... Amor. Pela primeira vez em anos eu pude sentir o significado dessa palavra. Eu pude sentir o que é o amor e também pela primeira vez em anos eu pude senti o que é ser amado.

Lentamente fomos nós separando. Olhei bem profundamente nos olhos verdes que ela possuía, eles eram tão lindos. Eram perfeitos. Ela abria a boca várias vezes querendo pronunciar alguma coisa. Mas ela não precisava falar pra eu saber o que ela queria saber.

Só que não era a hora de eu dizer isso a ela. Na verdade eu não sabia se existiria alguma hora.

Ouvimos a porte da casa ser aberta bruscamente. Os ninjas tinham me encontrado. Mas agora eu já tinha feito o que tinha que fazer antes de apostar toda a minha vida nessa guerra.

Não desviamos os olhos um do outro nem por um minuto.

-Sakura... Arigato.

Foi tudo que eu disse antes de desaparecer.

Novamente eu não consegui dizer aquelas palavras. Mas agora era diferente, eu tinha provado os doces lábios dela. Da minha Sakura.

Agora eu poderia seguir em frente, por que novamente Sakura tinha me ensinado o significado de amar.